Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 18 - O Esquadrão de Ataque

Por um momento ficaram todos encarando Lynx com expectativa e aprovação. Todos exceto o cara com cabeça raspada que parecia alheio a situação, como se não se importasse muito. Levi e Angela estavam sentados um ao lado do outro próximos à cabeceira da mesa. Angela tinha a postura reta, suas costas mal tocando o encosto da cadeira, enquanto Levi estava meio largado com um braço apoiado na mesa e a outra mão girando uma adaga entre os dedos. Do outro lado de Levi, sentou-se Cadu com Rebeca. Ao lado de Rebeca, estava o cara de cabeça raspada e olhos escuros, que era o que parecia o menos interessado na conversa, ele limpava debaixo das unhas com uma faca.

-Eu? - Lynx conseguiu exprimir. Ele chegou até a olhar para trás como se Luce estivesse falando com alguém além dele. -Mas...

-Ora, qual o problema? - Ela colocou as mãos na cintura. -Você já trabalha para mim de qualquer forma. É só uma promoção.

Alec viu que, com exceção de Lynx e ele próprio, todos outros estavam uniformizados. Os guerreiros vestiam botas pesadas e roupas justas de couro preto com aquele símbolo estampado no peito. Duas asas atravessadas por uma espada, e uma cobra enrolada na espada. E todos também estavam armados. Levi tinha uma espada nas costas despontando pelo ombro, um rubi enorme encrustado no cabo, além da adaga em sua mão. Cain tinha uma faixa no peito com facas, e uma espada longa na cintura que era possível ver a ponta do cabelo pela superfície da mesa. Angela tinha um arco pendurado nas costas e Alec se perguntou se ela não estava desconfortável com ele atrás dela naquelas cadeiras que pareciam pequenas demais para eles. De repente Alec os imaginou em combate, e um sentimento desconhecido o preencheu imaginando como eram lutando.

-Não vejo ninguém melhor que você para ocupar a posição, Lynx. - Uma mulher de aparência muito jovem, que estava sentada de frente para Angela foi quem falou. Ela era miúda de cabelos escuros curtos e cacheados, seus olhos eram da cor do céu lá fora. Ela tinha apenas uma espada na cintura.

-Na realidade, você foi indicado pelo próprio Igor. - Levi contou, ele se endireitou um pouco na cadeira, mas continuou brincando com a arma na mão. -Mesmo se você fosse inadequado, teríamos que aceitar a vontade do nosso falecido amigo.

-Coisa que você não é. Lynx é muito adequado. - Inesperadamente quem falou foi Angela. -Já o vi em combate, ele luta muito bem, e Igor reconhecia isso, por isso o escolheu como sucessor.

-É como se ele tivesse previsto que ia morrer. - O homem de cabeça raspada sentado ao lado de Cadu comentou sem expressar se esse fato deixava ele triste ou feliz.

-Talvez ele tenha previsto, Cain. - Cadu disse. Alec notou que ele segurava a mão de Rebeca em cima da mesa e sorriu. Feliz que ela parecesse finalmente ter encontrado alguém que a tratasse como merecia. -Igor era meio clarividente, não?

Ao mencionar o falecido capitão, o clima na mesa ficou meio melancólico.

-Igor foi um grande guerreiro, mas ele também foi imprudente. - Apesar das palavras duras, também havia dor na voz de Luce. -Espero que aprendam com o erro dele, pois não quero ter que enterrar mais um de vocês.

Alec achou que esse era um jeito meio bruto de dizer "Não morram, vocês são importantes para mim". Bruto, mas sincero.

-De qualquer forma, - Cadu continuou. - também acho Lynx a melhor escolha.

Angela assentiu.

-Além de habilidoso, é confiável. Temos poucas pessoas assim hoje em dia. - disse ela.

Alec olhou para Lynx, o rosto dele estava completamente vermelho.

-Viu? É unânime, Lynx. Todos concordam que você deve assumir o cargo, agora tira essa expressão de bocó da cara. - Luce sentou-se na cabeceira da mesa e colocou os pés no móvel. Suas botas eram impecáveis.

-Na verdade, eu não concordei com nada. - Cain guardou a faca no bolso com uma expressão de indiferença.

-Porque você ama ser do contra. - Levi revirou os olhos. -Estou surpreso que tenha dito mais de cinco palavras desde que chegou. Está de bom humor hoje?

-Sim, eu acordei e lembrei que não sou você. - Cain rebateu sem olhar para ele.

-Se você fosse eu seria mais feliz, e muito mais bonito.

-Eu sou muito feliz. - Cain disse de modo que sugeria o contrário.

-Ai, vocês vão começar? - repreendeu a jovem de olhos lilases. -Bela primeira impressão, Alec vai achar que somos um bando de idiotas.

