Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 47 - O Arcanjo

Alec ouviu um grito longo e agonizante.

O lamento doloroso de alguém perdendo algo crucial. Um pouco desnorteado, percebeu que o som saia da própria boca, com tanta intensidade que sua garganta começou a doer. Era como se ele pudesse sentir a vida de Lynx se esvaindo junto com o sangue que escorria da ferida no peito, e manchava suas mãos. O brilho estava se apagando de seus olhos dourados, deixando-os perdidos e opacos. Um sentimento imensurável de angústia começou a dominar Alec, querendo transbordar pelos olhos. Aquilo não podia estar acontecendo. Lynx mal conseguia se manter em pé sozinho, e sua respiração estava começando a falhar. Os olhos dele estavam arregalados e um fio de sangue escorria do canto da boca. Era verdade que poucas coisas eram capaz de matá-lo, mas uma espada poderosa direto no coração, certamente era uma delas. Alec tinha colocado toda sua força e seu poder no golpe que era destinado a Azazel. Ele sabia que era fatal. Queria acabar com o pai, e não se conteve. Por isso, ele sabia... Lynx não ia sobreviver.

Lynx tombou contra Alec, com o corpo enfraquecido.

—Não. Não. Não. Não. — Alec repetiu inúmeras vezes, enquanto desabava até o chão com ele em seus braços, soluçando de tanto chorar. —Você não... Por favor.

—Alec... — Lynx tentava dizer alguma coisa, mas o simples nome saiu engasgado e com muita dificuldade.

Por um momento, até mesmo Azazel pareceu surpreso. Ele olhou para Castiel, que deu de ombros.

—Alec ia matar você. De nada. — disse o Arcanjo, que estava totalmente tranquilo com o fato de ter usado Lynx como um escudo humano para impedir que Alec matasse Azazel. Se ele já estava com raiva de Castiel pela traição, agora queria despedaçá-lo até não restar mais nada.

—Você podia ter feito qualquer outra coisa. — Azazel não parecia nada agradecido. —Eu ia precisar do anjo ainda...

Eles começaram a discutir, mas Alec parou de ouvir. Cuidadosamente, ele removeu a espada do peito de Lynx, o rosto dele estava ficando esbranquiçado, e a respiração saia com um chiado horrível, como ar escapando de um balão.

—Vai ficar tudo bem. — Alec disse debilmente. —Eu vou... Eu posso...

—Alec. — Lynx interrompeu ele. —Termine isso aqui. Mate Azazel e Castiel. Salve Luce, e a cidade...

Tinha muito sangue, e a cada palavra, ele ficava mais pálido.

—Você... Para de se esforçar, não fala! — Alec sacudiu a cabeça, perdido, olhando para Lynx desesperado para salvá-lo, mas não sabia o que fazer. —Primeiro vou cuidar de você...

—Não... — o anjo tossiu, engasgando com sangue. —Não há tempo... Alec... Preciso dizer... Se eu tivesse mil vidas, teria escolhido você em todas elas. Procuraria você entre as nuvens do céu ou nas areias do inferno. Procuraria por você em todos os lugares até encontrá-lo. E se houver algo para mim além disso, vou estar esperando por você lá. Vamos nos ver de novo. Eu prometo.

—Para! Isso não é uma despedida, você vai ficar bem. — Alec pressionou o peito dele tentando estancar o sangue, e seu peito doía como se a espada tivesse perfurado ele também. Lynx. Seu ceifeiro, seu assassino, seu anjo da guarda, morrendo por causa dele de novo, de modo estranhamente parecido.

O universo tinha um senso de humor mórbido, e nesse momento estava rindo intensamente da cara de Alec. Lynx tinha dito a ele que Alec tinha salvado sua vida, mas talvez o tivesse condenado para sempre.

Lynx sorriu tristemente.

—Eu amo você, Alexander... Não esquece, tá? — ele ergueu a mão para acariciar o rosto de Alec, mas ela caiu no meio do caminho. Seus olhos dourados se apagaram e as pálpebras caíram lentamente, mas o sorriso continuou nos lábios, mesmo depois que seu coração perfurado parou de bater.

