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Capítulo 23 - Empurrão

-Eu não acredito que isso realmente funciona. - Alec segurava na altura do rosto o celular que Castiel tinha lhe dado, fazendo uma chamada de vídeo com o mesmo.

-Sua expressão de choque fere um pouco meus sentimentos, sabe.

-Desculpa! - Alec arregalou os olhos se corrigindo apressadamente. -Não quis dizer que suas habilidades tecnológicas e... mágicas não são boas. É só que isso é meio surreal, e muito foda.

-Sinceramente, nem eu esperava que fosse dar muito certo... - Castiel disse parecendo surpreso consigo mesmo. -Mas fico feliz que funciona, pode ser muito útil.

Havia uma espécie de luz ofuscante ao redor dele, como se ele estivesse em frente a um enorme holofote, mas em meio a luz, Alec conseguiu distinguir uma forma humana, grande demais para ser uma pessoa normal.

-O que é isso atrás de você? - ele perguntou momentaneamente distraído.

-Ah - Castiel olhou para trás brevemente. -, é uma estátua do Azazel. Estou no centro da cidade, que é onde ele mandou construir essa monstruosidade. Se eu dormisse, teria pesadelos com essa coisa.

-Que velho egocêntrico. - Alec estava sentado no sofá da sala de estar com um copo de vitamina na outra mão, ele deu um longo gole pelo canudo, e tentou tirar uma mecha do cabelo bagunçado que caia no rosto. Ele sentiu uma pontada de ódio com a menção a Azazel, mas andava tão anestesiado nas últimas semanas que ela não durou muito.

-Sim, sim. - Castiel disse rapidamente querendo descartar o assunto. -Mas não foi para você apreciar essa belíssima obra de arte que estou arriscando te ligar bem no centro da Cidade Fluorescente.

-Se é arriscado, por que não procurou um lugar mais reservado?

-Porque embora eu não queira ver essa coisa, Azazel me mandou ficar de olho na construção. - ele olhou para a estátua novamente e seu rosto era uma máscara de desgosto. -Ele anda fazendo isso ultimamente, me dando tarefas inúteis, é quase como se...

-Estivesse desconfiado que você sabe sobre a mentira dele. - Alec concluiu fazendo Castiel voltar a atenção para ele.

-Sim. - o anjo ruivo disse com os lábios franzidos. -Mas enfim, eu liguei para contar algumas coisas que descobri, não estou conseguindo sair daqui no momento. Toda vez que tento, ele fica fazendo muitas perguntas.

Alec se endireitou, em seguida levantou do sofá. Estava em parte curioso pelas descobertas dele, em parte preocupado por ele.

-Castiel, se você acha que está em perigo, não fique se arriscando. - foi até a cozinha colocando o copo vazio dentro da pia. -Venha para a cidade de uma vez. Tenho certeza que Luce vai te receber de braços abertos e podemos arrumar outro jeito de lidar com isso.

-Não. - o tom de Castiel foi decidido. -Tem que ser eu, nem que eu morra fazendo isso.

-Não fala isso nem de brincadeira. - ele tremeu ao pensar nisso. Não só por que Lynx ficaria arrasado em perder o melhor amigo, mas também porque o próprio Alec tinha se afeiçoado a ele.

-Desculpa, mas é uma possibilidade, Azazel apagaria minha existência em dois segundos se descobrisse que estou espionando ele. - apesar da coragem que ele tinha em estar se arriscando, ele também parecia assustado com a ideia de ser pego. Alec achava que era o tipo mais puro de coragem, ter medo, e ainda assim, enfrentá-lo.

-E o que é que você descobriu que vale a pena correr esse risco? - ele se apoiou na pia. O vento da janela aberta atrás de suas costas balançava um pouco seus cabelos.

Apesar da preocupação, ele estava satisfeito que finalmente houvesse alguma novidade. Fazia um mês desde o coma de Lynx e nada havia mudado. Alec passava os dias vagando pela mansão, preso na biblioteca ou simplesmente sentado na sala olhando para o nada. Parte disso era culpa do próprio Alec, que simplesmente tinha sucumbido a depressão e não queria fazer nada. Não se orgulhava muito disso, mas também não tinha energia para se importar muito.

-Você acertou na mosca com sua teoria sobre Azazel ter sequestrado anjos do céu. - a voz de Castiel se tornou baixa e ele olhava para os lados como se estivesse atento caso alguém aparecesse. -Descobri isso ouvindo uma conversa dele com Amarantha, antes de ele perceber que eu estava do lado de fora da sala. Ele disse que "Preciso trazer mais deles lá de cima, mas não consigo contato com o arcanjo, resolva isso Amarantha", com essas exatas palavras.

