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Capítulo 34 - Súbita Surpresa

-A resposta é não. - os pés de Luce apoiados na mesa da sala de reuniões balançavam despreocupadamente, seu tom era simples ao responder o pedido de Lynx. -E você é um idiota por sequer perguntar.

-Posso saber o motivo? - perguntou ele sem expressão. Alec estava em pé ao seu lado, e apenas olhou para ele de canto de olho.

-Vocês são um casal. - ela respondeu franzindo o rosto como se ele realmente fosse idiota. -Isso não seria nada profissional, e não quero que interfira nas suas tarefas. Conhecendo você, vai acabar misturando as coisas.

-Bem, - começou Lynx com teimosia tingindo seu tom de voz. - então isso deveria se aplicar a Angela e Cain também. Caso ninguém tenha percebido, eles estão namorando.

Luce se endireitou na cadeira, e Alec encarou Lynx surpreso.

-Quem te disse isso? - indagou Luce, no mesmo momento em que Alec perguntou com a voz subindo uma oitava:

-Eles estão namorando?!

Lynx examinou as próprias unhas. Sua expressão era a de alguém que estava satisfeito em dedurar os amigos.

-Aquele enfeite de cabelo que Angela está usando, já o vi com Cain antes. Ele costumava ficar olhando para a presilha com uma cara depressiva. Por qual outro motivo Angela estaria usando se não tivesse sido presente dele? E Cain jamais daria algo para ela se não fosse sério. - Lynx argumentou. -Além disso, vi os dois de mãos dadas trocando olhares melosos no dia da batalha, assim que cheguei. Como se fossem morrer, ou sei lá. Eles nunca fariam esse tipo de coisa se não estivessem juntos.

-Achei que Angela estava apenas tentando um visual diferente. - disse Alec dando um risinho de lado. -E desde quando você é tão observador?

-Sempre fui! - Lynx parecia ofendido. -Só que eu guardo as coisas importantes para momentos como esse.

-Pensei que você era um Golden, mas talvez seja uma raposa. - Alec semicerrou os olhos para ele. Lynx coçou o nariz sorrindo.

-Que lindo. - interveio Luce. -Se vocês continuarem se olhando assim, vou vomitar.

Alec desviou o olhar quebrando o contato visual com ele.

-Sinceramente, não esperava por isso. - disse a ninguém em particular. -No fundo, achei que Cain nunca admitiria os sentimentos dele por ela.

Alec havia notado que Angela e Cain andavam mais amigáveis, mas não fazia ideia de que tinha chegado a esse ponto. Estava tão absorvido pelos próprios dramas, que não tinha notado isso sobre eles. Ou talvez fossem muito bons em manter a discrição.

-Você sabia que eles se gostavam? - perguntou Luce, que na verdade parecia mais curiosa do que zangada.

-Sabia de Cain, mas não fazia ideia de que Angela correspondia. - Alec respondeu, pensando que era engraçado eles estarem ali fofocando sobre a vida dos amigos em vez de resolver questões sérias.

-Então, - Lynx se intrometeu. - se vai permitir que eles continuem trabalhando juntos...

Luce bufou.

-Se é o caso, então vou conversar com eles e mudar Cain de divisão. - ela disse fazendo a esperança de Lynx murchar. -Eu costumo não pegar muito no pé de vocês em relação a nada, mas isso não posso aceitar. Não é uma boa ideia. Se existe algo que pode interferir na relação de capitão e vice, acaba afetando a divisão inteira e consequentemente o esquadrão todo.

-Mas Luce, não há ninguém melhor que Alec...

-Basta, Lynx. - o tom dela foi autoritário. -Você devia me agradecer só por deixar ele ficar na sua divisão, e pode ter certeza que muitos não vão aprovar isso.

-Não importa o que eles acham. - Lynx rebateu. Alec queria mandar ele ficar quieto, os olhos de Luce estavam começando a ficar vermelhos nas bordas. Um sinal de raiva contida.

