Assaltando o depósito de comida da escola
A briga entre os três amigos continuaram quando entraram no quarto trezentos e treze.
Tiggo estava tão emburrado que fazia suas bochechas inflar e crescer cada vez mais.
Alan sentou na sua cama e disse:
-Vou abrir o jogo, eu estou com fome, não tenho dinheiro pra comer, o cartão não compra nem um doce da padaria... Vou vender aquela capa de ouro de celular do meu pai, quem quer comprar?
-Tolo! -Disse Newton mal humurado. - Isso é tudo que restou do seu pai seu idiota!
-Porque está agindo desse jeito?
-É que eu acabei de perceber o risco que temos em ter você no nosso quarto, por causa desta porcaria de lenço vermelho!
-E que culpa eu tenho? Ela é linda, é a garota mais linda que eu já vi na vida.
Newton levantou da sua cadeira.
-Olha só pra você, temos que te aturar; viramos amigos e agora você está falido, com o nome na lista negra da nobreza, e cadê seus amigos que tinha antes?
Alan abaixou a cabeça e disse baixinho:
-Nenhum deles atende minhas ligações, nem aquela gostosa da Bianca.
-Viu só? Você nunca teve amigos, tinha aproveitadores.
Tiggo levantou da cama e disse:
-Meu pai trabalhava para o seu pai, um dia ele chegou em casa, triste, dizendo que o filho do patrão dele humilhou ele, que era um saco ser pobre! O fato de eu estar estudando neste colégio é graças ao seu pai, por isso vou colaborar com você...
-Como é que é? Aquele segurança que ficava me enchendo o saco é o seu pai? - Alan estava incrédulo.
-Exatamente isso. -Tiggo cruzou os braços, exibindo uma alegria de dar inveja. - Aquele velho é o melhor pai do mundo.
-Mentira. - Disse Newton. - O meu é o melhor!
-Vem nessa pra ver! O meu que é. - Disse Tiggo com um tom desafiador.
-O meu...
-Corta tudo! - Gritou Alan. -Não vamos disputar qual pai é o melhor, eu já não tenho pai mesmo!
Os dois olharam para Alan, com dó dele.
-Ele não tinha tempo pra mim, para conversar sobre mulheres, jogar algum jogo de console, sair para acampar ou algo divertido... Ele ficava preso dentro de laboratório, fazendo experimentos e outras coisas, ele apenas me mandava estudar, só estudar! Dizia que eu seria ninguém sem estudar, agora eu estou aqui, preocupado em estudar, porque meu pai só pagou este ano, mas e o ano que vem? Não tenho nada pra comer, só comi uma refeição de manhã.
-Vende seu celular. - Disse Newton. - Não venda aquela capa de ouro no formato de uma gota d'agua, pois seu pai morreu por causa dela, tem o seu nome escrito nela.
-Nós não temos o suficiente para te alimentar. -Disse Tiggo. - Mas poderemos doar o que sobra na conta todos os meses, mas vai ter que trabalhar.
-Como?
-Vai na diretora, pergunta se tem um serviço na escola, que pode te dar uns tocados. -Disse Newton.
-É muito humilhante...
-Humilhante é quando uma pessoa rica humilha uma pessoa pobre, humilhante é um mendigo pedir esmolas e o pobre não dá e se afasta do coitado, isso acontece no planeta Terra, aqui temos amor no coração. - Disse Newton.
Alan deitou na cama, já era sete horas da noite e eles deveria dormir, pois as cinco da manhã tinha que estar de pé.
-Alan?
-Oi Tiggo?
-A garota misteriosa conversa comigo, ela é uma heroína, ela salvou minha vida uma vez e ela me pediu para ajudar ela com informações.
-E ela é a princesa?
-Não sei, eu nunca vi a princesa.
-Ninguém nunca viu. - Disse Newton.
-Mudando de assunto, você viu a professora nova, de física?
-Não Tiggo, eu não vi. - Disse Alan.
-Ela estava na diretoria hoje a tarde, tinha cabelos rosas e curtos.
-É? E porque você sabe disso?
-É que eu senti arrepios, ela não veio sozinha, tem dois professores novos que chegou com ela, segundo minhas informações, um deles é de educação física. Meus cabelos arrepiaram todinhos!
Alan fechou os olhos, cansado pelo dia que teve, com a barriga pedindo algo para comer.
-Alan? Vamos roubar comida?
Alan levantou assustado da cama, olhou para Newton, ele estava sorrindo.