-Então ele realmente está recebendo ajuda de um arcanjo. - Alec pensou um pouco. -Talvez Amarantha saiba como entrar no verdadeiro céu, já que ela também é de lá. Mas diferente de você e Lynx, ela não deve ter sido sequestrada, se está tão empenhada em ajudar Azazel. Só queria entender o que mudou nela, pra jogar fora a lealdade ao céu e trabalhar com um demônio.

-É realmente estranho, mas seja o que for, ela é realmente uma ponte entre ele e o céu... - ele olhou rapidamente para o lado. -Droga, Alec tem anjos vindo, preciso dizer mais uma coisa. - a imagem na tela do celular ficou caótica, de repente a paisagem atrás de Castiel mudou como se ele tivesse se escondido em algum lugar. -Sobre aquele demônio stalker, o traidor da Cidade dos Mestiços trabalha para ele...

Mas Alec não saberia como ele havia descoberto isso, pois nesse momento a conexão caiu e a chamada foi encerrada. Não querendo causar problemas a Castiel caso ele estivesse perto de outros anjos ele não tentou ligar de novo. Esperaria que ele entrasse em contato.

Colocou o celular no bolso e franziu o rosto enojado para a mancha misteriosa em sua camiseta cinza. Soltou um suspiro. Não lembrava de uma época em sua vida que não tivesse conseguido agir como uma pessoa funcional, mas ultimamente ele sequer se sentia uma pessoa. Tinha a impressão de que se alguém abrisse seu peito não haveria nada além de ar no lugar do coração. Nem mesmo quando saiu da casa dos pais ficou tão perdido como se sentia agora. Ele nunca tinha se sentido tão vazio.

O único momento do dia que fazia com que sentisse alguma coisa era quando entrava no quarto de Lynx, mas o que sentia ao vê-lo naquele estado não era nenhum sentimento reconfortante. Já tinha passado do ponto de negar que o que sentia por Lynx ia muito além de apenas atração física. A prova viva de seus sentimentos estava bem diante de seus olhos quando se olhava no espelho, sua aparência miserável e a angustia refletida no olhar. Tudo porque ele não estava presente e Alec não sabia se um dia seria capaz de falar com ele de novo. Falar o que sentia.

Alec tinha se apoiado na pia observando o céu através da janela enquanto se torturava, mas quando se virou, seus pensamentos foram interrompidos por uma presença parada no meio da cozinha.

-Caramba! - ele disparou com o coração ligeiramente acelerado.

-Desculpa, Alec. - Lilith deu uma risadinha sem graça. -Eu não queria te assustar, mas você parecia concentrado ai... É que fazia um tempo já que eu estava na porta da frente e você não atendia. Fiquei preocupada e entrei.

Ela falava como se estivesse acostumada a invadir a casa dos outros e isso não fosse nada demais.

-Tudo bem... - Alec ficou observando ela, esperando que dissesse algo.

A híbrida era apenas um pouco mais alta que Luce e vestia o uniforme por baixo de uma capa verde com capuz, cujo capuz estava abaixado deixando seus cachinhos curtos à mostra.

-Ah, claro... Então... - ela pigarreou e deu alguns passos hesitantes na direção dele. -Deve estar se perguntando por que eu invadi sua casa no meio da noite igual uma criminosa.

-Talvez eu esteja um pouco curioso sobre isso, mas leve o seu tempo. - Alec brincou vendo o súbito nervosismo dela. Ela riu.

-Vim a pedido de Luce. - disse parecendo mais à vontade. -Ela achou que talvez você pudesse querer participar da reunião de hoje.

Ele franziu um pouco o rosto.

-Olha, não é por nada não, mas não estou nem um pouco afim. - Alec recusou sem fazer muita ladainha. Parte dele até queria ir, mas, ao mesmo tempo, ele não tinha energias para socializar. -Eu estava indo dormir já, estou cansado.

-Alec... Sei que não é da minha conta, mas eu sei que está sendo difícil pra você... - Lilith deu mais um passo para perto e então se apoiou na bancada, a apenas alguns passos dele. Ela tinha um cheiro forte e levemente enjoativo que Alec não sabia identificar, como uma planta ou algo de origem natural.

-Pra todos nós, né? - Alec virou de costas fingindo limpar a pia e ajeitando coisas que já estavam no lugar. Ele realmente não queria falar sobre isso. Muito menos com alguém que mal conhecia, por mais puras que fossem as intenções de Lilith, pois dava para notar a empatia em seu olhar.