-Você está começando a me irritar seriamente, moleque. - Luce sibilou. Lynx continuou encarando ela por mais um momento, até franzir os lábios e desviar o olhar. Alec ficou o tempo todo em silêncio apenas observando o vai e vem da discussão, sentindo que dessa vez deveria ficar de fora.

-Olha, eu entendo seu lado. Sei que quer ficar com Alec o tempo todo, depois de tudo que passaram. - a voz dela se tornou surpreendentemente suave. -Mas não posso permitir algo que sei que pode interferir em seus deveres, principalmente com uma guerra batendo a nossa porta. Também não quero que acabe interferindo no relacionamento de vocês. Não estou a fim de ninguém emburrado ou chorando pelos cantos porque brigaram. De nada.

Lynx suspirou. Sua expressão ainda era contrariada, mas ele sabia que tinha sido derrotado.

-Sim, senhora.

Honestamente, Alec também não achava uma boa ideia ele se tornar vice capitão. Primeiro que ele não tinha experiência o suficiente para o cargo, e segundo que ele concordava com Luce. Porém, quando Lynx pediu isso a ele, não conseguiu dizer não. Sempre tivera dificuldade em dizer não a Lynx, mas ultimamente tinha piorado. Toda vez que ele olhava para Alec com aqueles olhos grandes, dourados e brilhantes, e pedia algo, Alec fazia todas as suas vontades sem pensar duas vezes, e assim que o anjo caído conseguia o que queria, sorria satisfeito e as lágrimas sumiam em um piscar de olhos.

Uma raposa na pele de um Golden Retriever.

-Estou fazendo isso pelo bem de vocês também. - ela disse. -Agora, se já terminou de discutir comigo, podem ir. Preciso me concentrar em continuar consertando as barreiras.

Depois da dispensa, os dois saíram da sala. Lynx andou a passos largos e irritados pelos corredores de pedra escura, com Alec seguindo-o um pouco mais atrás, dando-lhe espaço. Um novo lado de Lynx sendo revelado. O que não gostava quando as coisas não saiam como ele queria. Não era exatamente uma surpresa, considerando o quanto Lynx poderia ser manhoso e infantil se quisesse. Alec conteve um sorriso. Por que tudo nele o deixava assim? Todo bobo e sorrisos? Cada nuance da personalidade dele fascinava Alec, mesmo se não fosse algo que as pessoas considerariam bom ou excepcional. Isso era estar apaixonado, ao que parecia. Ver sempre o melhor em alguém, até mesmo quando a pessoa mostra um lado não muito digno de elogios. Aquela coisa de que o amor cega as pessoas nunca fez tanto sentido.

Quando chegaram do lado de fora do castelo, Lynx parou na ponte e se apoiou no parapeito, olhando para a paisagem. O céu lilas de fim de manhã, a aguá translucida, peixes nadavam e saltavam aqui e ali. O cenário parecia uma imagem criada por inteligencia artificial. Aqueles papéis de parede em 4K que você encontrava na Internet. Já estava ali a meses, mas a vista nunca deixava de surpreender Alec, não importava quantas vezes ele a visse. O que o agradava, não era só isso, mas o sentimento que o cenário passava. A paz e uma sensação de estar dentro de um sonho reluzente. Toda vez que ele se lembrava das visões em que viu uma cidade em chamas e então olhava para a Cidade dos Mestiços, sentia a garganta se fechar com medo de que a guerra destruísse aquele lugar.

Alec não imaginou que o dia estivesse tão quente, ele sentia muito calor, a ponto de sentir o suor escorrer pelas costas. Ele passou a manga no uniforme na testa e se aproximou de Lynx.

-Eu pensei que ela ia aceitar. - Lynx disse emburrado. -Por que ela não consegue ver o quanto isso seria bom?

-Lynx, está tudo bem. - Alec parou ao lado dele, se apoiando também. -Além disso, não sou apto a assumir um cargo desse. Eu comecei a lutar não faz nem um ano ainda. É até meio absurdo, e eu jamais seria respeitado por ser humano. Mesmo que alguns híbridos tenham me aceitado, acho que existem limites para o que eles toleram.

