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Capítulo 29 - O Retorno

O oponente o encarava com um olhar azul penetrante e um sorriso largo no rosto. Mantendo a expressão neutra, Alec o encarava de volta. Analisando. Estudando seus movimentos, do jeito que fora instruído desde o começo. O homem atacou. Alec desviou com um giro, bloqueando logo em seguida o ataque que se seguiu, girando sua espada em um arco perfeito para se defender. Metal bateu contra Metal. O som estridente ecoando pelo campo, fazendo os pássaros das árvores mais próximas fugirem assustados pelo céu lilás que começava a escurecer pelo fim da tarde. Alec sentiu a vibração do golpe nos braços, mas eles não fraquejaram.

Ele empurrou seu adversário para trás com a lâmina que deslizava sobre a dele. E então atacou. Uma série de golpes em ângulos razoavelmente bons, para quem estava treinando fazia apenas seis meses. Seu oponente riu conforme Alec investia contra ele sem parar, mas apesar disso, ele podia ver que estava cansando o cara, que respirava de modo pesado e a testa brilhava com suor.

Com mais um giro de sua espada, Alec finalmente conseguiu desarmar ele. A espada do outro caiu no chão com a ponta espetada entre o revestimento do piso e ficou balançando de um lado para o outro.

-Só pra esclarecer, eu deixei você ganhar. - disse Tales, jogando o cabelo escuro e úmido de suor para trás.

-Aham. - Alec sorriu com deboche. -Três vezes. Quanta generosidade.

-Malditos prodígios. - Tales resmungou tirando a espada do chão.

Pois é. Eram assim que estavam chamando Alec nos últimos meses. Prodígio. Ele não achava que tinha feito algo particularmente impressionante. Mas desde que desmascarou a traidora, tinha ganhado mais respeito, não só dos líderes como da maioria dos soldados. Com exceção de Gus e seus amigos, mas desde a lição que Angela dera neles, se mantinham longe de Alec. No entanto, não fora só isso que tinha lhe garantido admiração deles, mas também o fato de que Alec era muito dedicado no treino e estava melhorando absurdamente rápido a cada dia. Ele tinha se esforçado muito para melhorar e achava um pouco incomodo ser chamado assim, mas então Levi explicou que o esforço dele era reconhecido, porém, era muito difícil chegar no nível que ele tinha chegado em apenas alguns meses.

Era o meio do outono. Seis meses haviam se passado desde aquele incidente. Seis meses em que Alec havia entrado de cabeça no treinamento. Seis meses de Lynx em coma. Alec havia passado o aniversário sozinho, mas isso não foi grande coisa, pois ele sempre passava o aniversário sozinho. O ano virou, e ele tinha passado as festas de fim de ano com o esquadrão, então não havia sido tão solitário assim.

Contudo, sem Lynx ali, ainda tinha sido extremamente solitário de um jeito diferente.

O clima ainda era fúnebre no esquadrão, por conta da traição tripla de Lilith e dos gêmeos. Pior ainda porque não havia nenhum rasto dos três para seguir, e para adicionar mais desgraça a tragédia, fazia meses que ninguém tinha notícias de Castiel. Alec não conseguia entrar em contato com ele pelo celular, tampouco sabia como chegar até ele. Tentava não pensar nas possibilidades, mas a pior delas era que ele podia simplesmente ter sido morto por Azazel.

Mergulhar de cabeça no treinamento tinha sido a única forma que ele encontrou de lidar com toda a ansiedade. Exaurir o corpo todos os dias, ao ponto de só sobrar espaço para pensar o quanto ele estava cansado, e então apagar na cama, muitas vezes ao lado de Lynx.

Todo esforço resultara em uma evolução muito rápida, e uma mudança física que surpreendeu um pouco Alec. Certa manhã, ele escovava os dentes quando reparou no próprio corpo no espelho, e com uma pontada de choque percebeu que tinha músculos. Não estava enorme como muitos guerreiros e guerreiras do esquadrão, mas aquilo ali definitivamente eram bíceps tomando forma e uma barriga tanquinho nascendo.

Entretanto, a mudança não tinha sido apenas física. O treinamento tinha ajudado sua mente a ser mais focada, e ele também conseguia lidar melhor com as próprias emoções. Doía muito não ter Lynx presente, mas ele sabia que se afundar no sofrimento não ia ajudar em nada. Então ele lutava, se esforçava, e esperava. Lynx ia acordar. No começo, ele não acreditava nisso, mas agora acreditava que era só uma questão de tempo. Talvez fosse uma ilusão, uma esperança vazia, mas as vezes esperança era tudo que se podia ter.

A única notícia boa era que Cadu estava bem. A curandeira voltou para a cidade e deu um antídoto a ele, mas o antídoto só funcionava fisicamente. Sua saúde mental não estava muito boa, ele se sentia muito culpado também. Como se ele próprio tivesse se envenenado. Rebeca passava a maior parte do tempo com ele, apoiando-o. No entanto, com Lilith fora do esquadrão e Lynx em coma, Cadu tinha assumido temporariamente a terceira divisão, então não tinha tempo para ficar se lamentando.

Alec lavava o rosto no banheiro do complexo após o treinamento, perdido em seus pensamentos, quando passos ecoaram atrás dele.

-Os caras chamaram você pra ir beber com a gente hoje. - informou Tales. -De novo. Mas suponho que a resposta seja...

-Não. - o tom de Alec era direto, mas com uma pontada de desculpas. -Cara, eu tô morto. Só quero dormir.

Não era exatamente verdade. Ele estava cansado, mas não tão cansado assim. A verdade era que ele queria ir ver Lynx. Deitar ao lado dele e fingir que ele estava apenas cochilando, que ele acordaria em seguida e o beijaria, depois poderiam cozinhar algo e comer juntos. Esses eram os cenários que ele criava na cabeça todo dia antes de dormir.

-Então esse é o seu plano de vida? - Tales apoiou o quadril pia e cruzou os braços. A expressão dele refletida no espelho era consternada. -Treinar até a exaustão, depois sentar e assistir seu namorado em coma?

-Sim, mas não vejo como isso possa ser da sua conta.

Tales suspirou.

-Estou preocupado com você.

Tales tinha se tornado um dos seus amigos mais próximos nos últimos meses. Ele era um tanto intrometido, mas Alec não conseguia ficar com raiva dele porque, na maioria das vezes, ele estava certo em se intrometer.

-Está preocupado por nada.

-Só dessa vez, por favor.

-Não.

-Por favorzinho.

-Você não entende português direito? Que tal francês? Non.

-Você fala francês? - Tales tinha um sorriso de apreciação.

-Oui, je parle français. Idiot.

-Agora você está só se exibindo, e eu entendi a última palavra. - ele riu. -Mas sério, Alec. Vamos, só dessa vez. Eu prometo que paro de insistir.

-Tá bom. - Alec cedeu, depois de uma pequena batalha interna.

-E dessa vez, eu ganhei.

Alec revirou os olhos para ele, mas riu.

-Eu deixei você ganhar.

Os dois se juntaram a um grupo de cinco soldados que esperavam lá fora na rua, mas quando três deles viram Alec, deram desculpas e foram embora de cara feia. Bem, nem todos o aceitavam ainda, e ele tinha certeza de que aqueles três eram amigos de Gus.
Ele encarou Tales, o amigo tinha dito que os amigos dele tinham convidado Alec, mas claramente foi apenas Tales o convidando. No entanto, Alec conhecia os outros dois que ficaram, Lucas e Dan, e tinha um relacionamento amigável com eles. Tinha um relacionamento amigável com boa parte do esquadrão, na realidade. Pelo menos, quase todo mundo o cumprimentava. Ele não podia negar que ficava feliz com isso.

Alec seguiu o grupo para a Rua dos Pecadores, percebendo que estavam indo em direção as áreas ainda mais obscuras da cidade. Lugares que Alec ainda não tinha visitado, mas estava curioso para conhecer. Os rapazes riam e conversavam durante o trajeto, fazendo piada um com os outros e se provocando. A maioria das piadas tinha conotação sexual, ou envolvia a mãe de alguém. Ou envolvia a mãe de alguém com conotação sexual. Alec não dizia nada, mas era engraçado ouvir eles, e não se sentia excluído.

-Como você se sente após ter levado outra surra do Alec, Tales? - perguntou Lucas. Um cara alto, que idolatrava o capitão Levi ao ponto de copiar até sua aparência, e não negava isso.

-Vai se ferrar. - Tales mostrou o dedo do meio. -Eu deixo ele ganhar. Se eu lutar a sério, o coitado não aguenta.

-Ah, sei. - Lucas riu com deboche. Ele soltou o cabelo escuro que estava preso em um rabo e ajeitou ele de lado.

Lucas tinha a lateral da cabeça raspada, igual seu ídolo Levi, mas tinha dito que não estava pronto para comprometer sua pele com algo permanente, como uma tatuagem. Dan zombava dele dizendo que era mais fácil ele admitir que tinha medo de agulhas. O que era irônico considerando seu tamanho e o fato de que ele lidava com coisas mais perigosas do que uma simples agulha.

-Você deixa Gus ganhar também? - zombou Dan. Ele tinha o cabelo loiro, olhos azuis, e parecia um príncipe saído da ficção. No esquadrão, era o equivalente ao cara mais popular da escola. Carismático e galanteador. Ele não idolatrava Levi, mas tinha algo em comum com ele: uma trilha de corações partidos em seu rastro.

-Aquele filha da puta luta sujo! - Tales se defendeu.

-Realmente. - concordou Dan. -Daria tudo pra ver ele expulso do esquadrão. Sério. Eu sei que ele até que é competente como soldado, mas o comportamento dele é desprezível.

-Ele fica falando merda do Alec por ai. - contou Lucas. -Umas coisas bem pesadas. Você devia tirar isso a limpo com ele, Alec.

-Eu não me importo e não quero confusão. - Alec disse simplesmente. -Seja o que for, não é verdade, ele não me conhece. Então pode falar o que quiser, desde que continue longe de mim.

E era a verdade, ele odiava conflitos desnecessários. Principalmente os que podiam levar ele a sair com um olho roxo. Não era covardia, só achava que tinham coisas que poderiam ser evitadas porque não valiam a pena. E ele gostava muito do próprio rosto para sair desfilando por ai com a cara inchada.

-Sem graça. - Tales estalou a língua para ele.

-Você que gosta de um barraco. - Alec olhou para ele com tédio. -Por que não dá um pau nele você?

-Porque seria muito mais legal ver você fazer isso. - Tales deu um sorriso endiabrado. -Gus não é nada comparado a você, ele só é agressivo e violento, as pessoas confundem isso com talento nato para a luta.

-O que você fazia no mundo mortal, Alec? - perguntou Dan de repente. -Trabalhava com algo nesse sentido? Tipo na polícia? Ou era um assassino de aluguel?

Alec quase riu.

-Eu trabalhava em um cybercafé. - disse e esperou as reações.

Os três encararam ele com cara de descanso de tela do Windows.

-É uma lanchonete com tecnologia, computadores, Wi-Fi... - Alec explicou.

-Ah! Já ouvi falar disso. - disse Dan.

-Eu nunca ouvi. - falou Lucas. -Humanos tem tantas bugigangas esquisitas.

Algumas pessoas na Cidade dos Mestiços tinham contato com tecnologia e a cultura fora das fronteiras da cidade, porque vieram de fora ou se arriscavam no mundo mortal as vezes. No entanto, muitos deles - os que cresceram ali e nunca saíram das barreiras - tinham apenas ouvido falar, mas não sabiam de fato o que eram coisas tipo Wi-Fi. Alec achava engraçado, ao mesmo tempo que eles eram seres evoluídos em alguns aspectos, também pareciam presos em outra era do passado.

-Aonde estamos indo? Não tô vendo nenhum bar, quero encher a cara. - Alec perguntou a Tales, enquanto Dan e Lucas discutiam sobre como eles achavam que seria possível ganhar uma luta usando Wi-Fi.

-Você disse que nunca viu as lutas de rua... - respondeu Tales com um meio sorriso. -Hora de você ver o lado realmente feio da cidade.

-Vou parar de andar com você, é um mau exemplo pra mim. - brincou Alec, fazendo o sorriso de Tales se alargar.

O lado realmente feio da cidade era um galpão com chão de terra e muitos buracos no teto, e latas de lixo pegando fogo, servindo de iluminação. Muitas pessoas estavam afastadas nos cantos, em grupos sentados no chão ou em bancos, fumando e bebendo. No centro havia um aglomerado de pessoas gritando em volta de dois lutadores. Ele viu muito dinheiro circulando, pessoas entusiasmadas apostando na luta. Assim como Alec, e seus três amigos, muitos híbridos usavam o uniforme do esquadrão, inclusive os lutadores. Conforme Alec se aproximou acompanhado, muitos dos presentes pararam para olhar eles.

O humano que fazia parte do esquadrão. O humano que era próximo do círculo íntimo de Luce. O humano que descobrira quem era a traidora. O humano que tinha feito um anjo cair. A lista dos títulos de Alec era crescente

Naquele momento, ele era o humano que desafiaria alguém. Era o que pensavam, mas Alec não pretendia lutar.

Eles se misturaram a multidão, em sua maioria composta por soldados que gritavam como bárbaros. Alec conhecia superficialmente os guerreiros lutando, embora nunca tenha falado direito com eles. A luta era caótica e desordenada, tinha mais violência do que técnica de verdade. Logo ela acabou com narizes sangrando e um cara no chão.

Então veio a próxima dupla de lutadores. Alec reconheceu Gus e sentiu seu humor azedar ao olhar para ele, se exibindo para a multidão como se fosse algum tipo de celebridade. De alguma forma, ele avistou Alec na multidão, e deu um sorriso oleoso e um aceno para ele. Alec o ignorou. A luta mal tinha começado e o híbrido já estava detonando o oponente dele. O cara que lutava com Gus não tinha a menor chance, seu rosto já estava todo ensanguentando e ele cambaleava. Os ataques de Gus eram rápidos e certeiros, ele parecia nem estar se esforçando. O adversário dele finalmente caiu, mas Gus não pretendia parar, erguendo a perna para chutar o homem no chão. Foi interrompido pelo apito do juiz. O chute se transformou em uma cuspida na cara do perdedor.

-Que babaca. - murmurou Tales ao seu lado. -Que tipo de pessoa chuta um homem caído?

Dan e Lucas balançaram a cabeça, concordando com ele.

-Se ele cuspisse assim no meu cabelo eu me levantava dos mortos só pra acabar com ele. - Dan disse, fazendo Alec soltar uma risada sincera.

-Tem um boato de que antes de entrar pro esquadrão, Gus passou um tempo na prisão da cidade. - Lucas contou aos sussurros.

-Eu nem sabia que esse lugar tinha uma prisão. - Alec falou surpreso.

-Não tinha, Gus basicamente fundou o lugar. - disse Lucas, que tinha os olhos na luta.

-Você tá brincando? - Alec achou aquilo hilário.

-Nem um pouco. - Lucas riu.

-Talvez devessem ter deixado e apodrecer lá. - Dan falou com raiva. -Ele vive assediando as moças do esquadrão, já são poucas...

-Queria tanto que alguém baixasse a bola dele. - disse Lucas com desgosto. -Desfigurar um pouco mais essa cara feia.

-Alec devia desafiá-lo. - sugeriu Dan. -Tenho certeza que você venceria. Gus luta com pura força bruta, mas você usa o cérebro.

-Já disse que não quero confusão, além disso, vim só assistir.

Alec descobriu cedo demais que talvez isso não fosse ser possível.

-Olha só, se não é o prodígio do esquadrão! - vociferou Gus, fazendo todos olharem entre ele e Alec.

-Puta que pariu... - Alec murmurou de braços cruzados.

-Que tal um desafio amigável? Eu queria uma oportunidade de mostrar a todos como se luta de verdade com um humano sem ter puxa-sacos deixando-o ganhar. - Gus olhou para Tales ao dizer isso.

Alec o encarou, se sentindo entediado, e arrependido de ter ido até ali. Pessoas como Gus davam a ele muita vergonha alheia. E não havia nada de emocionante naquele tipo de luta, só um bando de machos alfas tentando provar quem era mais alfa. Alec não ficaria surpreso se eles simplesmente começassem a mijar um no outro. Sua curiosidade por esse hobby híbrido se mostrou uma grande decepção.

-Passo. - Alec se virou, prestes a sair andando e se afastar dali.

-Fraco. - Gus riu. -Deve estar ansioso pra voltar logo pra casa e pro seu anjo em coma. Apesar de que deve ser muito difícil sentar em um pau mole. Já você deve se divertir muito com ele, né?

Alec parou no meio do caminho. Suas mãos se fecharem em punhos. Um silêncio mortal se abateu sobre o galpão. As próprias pessoas presentes olhavam para Gus com nojo, diante de palavras tão baixas, e de seu comportamento ridículo.

-Não sei como Luce aceita essa ralé na cidade, primeiro aquela loira vagabunda e agora esse ai. - Gus continuou com um tom venenoso.

Alec rangeu os dentes. Não se vire. Continue andando. Pensou. Mas ele acabou de ofender Rebeca. Disse outra voz.

-Lynx não fica muito atrás também, que tipo de anjo se rebaixa pela escória humana? Só um lixo feito ele mesmo, espero que não acorde nunca mais.

Alec se virou.

Gus sorria como se tivesse conseguido o que queria, provocar Alec até ele perder a linha. Mas Alec nunca se sentiu tão calmo. Ele sorriu de volta para Gus.

-Eu o desafio. - disse.

Assim como Gus, ele foi revistado pelo juiz da luta, para garantir que ele não estava armado com facas ou qualquer outra coisa. Alec entrou no círculo se aproximando do centro. O silêncio no galpão estava preenchido com expectativa. O humano recém treinado contra um dos guerreiros mais brutais do esquadrão. Na pior das hipóteses, Alec morreria. Na melhor, sairia com alguma coisa quebrada e seria feito de chacota, ou levado como corajoso apenas por desafiar Gus.

-Vai ser um prazer arrebentar a cara do queridinho do esquadrão. - Gus estalou as juntas. Ele estava sem camisa e suado. A vista era nojenta, mas seus músculos eram impressionantes. Sua estrutura era larga. A única vantagem de Alec era que eles eram do mesmo tamanho.

O juiz apitou e Gus atacou, tão rápido que Alec não teve tempo de desviar e recebeu um golpe no estômago. Aquilo com certeza ficaria roxo. Ele soltou um engasgo e perdeu o ar, mas conseguiu se manter de pé e desviar do próximo golpe. Dessa vez, ele ficou mais esperto e quando Gus atacava, ele conseguia prever seus movimentos, mas devido a rapidez dele, desviava por muito pouco.

-Veio aqui pra dançar ou lutar? - provocou Gus, nada original.

Alec o ignorou e continuou desviando. Várias e várias vezes. De propósito. Prolongando a luta o máximo que podia. O fato era que Gus ganhava uma luta rápido, porque seus ataques eram fortes e velozes, mas ele era um cara pesado, e atacando desse jeito, não demoraria a ficar cansado. O problema, era que todos seus oponentes caiam antes que ele se cansasse.

Mas Alec não.

Alguns minutos depois, ele percebeu que Gus estava ficando irritado e que estava começando a ofegar, o que era seu objetivo. O sorrisinho discreto que Alec deu o irritou ainda mais, e Gus agora atacava para matar. Só mais um pouco. Pensou Alec se sentindo um pouco cansado também. E quando sentiu que estava pronto, atacou. O soco quebrou o nariz de Gus, que começou a escorrer uma cachoeira de sangue. O próximo ataque de Alec foi em uma das costelas, e então uma cotovelada na têmpora. Com essa, um oponente normal já teria desmaiado, mas Gus era resistente, ele apenas cambaleou, rangendo os dentes de ódio. Ele cuspiu um bocado de sangue no chão e sorriu para Alec com os dentes manchados de vermelho.

-Eu vou te matar.

-Pode vir.

Com um grito, ele avançou e agarrou Alec, aprisionando ele entre seus braços de urso. Alec estava praticamente sem ar, mas conseguiu se mover o suficiente para virar o corpo, e então suas costas ficaram pressionadas no peitoral de Gus. Mas isso não ajudava em nada, Alec ainda estava preso e a intenção de Gus era lhe tirar o ar até que ele ficasse inconsciente.

Foi então que Alec se lembrou de um movimento. Não era algo que ele tivesse aprendido durante o treinamento, mas sim algo que havia testemunhado a muito tempo. Parecia fazer anos. O banheiro de um bar piscou em sua mente. O rock explodindo através das paredes. Lynx dando uma cabeçada em um demônio que agarrava ele por trás. Alec, com toda força que conseguiu, impulsionou a cabeça para trás. Doeu um pouco, mas ela acertou em cheio a cara de Gus.

Alec conseguiu respirar de novo. Os braços ao redor dele sumiram e ele ouviu um baque alto antes de se virar, e ver Gus caído no chão desmaiado. O apito soou indicando que a luta tinha acabado. O silêncio perplexo no galpão durou mais alguns segundos, e então foi preenchido por uma onda de gritos e uivos. As pessoas estavam enlouquecidas.

O humano que a maioria deles considerava fraco, tinha nocauteado um dos melhores guerreiros da cidade.

-Eu sabia que você venceria! - disse Dan gargalhando de felicidade.

-Isso foi lindo! Estou emocionado. - Lucas limpou lágrimas imaginárias dos olhos.

-Tudo bem? - Tales colocou a mão no ombro dele, seus olhos brilhavam.
Alec esfregou a parte de trás da cabeça.

-Não. - respondeu meio rabugento. -Vocês me prometeram bebidas, ganhei um galo na cabeça.

-Vamos beber então! - Lucas falou, então aumentando a voz: -Por minha conta!

Houve muitas comemorações, e eles foram para um bar próximo, acompanhados de um grupo de pessoas desconhecidas. O bar era simples e já estava bem animado antes da chegada do grupo. Logo Dan e Lucas se perderam na multidão. Tales conseguiu uma bebida de algum lugar para Alec e após alguns copos ele já se sentia leve e solto. Ele não pretendia voltar no galpão de lutas nunca mais, mas não podia negar que tinha sido uma experiência satisfatória.

Em certo momento, ele disse a Tales que ia tomar um ar na rua, pois o bar apertado e barulhento estava deixando ele um pouco sufocado, porém, o amigo o seguiu para fora.

-Minha cabeça está latejando. - disse Alec. -Se foi pela cabeçada em Gus ou pela birita, fica aí o questionamento.

-Bela cabeçada, aliás. - elogiou Tales com um sorriso.

-Obrigado. - disse Alec. -Vou ganhar um novo título agora. O humano que dá cabeçadas.

Tales deu uma risada.

Eles atravessaram a rua até uma pequena praça e Alec desabou em um dos bancos, Tales se sentou ao seu lado. A noite estava fresca, e Alec respirou fundo preenchendo os pulmões com ar frio.

-Você foi incrível. - falou o amigo. Seus cabelos escuros caíram na testa com o vento. -Não sabia que humanos podiam ser assim.

-Assim como? - Alec olhou para ele meio confuso, mas achando graça.

-Determinados, fortes...

-Isso é porque a maioria de vocês, híbridos, vê a gente como resto de aborto. Eu sei, percebi como alguns de vocês falam dos humanos... - Alec disse. -Somos uma espécie falha sim, mas nossas fraquezas são o que tornam nossas forças ainda maiores. Porque é algo que conquistamos, e não que ganhamos de mão beijada através de alguma herança de sangue sobrenatural.

-Além de tudo, ainda é mais evoluído do que eu. Eu poderia ter dormido sem essa. - Tales disse, mas sorria. Sua voz se tornou mais baixa, quase como se esperasse que Alec não ouvisse. -Se eu soubesse que você existia, teria saído pro mundo mortal e te achado primeiro.

-Quê? - Alec virou a cabeça para olhar o amigo. Incerto se tinha ouvido mesmo o que achou ter ouvido. E quando percebeu, Tales estava se inclinando sobre ele.

-Tales. - Alec não se mexeu. -O que você está fazendo?

Tales se afastou, só um pouco.

-Acho que eu ia te beijar. - respondeu. -Desculpa, Alec. Sei que você tem seu anjo, mas eu gosto muito de você. E como ele não está aqui, eu pensei...

-Eu sinto muito, Tales. - Alec ficou ligeiramente desconfortável. -Eu também gosto de você, mas apenas como amigo, então seja lá o que for que você pensou...

-Ah, não. Amigo não! Por que todo mundo sempre diz isso pra mim? - Tales franziu as sobrancelhas e fez uma cara dramática, mas dava para notar que ele estava levando a recusa de Alec numa boa. -Eu sei que você não sente o mesmo, só achei que podia roubar pelo menos um beijo.

-Não pode. - disse Alec com firmeza. - E você ainda vai encontrar alguém que não diga isso quando você se declarar.

-Espero que ele seja tão incrível quanto você. - Tales se afastou e coçou a cabeça. -Isso é o que os humanos chamam de friendzone?

-Sim. - Alec riu. -Apesar de que acho que ninguém usa mais esse termo hoje em dia.

-Ah. Considerando que somos um povo meio atrasado, como alguém me disse uma vez... - ele deu um olhar como quem diz: "Isso mesmo, você". -Acho que o termo é apropriado então.

O silêncio que se seguiu foi meio desconfortável. Alec tinha notado os sentimentos de Tales a, pelo menos, uns dois meses atrás. Tinha medo de que ele resolvesse fazer algo a respeito justamente porque não queria perder sua amizade.

-Também espero que isso não afete nossa amizade. - Tales disse como se tivesse lido seus pensamentos. - Prefiro ficar ao seu lado como amigo do que não ficar de jeito nenhum.

-Não vai. - Alec afirmou. -Mas não tente mais isso, eu... Já tenho alguém que gosto muito.

Tales virou o rosto, claramente decepcionado, mas não insistiu no assunto. Ele era uma cara extremamente legal e gentil. Nos últimos meses ficou ao lado de Alec com um companheirismo fiel, fazendo-o rir e se distrair, apoiando-o e sendo seu parceiro de treino. Mas Alec realmente só gostava dele como um amigo, pois independentemente do quão legal Tales fosse, ele não era Lynx.

Se antes os sentimentos de Alec já estavam claros, nesse momento, ficaram cristalinos.

De repente, o silêncio na praça foi cortado bruscamente pelo barulho ensurdecedor de uma sirene. Ambos ergueram a cabeça em alerta, já sabendo o que aquela sirene ecoando fortemente pela cidade significava.

Ataque nas barreiras.

Deixando qualquer assunto entre eles de lado, os dois guerreiros apenas correram em direção ao complexo para se armar e defender a cidade. Quando eles chegaram no complexo, o lugar já estava movimentado com híbridos se aprontando para a possível batalha. Possível batalha. Porque nos últimos meses, a sirene tinha tocado muitas vezes, mas algumas foram alarmes falsos e na maioria das vezes, quando Alec chegava no local não tinha mais o que fazer, pois os demônios ou tinham fugido ou sido despachados pelas tropas que chegaram primeiro.

Mas isso não era um movimento aleatório. Eles estavam testando as barreiras tentando abrir outra rachadura, mandando pequenas tropas de demônios para cansar e desanimar os soldados. Gerar pânico com ataques pequenos até mandarem um em grande escala. Isso era guerra. Luce tinha dito que eles estavam chegando, mas poderia ser uma espera tortuosa e demorada até eles chegarem de fato.

Mas também poderia acontecer a qualquer momento.

Alec se aprontou, colocando a espada nas costas e ajustando a armadura por cima do uniforme. Não era uma armadura de ferro, mas um material duro e leve, aparentemente impenetrável.

-Pronto? - perguntou Tales quando Alec surgiu do lado de fora do prédio. O céu escuro lançava sombras e ângulos sobre o rosto dele.

-Sim, mas preciso...

-Eu sei. - Tales suspirou. -Tem certeza de que precisa fazer isso? Acho que dessa vez não é um alarme falso, e você pode demorar um pouco pra voltar.

-É rápido, Tales... Eu preciso.

Tales bufou com as mãos na cintura e olhou para cima, então se virou para Alec, e estendeu os braços.

-Vamos, eu te levo.

-Não precisa...

-Vai ser mais rápido, anda logo. É só uma carona, não vou me aproveitar de você.

Alec soltou o ar rapidamente, não era como se tivesse tempo de ficar pesando opções.

-Tá bom. - disse e deixou que Tales o pegasse no colo. O híbrido era um nefilim de segunda geração. Suas asas se abriram e ele voou com Alec, deixando o complexo para trás.

Alec pensou que ficaria desconfortável voando com ele, pois quando fazia isso com Lynx achava o gesto extremamente íntimo pela proximidade dos corpos. Tales, no entanto, segurava ele de modo que seu corpo não tocava no de Alec, exceto pelos braços apoiando as costas e as pernas.

Antes mesmo de Tales pousar na frente da mansão, Alec desceu com um pulo dos braços dele.

-Vou te esperar aqui. - foi tudo que o amigo disse virando-se de costas.

Alec subiu até o quarto de Lynx e fechou a porta. Toda vez que o alarme soava, Alec fazia isso, voltava para vê-lo. Era imprudente, e ele provavelmente estava passando por cima de algum código de dever de guerreiros do esquadrão. Porém, ele não dava a mínima. Aquela podia ser a última vez que via Lynx. Rapidamente ele se aproximou da cama. Acariciou o rosto dele, marcando na memória seus traços, como se não tivessem sido gravados a ferro em sua mente depois de todas as noites ali observando ele.

-Eu vou voltar. - afirmou Alec, tanto para ele quanto para si mesmo. -Mas caso não volte, eu...

Ele se inclinou e deu um beijo na testa de Lynx. Em seguida voltou para a porta, mas antes deu uma olhada para a foice de pé no suporte ao lado do espelho. Era a arma que tinha pedido para Jonas fazer. Uma peça linda de prata afiada, com uma caveira esculpida entre a lâmina e o cabo. Desde então, Alec a deixara ali, na esperança de que se Lynx acordasse, o presente fosse uma das primeiras coisas que visse.

Lá fora, Tales esperava por ele do mesmo jeito que Alec o deixara, como se nem tivesse se mexido.

-Podemos ir agora? Já devem estar procurando por nós. - Tales disse irritado.

-Não pedi pra você vir comigo. - Alec se irritou também. -Você faria o mesmo se fosse eu.

No mesmo instante, Alec se deu conta do que disse. Ele não tinha falado nesse sentido, mas considerando os sentimentos de Tales, foi o que pareceu.

-Eu não quis dizer...

-Tem razão, faria mesmo. Agora vamos.

Tales o levou de volta para o complexo, e de lá eles se juntaram as tropas e foram para as barreiras. Tudo isso não levou nem dez minutos - apesar da reclamação de Tales de que ele iria demorar - mas Alec sentia como se o tempo tivesse se estendido transformando minutos em horas. No meio do caminho, a sirene soou de novo. Outro ataque, em outro lugar.

-Só pode ser brincadeira! - Tales começou uma série de palavrões.

-Estão tentando dividir o esquadrão. - disse Alec. -Sabem que a segunda e terceira divisão estão instáveis. Estão usando isso contra nós.

A segunda divisão estava instável porque seu vice capitão estava tendo que segurar as pontas na terceira que estava sem capitão nenhum no momento. Lilith e os gêmeos sabiam disso, e tinham levado a informação direto ao seu mestre.

-Luce, Gabriel e Levi provavelmente estão levando as outras tropas para lá agora. - Tales disse olhando na direção oposta a que eles iam, na direção do outro ataque. Porque era óbvio que os dois ataques aconteceriam bem longe um do outro.

Das outras vezes que Alec foi atender chamados nas barreiras, as coisas estavam amenas, tinha sido até meio decepcionante, mas não era o caso agora. Quando eles chegaram lá, o caos estava reinando. Ele parou na borda do campo do lado de fora das barreiras, olhando para a cena com o coração martelando nas costelas. Parecia uma pintura do inferno. Uma das tropas do esquadrão, a divisão de Angela, tinha chegado primeiro e eles já lutavam.

Os demônios eram fáceis de distinguir, usavam capas marrons e suas verdadeiras formas não eram um colírio para os olhos. Envolvia muitas peles cinzentas e rostos deformados. Garras e dentes que pingava saliva e veneno. Era a primeira vez que Alec via Angela em combate e a visão deixou ele de queixo caído. Tinham muitos demônios, mas ela derrubava quatro, cinco, de uma vez, com seu arco e flecha. Parecia uma rainha vingativa. Quando as flechas acabaram, ela descartou o arco e pegou a espada na cintura, e então um novo massacre começou. Os movimentos dela eram tão graciosos quanto mortais.

Cain lutava ao seu lado, ele era uma força da natureza, derrubando demônios como se não fossem nada. Um dos demônios conseguiu arrancar a espada dele, e Cain simplesmente o matou... Com as próprias mãos. Partindo seu pescoço como se fosse um graveto.

Alec estava na terceira divisão, comandada temporariamente por Cadu, cujo capitão temporário, não teve tempo de dar muitas instruções, e apenas gritou:

-Avancem!

E eles sabiam o que fazer, eram treinados para isso. Era preciso usar o cérebro durante uma luta, mas também era necessário se entregar aos instintos. Alec conseguia se equilibrar e fazer os dois. Ele puxou a espada das costas com um movimento rápido e avançou para cima de uma dupla de demônios que encurralavam um híbrido contra uma árvore. Eles não tiveram tempo de ver a espada de Alec chegando, apenas sentiram quando ela passou pela nuca de um e atravessou as costas do outro.

Alec, com a respiração ofegante, encarou os corpos caírem com um baque abafado no chão, vazando sangue preto. Tinham sido suas primeiras mortes. Das outras vezes que lutou, tinha recebido ajuda, ele apenas machucava os demônios e Tales ou um dos outros caras, acabavam finalizando o monstro. Mas dessa vez eram muitos e Alec não tinha ninguém lhe dando cobertura. Alec sentiu nojo, seu estômago revirou, mas não sentia remorso. Eles não eram humanos, e estavam tentando destruir um lugar cheio de vida. Não mereciam viver. Ele se virou e continuou a lutar.

Foi então que tudo ficou ainda pior. Um redemoinho brilhante explodiu acima de suas cabeças. Logo a paisagem borrada do outro lado do portal ficou clara. Não era como nenhum lugar que Alec já tivesse visto. Tinha um céu da cor de sangue e muitas elevações escurecidas, que poderiam ou não serem montanhas. Contudo, o preocupante mesmo, era o que aquilo significava.

Um portal. Nas barreiras. Bem quando os números já estavam contra eles. Assim que o pensamento ocorreu a Alec, eles começaram a chegar. Hordas e mais hordas de demônios saindo de dentro do portal e pousando na floresta ao redor. Alguns nem mesmo esperavam, já desciam do portal no céu atacando para matar. Pela primeira vez, Alec pode testemunhar o estilo de luta de Cadu, ele era tão habilidoso quanto os outros capitães, mas seu estilo era mais limpo e simples, mas não menos eficiente.

-E eu aqui pensando que não podia piorar. - Tales surgiu ao lado dele. Tinha um corte longo na bochecha.

-Sempre pode piorar. - disse Alec.

Então os dois avançaram para a luta.

Dois demônios vieram para cima de Alec e outros dois para cima de Tales. A maioria deles usavam as próprias garras como arma, mas alguns usavam armas de verdade. Os que Alec enfrentava, seguravam espadas rústicas de ferro retorcido, extremamente afiadas. Lutando dois contra um, ele mais desviava e bloqueava do que atacava. Um dos demônios conseguiu fazer um corte em deu braço, Alec chiou de dor, mas não parou. Em uma manobra ousada, ele atacou o demônio da esquerda, e quando o da direita veio para cima dele, ele pegou o outro demônio pelos ombros e o virou, de modo que a espada do demônio atravessou o corpo de seu comparsa. Em seguida, Alec despachou o demônio restante com um corte na garganta, e então foi ajudar Tales que agora tinha três demônios circulando ele.

Lutar para ele era basicamente como respirar agora. Era instintivo. Como se fosse algo que sempre estivera em seu sangue, mas só precisasse moldar um pouco até tomar forma.

Depois que ele e Tales acabaram com os demônios ao redor deles, os dois analisaram a situação. Nada boa. Havia muitos demônios mortos no chão, mas ainda mais híbridos. Os demônios estavam encurralando eles. Até mesmo Cain, Angela e Cadu estavam começando a demonstrar sinais de cansaço. A situação era muito, muito ruim.

No entanto, nenhum deles desistiu, continuaram lutando. Demônios continuaram caindo diante da lâmina de Alec. Chegou em um ponto, que ele sentia como se o corpo estivesse se movendo sozinho, ou guiado por algum mecanismo escondido que ele nem sabia possuir. Contudo, quanto mais demônios eles derrubavam, mais pareciam surgir no lugar.

E foi então que um borrão de luz começou a cortar a multidão e o caos da luta. Houve uma comoção no fundo do campo, e Alec achou que a situação estava prestes a ficar ainda mais preocupante. Até ele notar que quem estava caindo eram os demônios. Um a um, sendo decapitados e cortados ao meio. Alguns começaram a fugir gritando pelas árvores. Algo mais assustador do que os demônios, se aproximava, e Alec conseguia sentir a aura de poder emanando desse novo recém-chegado. Seus ataques eram mortais. Sua presença fez com que todos parassem para assistir. Até mesmo os demônios, que caiam mortos antes mesmo de entenderem o que realmente estava acontecendo.

Era como se alguém tivesse aberto a jaula de um monstro ainda pior do que eles.

-Que porra é essa? - murmurou Tales com a mesma expressão de espanto dos outros presentes.

-Eu não sei...

Foi então que Alec notou - com muito assombro - que o borrão de luz... Era o brilho afiado de uma foice.

Lynx.

Ele imediatamente soube que era Lynx, abrindo um caminho de morte até ele. Seu coração pulsou tão forte no peito que ele sentiu dor física.

Os poucos demônios que não fugiram, ficaram confusos e assustados com o desenrolar da batalha, enquanto os híbridos tinham um misto de perplexidade e fascinação estampados no rosto.

E Alec estava completamente em estado de choque. Ele queria rir, chorar, cair de joelhos, correr até Lynx, mas não conseguiu fazer nada disso.

No fim foi Lynx quem veio até ele.

O mundo ao redor deles parecia ter parado. Tudo que Alec conseguia ver era ele, como se o pano de fundo tivesse perdido a cor. Uma foto editada onde o ponto principal era Lynx explodindo em cores. Ele usava a camisa branca que Alec tinha vestido nele, jeans rasgados, botas e a foice brilhava em uma das mãos.

E mesmo vestido de forma tão simples, ele não parecia mais um anjo... Parecia um deus.

O poder irradiava dele em ondas douradas, tão puro que fazia os olhos arderem um pouco. Seus cabelos estavam mais pálidos do que nunca, e até os brincos em sua orelha pareciam brilhar. Seus olhos, que costumavam ser amarelados como uma folha de outono, agora pareciam mais escuros, dourados e quentes. Seus passos firmes eram o único barulho no ar, anulando o silêncio com o som de folhas secas e gravetos se partindo.

Quando ele estava a menos de um metro de Alec, ele parou. E então sorriu.

-Olá, meu amor.

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