-Sei que sente falta de Lynx, - ela continuou. Se estava ignorando o desconforto de Alec ou não tinha percebido, ele não sabia. - todos nós sentimos, mas ele vai acordar antes do que você espera. Tenho certeza. E se você precisar de apoio, pode contar comigo também. Com Luce e os outros. Estamos do seu lado.

Havia algo tão calmante e reconfortante em sua voz e seus olhos lilases que Alec não conseguiu rebater com mau humor.

-Obrigado, Lilith. - ele se virou para ela, e agradeceu sinceramente. Talvez precisasse ouvir algo assim, mesmo que achasse que não.

-Espero ter nosso capitão de volta também, me sinto perdida sem alguém para me dar ordens. - ela admitiu envergonhada.

-Eu não sabia que Lynx tinha pessoas que se importam tanto com ele, mas fico feliz que tenha.

-Lynx se tornou parte da nossa pequena família, quero muito que ele seja feliz. Ele já passou por tanta coisa ruim...

-Você conhece o passado dele?

-Um pouco, Lynx nos contou algumas coisas. - a expressão dela era pesarosa, seus lábios estavam curvados para baixo. -Sobre como ele fazia parte de uma guilda de assassinos e como morreu pela mulher que amava.

-Mulher? - Alec ficou de boca aberta sabendo que parecia um idiota perguntando isso.

Lilith endireitou a cabeça e olhou para ele com os olhos meio arregalados, a boca parecia incerta do que dizer.

-É... Lynx... Ele era apaixonado por uma princesa. - ela disse desconfortável, como se tivesse se arrependido de ter contado aquilo. Talvez fosse a expressão de Alec, que ele rapidamente tentou controlar. Curiosidade e... ciúmes.

-Ah. - ele deu um soco mental na própria cara por essa resposta que dizia muita coisa, apesar de ser tão curta.

Não era hora de sentir ciúmes. Mas ele também estava surpreso. Tudo bem, ele sabia que Lynx não se importava com gêneros, mas... uma princesa. Uma princesa. Lynx era amante de uma princesa. Como ele ia competir com isso? Será que ela era bonita? Claro que era. E ela e Lynx provavelmente formavam um ótimo casal.

-Enfim! - Lilith falou de repente. -Melhor eu ir, a reunião já vai começar, e se você mudar de ideia... Sabe onde nos encontrar. Tchau, Alec.

Ela saiu resmungando baixinho, algo sobre ser uma idiota que fala demais quando deveria ficar quieta, e Alec meio que se identificou com a híbrida.

Por mais que tentasse afastar, não conseguiu conter a imagem mental de Lynx de mãos dadas ou aos beijos com uma bela princesa medieval, e a cena fazia seu estômago revirar. Tentou se distrair com a frieza do chão nos pés descalços, subindo para tomar um banho, pois não lembrava se tinha tomado no dia anterior. A julgar pelo estado de seu cabelo, provavelmente não. Lynx provavelmente brigaria com ele ao vê-lo descalço, dizendo que pegaria uma gripe. De repente, Alec parou no meio do corredor. Lynx ficaria bravo se visse seu estado no geral, odiaria saber que Alec estava assim, principalmente por causa ele.

No entanto, ele não conseguia evitar, não conseguia se sentir de outra forma ou evitar. Ele até tentava, mas quando via estava chafurdando em tristeza de novo. Talvez precisasse de algum incentivo...

Após o banho, voltou para o corredor se sentindo menos grudento. Como se precisasse de uma dose de coragem, respirou fundo com a mão na maçaneta e entrou no quarto de Lynx. Sempre esperava entrar lá e encontrar ele sentado na cama, acordado. Tinha imaginado tanto isso que as vezes a imaginação sobrepunha a realidade, mas então ele piscava e ela entrava em foco novamente, extinguindo a faísca de esperança que ele nutria toda vez que abria aquela porta.

Dessa vez não foi diferente. Abriu a porta e podia jurar que viu Lynx sorrindo para ele, mas era só uma ilusão. Talvez estivesse começando a alucinar. Tinha trazido uma cadeira da sala e jantar e ela ficava posicionada ao lado da cama, Alec se aproximou e sentou nela.

Lynx estava deitado de barriga para cima, cabelos platinados espalhados no travesseiro, uma expressão serena no rosto bonito. Sua beleza era literalmente de outro mundo. Desde que o vira pela primeira vez tinha achado ele a pessoa mais bonita que já tinha visto, mas agora era diferente. Pois agora que conhecia melhor Lynx, sabia que ele era lindo por dentro também. Independentemente das coisas que tinha feito no passado, ele era uma boa pessoa. Alguém que merecia mais do que o mundo tinha lhe oferecido até agora.

Nas primeiras vez em que Alec fez isso, ficou apenas sentado encarando Lynx, não conseguiu exprimir uma palavra, mesmo que tivesse muito a dizer. Aos poucos começou a conversar com ele, coisas aleatórias, na maioria das vezes. Meio que esperava que fosse mentira que ele realmente pudesse ouvir, pois tinha dito coisas embaraçosas demais, que jamais diria com ele consciente.

-Falei com Castiel hoje. - sua voz parecia alta demais no silêncio opressor do quarto. -Ele confirmou a teoria de que vocês foram sequestrados. Não que isso importe muito agora, né? Você provavelmente não quer ouvir sobre isso também...

Alec se sentia meio patético, mas agora que tinha começado a falar não conseguia parar. Pensou em Lilith contando sobre a namorada princesa dele, mas achou que não era uma boa ideia mencionar isso, já que tecnicamente não era para Alec saber. Se fosse, ele teria contado naquela noite. Revirou a mente em busca do assunto mais trivial que conseguia pensar.

-Hm... Eu fiz vitamina de mamão com banana hoje. Queria que você experimentasse. Nem sei se você gosta de frutas... Mas você gosta de doces, vitamina é doce. Talvez quando você acordar eu faça brigadeiro para você. Talvez não, eu definitivamente vou fazer. Você vai amar. - obviamente, nenhuma resposta veio do anjo caído adormecido na cama, mas Alec sempre imaginava que respostas ele daria. Provavelmente acompanhadas daquele sorriso que arrasava seu coração.

Ele aproximou um pouco mais a cadeira da cama e se debruçou na beirada, apoiando-se nos próprios braços. Alec achou que aquela blusa preta de gola alta, que ele usava no dia que ficou em coma, parecia meio sufocante e tinha trocado ela por uma camiseta branca confortável. Lynx dormia tão pacificamente, com o peito descendo e subindo regularmente. Sua face pálida parecia uma escultura de gesso e os cílios eram como pólen. Talvez Alec estivesse realmente alucinando, mas podia jurar que havia um sorriso quase imperceptível em seus lábios perfeitos.

-Só por que você passou setecentos anos acordado não significa que precisa passar setecentos anos dormindo agora. - ele murmurou estendendo a mão para segurar a de Lynx. Ele não queimava mais de febre, mas ainda estava quente. -Acorda logo, seu idiota. Sinto falta da sua comida... e de você.

Antes que começasse a chorar de novo, se levantou e saiu do quarto. Tinha perdido a noção do tempo e o céu já estava bem escuro lá fora. Ultimamente não havia meio termo, ou ele dormia demais, ou não dormia nada. Ao que parecia, aquela noite seria uma das que passaria em claro. Pensou em ir para a biblioteca, como sempre fazia quando não conseguia dormir.

A essa altura ele poderia escrever o roteiro de um documentário sobre anjos e demônios e toda sua mitologia. Uma das coisas que tinha aprendido era que nem todas as pessoas que morriam viravam anjos ou demônios. Algumas simplesmente iam para o que constituía o paraíso perfeito para elas, seja um lugar ou estar com as pessoas que amou ao longo da vida. Anjos e demônios eram resultado de pessoas que ainda tinham algo a resolver nesse mundo. Alec começou a pensar no que isso significava para Lynx, mas para ter a resposta precisava saber primeiro que tipo de anjo ele era.

Se ele realmente fosse um anjo da morte, talvez essa fosse sua penitência, mas Alec não queria pensar nisso.

Em vez de se enfiar na biblioteca, ele parou em frente a porta ao lado dela. A sala de música. Fazia muito tempo que Alec não tocava um instrumento, não criava alguma coisa ou sequer ouvia música. Abriu a porta e olhou para os instrumentos. A casa era movida a magia, e aparentemente, se limpava sozinha, não havia um grão de poeira sequer, e ainda assim, parecia tão abandonada. Alec hesitou em seguida fechou a porta, resolvendo entrar na sala de frente para ela. A sala de armas.

Tinha até se esquecido que o cômodo existia. As luzes estavam apagadas, mas a claridade que entrava pelas amplas janelas de vidro era o suficiente para iluminar a sala, deixando ela banhada em uma aura arroxeada.

Uma sensação estranha enchia seu peito toda vez que ele olhava para todos aqueles objetos afiados. Não era uma sensação ruim, mas peculiar e inquietante. Como uma coceira em um lugar que você não consegue alcançar.

