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Capítulo 38 - Muitas Coisas

Alguns dias depois, Luce convocou uma reunião.

O dia estava lindo e ensolarado através das janelas da sala de reuniões que ficava no alto de uma torre, alta o suficiente para ver apenas a vastidão do céu lilas e das nuvens verdes claras. Contudo, o clima dentro da sala, era ligeiramente nebuloso comparado com o de fora. Primeiro que, apenas parte do alto escalão estava presente. Gabriel estava ocupado na central de segurança. Levi e Cadu com a segunda divisão tinham ido para as barreiras. Angela, Cain e Lynx já sabiam mais ou menos porque tinham sido convocados, e por isso a expectativa tensa no ar. Alec não sabia ao certo o que ele tinha a ver com aquilo, mas podia ter uma noção quanto ao resto. Era basicamente uma reunião para resolver as questões dos vices de cada divisão. A terceira divisão não tinha um, e a primeira teria que mudar o seu

No entanto, a segunda coisa causando aquela inquietação, era a mais bizarra...

-Ei! - Luce, sentada em seu lugar na cabeceira da mesa, começou a estalar os dedos no ar chamando a atenção deles. -Vocês estão prestando atenção no que estou dizendo?

-Estamos tentando. - disse Cain, sentado na ponta esquerda a mesa, com Angela ao lado dele. -Mas está meio difícil.

-Não sabia que você tinha interesse em bichos de estimação. - Angela tinha desdém na voz. -Mas um cão seria mais agradável que isso.

Então eles encararam a pessoa parada ao lado de Luce. Era Amarantha. Até ai tudo bem, não seria grande coisa, se não fosse o fato de que ela usava uma coleira e a guia estava presa no pulso de Luce. Era longa o suficiente para que Luce pudesse se movimentar sem ficar puxando o pescoço dela, mas ainda assim. Que diabos era aquilo? Amarantha não entregava nada em sua expressão, exceto o fato de que ela não se importava ser arrastada por ai como um cachorrinho. Não que tivesse alguma escolha, mas seu rosto estava sereno, as mãos cruzadas na frente do corpo.

-Ignorem, Amarantha.- Luce falou sem olhar na direção dela. -Prestem atenção em mim.

Com muito custo, os olhares desgrudaram de Amarantha e sua expressão impassível, e se voltaram para Luce. A sincronização foi cômica. Alec não sabia o que estava se passando na cabeça da líder, mas ela não ter matado Amarantha ainda, era um bom presságio. Significava que ela estava disposta a dar o beneficio da dúvida, e que se havia dúvida, talvez Amarantha não fosse de fato uma armadilha.

-Primeiramente, eu queria anunciar que essa manhã eu consegui terminar de fechar a rachadura na barreira. - ela comunicou orgulhosamente.

-Sério? - Alec se inclinou para frente na cadeira. Os outros também pareciam animados com a informação.

-Sim. - ela deu um sorriso satisfeito. -Mandei Levi e Cadu hoje apenas por precaução, para verificar se está tudo certo mesmo, mas eu posso sentir que o buraco se fechou.

Alec estava muito feliz. Isso significa que os turnos pesados teriam fim, e eles poderiam relaxar mais.

Luce, no entanto, dispensou os elogios e a comemoração, já pulando para o próximo assunto:

-Outra coisa, é que chegou ao meu conhecimento que vocês dois estão em um relacionamento. - ela pousou seus olhos de pérola nos capitães veteranos. Angela não esboçou nenhuma reação, mas Cain se mexeu desconfortavelmente.

-Com chegou ao meu conhecimento você quer dizer que alguém fofocou para você. - Angela falou. Ela olhou para Lynx. -Quem será que foi, né?

Lynx, com as mãos cruzadas em cima da mesa, olhava para longe dela, assobiando baixinho.

-Não interessa quem contou. - Luce fez um gesto impaciente com a mão. -Vocês conhecem as regras. Cain terá que mudar de divisão, e você terá que arrumar outro vice.

-Não quero ir para outra divisão. - Cain se pronunciou. -Pode me tirar do posto de vice, mas quero ficar com Angela.

Luce revirou os olhos.