Alec sentiu como se nunca mais fosse conseguir parar de chorar. A dor era tanta que começou a senti-la fisicamente, como se seu sofrimento fosse uma praga, uma doença infectando seus nervos e penetrando seus ossos. Ele esperava que pudesse morrer de dor, assim, pelo menos, encontraria com Lynx mais cedo. Em seguida, veio o desespero, tão sufocante que ele começou a sentir falta de ar, e torcia para que os pulmões explodissem. Eu quero morrer. Pensou repetidamente. Ele ia se matar. Mas levaria os responsáveis por tudo aquilo junto com ele para o inferno.

Sua respiração começou a acelerar. Um filme passou em sua cabeça. Podia não se lembrar de Lynx setecentos anos atrás, mas se lembrava muito bem de cada detalhe dele no último ano. Desde a primeira vez que o viu na mesa do cybercafé, até os momentos recentes. Momentos doces e felizes, em que riram juntos. Momentos enérgicos e vibrantes, em que lutaram juntos. Todas as noites enrolados na cama. As vezes sem fazer nada demais, apenas conversando, planejando o futuro. Um futuro que agora não se concretizaria.

Lynx estava morto em seus braços, e Alec tinha morrido por dentro mais uma vez.

Quando esse fato penetrou sua alma, ele primeiro ele sentiu frio, batendo os dentes como se jamais fosse se aquecer novamente. Mas então, percebeu que aquilo era um ódio tão fervente que parecia estar queimando suas entranhas. O poder começou a se agitar dentro dele. Azazel e Castiel pararam de discutir e observaram Alec com a distração se transformando em cautela.

Os rostos surpresos deles foi a última coisa que Alec viu antes do mundo explodir em luz ao seu redor. Ou melhor, ele explodir em fogo branco. Em algum momento, Alec percebeu que estava gritando de novo, mas dessa vez era um grito de dor e ódio tão alto que era possível estourar tímpanos mortais. O brilho incandescente que o corpo dele emitia, fez Azazel e Castiel semicerrarem os olhos. Alec sentiu uma pontada de dor excruciante nas costas, como se estivesse sendo esfaqueado de dentro para fora. A expressão de Azazel congelou em um horror fascinado. Castiel sabiamente começou a se afastar, seus olhos verdes arregalados, e com medo. Parecia que aquilo não fazia parte do plano.

As asas de Alec tinham se libertado, rasgando a pele, ele sentia o sangue quente escorrer pelas costas. Asas. Um pequeno privilegio do primogênito de um ser que tinha sido um dos anjos mais poderosos do céu. Elas eram brancas e fofas, emitindo uma leve aura prateada. Alec pairava a poucos centímetros do chão. Seus olhos tinham mudado também, inteiramente brancos, quase como os de Luce, mas emitiam luz em vez de serem foscos. Alec achou que tinha libertado todo seu poder na Cidade dos Mestiços, quando queimou aqueles demônios, mas essa sim era toda sua força. Era algo que não tinha começo e nem fim. Dominava todo seu ser, desde a ponta dos pés até as pontas de cada fio de cabelo. Corria em suas veias e preenchia seus pulmões. Aquecia e congelava, ao mesmo tempo. Era aconchegante e aterrorizante, capaz de salvar e condenar. Tudo dependia do portador.

E no momento Alec queria vingança.

O chão começou a tremer e um barulho ensurdecedor de trovão cortou o silêncio da cidade. O ar se agitou ao redor de Alec, misturando fogo branco e vento que formavam pilares de fogo, que se expandiam e se espalhavam destruindo tudo em seu caminho. O teto do pátio saiu voando levando alguns pilares consigo. Raios começaram a cair do céu, invocados pela fúria do nephilim. A Cidade Fluorescente começou a ruir conforme Alec disparava labaredas de fogo que alcançavam impressionantemente longe, derrubando e queimando os prédios ao redor e abaixo. Um dos detritos acertou o tanque onde a Rainha flutuava, causando uma longa rachadura, e o líquido começou a vazar. Azazel tinha um certo desespero no olhar agora, ele ergueu um escudo azulado ao redor de si mesmo, mas Alec o derrubou com um disparo de fogo que partiu o escudo e acertou Azazel fazendo-o bater contra o tanque, cujo tanque se estilhaçou em vários pedaços pequenos. O corpo da Rainha caiu no chão, e imediatamente começou a se desintegrar em meio ao liquido e cacos de vidro.