-Roubar comida? Como?
-No depósito de comida não tem câmera e nem sensor. Só precisa nós pular a janela do quarto, subir em cima do telhado e entrar dentro da tubulação de ar, vamos sair dentro do deposito.
-Isso é arriscado. -Disse Tiggo.
-Eu topo, estou morto de fome.
-Eu vou ficar aqui. - Disse Tiggo. - Não vou entrar nessa.
-Pensa na vantagem que vai ter se nós tiver comida de graça! - Disse Alan.
-E aonde vamos guardar essa comida quando revistar os quartos?
-É por isso que semana passada comprei ratinhos, soltamos lá e todos vão achar que foi um ataque de roedores!
-Não é que sua ideia pode dar certo?! - Disse Tiggo para Newton.
Tiggo levantou da cama.
-E aonde está os ratos? - Perguntou Alan.
-Eu escondi debaixo da mesa do laboratório, fica no meio do caminho pela tubulação de ar.
-Eu estou dentro. - Disse Tiggo animado e abrindo a janela.
-Vai Alan? Não é você que está com fome?
-Eu não sei andar no telhado.
-É seguro, é uma telha sanduíche reforçado com isopor e zinco, não faz nem barulho!
-Você fez um projeto pra isso não é?
-Sei invadir até o sistema da escola rapaz!
Newton e Tiggo pularam a janela.
Alan retirou a tornozeleira e pulou atrás dos outros dois.
Com muito dificuldade, Alan subiu o telhado.
Andaram dez metros e chegaram em uma saída de ar. Retiraram a grade e entram.
O buraco da tubulação era um raio de noventa centímetros.
Como os três eram magros, nenhum deles sofreram para passar lá.
-Olha, temos que andar de vagar, vai que tem um guarda por aí que tem ouvido biônico, aí teremos problemas. - Disse Newton.
-Eu nunca roubei na vida! - Disse Alan.
-É, mas agora vai, não está passando fome? Tudo aqui é caro, vamos pegar coisas pequenas pra comer, como barras de cereais, alguns salgados que podem manter aquecidos dentro da minha mesa de games.
-Você planejou tudo né Newton? - Alan estava com medo.
-Eu não, nós planejamos antes de você chegar, só precisava de um motivo, caso nos peguem, diremos que você estava delirando de fome; no máximos teremos que fazer serviços comunitários por causa disso, não chega ser um crime quando você passa fome e resolve roubar pra comer.
-Você é um perdedor que me leva para o mal caminho. - Disse Alan.
-O governo rouba uns pouquinhos da gente e ninguém prende o governo, imagina prender uns mortos de fome? - Disse Tiggo.
- Imposto não é roubo. - Disse Alan.
- Não, é só uma forma de exigir pagamento para manter o luxo deles! - Fala Newton com uma ponte de ira.
Rastejaram lentamente pela tubulação, até que chegaram no laboratório de química.
Newton tirou a grade de saída de ar, se apoiou nas beiradas da saída e foi descendo lentamente, aplicando muita força nos seus braços.
-Não tem perigo de quebrar o teto por causa do peso? - Perguntou Alan.
-O teto é uma lage, as vigas é uma liga de alumínio, ferro, zinco e cobre; é muito reforçado. - Disse Tiggo.
-E como ele vai voltar a subir?
-Tem uma corda debaixo da gaiola.
- Caraca! Tudo bem planejado!
- Estratégia é o nosso forte.
Newton pisou em cima de um balcão de experimentos, desceu, abriu uma porta na parte de baixo do armário que tinha uma cor branca.
Tirou dentro deste armário uma gaiola de ratos.
A sala não estava muito escura, mas os olhos dos ratos até brilhavam.
Newton pegou a corda e jogou para Tiggo; que agarrou com facilidade.
Newton amarrou a gaiola, Tiggo puxou.
Depois Newton subiu pela corda, que Tiggo havia amarrado em um pedaço de uma viga de ferro que tinha no teto.
Newton entrou dentro da tubulação, fechou com a grade e disse:
-Foi uma boa ideia deixar essa viga aqui dentro, se não fosse ela, eu não conseguiria subir de volta.
-Aonde vocês arrumaram esta viga? - Perguntou Alan.
-Quebramos o box do banheiro, com a desculpa que Tiggo ficou tonto e caiu, tivemos a permissão para arrumar e o prestador de serviço trouxe a viga pra nós.
-E eu achando que vocês são certinhos!