-Vai começar.

-Se Alec pode ficar na divisão do Lynx - Angela retrucou. - então Cain pode ficar na minha.

-Exatamente. - Cain concordou.

-Me deixem fora disso, eu nem sei porque estou aqui. - Alec ergueu as mãos em um gesto defensivo.

-Então Alec sai da terceira divisão também. - Luce disse cruzando os braços.

-O quê? Não! - Lynx se levantou bruscamente quase derrubando a cadeira. Alec segurou o braço dele fazendo-o sentar novamente.

-Luce, eu e Cain já temos um relacionamento sólido como vice e capitã. Conhecemos a forma como o outro trabalha, e age na hora da luta. Sem contar, que funcionamos muito bem juntos. A primeira divisão é impecável. - Angela argumentou. -Ter que arrumar outra pessoa, treiná-la, justo agora, vai ser muito difícil.

Era um bom argumento.

-Eu pensei que você não discutiria comigo sobre isso, menina. - o tom de Luce era acusatório.

-Mudei de ideia, não quero outro capitão. - ela cruzou os braços como uma adolescente emburrada.

-A terceira divisão parece uma gangue de delinquentes. - começou Lynx entrando na discussão. -Mas Alec pode me ajudar a colocar eles na linha, já tem ajudado mesmo sem saber. Muitos híbridos respeitam ele. Coloquei ele como líder de uma das tropas, e ele se saiu muito bem, não houve nenhum problema. Nos dê uma chance Luce.

-Ninguém vai aguentar lidar comigo como Cain consegue. - Angela disse. -Ele é o único que sabe lidar com meu temperamento. O mesmo vale para ele, só eu sei lidar com ele.

-Isso é verdade. - Cain apenas concordava com tudo que ela dizia. Era um pouco engraçado considerando que antes ele sempre contrariava ela.

-Alec é muito maduro. - Lynx aproveitou a deixa para continuar com seu discurso. -Ele consegue agir racionalmente, e não vai deixar nada afetar o trabalho. Além disso, ele me ajuda a manter o foco, porque lutando ao meu lado, eu não fico preocupado se algo vai acontecer a ele. Mas se você tirá-lo da minha divisão...

Luce encarou Alec, então seus olhos semicerraram para ele, como se estivesse analisando-o, mas também havia uma expressão estranha em seu rosto. Será que estava considerando o que Lynx disse ou pensando em outra coisa?

-Luce, se me permite dizer, acho que deveria deixá-los trabalhar juntos. - Amarantha fez os rostos surpresos se virarem para ela. A expressão estranha de Luce se desfez. -Posso ver que existe uma ligação muito profunda entre Alec e Lynx, e esse tipo de elo só é intensificado quando as duas pessoas estão juntas, não o contrário. Principalmente no campo de batalha. Angela e Cain tem anos de experiência juntos, e me parecem muito pé no chão, não creio que o relacionamento romântico vá afetar seus deveres.

Quando ela terminou, Alec estava de boca aberta, pela ousadia, pois Luce a fuzilava com o olhar, porém, tudo que disse foi:

-Eu deixei você falar?

Amarantha fechou a boca imediatamente e abaixou a cabeça.

-Desculpa, Luce.

-Não sei o que rolou entre vocês, mas gostei de Amarantha. - disse Cain como se estivesse comentando sobre o clima lá fora. -Você devia perdoar ela, Luce.

-Querido, - a voz de Angela era doce. - cala a boca.

-Ainda não confio em você. - Lynx semicerrou os olhos na direção de Amarantha. -Mas obrigado pelas palavras a nosso favor. Se Luce decidir te matar, vou tentar convencer ela a ser rápida.

-Lynx! - Alec cutucou ele, pressionando a mandíbula com força para não rir. Por que todas as reuniões do esquadrão eram ridículas desse jeito? Era um por cento de coisas sérias e o resto de palhaçada e provocações. Ele amava isso.

-Não pode negar que nossos argumentos foram muito convincentes. - Angela lançou um olhar a Luce.