—NÃO! — berrou Azazel, com uma dor semelhante a que Alec tinha gritado antes por Lynx.

Ele se levantou rapidamente, os cabelos completamente desalinhados, o rosto desumano de ódio e os olhos prateados cortantes. Avançou em um flash contra o filho, mas Alec já estava diante dele. Azazel emitiu um ruído de engasgo quando Alec o agarrou pelo pescoço, erguendo-o do chão. O jogo tinha virado de maneira espetacular. Ele olhou no fundo dos olhos cinzentos do pai, nem mesmo de cara com a morte, Azazel olhava para ele com algo além de desprezo e ódio.

—Eu devia ter mandado algum demônio para matar você no berço. — disse Azazel friamente, mas sua expressão deixava claro que ele sabia que tinha perdido. Não havia mais luta. Eles subestimaram Alec, sabiam que ele era forte, mas não acharam que seria tão forte assim. Estavam errados.

—Realmente. — a voz de Alec soou amplificada, como se ele fosse várias pessoas falando ao mesmo tempo. —Você devia.

Alec poderia fazer aquilo rapidamente, mas queria que Azazel sofresse. O fogo branco irrompeu de seus dedos envolvendo o pescoço de Azazel. A chama rastejou lentamente por cada centímetro de sua pele, engolindo carne, nervos e ossos em um ritmo agonizante. O Príncipe do Inferno berrava e se debatia, provavelmente sentindo uma dor excruciante. Alec assistiu em transe quando o fogo chegou até seu rosto, e depois queimou seus cabelos, Azazel ainda gritava, e era música para os ouvidos de Alec. Quem estivesse assistindo a cena de fora. Veria um nephilim brilhando com fogo celestial, um par de asas branco-prateadas saindo de suas costas, erguendo um anjo caído pelo pescoço como se ele fosse um saco de lixo em chamas. No fim, não restou nem mesmo suas cinzas, o príncipe infernal foi completamente consumido pelas chamas de Alec.

Simples assim, Azazel sumiu como se jamais tivesse existido. Mas Alec não se sentia satisfeito ou vingado como pensou que se sentiria quando o matasse. Ele sentia apenas as próprias chamas se contorcerem no vazio dentro dele.

Ao redor o caos continuava. A Cidade Fluorescente queimando e desabando em meio a tempestade violenta de fogo e vento, mesmo quando ele ajoelhou novamente sob Lynx, ajeitando-o em seus braços. Talvez devesse simplesmente queimar aquele lugar com os dois ali. Morrer com ele. Pelo que viveria agora? Por si mesmo? Ele mal sabia quem era. Setecentos anos de memórias falsas e roubadas. Mesmo que eventualmente ele viesse a se lembrar do passado, agora ele era uma casca carregando algo mortal que ele sequer precisava. Que sentido faria continuar respirando? Ele acariciou os cabelos loiros de Lynx. Era diferente de quando ele tinha ficado em coma, onde parecia que estava apenas dormindo. Além da palidez sombria no rosto e o ferimento feio no peito, Alec conseguia sentir que sua alma não estava mais ali. Lynx estava morto, e nada podia mudar isso.

De repente, no meio de sua angustia, uma luz diferente irrompeu no céu, partindo a tempestade, e uma forma começou a descer lentamente do meio do clarão, se tornando visível aos poucos. Era uma silhueta bem maior que a de uma pessoa comum, banhada em luz dourada. Parecia não ter presa de nada, e muito menos se preocupava com o inferno acontecendo ao redor. Veio tranquila e lentamente, até se aproximar o suficiente de Alec envolvendo Lynx no centro do salão.