Lynx olhou para ele e franziu o rosto como se o sol ferisse os olhos.

-Não se subestime, não existe ninguém mais capaz do que você para isso, Alec. - falou. -E tenho certeza que a maioria concordaria comigo.

A firmeza com a qual ele disse isso fez Alec erguer as sobrancelhas, mas então um sentimento quente tomou conta do coração dele. Ele ergueu o braço e acariciou a lateral do rosto de Lynx.

-Fico muito feliz que você tenha mais fé em mim do que eu mesmo. - disse. -Mas está tudo bem. Vamos trabalhar juntos, já não é o suficiente?

-Tem razão. - Lynx tombou a cabeça na mão dele, como um cachorrinho se inclinando em busca de carinho. -Nem sei porque fiquei tão perturbado com isso.

-Não fique triste. - Alec levou a boca até o ouvido dele. -Mais tarde te dou um presente.

-Me dê um bom motivo pra eu não te arrastar para casa agora mesmo. - Lynx encarava os lábios dele enquanto falava.

-Temos que ficar de guarda das barreiras, hoje é nosso primeiro turno.

Infelizmente, eles tiveram apenas um dia de folga, antes de Gabriel aparecer trazendo uma mensagem de Luce, dizendo que queria eles no complexo na manhã seguinte, e que se eles quisessem poderiam passar um ano dentro de casa depois da guerra, mas que no momento, a cidade precisava deles.

-Vamos, Capitão. - disse Alec puxando ele pela mão. -Você tem uma divisão para comandar.

Lynx gemeu descontente e fez um pouco de corpo mole.

-Se não vier logo, esqueça seu presente. Vamos, vamos.

-Sim, senhor. - Lynx bufou uma risada, e deixou que Alec o guiasse.

E de fato, Luce não estava errada, quando eles chegaram no complexo e entraram juntos no quartel da terceira divisão, alguns soldados olharam torto para eles e cochicharam entre si. Alec reconheceu alguns como amigos de Gus, que felizmente não estava na terceira divisão. Pelo menos, isso. Gus estava na divisão de Angela, e talvez só por isso que ele ainda estivesse no esquadrão, porque mesmo sendo um escroto, de certa forma ela conseguia mantê-lo na linha.

Algo que surpreendeu Alec foi que assim que Lynx pisou no quartel, ele assumiu uma pose completamente diferente. A pose de Capitão da Terceira Divisão do Esquadrão de Ataque. Sua postura era orgulhosa e séria, e até seu modo de caminhar deixava claro que ele não estava ali para receber ordens, e sim comandar. Ali ele não era um anjo caído bobão que não sabia o que era uma televisão e um chuveiro. Ele era um O Capitão. Mais do que isso, um ser extremamente poderoso, com anos de experiência na arte de destroçar coisas, e uma aura de poder capaz de cegar. Nesse quesito, ele tinha uma mente afiada e um espírito de liderança nato. Portanto, assim que avistou o grupo de soldados que riam e cochichavam, ele se aproximou caminhando calmamente até eles. Alec ficou um pouco para trás, mas ainda ao alcance auditivo deles. As risadinhas pararam abruptamente, e o ar foi tomado por uma tensão, enquanto os outros soldados observavam a cena.

-Por que não fala mais alto, soldado? - a voz de Lynx ecoou pelo espaço de pedra cinza. -Estou doido para ouvir o que é tão engraçado.

-Nada, senhor. - disse o sujeito, engolindo em seco e imediatamente abaixando a cabeça. O silêncio no recinto era opressor.

No entanto, o amigo dele, parecia ter um pouco mais de coragem, e disse:

-Só estávamos dizendo que esperamos que não pegue leve com Alec por ele ser seu namorado, queremos que ele seja tratado como qualquer um aqui.