-Outra coisa também é que seria muito ruim fazer uma mudança dessas em meio a uma guerra. - com essas palavras de Cain, o clima ficou mais sério. E o que ele disse era verdade. -Um novo vice seria inconveniente caso aconteça alguma emergência.

-Se deixar Alec ser meu vice, eu nunca mais te peço nada. - Lynx falou tentando usar o truque dos olhos brilhantes com ela. Alec fez uma expressão de ultraje.

-E por acaso eu aceitei alguma coisa? - ele disse. -Alias, me lembro de ter dito que não acho uma boa ideia...

-Amor...

Luce se levantou bruscamente e espalmou as mãos na mesa, fazendo um barulho mais alto do que parecia possível que suas mãozinhas pudessem reproduzir. O gesto violento fez Amarantha dar um pequeno passo para frente ao ter a coleira em seu pescoço puxada. Ela tinha um olhar afetuoso ao olhar para sua dona.

-Fiquem quietos! - ela berrou. -Eu pego leve demais com vocês, isso sim!

Ela se jogou de volta na cadeira, inclinando a cabeça para trás de olhos fechados, resmungando que todos ao seu redor eram um bando de idiotas mimados, que ela tinha falhado como líder e muitas outras coisas dramáticas. Luce esfregou as têmporas como se estivesse com dor de cabeça, e disse:

-O primeiro problema, mínimo que seja, que vocês me derem... Eu mato todos vocês. Entenderam?

-Então, Alec é meu vice capitão? - Lynx perguntou, praticamente abanando a cauda.

Luce o encarou.

-Parece que você vai ter que convencer ele primeiro.

Lynx olhou para Alec esperançoso.

-Por favor?

Alec se recostou na cadeira e cruzou os braços.

-O que eu ganho em troca se eu aceitar?

-Ah, pelo amor de Deus. - Luce jogou os braços para cima exasperada.

-É meio irônico um anjo caído falando de Deus, mas enfim... Cain continua sendo meu vice, então? Ótimo! - Angela tentava esconder o sorriso, e Cain olhava para ela com uma expressão inédita para Alec, de amor e adoração.

-Sim. - Luce respondeu olhando para ela. -Podem sumir das minhas vistas agora. Todos vocês.

Ainda largada na cadeira, Luce parecia como uma mãe vencida pelo cansaço, após ceder aos caprichos dos filhos. O grupo saiu da sala. Angela e Cain foram embora todo sorrisos, mas Alec estava sério enquanto Lynx olhava para ele de canto de olho, com receio.

Quando chegaram lá fora, Lynx disse como quem não queria nada:

-Sinceramente, não achei que Luce fosse ceder, ela estava tão inflexível quanto a isso.

-Uhum. - Alec concordou sem olhar para ele. -Acho que foi um pouco por causa do que Amarantha disse, mas vocês também foram muito persuasivos. No fim, Luce sabia que não iam desistir.

-Você... vai aceitar? Eu sei que estou sendo irritantemente insistente, mas é só porque eu acho que você é capaz.

Alec se recostou no parapeito da ponte e olhou para a água, pensando. Era verdade que ele não tinha muita experiência e se achava inadequado para o cargo. Também achava que ele e Lynx podiam entrar em conflito por causa disso, a situação com Tales havia sido um exemplo Apesar de que, Lynx teria ficado com ciúmes independente de onde e com quem Alec estivesse. Eles teriam que aprender a trabalhar esse tipo de coisa, independente das situações.

E sendo sincero consigo mesmo, existia uma parte de Alec, que ele não queria admitir, que meio que gostava da ideia. Ele gostava da ideia de comandar ao lado de Lynx. O que isso dizia sobre ele? Não era de um jeito tirânico, ele simplesmente queria ajudar Lynx a manter a ordem naquela divisão, e queria aprender mais com ele. Alec odiou o comportamento dos soldados no dia em que encontraram Amarantha, não era assim que soldados honrados se comportavam, oprimindo quem já estava no chão. Ele podia ser apenas um novato, mas não era necessário ter anos de experiência para saber como agir com honra e empatia. A crueldade deveria ser reservada apenas para os demônios.

Tendo tomado sua decisão, Alec resolveu brincar um pouco.

-Eu aceito ser seu vice. - disse. Lynx sorriu e estava prestes a dizer algo quando Alec continuou: -Mas você vai ter que cozinhar para mim durante um mês.

-Feito.

-Usando avental. - Alec Sorriu. -o avental.

O sorriso de Lynx se transformou em malícia. Ele se aproximou de Alec, e colocou uma mão de cada lado do parapeito, prendendo-o entre seus braços.

-Posso não usar nada também, se você quiser. - ele sussurrou.

Desde aquela noite em que eles brigaram, e então Lynx implorou até o amanhecer, as coisas entre eles estavam intensas. Bastava um olhar para acender aquela energia sinistra entre eles. Sozinhos na mansão, nem a mesa de jantar tinha escapado. Parecia que a dinâmica do relacionamento deles tinha melhorado ainda mais agora que um sabia do que o outro gostava. Bastava um olhar para um saber o que o outro queria. Era natural. Lynx estava quase descendo a boca sobre a dele, quando uma voz aguda os interrompeu. Eles se afastaram pesarosamente.

-Alec! Lynx! - gritou Rebeca. Ao se aproximar o suficiente, ela disse: -Por que todo mundo sempre está nessa ponte? É algum ponto de encontro por acaso?

Cadu vinha andando um pouco atrás dela, silencioso como sempre, apenas os cumprimentou com um aceno de cabeça, mas também havia algo em sua expressão e no modo como Rebeca estava andando distante dele que fez Alec ter um pressentimento.

-Vocês estão bem?

-Sim, e você, amiga? - Alec deu um abraço nela.

-Estou ótima! - falou. -Vou ficar melhor ainda depois que você vier comigo!

Ela enganchou o braço no de Alec e saiu puxando ele pela ponte, deixando Cadu e Lynx olhando para eles com cara de paisagem.

-Ir aonde? - Alec indagou, sem demonstrar resistência.

-Dar um passeio. - ela olhou com implicância para Lynx. -Alguém monopolizou toda sua atenção nos últimos tempos, estou com saudade do meu melhor amigo. E no momento não estou muito a fim de ficar olhando para a cara do meu namorado também, então vamos sair.

-Beca... - Cadu tentou falar com ela mas foi ignorado.

-Adeus. - e então ela arrastou Alec consigo para a cidade.

Depois de andarem por um tempo, Alec perguntou:

-Então, o que aconteceu? Por que está com raiva dele?

Rebeca suspirou.

-Não estou exatamente com raiva dele, mas amigo Acho que estou ferrada.

-Cadu fez alguma coisa com você? - Alec ativou o modo protetor.

-Não... Bem, sim...- ela respondeu sem esclarecer nada. -É mais algo que fizemos juntos, na verdade.

-Não estou entendendo.

-Eu acho que estou grávida.

Alec tropeçou na calçada, ele parou encarando ela atordoado.

-Como assim?

-Ora, Alec. - ela riu. -Não acho que preciso explicar como, né?

Ele tentou se recompor do choque da nova informação. Nunca imaginou Rebeca sendo mãe.

-É por isso que vocês brigaram? Ele não quer a criança ou...

-Ele ainda não sabe. - ela contou retomando a caminhada. -Não contei, mas ele sabe que estou escondendo algo e fica me pressionando. E ultimamente tudo me irrita, só olhar para a cara dele me irrita as vezes.

-Por que você não contou a ele? Por mais que a cara dele te irrite, o cara precisa saber.

-Eu sei disso, mas eu estou apavorada e não tive coragem ainda. - ela respondeu. -Eu sempre achei que seria só eu e Cadu. Até que a morte nos separe, ou algo assim. Eu nem gosto de crianças, não sei ser mãe.

-Ninguém nasce sabendo ser mãe ou pai, Rebeca. - o tom dele era suave ao reconfortar a amiga. -As pessoas aprendem na prática. Sinceramente, também nunca imaginei você sendo mãe, mas tenho certeza de que vai se sair muito bem.

-Cadu vai ficar feliz, ele sempre quis ser pai. - a expressão dela se tornou depressiva. -Também seria bom... Seria bom ele ter alguém, depois que eu me for. Sou humana, ele é um nephilim de segunda geração, vai viver muito ainda.