Alec não reagiu ao ser celestial que desceu dos céus e pairou diante dele. Nada mais importava. Ele torcia para que fosse justiça divina pronta para acabar com seu sofrimento de uma vez. Afinal, ele tinha cometido um crime também ao libertar Azazel.

O anjo continuou ali em silêncio, observando-o. Ele não tinha uma aparência totalmente humana, seu corpo estava envolto em uma luz semelhante a qual Alec queimava, mas dourada e muito mais intensa. Seus cabelos eram feitos de fogo e pareciam ouro líquido flutuando ao redor dele. Suas asas imensas agitavam o ar com uma brisa morna, e brilhavam em dourado também.

—Sou o Arcanjo Miguel. — apresentou-se a criatura resplandecente, sua voz era suave, mas potente, como se forçasse sua entrada nos ouvidos. —Vim porque um favor foi feito aos céus.

Alec o encarou sem dizer nada.

—Você derrotou um grande mau e também salvou um povo inteiro, Alexander.

Alec quase quis rir de histeria com o ridículo da situação. Depois de tudo, o céu ainda vinha lhe agradecer. Não teria sido mais útil mandarem alguma ajuda antes?

—Salvei um povo? O mesmo que vocês também querem destruir, até onde sei. — ele sentiu as lágrimas rolarem pelo rosto e não se importava de chorar na frente do Arcanjo. Nem entendia sobre o que exatamente ele estava falando, mas não dava a mínima. Ele não queria entender, só queria sumir.

O Arcanjo Miguel inclinou a cabeça.

—O céu nunca quis destruir os híbridos, foi tudo invenção de Azazel e um certo Arcanjo. — ele disse. —Azazel se passou por nós, e os fez acreditar que os céus os queriam mortos, mas isso nunca foi verdade. É por isso que estou aqui, você nos livrou de um usurpador de tronos. Azazel nunca mereceu se sentar em um, e ainda fez atrocidades em nosso nome. Você também devolveu as almas perdidas que aquele demônio roubou. Salvou muitas vidas.

—Se vocês sabiam de tudo isso, por que nunca interferiram? — perguntou Alec ardendo em fúria. —Nunca o fazem! Se tem tanto poder, por que as pessoas continuam sofrendo? Cadê o seu Deus que não faz nada? Vocês enchem a boca para falar de recompensação, mas por que é que alguém precisa sofrer tanto antes de ter alguma felicidade genuína? Somos algum tipo de teste? E os que falham são descartados por serem falhos? Qual o sentido de tudo isso?

—Não tenho as respostas que procura.

—Seria surpreendente se tivesse.

O Arcanjo permanecia inabalado com a rudeza de Alec, como se ele fosse apenas um menino malcriado. De repente, o ser virou a cabeça para o lado, vendo algo além de Alec.

—Uriel. — disse sem alterar a voz, mas Alec teve a impressão de que ele estava com raiva. —Não perca seu tempo tentando fugir.

Castiel — que, aparentemente, se chamava Uriel — saiu de trás de uma das pilastras que tinham tombado no chão. Ele deu um sorriso amarelo.

—Irmão. — Uriel reconheceu Miguel. Sua postura era submissa, mas seu rosto ainda era falso. —Que bom que...

—Silêncio. — Miguel sequer se mexeu, mas uma corda dourada envolveu Uriel prendendo-o dos ombros aos pés. Ele caiu no chão se debatendo igual um peixe em uma rede. —Você decepcionou profundamente Nosso Pai. Será julgado pelos seus crimes. Não diga mais uma palavra.

Uriel ficou em silêncio, mas não sem antes dar um olhar venenoso para Alec. Como se fosse culpa dele o Arcanjo ser um idiota que cavou a própria cova. Um frasco saiu flutuando do bolso do paletó dele, pairando até Alec, que o pegou automaticamente.

—O antídoto para curar sua amiga. — falou Miguel. Alec guardou o frasco no bolso encarando o anjo.

—Não entendo, sabe...