-Eu te disse que se fizesse negócio com nós, te ajudaria fugir, mas tu desistiu de primeira. - Disse Tiggo.
Continuaram a rastejar pela tubulação, até chegar no depósito de alimentos.
Newton abriu a grade e desceu, dessa vez, não tinha tanta dificuldade, pois havia escadas de ferro próximos a saída de ar.
Enquanto eles assaltavam o depósito de comida, a mulher de cabelos rosas andava pelo corredor do colégio.
Foi no quarto trezentos e treze, bateu na porta, mas percebeu que ninguém atendeu.
-Deve que estão dormindo. -Disse ela. - Vou esperar amanhã, não posso ser agressiva, tenho que ser amigável.
A mulher encontrou com um dos homens, que também era professor, que entrou no mesmo dia que ela naquele colégio.
-Notifique ao chefe que achamos Alan Diny, vou tentar amanhã ter um contato amigável.
Enquanto a mulher estava atrás dele, Alan estava comendo salgados até se sentir mal.
Newton pegou uma caixa de salgados, Tiggo pegou cereais e subiu de volta para dentro da tubulação.
Eles estavam alegres.
Newton soltou os ratos no depósito, os ratos também estavam famintos.
Alan comeu tanto que quando entrou no quarto, estava rindo alto e alegre.
Alan se jogou na cama e arrotou. Newton e Tiggo riram muito.
-Que barulho é esse? - Perguntou a mulher de cabelo rosa. - É do quarto trezentos e treze?
-Não sei te informar senhorita! - Respondeu o homem que estava ao lado dela.
-Eu irei verificar.
A mulher de cabelos rosas voltou para atrás, parando no quarto trezentos e treze.
Os meninos estavam comemorando, a mulher bateu na porta.
Newton, Tiggo e Alan ficaram em pânico.
Ela bateu de novo na porta, Newton levantou correndo e guardou as barras de cereais e salgados dentro da sua mesa de game.
-Alan Diny, sei que vocês estão acordados, eu preciso conversar com você Alan!
Tiggo cobriu-se com um cobertor, cheio de barras de cereais, pois não havia dado tempo de guardar.
-Abre a porta Alan!
Depois que eles tinha guardado o que deu pra esconder, Alan abriu a porta.
-Pois não?
-Eu sou a professora doutora Nilce Stefani, fui aluna do seu pai, quando você era recém nascido, testemunhei o momento que muitas pedras preciosas caíram cima da cabeça dele.
-E daí?
A mulher entrou no quarto sem ser convidada, empurrando a porta, a primeira coisa que ela viu foi um salgado no chão. Newton percebeu, deu um chute no salgado, que foi parar debaixo da cama de Tiggo.
-E daí que seu pai me pediu pessoalmente antes de morrer, que te levasse ao um lugar que tem o verdadeiro celular quântico, e só você poderá pega-lo.
Tiggo levantou da cama, abismado e surpreso, revelando as barras de cereais na cama.
Newton deu um tapa na testa, desanimado, já esperando o pior acontecer.
-Me desculpa, mas quem é a senhora mesmo?
-Senhora não, senhorita Dr. Nilce Stefani.
-Você falou que meu pai disse pra você que só eu posso pegar o celular antes dele morrer?
-Sim, alguma objeção?
-Não, é que meu advogado me disse que ninguém estava com meu pai, então ele não havia dito nada antes de morrer, já que estava tendo um assalto em busca do celular quântico.
-Hi! Ferrou! - Disse Newton.
-Eu tentei! - Disse a mulher virando para o homem que estava atrás dela. - Vamos ter que sequestrar ele.
Newton pegou a TV dele com a tela quebrada e jogou na mulher.
Tiggo puxou Alan e pulou a janela, enquanto a mulher levantava, Newton disse:
-Pula cara, vamos fugir agora, eu darei cobertura.
Alan pulou a janela, Newton jogou o teclado de computador, manete de console e cadeira, depois pulou a janela e gritou bem alto:
-Está pegando fogooooo!
-Pega essas desgraças! - Gritou a mulher levantando.
-Corre Alan, corre! - Gritou Tiggo para Alan.
Os três saíram correndo pelo jardim do colégio, chamando a atenção dos guardas.
Não demorou muito para que a mulher começasse a matar alguns guardas, atraindo a polícia e acordando os alunos.
Mas foi o tempo o suficiente para os três garotos fugirem.
Nilce conseguiu escapar, os outros professores foram presos pelos policiais.
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