Alec ficou sem saber o que responder quanto a isso. Era a mesma preocupação que ele tinha com Lynx, o fato de que um dia ele ia morrer e deixar ele para trás.

-Você tem que contar para o Cadu. - Alec ressaltou. -Eu entendo sua preocupação com o tempo, mas ter um filho é algo bom, e você vai deixar uma parte de você com ele quando se for.

-Sim, eu sei. Eu vou contar. - ela deu um sorriso desanimado, mas então seus olhos brilharam quando eles pararam na frente de uma padaria. -Hum... quero um docinho. Vamos entrar aqui?

Alec pediu só um café e um pedaço de bolo de chocolate, e assistiu com divertimento enquanto o atendente trazia vários pratos de bolos e doces para Rebeca.

-Meu. Deus. - ela deu uma mordida em um sonho fechando os olhos. -Eu casaria com esse sonho.

-Cadu não ia ficar muito feliz. - Alec bebeu o próprio café. -Ou talvez vocês pudessem fazer um trisal.

-Não seja ridículo. - ela tinha recheio no queixo. -Eu jamais dividiria esse sonho com ele.

Alec começou a rir, e ela limpou o queixo, rindo também. Ele não tinha notado o quanto estava com saudade da amiga até estar ali sentado com ela apenas jogando conversa fora.

-Mas e você e Lynx? - ela perguntou devorando um pedaço de bolo de morango. -Como estão as coisas?

-Tudo bem.

Ela ergueu as sobrancelhas, um olhar meio inquisidor.

-Tudo ótimo.

Ela revirou os olhos.

-Você não consegue nem disfarçar, está praticamente brilhando. Vamos, quero detalhes!

-Não estou brilhando. - ele disse pensando que Lynx adoraria aquele bolo. Devia levar um pedaço para ele. Ou um inteiro.

-Aham. - ela riu com deboche. -Tenho inveja de vocês que podem transar igual coelhos e ninguém fica grávido.

-Que saudade eu estava de você dizendo coisas sem noção.

-Estou mentindo?

-Bom... Não.

-Amigo, não quero ser invasiva, mas... Quem é o ativo?

Alec engasgou com o café.

-Eu não acredito que você perguntou isso. - ele disse em meio a uma crise de tosse.

-Ultrapassei um limite? Não precisa responder então, só fiquei curiosa. - ele deu de ombros.

Ela já tinha comido metade dos doces na mesa. Alec balançou a cabeça.

-Depende do clima. - ele respondeu. -As vezes eu, as vezes Lynx...

-Ah, entendi! Tipo se estiver chovendo, você...

Alec soltou uma risada alta que saiu com um ronco.

-Você é muito idiota, come seu bolo vai. Mamãe.

Ela franziu o rosto para a palavra, mas logo sua expressão voltou a ser travessa.

-Desculpa, mas eu tenho mais uma pergunta invasiva. - ela sequer parecia arrependida da outra pergunta, e prosseguiu: -Você foi o primeiro dele? Por que tipo, ele era um anjo e tal, mesmo se tivesse dormido com alguém quando era humano, depois de setecentos anos a virgindade já tinha até se restaurado, né?

-Minha nossa, Rebeca. - Alec riu puxando os pratos dela para longe. -Chega de doce por hoje.

-Responde só isso e eu calo a boca.

-Tá. - ele suspirou exasperado. -Fui o primeiro dele na cama, mas ele já tinha beijado alguém antes. - e mais baixo e meio rabugento: -Provavelmente a princesa linda e maravilhosa que ele amou quando era humano.

-Que princesa? - Rebeca perguntou tão alto que os outros clientes viraram a cabeça para olhar.

Então Alec contou a ela o que Lilith disse e sobre o próprio Lynx ter contado que morreu por alguém que ele amava, ao mencionar o nome de Lilith, o rosto de Rebeca se contorceu em fúria.

-Aquela vaca. - ela bufou. -Se o próprio Lynx não tivesse te dito que existia alguém que ele amou, eu apostaria toda minha herança que ela estava mentindo sobre esse lance de princesa. Não acredito em nada do que ela diz, nem se eu ver com meus próprios olhos, ainda vou achar que é mentira só porque saiu da boca dela.

Rebeca realmente odiava Lilith, e não era para menos. O demônio quase matou Cadu e ainda tentou culpar Rebeca de ser espiã. Alec raramente pensava nela e nos irmãos sombras, mas sentia que veria eles de novo em breve.

-Mas você não está com ciúmes de uma morta, né? - Rebeca analisou ele. -Tipo, foi a muito tempo e ele está com você agora.

-Eu sei. - Alec concordou com ênfase. Ele se sentia ridículo ao ter ciúmes de um passado, mas não conseguia evitar. -É problemático o que vou dizer agora, mas... Fico com ciúmes de saber que ele amou alguém tanto assim a ponto de morrer pela pessoa.

-Alec. - Rebeca juntou aos mãos em cima da mesa, ativando o modo sabedoria. -Você realmente acha que Lynx também não morreria por você? Só porque ele amou alguém com tanta intensidade assim no passado, não significa que o amor dele por você agora seja menos intenso.

-Eu sei, e só para esclarecer, não quero que ele morra por mim, mas é um sentimento egoísta que não consigo evitar.

Ela deu de ombros, mas seu rosto era compreensivo.

-Eu entendo. - disse. -Se humanos tivessem apenas sentimentos bons, não seríamos humanos.

-Parou. - Alec tomou o último gole de seu café. -Odeio quando você soa mais sábia que eu.

-Isso é porque eu sou mais sábia que você. - ela piscou e sorriu.

-Nossa, está muito quente aqui dentro. - Alec abanou o rosto com a mão, enquanto eles iam para o caixa pagar a conta.

-Não está, não. - Rebeca olhou para ele como se ele fosse louco. Ela franziu o rosto. -Você está bem?

-Tirando o fato de que ultimamente ando parecendo uma mulher na menopausa.

Rebeca deu uma risada de deboche.

-Será que você não está com febre de tanto transar?

-Para de ser babaca. - ele riu.

-Mas se isso continuar, chame a curandeira, amigo. - ela disse um pouco mais sério. -Pode ser alguma doença, sei lá.

-Me sinto ótimo.

Alec se despediu de Rebeca do lado de fora da padaria e então seguiram caminhos opostos. Ainda era meio da tarde, mas Alec queria ir para casa ver Lynx e levar o bolo de chocolate para ele. No meio do caminho encontrou Madame Lara, que o alertou sobre brigas de família e acerto de contas com inimigos, nada novo. Ele nem sentiu raiva da mulher dessa vez, percebeu que, na verdade, ela o divertia. Viu o Ferreiro Jonas, que perguntou se a pessoa a quem ele deu a foice tinha gostado do presente, e então eles passaram meia hora falando sobre armas. Viu também Dona Meire, a senhora que era dona de um café que ele costumava ir com Tales. Entre outros conhecidos.

Quando chegou na Cidade dos Mestiços, ele jamais imaginou que criaria laços naquele lugar. Achou que seria temporário, que logo voltaria para sua vidinha normal. Mas tal vida, estava cada vez mais distante, caindo no esquecimento Pois ela não parecia real, essa cidade, era.

A mansão estava dominada pelo cheiro de comida, então ao entrar, Alec foi direto para a cozinha. Quase derrubou o bolo quando seus olhos assimilaram a vista. Lynx estava parado de frente para o fogão, mexendo em uma panela. Cozinhando, usando um avental preto, e nada mais. A visão era o paraíso, embora a cena também fosse um pouco cômica. Alec colocou o bolo silenciosamente em cima da bancada.

-Espero que não tenha queimado nada ai em baixo. - ele brincou.

Lynx riu sem se virar. Já sabia que ele estava ali.

-Estou cumprindo minha parte, vice capitão. - ele desligou uma das panelas.

Alec já estava atrás dele, uma das mãos envolveu a cintura e a outra moveu o cabelo dele para que Alec pudesse beijar sua nuca. Lynx costumava ser um pouco maior que ele, mas agora tinham o mesmo tamanho. Alec pensou brevemente em como isso era curioso, mas se distraiu com o cheiro dele. Lynx cheirava a algo fresco, provavelmente tinha acabado de sair do banho. Alec salivou. Lynx tombou a cabeça para trás, facilitando o acesso ao seu pescoço.

-Acho que quero comer agora. - disse Alec com uma voz baixa e rouca.

-Não está pronto ainda.

-Eu não estava falando da comida.

Lynx se virou e o beijou, empurrando-o levemente até a bancada e pressionando Alec contra ela. Alec sentiu o corpo se acender instantaneamente, como um fosforo jogado em um rastro de gasolina, queimando lentamente até explodir. Alec conseguia sentir o calor do corpo dele mesmo através das camadas de tecido entre eles. O beijo de Lynx ela lento e molhado. As mãos de Alec agora exploravam a pele por baixo do avental, ele tremia sob seus dedos, aumentando a intensidade do beijo.

Será que algum dia isso esfriaria? Será que algum dia, tocar Lynx não faria mais sua mente entrar em pane queimando até seu último neurônio, deixando apenas esse sentimento cru e irracional no controle? Ele duvidava muito. Era um sentimento tão ardente que ele realmente estava começando a sentir muito calor. De repente, Alec tocou os braços dele, apertando os músculos fortes, e Lynx deu um pulo. Alec não entendeu o que tinha acontecido até olhar para a expressão de espanto de Lynx e então as duas marcas vermelhas em seus braços com os formatos exatos da mão de Alec.

Quando Alec olhou para as próprias mãos, elas estavam acesas com luz branca.

Alec se afastou abruptamente, batendo a lombar contra a pia. Então ele deu um passo na direção de Lynx, incerto.

-Lynx! Você está bem? Eu...

Lynx parecia mais confuso e preocupado do que com dor.

-Você está bem? - ele perguntou com um vinco profundo entre as sobrancelhas. -Está sentindo alguma coisa? Você está... brilhando.

Ele estava. Não era apenas as mãos. Era como se luz liquida corresse por suas veias, formando uma teia fluorescente em toda pele, e se concentrando nas mãos. Alec tentou não entrar em pânico, completamente no escuro quanto ao que poderia estar acontecendo com ele. Será que era alguma doença exclusiva da Cidade dos Mestiços? Mas ele não se sentia doente, pelo contrário, sentia como se pudesse escalar uma montanha.

Quinze minutos depois, Alec estava sentado na bancada da cozinha, e Lynx voltava do quarto - ele tinha subido para colocar uma roupa, porque ficar em choque observando seu namorado brilhar que nem uma árvore de natal, quase pelado, não tornava a situação menos bizarra.

-Como você se sente? - Lynx parou ao lado dele, tocando seu braço. Alec se retraiu automaticamente, com medo de machucá-lo de novo.

-Com calor. - respondeu Alec. -Mas não me sinto mal, me sinto muito bem, na verdade.

-Vou pegar água gelada, ou você quer outra coisa?

-Eu quero saber porque estou brilhando.

-Luce. - Lynx disse como se tivesse se lembrado de algo.

-Não vou sair na rua assim.

-Não precisa, tenho meus poderes de volta. - Lynx falou. -Posso chamar ela por telepatia...

Alec olhou para a própria mão brilhante.

-Será que vou morrer?

Lynx foi até ele e o abraçou, ignorando os protestos de Alec para que o soltasse.

-Não. Você está bem, isso é...

-Foi pra ver isso que me chamaram? - Luce tinha surgido silenciosamente na porta da cozinha em questão de instantes. Amarantha estava ao lado dela, ainda usando aquela coleira ridícula, e ficou em silêncio apenas observando a cena.

Os dois se soltaram do abraço, e quando Luce prestou atenção em Alec, suas sobrancelhas se elevaram. Ela se aproximou dele puxando Amarantha consigo, observando-o como se ele fosse um alienígena recém-descoberto. Por fim, ela cruzou os braços com uma expressão satisfeita.

-Eu sabia desde a primeira vez que te vi, menino... - havia um brilho nos olhos perolados dela. -Não sei exatamente o que você é, mas não é humano.

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