—Já deve ter ouvido que nosso Criador escreve certo por linhas tortas. — Miguel disse enigmaticamente, deixando Alec ainda mais irritado. —Não interferimos porque talvez outra pessoa precisasse fazê-lo.

Essas palavras foram seguidas por um silêncio significativo.

—Obrigado, — ele soltou uma risada ácida. — mas não quero ser seu herói.

—Vocês não são testes do Nosso Pai, mas serão testados. — continuou Miguel. —Vocês são criaturas falhas, sim, mas apenas os pecadores são descartados. E a definição de pecado da humanidade têm sido muito distorcida, mas um dia vocês entenderão.

—Eu duvido que algum dia eu consiga entender, mas não importa. — o tom de Alec foi inflexível. —Eu só queria paz para mim e as pessoas que amo. Fico feliz de ter conseguido ao menos uma dessas coisas, mas nada que você disser vai ser capaz de mudar o que eu perdi.

Alec se sentia cansado e oco, só queria que o Arcanjo fosse embora logo para que ele pudesse acabar com aquilo. O Arcanjo Miguel olhou para ele por um tempo. Era difícil dizer, pela sua falta de expressão, mas ele soava entretido.

—Pois bem. — disse. —Mas como nos fez um favor, agora o céu também lhe deve um. Pode pedir qualquer coisa que desejar.

Com isso, Alec levantou subitamente a cabeça, olhando de verdade para o Arcanjo, através de seus olhos marejados. Ele podia pedir qualquer coisa, mas só havia uma que ele queria. Alguém.

—Lynx. — disse Alec com firmeza. —Traga-o de volta. É o que quero.

O Arcanjo não disse nada. De repente, ele se transformou em luz pura, sua forma desaparecendo atrás de um brilho ofuscante levando Uriel consigo, tão forte que Alec fechou os próprios olhos. Quando os abriu, olhou para baixo, e viu Lynx olhando para ele com os olhos dourados mais brilhantes do que nunca, e um sorriso se abrindo no rosto. A ferida em seu peito tinha sumido, deixando apenas sangue seco para trás.

—Olá, meu amor. — disse Alec em meio a risos e lágrimas, espalhando beijos pelo rosto dele.

—Acabou? — perguntou Lynx fechando os olhos parecendo muito cansado.

—Acabou. — Alec se levantou segurando ele nos braços. —Vamos para casa.

—Você tem asas. — ele disse ainda meio sonolento. —São lindas.

—Sim. — ainda era estranho para Alec, mas, ao mesmo tempo, era normal, como se elas sempre estivessem estado ali. —Pronto para descobrir se sei voar?

Lynx envolveu os braços ao redor do pescoço dele.

—Eu sei que sabe.

Então Alec saltou do topo da Torre de Prata. Os papéis invertidos, pois dessa vez era ele se lançando no vazio com Lynx no braços, e não o contrário. Suas asas se estenderam no céu, belas e reluzentes. Eles pairaram no ar por um tempo, até Alec sair voando com naturalidade, enquanto a Cidade Fluorescente desmoronava atrás deles, engolidas pelas chamas do nephilim que levava seu amado são e salvo para casa. Lynx que havia morrido por ele, e por quem ele morreria. Lynx que era parte de seu passado e de seu presente, e certamente seria do futuro. Muita coisa tinha acontecido, e Alec ainda precisava pensar sobre elas, dissecar cada acontecimento e conversa, mas Lynx estava vivo e eles estavam bem. No momento isso era tudo que importava.