Surpreso, percebeu que conseguia identificar algumas armas agora, graças a todo tempo enfurnado na biblioteca com os livros. Ele se aproximou do canto da sala encarando uma parede cheia de coisas de aparência mortal. Agora ao menos ele sabia o que era um mangual, ou uma alabarda, embora não conseguisse imaginar Lynx nem nenhum os outros capitães usando aquelas coisas. Não pareciam nada práticas e simples de manusear. O que chamava atenção dele mesmo eram as espadas, adagas e arcos. Desviou o olhar para a parede oposta que era aonde esses itens se encontravam.

E uma espada em especial fazia aquela sensação peculiar e inquietante praticamente rastejar sobre sua pele, como algo implorando para emergir.

Alec se aproximou da tal espada. Ela ficava em uma área que parecia ser reservada especialmente para ela, sem muitas armas ao redor. A lâmina solitária era longa e preta, o cabo também preto tinha uma estrela prateada. Quando ele a viu da outra vez pensou ter sido entalhada ali, mas a estrela na verdade estava cravada no cabo, como se fosse uma joia, cuja joia parecia brilhar como um diamante. Não conseguia desviar o olhar da lâmina bela e mortal. De repente sentiu como se ela chamasse por ele, um zumbido preencheu seu ouvido como milhares de vozes sussurrando em uma sala fechada. Automaticamente, ele estendeu a mão fechando-a ao redor do cabo.

Foi como tocar uma cerca elétrica ou um fio desencapado. Um choque percorreu seu braço, espalhando-se pelo corpo. De repente uma luz esbranquiçada explodiu em sua visão como se ele estivesse preso em um lugar escuro e de repente dado de cara com o sol. Mesmo sabendo que não havia luz alguma, instintivamente ele fechou os olhos, mas quando os abriu, não estava mais na sala de armas.

Em vez disso, estava em uma sacada de pedra, e quase engasgou com a vista a sua frente. Era uma cidade em chamas. Pessoas corriam e gritavam pelas ruas. O cheiro de fumaça e carne queimada atacou suas narinas. O céu estava coberto com fuligem e fumaça.

Ele piscou, e então a paisagem mudou. Estava em um grande salão. Uma plataforma se erguia em uma das extremidades, com grandes janelas atrás de um trono dourado centralizado em cima da elevação. O coração de Alec acelerou, por algum motivo. Ele piscou e a imagem mudou de novo. Agora o salão estava banhado em sangue, ele ouvia gritos e um lamento baixo, mas não via a fonte deles. Ele começou a tremer, e quando olhou para baixo viu a própria mão trêmula, que segurava a espada, toda manchada de sangue.

Alec soltou a espada, que caiu com um baque alto e metálico no chão da sala de armas. Percebeu que ele próprio estava sentado no chão. Ofegante e assustado. O que tinha acabado de acontecer? As imagens tinham sido tão vividas que suas pernas ainda tremiam e ele ficou um bom tempo sem conseguir se levantar. Quando conseguiu, pegou a espada preta no chão, com medo de ter outra visão, mas nada aconteceu.

Abalado, ele colocou a arma de volta no lugar e saiu da sala de armas se sentindo nauseado. Lavou as mãos na pia do banheiro do quarto mesmo sabendo que elas estavam limpas, não havia sangue. No entanto, ele não conseguia se livrar da sensação pegajosa nos dedos e da angustia no peito. Não conseguia se livrar da visão daquele salão ensanguentando, e também não conseguia apagar da mente a imagem daquela cidade em chamas.

Nunca tinha visto nenhum daqueles lugares antes, mas não pode deixar de imaginar... A Cidade dos Mestiços estava sob a ameaça de uma guerra, Alec imaginou a cidade queimando e foi invadido pelo horror.

Ele lavou o rosto e encarou o próprio reflexo no espelho. Sua pele estava de uma cor pálida doentia e os olhos com olheiras profundas. Sua expressão era cansada. Passou um mês sem sentir quase nada e agora parecia que um tsunami de emoções estava rodando em seu peito. Ele não fazia ideia do motivo de ter visto aquelas coisas, mas não conseguia se livrar da sensação de que era algo importante. Seu coração acelerado não se acalmava por mais que ele tentasse.

E se o que aconteceu naquela visão acontecesse com a Cidade dos Mestiços? Ele não conseguia entender aonde aquela cena do salão sangrento se encaixava, mas e se isso tivesse sido um alerta de alguma coisa também? Ele não podia simplesmente passar os dias encarando as paredes enquanto o perigo se tornava cada vez mais real. Não era capaz de fazer muita coisa, mas não podia ficar parado, apenas sentindo pena de si mesmo enquanto o lar de Lynx era destruído.

Alec se vestiu rapidamente e saiu decidido pela noite.

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