-Meu namorado não é como qualquer um aqui. - rebateu Lynx, seus olhos dourados queimando de uma raiva contida. -Mas isso não é porque ele é meu namorado, e sim porque ele já se provou mais competente do que gente como você que está mais preocupado em semear discórdia, e fofocar sobre a vida pessoal dos outros do que em cumprir o próprio dever. Fiquei fora durante os últimos meses, mas sei também que Alec nunca deu motivos para qualquer um pensar o que você está insinuando. Ele conquistou a posição em que está com o próprio esforço.

Lynx deu um passo para trás, e ergueu ainda mais a cabeça. Agora suas palavras eram direcionadas a todos os presentes.

-Se mais alguém tiver algum problema comigo, tenha coragem de vir resolver diretamente, em vez de ficar resmungando pelos cantos. - vociferou. -Hoje pode ser meu primeiro dia oficial como capitão, mas isso não quer dizer que preciso de alguém me dizendo como fazer o meu trabalho. As coisas vão mudar nessa divisão, soube que vocês tem agido de forma desonrosa e esse tipo de comportamento não é tolerado na Cidade dos Mestiços. Não haverá outro aviso amigável como esse, então fiquem ciente.

-Sim, senhor. - responderam os híbridos em uma voz só.

-Terminem de se preparar. - continuou Lynx. -Nosso turno nas barreiras acaba as seis, mas a divisão só pode deixar o local depois que a outra chegar.

Lynx prosseguiu dando ordens e Alec ouviu com uma atenção distraída. Ele nunca tinha visto esse lado dele, e teve que segurar muito para não sorrir. Ou atacar ele na frente de todo mundo - o que seria extremamente inapropriado naquele momento. A voz firme e a expressão imponente, o jeito como ele fez os soldados se calarem. A frieza em seu rosto perfeito, mais aquele uniforme preto do esquadrão grudado no corpo... Se concentra, Alec.

-Aposto que depois dessa os amiguinhos de Gus vão correndo até ele contar que foram humilhados pelo chefe. - a voz que surgiu atrás de Alec o fez pular.

-Que susto, cara! - ele xingou. Tales não podia ler seus pensamentos a respeito de Lynx, mas eles deviam estar estampados em sua cara.

Tales percebeu e revirou os olhos.

-Não vai ajudar em nada os caras não ficarem pegando no pé de vocês, se vocês ficarem se olhando assim durante o serviço. - ele tinha o costume de apoiar o braço no ombro de Alec, e fazia isso distraidamente, o que foi o caso no momento.

-Ai já é problema deles. - Alec falou. -Vou ser obrigado a ficar controlando minha cara agora? É só não olhar pra mim.

-Eles não podem evitar. - Tales disse e se interrompeu, franzindo levemente a testa. -Você está bem? Está meio vermelho.

-Estou bem, acho que é porque está muito quente hoje. - Alec disse despreocupadamente.

-Ah... enfim, como eu estava dizendo, vocês são figuras importantes, e objeto de inveja de muitas pessoas. Isso sempre causa fofoca desnecessária. O problema é que...

-O que é problema de quem? - Lynx tinha se aproximado deles, sua expressão era neutra e a voz soava normal. Mas ele encarava o braço de Tales apoiado no ombro de Alec.

-De ninguém. - Alec o tranquilizou. -Lynx, esse é meu amigo...

-Tales, sei. - Lynx sorriu de um jeito estranho. -Eu o conheço. Com certeza, um dos poucos nessa divisão que tem mais de dois neurônios.

-Sim, provavelmente tenho três. - Tales acenou para ele meio sem graça, tirando o braço do ombro de Alec. -Bom te ver de novo, Lynx, fico feliz que tenha acordado logo.

Tales estava sendo sincero, e Lynx percebendo isso, tentou fazer seu sorriso se tornar mais genuíno também.

-Sim, eu também.

Houve um momento de silêncio desconfortável entre os três. Alec sabia que o gesto de Tales não tinha segundas intenções, mas se Lynx soubesse sobre os sentimentos dele a respeito de Alec, isso não ia importar.

-Bom, então... - Tales olhou em volta. -Dan está me chamando, vou indo. Tchau.

Ele saiu sem olhar para Alec. Dan nem estava por perto, aquilo não foi nada natural. Alec olhou com receio para Lynx, mas então parou de se sentir assim, ele não tinha feito nada de errado.

-Tem alguma coisa te incomodando? - ele perguntou sem rodeios. Lynx que observava Tales se afastar, olhou para ele e sorriu um pouco.

-Como assim?

-Nada. É que... - ele hesitou olhando em volta, não era o lugar para aquilo. - se tiver alguma coisa que você queira falar. Qualquer coisa, você sabe que a gente pode conversar depois, né?

Lynx pareceu um pouco surpreso e apenas assentiu. O fato era que Alec sempre gostava de esclarecer qualquer coisa que ele sentisse estar fora do lugar, antes que se tornasse um problema de fato. Não gostava de mal-entendidos e falta de comunicação. Mas sabia que Lynx era do tipo que nunca falava o que incomodava ele, mesmo que fosse algo que o estivesse corroendo por dentro. Isso poderia ser um problema.

Ao comando de Lynx, a tropa partiu para as barreiras de baixo do sol quente da tarde. Depois da bronca do capitão, havia um tipo de tensão no ar. Os soldados estavam quietos, ninguém conversou durante o caminho e quando chegaram na floresta que fazia fronteira com a cidade, onde ficavam as barreiras, eles assumiram seus postos, apesar de alguns que ficaram fazendo corpo mole. Mas nada que uma encarada de Lynx não resolvesse.

A rachadura na barreira, assim como a própria barreira, era invisível aos olhos, porém, era possível sentir. Como uma corrente de ar escapando através da fresta de uma janela. Também era consideravelmente extensa, por isso precisavam de uma divisão inteira, pois ela se dividiria em duas tropas, cada uma responsável por uma parte. E também no caso de outro ataque acontecer em uma área já enfraquecida.

Quando Alec parava para pensar na sua situação atual, quase sentia vontade de rir. Alguns meses atrás estava limpando mesas em um cybercafé sonhando em ser músico, agora fazia parte do exército que protegia uma cidade mágica de forças sobrenaturais que queriam destruir o lugar e seus habitantes, cujos habitantes eram híbridos de anjos, humanos e demônios. Era muito surreal. Ao mesmo tempo, essa sua nova vida trazia a ele uma sensação de que as coisas finalmente estavam em seu devido lugar. Ele ainda amava música, e jamais iria se desfazer de seu hobby, mas segurar uma espada trazia a ele a mesma emoção de tocar guitarra e compor, só que amplificada por mil.

Talvez ele tivesse sonhado desesperadamente em viver de música porque a música era tudo que ele tinha, sua única válvula de escape, seu bote salva-vidas, mas agora ele tinha Lynx, amigos, e um lugar que parecia mais seu lar do que a casa em que cresceu. Pessoas que o tratavam como uma família de verdade. Algo importante pelo qual lutar.

-Estou entediado. - disse Tales surgindo ao lado de Alec que andava pelo perímetro da barreira. Ele afastou os devaneios.

-Eu também. - Alec admitiu. -Mas prefiro tédio do que outra invasão.

-Pelo menos, teríamos alguma diversão. - Tales atirou um pedaço de graveto que estava em sua mão, fazendo-o voar entre as árvores com um assobio.

-Cara, não seja idiota, pessoas morreram da última vez. - ele franziu o rosto.

-Eu sei, o cara que eu estava ficando morreu. - ele disse meio abatido, foi então que Alec notou que ele realmente não parecia muito bem, tinha olheiras escuras nos olhos. -Tenho muita sorte no amor como pode ver. Estávamos nos conhecendo ainda, mas ele era bem legal. Talvez desse em alguma coisa.

-Nossa, sinto muito, Tales. - Alec disse sinceramente.

-Tudo bem. - Tales deu de ombros. -Sempre existe a possibilidade de uma casa cheia de gatos.

-Gatos são os melhores. - Alec concordou rindo.

-Você me lembra um gato. - Tales sorriu para ele. -Arisco e fofo.

Alec tossiu.

-Desculpa. - Tales desviou o olhar. -Estou fora da minha posição, melhor eu voltar antes que leve um chute do Lynx.

Tales não era o único fora de posição. Muitos soldados estavam. Alec sabia que os boatos era verdade porque ele mesmo tinha presenciado nos últimos meses. A terceira divisão não era boa em seguir regras. Mas com Lynx ali, as coisas sem dúvidas iam mudar. Alec avistou ele supervisionando os soldados desgarrados, mandando-os de volta para seu posto. Cadu tinha tentando colocá-los na linha, mas apesar de sua competência, não tinha tido muito sucesso, mas Lynx era muito mais firme.

-Espera ai. - pediu Alec. Tales que estava prestes a sair, parou. -Isso foi na noite que você tentou me... Você estava ficando com ele, e mesmo assim tentou aquilo, e disse aquelas coisas?

Alec perguntou mais por curiosidade do que qualquer outra coisa.

-Eu tinha que tentar, ué. - ele coçou a cabeça sem graça. -Além disso, não era sério com ele, eu estava tentando esquecer você. Acho que por isso que me sinto tão mal agora.

Alec ficou sem resposta. Lynx se aproximava no mesmo instante em que Tales virou as costas e saiu andando. O amigo de Alec não olhou para seu namorado, apenas seguiu o próprio caminho de cabeça erguida. Alec se perguntou se Lynx tinha ouvido as últimas palavras dele. Esperava que não.

-Tá tudo bem? - Lynx perguntou com um sorriso, mas havia ansiedade em seus olhos.

-Sim. - Alec retribuiu o sorriso. -Nada de demônios.

-Isso eu percebi. - Lynx riu brevemente. -Parece que você fez um bom amigo durante o tempo que fiquei fora.

Ai estava. Aparentemente, ele não conseguiu se segurar e resolveu falar sobre Tales.

-Sim, ele é bem legal, me apoiou bastante. - Alec falou abertamente. -Ele é mesmo um grande amigo.

-Que bom. - o tom de Lynx pareceu despreocupado, mas Alec já o conhecia bem o suficiente pra dizer que havia algo a mais nessas duas palavrinhas. Alec esperou que ele dissesse mais alguma coisa, mas ele não falou. Depois disso, o clima entre eles ficou delicado, e eles não conversaram muito mais.

O dia passou tão tranquilamente que Alec estava começando a concordar com Tales, estava sendo entediante. Alec estava em sua última ronda quando aquela letargia foi substituída por uma agitação acontecendo logo a frente. Um grupo de soldados híbridos rodeavam uma figura caída no chão, alguns deles tinham as espadas apontadas para ela. Olhando de longe, parecia uma pilha de panos velhos, branco encardida, manchada de vermelho, mas quanto mais perto, o corpo tomara formava denunciando que se tratava mesmo de uma pessoa. Alec se aproximou sem pensar duas vezes.

-O que está acontecendo? - perguntou.

O grupo se virou para ele, um dos soldados era o híbrido que tinha enfrentado Lynx.

-Nada que seja da sua conta, já resolvemos aqui. É apenas um demônio desgarrado. - ele disse friamente, mas outro soldado se intrometeu.

-Ela diz ser um anjo.

Ela?

Alec se aproximou ainda mais, e metade do grupo abriu espaço para ele olhar a pessoa encolhida no chão. Quando ele teve uma visão clara dela, deu um passo para trás tampando a boca.

-Chamem Lynx. - disse Alec pensando tardiamente que ele não era ninguém para dar ordens, mas surpreendentemente, o soldado que tinha se intrometido, saiu para chamar o capitão. Alec se recompôs e se reaproximou da pessoa no chão. A mancha vermelha que ele tinha visto era sangue, muito sangue. O ser estava encolhido no chão, tremendo. As mãos feridas seguravam a própria cabeça, mas através dos dedos sujos de terra, fios de cabelo ruivo vazavam como filetes de sangue.

-Amarantha?

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