Voar era tão natural quanto respirar e ele não se sentia nem um pouco nauseado. Lynx dava as instruções a Alec sobre como chegar na Cidade dos Mestiços quando algo aconteceu. Um estalo em sua mente, e então uma enxurrada de imagens. Um passado distante. Um príncipe e um assassino, sentados em uma mesa conversando sob a luz de velas. Um lorde de olhos azuis dizendo palavras de amizade. Um pai negligente, e um rei fraco. Uma corte traiçoeira, e um reino dividido. Ruas de paralelepípedo, e pessoas sorridentes. Carroças e o calor sufocante do verão, trazendo o cheiro de animais e vida humana. O tempo retrocedeu ainda mais, e então ele viu um garotinho de olhos amarelos e cabelos loiros sujos, sorrindo para ele, sua própria mão estendendo uma maçã. Tudo veio a ele muito rápido e sua cabeça doía um pouco. Também vieram as memórias ruins. As mesmas ruas felizes e com pessoas sorridentes, agora cobertas de sangue e pessoas chorando, gritando pelo nome de entes queridos perdidos entre as chamas. O salão do trono, e Lynx morrendo no passado. O estado deplorável em que Alec ficou depois disso. A forma como o desespero o fez invocar Azazel, sem saber que se tratava do próprio pai.

E então, memórias de todas as vidas que Azazel forçou ele a viver depois disso. Alec vagou pelo mundo como uma andarilho, chegando e indo embora da vida de pessoas, inúmeras vezes. Relacionamentos e amizades que teve através de séculos. Eram lembranças que ele não queria aceitar, mas não tinha escolha, precisava delas para entender quem era e agora sabia. Estava tudo ali. Todos os setecentos anos de vida.

Quando eles pousaram na Cidade dos Mestiços, Alec chorava.

—O que foi? — Lynx segurou o rosto dele nas mãos, preocupado.

—Eu me lembro. — disse Alec. —De tudo.

Lynx o abraçou.

—Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.

Não havia muito o que ver ao redor. Estava tudo vazio e destruído, mas os raios de sol começavam a dar o ar da graça entre as nuvens, trazendo esperança e iluminando uma nova era. A guerra tinha acabado, tinham muito o que reconstruir e muitas pessoas haviam morrido, mas eles seguiriam em frente, honrando a memória dos falecidos.

Alec e Lynx foram para o castelo. Chegando lá, o clima tenso havia se dissipado. As pessoas conversavam baixo, mas dava para notar o alívio em seus rostos. Quando Alec apareceu, todos pararam para recepcionar ele, e agradecer, o que o deixou muito confuso. Eles pararam no jardim da frente, impedidos de avançar pelas pessoas que queriam falar com eles.

—Enfim, o herói retorna. — disse Levi vindo até eles, o resto do esquadrão veio atrás, abrindo caminho entre as pessoas.

—O que está acontecendo? — Alec perguntou.

—Você nos salvou, ué. — Angela respondeu com se ele devesse saber de algo.

—Como assim? — Alec olhou para Lynx que deu de ombros, também confuso.

—Um pouco depois que você foi atrás de Lynx, aconteceu outro ataque — Gabriel começou a explicar. — e um bem massivo, eram muitos demônios Mas de repente, um exército de anjos apareceu para ajudar. Eles disseram que vieram em favor do Príncipe Alexander.

—Príncipe, né? — Levi e os outros encararam Lynx, que cruzou o braço e desviou o olhar.

O queixo de Alec caiu. O céu era realmente misterioso.

—Então não foi eu, foram os anjos.

Angela revirou os olhos.

—Mas foi por sua causa, aceita os créditos e pronto. — falou com grosseria, mas sua voz suavizou. —Imagino que tenham passado maus bocados, então você merece.

Alec se lembrou de algo.

—Aqui. — falou tirando um frasco pequeno do bolso e o entregou a Angela. —O antídoto para Luce.

—E salvou o dia mais uma vez. — Cain falou com um sorriso discreto.

—Como assim você é um príncipe? — Rebeca gritou surgindo de dentro do castelo.

Realmente, as fofocas corriam rápido naquele lugar. Alec riu e começou a narrar uma versão bem editada da história.

Tinha passado por muito sofrimentos nas últimas horas, perdido coisas e ganhado outras ainda mais desagradáveis. Sua alma estava cheia de cicatrizes, recentes e muito antigas, mas naquele momento, rodeado pela sua família e seu povo, com seu amor ao lado, ele finalmente começou a sentir uma tranquilidade se espalhar pelo peito.

E agora tinha certeza de que seria muito, muito feliz.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro