Capítulo 32 - Defensora
Lynx não estava mentindo quando disse que tinha disposição de sobra.
Ter passado os últimos seis meses em um sono profundo, e ter despertado dele como um anjo caído praticamente recém-nascido, significava que ele tinha energia para dar e vender. No entanto, podia-se dizer que eles estavam em pé de igualdade, pois Alec tampouco se sentia cansado. Quem imaginaria que todo aquele treinamento para aumentar sua resistência, seria útil em um momento como esse também. Mesmo após alguns rounds, ele ainda estava tão enérgico quanto Lynx, tão ávido por aquilo quanto ele. O fato era que havia muita tensão acumulada entre os dois bem antes de tudo isso acontecer. A necessidade que um sentia pelo outro, amplificada por meses e meses de espera. O quarto tinha se transformado em sensações além de palavras, os ruídos atravessavam as paredes, por sorte não havia ninguém perto para ouvir. Naquele espaço privado, eles tinham se entregado completamente aos desejos mais primitivos de seus corpos.
Dito tudo isso, não era preciso ressaltar que a noite havia sido longa. Bem longa.
Alec se sentia tão feliz e satisfeito que não conseguia controlar a própria expressão facial, sorrindo igual um idiota a cada cinco segundos. Em uma breve pausa nas atividades durante a madrugada, onde eles ficaram abraçados em uma bolha de silêncio confortável, Lynx acariciava distraidamente suas costelas quando Alec começou a pensar no porquê tinha se apaixonado por ele. Normalmente, para duas pessoas se apaixonarem, elas precisavam ter algo em comum, pelo menos, uma única coisa. Ele e Lynx eram completamente diferentes. Enquanto Alec era calmo e quase sempre pensava muito nas consequências de suas ações, Lynx era como um furacão inquieto que agia imprudentemente e só se preocupava com o estrago depois. Eles eram como os polos opostos de uma pilha.
Mas talvez não precisasse ter um porquê. Eles se amavam e ponto. Ou talvez Lynx fosse seu equilíbrio. A tormenta do seu sossego, assim como Alec era a calmaria de seu frenesi. E do mesmo modo que uma pilha precisa de dois lados diferentes para funcionar, eles funcionavam juntos. Depois que Alec chegou a essa conclusão, ele simplesmente puxou Lynx de volta para cima de si, em silêncio, comunicando essa nova descoberta através de um olhar que só eles seriam capazes de entender, e então fizeram amor de novo. Devagar, sem todo desespero mudo de antes, como se naquele momento os corpos também estivessem se comunicando mais lentamente, porém em alto e bom som.
-No começo, pensei que você levaria anos a acordar... Fiquei com muito medo.
Lynx se moveu com o lençol enrolado na cintura para olhar no rosto dele.
-Eu sei. - disse com a voz baixa. -Você não tem noção do quanto quis acordar toda vez que ouvia sua voz. Era desesperador, as vezes. Quando Você chorava, eu tentava gritar, mas não conseguia nem me mexer, me sentia sufocado. É como aquela coisa que vocês chamam de paralisia do sono.
Alec se aconchegou mais perto dele.
-Então eu era tipo seu demônio da paralisia do sono, parado no pé da cama e tudo.
-Exceto que em vez de me dar medo, eu ficava calmo sentindo sua presença.
-Claro, menos quando eu abria o berreiro. Af. Odeio chorar. - Alec enterrou a cara no travesseiro, em seguida sentiu Lynx acariciar seu cabelo, ele pegou uma mecha e enrolou entre os dedos.
-Não precisa ter vergonha de ter chorado na minha frente, eu me sinto feliz e honrado. - disse Lynx suavemente. -Não por ser o motivo de suas lágrimas, mas porque você compartilhou elas comigo.
Alec levantou a cabeça e olhou para ele por um bom tempo.
-As vezes você fala como o personagem de um livro medieval.
-Bom, quando eu nasci, as pessoas ainda andavam de carroça, então...
-Não existiam banheiros naquela época, né?
-Não, as pessoas se aliviavam em penicos e depois jogavam pelas janelas.
-Tá zoando. - Alec riu e esperou ele dizer que era brincadeira, mas Lynx continuou sério.
Então os dois começaram a rir. O momento parecia brilhar, só os dois ali rindo e conversando, se amando, sem pensar em guerras ou anjos e demônios malignos querendo suas cabeças em uma bandeja. Como se o mundo além daquele quarto não existisse ou não pudesse afetá-los. Mesmo que isso não fosse verdade.
-Fiquei com medo também de você só acordar quando eu estivesse todo velho murcho. - Alec estava com a cabeça apoiada na mão e o rosto ficou vermelho quando ele admitiu isso. -Seria um horror pra você ter ido dormir com a visão desse belo jovem e então acordar vendo o vô dele no lugar.
Lynx riu com vontade.
-Tenho certeza de que você seria um velhinho muito fofo. - disse. -E eu ia poder te chamar de sugar daddy.
Alec empurrou ele de leve, fazendo Lynx rir.
-Isso é sério, sabe - sua expressão se tornou solene. -Você é imortal, e eu sou humano. Mesmo que você tenha acordado logo, um dia eu vou envelhecer
Lynx se levantou bruscamente, evitando o olhar dele.
-Sabe o que notei? - ele saiu andando completamente nu pelo quarto, fazendo Alec deixar de lado o que estava falando. -Que não tomamos banho ontem depois da batalha. Vou encher a banheira.
Com isso, ele sumiu para dentro do banheiro, deixando Alec triste sem a visão do paraíso.
-Nossa, é mesmo, que nojo. - Alec riu, e percebeu que, realmente, ele não se sentia grudento só por causa de toda agitação noturna. -Isso que dá colocar o tesão acima da higiene.
Alguns minutos depois, eles estavam juntos abraçados dentro da banheira quente. O banheiro moderno de mármore branco e vidro, cheio de detalhes em preto e cinza, era aconchegante. O peito de Lynx estava contra as costas dele, as peles molhadas e quentes deslizando uma sobre a outra. Apesar da intimidade, não havia nada sexual naquele momento, apenas os dois relaxando, conversando sobre os acontecimentos recentes e alguns nem tão recentes assim. Alec resumiu o que aconteceu quando Lynx entrou em coma, levando-o até a mansão de Luce e depois trazendo ele de volta.
-Você me carregou? - sua voz se elevou ecoando pelo banheiro com a pergunta.
Alec não sabia dizer se ele estava incrédulo ou fascinado. Um pouco de ambos, talvez.
-Sim. - respondeu. -Espero que isso não tenha ferido seu ego ou algo assim.
-Até parece. - Lynx fez um som de deboche parecido com uma risada. -Quem você acha que vai me carregar para o quarto quando a gente se casar?
Alec ficou em silêncio absorvendo o que ele tinha acabado de dizer, e percebeu que Lynx ficou tenso atrás dele. As mãos apertaram brevemente a borda da banheira, depois os dedos começaram o ritmo inquieto com o qual Alec já estava familiarizado, toda vez que ele ficava nervoso.
-Quero dizer, hipoteticamente, se nós... Não estou dizendo que...
A água da banheira ondulou quando Alec se virou. Ele envolveu as pernas ao redor da cintura de Lynx, e olhou em seus olhos dourados. A expressão do anjo caído era temerosa, como se ele quisesse pegar de volta suas palavras.
-Lynx. - Alec manteve o rosto sério com muito esforço. -Você quer s...
Alec fez uma pausa dramática, estendendo o S propositalmente. O rosto do outro, que já estava vermelho, ficou ainda pior, como se todo o sangue de seu corpo tivesse subido para a cabeça. Sua respiração ficou acelerada, os olhos dourados estavam ligeiramente arregalados.
-Ser meu namorado? - ele completou, um sorriso diabólico escapando de seus lábios.
-Não brinque comigo, Alec. - as palavras saíram em um sussurro. Alec riu do estado dele.
-É muito cedo para um casamento, mas não estou brincando quanto a isso. - ele ficou mais sério. -Eu não me apego as pessoas com facilidade, sabe... Na real, eu nunca... Senti com ninguém o que sinto quando estou com você. Eu quero namorar você, pois pra mim não existe nada mais sério do que nós dois.
Alec o beijou para selar suas palavras, enfatizar que ele estava falando sério, tentando transmitir isso através do gesto de amor silencioso. Ele queria que Lynx entendesse a profundidade de seus sentimentos. Depois de um beijo longo, Alec se afastou, buscando a expressão dele.
-Então? - pressionou. -Eu estou literalmente te pedindo em namoro aqui, vai me deixar no vácuo?
Lynx deu uma risada grave. Seus olhos brilhavam.
-Não existe nada mais sério do que você pra mim também. - ele falou. -Você quase me matou do coração agora, mas sim, eu aceito namorar com você.
-Desculpa - Alec sorriu espalhando vários beijos pelo rosto dele. -Namorado.
***
-Caramba, - disse Lynx com a boca cheia. Os cabelos, ainda meio úmidos, dele estavam atrás das orelhas. - parece que faz seis meses que não como nada.
-Sério? - Alec riu, mas revirou os olhos. -Vai ser assim as próximas semanas da minha vida? Ouvindo piadinhas de seis meses que não faço isso e aquilo.
-Não, amor. - respondeu Lynx com um sorriso. -Esse vai ser o resto da sua vida com piadinhas ainda piores do que essa.
Já havia anoitecido quando Alec percebeu que estava morrendo de fome. Eles resolveram descer e cozinharam juntos, agora estavam sentados na ilha da cozinha comendo. Houve até uma pequena batalha culinária, onde Lynx admitiu derrota com seu capeletti de queijo com molho branco, mesmo que Alec achasse que estava muito melhor do que sua salada de maionese com frango desfiado.
-Sabia que essa é a causa da maioria dos términos de relacionamento no mundo mortal? Senso de humor incompatível. - Alec tentou manter o tom sério, mastigando a comida. Lynx semicerrou os olhos analisando ele enquanto terminava de engolir a comida.
-Você está mentindo. - constatou. -Não sou mais tão inocente assim, tá?
Alec se lembrou da noite passada e estremeceu. Ele realmente não tinha mais nada de inocente.
-Eu espero que você não queira mais. - Alec falou olhando para o prato vazio dele. -Porque acabou a comida e não tô a fim de fazer mais nada.
-Tudo bem, agora eu vou querer só a sobremesa.
-Que sobremesa? - Alec franziu o rosto.
Lynx não respondeu, mas sorriu com malícia erguendo as sobrancelhas. Definitivamente, nada inocente.
-Idiota. - Alec se levantou, colocando os pratos na pia para esconder o próprio sorriso. -Amanhã temos coisas pra fazer. Barreiras, ataques demoníacos, guerra e tal. Então é bom você me deixar descansar essa noite. Ao contrário de você, eu preciso dormir.
-Eu ia te dizer a mesma coisa, Alec. - Lynx empurrou ele para o lado com o quadril e pegou a esponja de sua mão, assumindo a tarefa de lavar a louça. Seu tom era de sarcasmo. -Sério, para de me atacar toda hora. Eu sei que sou irresistível, mas estava ficando meio chato.
-Atrevido. - Alec se sentou e ficou observando ele. -Estou na sua divisão. Vai ser interessante lutar ao seu lado.
Interessante talvez não fosse bem a palavra. Alec estava com algumas pequenas preocupações. Como, por exemplo, a forma que o relacionamento deles seria recebida pelos soldados. Mas ele resolveu não expor isso para ele.
-Sim, mas vai ser difícil não ficar babando toda vez que você entrar em ação.
-Ah, para.
Lynx fechou a torneira e virou para ele, sua camiseta estava toda molhada e tinha sabão na bochecha.
-Estou falando sério. Você lutando - ele balançou a cabeça e voltou a se ocupar com a bagunça na pia. - me fascina. Eu tenho vontade de apenas sentar e assistir.
Alec sentiu o rosto queimar, e depois se sentiu idiota. Já tinham passado do ponto de corar por causa de elogios, mas o jeito que Lynx falava dele, como se o achasse a pessoa mais incrível do mundo, o deixava todo bobinho.
-Falando em lutas, - Alec pigarreou. - eu fui até uma daquelas lutas que você me falou uma vez.
-Sério? - Lynx perguntou distraído.
-Sim, e lutei com o Gus. - ele contou rindo, lembrando da cena que agora achava completamente ridícula. Lynx derrubou um copo dentro da pia com um barulho alto. -Desmaiei ele com uma cabeçada. Lembrei de você na hora, quando deu uma cabeçada naquele demônio no bar
-Você? - ele se virou, a expressão em seu rosto era estranha.
-Eu sei. Você vai me dizer que eu não devia ter feito isso
-Não acredito - Lynx parecia desolado. - que eu perdi isso.
Alec olhou para ele sem reação.
-Você está triste por te perdido isso?
-Sempre quis ver alguém socar aquele otário, mas saber que foi você quem fez isso e eu não vi - ele balançou a cabeça parecendo de fato triste. -Pode fazer de novo? Hein? Por favor?
-Você é demais. - Alec começou a gargalhar. -Mas sério, por que aquele idiota não foi expulso do esquadrão ainda?
-Se ele continuar assim, não vai demorar muito para que isso aconteça. - respondeu Lynx. -O problema é que, tirando a personalidade de merda, ele é bom na luta, e no momento precisamos de toda força possível.
-Ele é nojento.
-Eu sei. Mas agora, falando em luta... - Lynx terminou a louça e se virou para ele com um olhar animado.
Cinco minutos depois, eles estavam na sala de armas. Os dois entraram no recinto em silêncio, mas havia uma expectativa no ar. Alec estava curioso em saber porque Lynx tinha pedido que fossem até o arsenal, mas também percebeu que agora ele parecia nervoso. As mãos batiam suavemente nas laterais do corpo e ele olhava de um lado para o outro. Aparentemente, incerto se devia prosseguir com o motivo de ter levado Alec ali em cima.
-Como você conseguiu todas essas armas? Simplesmente comprou? - Alec perguntou casualmente, para deixar Lynx menos tenso. Ele começou a olhar em volta fascinado, mas esse gesto não era calculado, ele realmente ficava assim toda vez que entrava no arsenal. Isso era algo que ele e Lynx tinham em comum, amor e fascinação pelos objetos mortais.
-Algumas. - o tom dele era baixo. -Outras foram presentes e outras adquiri Na época em que era assassino.
-Ah. - Muito bem, Alec, quis melhorar o clima e acabou piorando. -Então elas também são parte da sua história. Acho legal. Algumas pessoas colecionam fotografias ou cartões-postais, e tá tudo bem você colecionar coisas feitas para matar demônios.
Lynx riu com vontade, e Alec ficou satisfeito ao ver a tensão deixar seu rosto. As luzes estavam acessas, mas a claridade também vinha do céu violeta noturno lá fora, deixando a sala com um tom roxo frio. As armas se dispunham em prateleiras ou pedestais, organizadas em um padrão que só Lynx deveria entender, se é que havia algum. A sala em si era um espaço amplo, e por isso, apesar de haver mais armas do que era possível contar, não causava aquela sensação de abarrotamento.
-Você colecionava mangás, livros e bonecos de anime. - lembrou Lynx.
Alec sentiu um choque de realidade. Sua casa. Suas coisas. Sua vida no mundo mortal. Seus pais. Parecia tudo pertencer a outra vida Uma que ele já não tinha mais certeza se pertencia a ele. Ele sequer voltaria a morar no mundo mortal? As coisas entre ele e Lynx eram sérias. E a resposta já era meio obvia.
-Depois que tudo isso acabar, eu gostaria de ir buscar minhas coisas. - disse Alec. -Também preciso resolver as coisas com o dono do apartamento. Eu disse que ficaria fora só uns três meses, existe a possibilidade de ele simplesmente ter vendido tudo que era meu.
Lynx se apoiou na porta tentando parecer despreocupado, mas havia algo na postura dele que dizia que ele não estava tão descontraído assim.
-Você... quer morar aqui? - perguntou engolindo em seco. -Eu sei que você tinha planos e sonhos, não quero que desista de nada pra ficar comigo.
-Não estou desistindo por você. - Alec se aproximou pegando as mãos dele, entrelaçando os dedos.-É verdade que as coisas tomaram um rumo bem diferentes do que eu planejava, mas e quando alguma coisa na vida sai como planejamos? O fato é que não estou infeliz com esse rumo, pelo contrário. Ele me trouxe até você, e você me trouxe até aqui. Nunca disse isso, mas me sinto bem nessa cidade, pela primeira vez sinto que pertenço a algum lugar.
-Alec - os olhos dele estavam brilhantes, então ele o puxou para um beijo. Alec sentiu um gosto salgado na boca quando uma lágrima perdida rolou pelo rosto dele. Lynx se afastou, e o olhar dele surpreendeu um pouco Alec, feliz, mas, ao mesmo tempo, carregado de uma tristeza antiga.
-O que foi? - Alec perguntou, limpando as lágrimas dele com o polegar.
-Nada, eu só estou muito feliz. - ele disse com um sorriso pouco convincente. -Quando tudo isso acabar, podemos ter uma casa no mundo mortal também. Não precisamos ficar presos aqui, eu vou sentir falta de lá também.
Alec analisou sua expressão, pensando em insistir no assunto, mas desistiu. Nunca tinha pressionado Lynx em nada, não começaria agora.
-Claro, podemos ficar com meu apartamento. - Alec riu. -Se o dono não tiver me denunciado na polícia por fraude e queimado minhas coisas.
Com isso, Lynx riu um pouco mais genuinamente.
-Mas então, - Alec se afastou soltando as mãos dele e olhando em volta. - não acredito que você tenha me trazido aqui só pra ficarmos planejando o futuro e chorando que nem dois babacas emocionados.
-Ah sim. - Lynx coçou a cabeça rindo. -Eu te trouxe aqui em cima, porque queria te dar algo.
Ele passou por Alec, indo até uma arma especifica. Alec sentiu um tremor.
-Você nunca me contou a história dela. - Alec lembrou-se. Era A Espada. A mesma que tinha feito ele ter visões sangrentas, e que mesmo agora causava nele uma sensação estranha. Uma sensação de formigamento na pele e uma expectativa, como se algo fosse acontecer. Sua lâmina preta parecia brilhar em tons violetas igual ao céu lá fora. Por algum motivo, Alec não quis mencionar as visões para Lynx. Era uma questão que ele sequer entendia, e queria guardar para si por enquanto. Principalmente, depois da expressão triste que tinha acabado de ver no rosto dele.
-Não é uma história muito emocionante, na verdade... - Lynx estava segurando a lâmina com as duas mãos, e não olhava para Alec. -Muito tempo atrás fui contratado por um nobre que era próximo a família real. A corte era um ninho de cobras, havia apenas uma pessoa lá decente, e foi ela quem me deu isso.
Ela. Pensou Alec. Certamente, ele estava se referindo a princesa que ele amou. Mas afinal, como e por quê ele tinha morrido por ela? Quais as circunstâncias? O que tinha de fato acontecido? A língua coçava para perguntar, mas ele se segurou.
-E agora, eu estou dando ela a você. - Lynx estendeu a espada, e curvou a cabeça. Alec quase engasgou, seus pensamentos sendo atirados na estratosfera.
-O quê? Não. - ele balançou a cabeça. -Não posso aceitar, Lynx.
-Não há ninguém melhor do que você para portar ela, Alec. - ele disse, levantando a cabeça um pouco, então sorriu. -O nome dela é Defensora. Apropriado, não acha? Seu nome tem um significado parecido.
-Eu... - Alec estava sem palavras e nervoso. Parecia uma responsabilidade e tanto aceitar aquela espada. Vendo sua hesitação, Lynx fez algo na esperança de encorajá-lo, mas a sensação de ansiedade apenas aumentou.
Lynx se abaixou em um joelho, e ergueu a espada para ele, acima da cabeça. Um gesto que parecia só submisso, mas na realidade, estava cheio de lealdade, como se ele estivesse oferecendo a Alec mais do que apenas uma arma qualquer, mas sim sua própria vida. A garganta de Alec se apertou de emoção. A cena de Lynx ajoelhado a sua frente, oferecendo algo que lhe era importante, os cabelos pálidos caídos sobre a lâmina, causou nele algo completamente indescritível. O nível de comprometimento de Lynx, sua fé cega nele Não tinha como Alec duvidar de si mesmo, se Lynx o achava digno de empunhar Defensora, então ele se tornaria digno.
Alec esticou a mão e pegou a espada. Não foi transportado para nenhuma visão esquisita, mas algo aconteceu. Um pequeno choque percorrendo seu braço e então se espalhando pelo corpo, pulsando em seu peito. Contudo, dessa vez a sensação não era ruim. Pelo contrário, ao segurar o cabo, ele sentiu pela primeira vez como se Defensora coubesse perfeitamente em sua mão. Uma sensação agradável o preencheu. Como se a espada lhe desse boas vindas, aceitando de bom grado o novo mestre. E havia mais uma coisa, uma sensação física de algo quente e agradável percorrendo suas veias.
Quando Alec olhou para Lynx, este tinha se levantando e tinha um sorriso que iluminava seu rosto inteiro.
-Que ela te dê forças para vencer qualquer batalha. - ele disse. -Assim, como eu também lhe darei as minhas.
-Vou cuidar bem dela. - Alec prometeu, virando espada na mão, vendo a luz refletir no material.
-Tenho certeza que vai. - o sorriso dele falhou um pouco. -Também tem algo que quero pedir.
-O que é? - Alec pousou cuidadosamente a espada de volta no lugar.
-Se Luce concordar - ele hesitou. - gostaria que você fosse meu vice capitão.
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