-Mas nós meio que somos um bando de idiotas. - Levi deu de ombros como se fosse um fato indiscutível.

-Fale por você! - Angela fez um ruído de indignação. -Me chame de idiota de novo e eu afundo sua cara no chão.

-Deixa ele Angela, só está querendo chamar atenção porque tem gente nova aqui. - disse Cain, pela primeira vez ele levantou o olhar para Alec. -Oi.

-Oi. - Alec olhou para ele, feliz por não ter gaguejado. -É um prazer conhecer todos vocês.

Um coro de "ois" e "o prazer é nosso" preencheu o ar. Alec começou a se sentir menos ansioso. Eles eram pessoas normais, por mais intimidadores que parecessem.

-Oi, Alec - Levi sorriu para ele de um jeito galanteador. -Se precisar de alguém...

-Não seja ridículo! Você vai dar em cima dele com Lynx bem ali? - Angela disse e colocou o rosto entre as mãos balançando a cabeça. -Sua falta de noção as vezes me dá vergonha alheia.

-Ei! Eu não ia dar em cima de ninguém! Que coisa horrível de se dizer. - Levi se defendeu, magoado. -Só estou sendo gentil. Ia dizer que se ele precisasse de alguém para ajudar ele com qualquer coisa, podia contar comigo. Ser bonito não é minha única qualidade, sou muito gentil e prestativo também.

-Nossa, sério como que você consegue pegar tanta gente sendo tão... Assim? - Cain olhava para ele com nojo.

-Assim como? - Levi ergueu uma sobrancelha. -Só está com inveja porque você não pega ninguém.

-Algumas pessoas ficam muito melhores sozinhas - Cain retrucou. -, eu sou uma delas. É uma escolha.

Angela revirou os olhos.

-Que melancólico.

Era essa a reunião importante que eles tinham? Pareciam um bando de amigos na mesa de um bar zoando uns aos outros. Porque por mais que eles estivessem se alfinetando, era nítida a cumplicidade. Luce que era a cabeça do grupo, os observava com diversão e afeto.

-Gente, espera... Nosso terceiro capitão está meio abalado ainda, vamos parar de falar um pouco para ele se recompor. - Cadu brincou, mas parecia uma forma de acabar com aquela discussão entre os dois.

-Ah... É... Obrigado. - Lynx parecia meio emocionado e confuso, ele piscou algumas vezes. Alec achou a reação dele muito fofa. -Darei o meu melhor.

-Tenho certeza de que sim, agora senta. - ordenou Luce tentando manter o rosto sério. -E o resto de vocês calem a boca. Parecem crianças. Levi todo mundo sabe que sua autoestima não tem limites, mas guarde seus comentários egocêntricos e sua ajuda para você. E Cain, pare de bancar o herói solitário e depressivo, todo mundo sabe que você é uma manteiga derretida.

Um rubor apareceu no rosto de Cain e quando Levi percebeu ele começou a rir alto e apontar para ele.

-Angela e Lilith... - ao ouvirem seus nomes saindo da boca de Luce naquele tom, as duas mulheres enrijeceram e olharam para ela. -Perfeitas como sempre.

-Nossa, mas que injusto. - Levi parecia chateado. -Eu também sou perfeito.

Alec reprimiu uma risada, ele olhou para Rebeca que tinha a mesma expressão que ele e foi como quando você olha para o seu amigo tentando não rir, mas aí a situação piora. Uma risada escapou e ele disfarçou ela com uma tosse, Rebeca afundou o rosto na mesa tremendo de rir.

-E eu? - Cadu falou chamando atenção para si. -Não ganho um xingo ou um elogio?

Luce olhou para ele como se tivesse acabado de notar sua presença.

-Meu filho, desculpa, tinha até esquecido que você estava aí. - ela fez uma expressão de desculpas. -Mas você é ótimo, continue assim.

-Obrigado. - Cadu deu uma risada, não parecendo se importar por ter sido esquecido.

-Você é incrível amor, mais tarde te dou um presente. - Rebeca sussurrou, mas obviamente todos na mesa ouviram e ficaram encarando eles. Ela encarou de volta. -Que foi?

Houve um coro de "Nada" e algumas risadinhas.

-Lynx também não ganhou um comentário. - Lilith falou com um risinho.

-Mas ganhei uma promoção, é o suficiente. - Lynx falou sorrindo. -Estou muito honrado mesmo.

-Ele já é o protegido de Luce, não precisa de mais bajulação. - Levi fez uma careta parecendo uma criança provocando outra.

-Não sou protegido. - Lynx se defendeu balançando levemente a cabeça. -Ela trata todos nós igual.

-Sentem-se, vamos! - Luce acenou impaciente para Lynx e Alec que ainda estavam de pé observando toda aquela cena.

Alec puxou uma cadeira ao lado da jovem de cabelos curtos.

-Olá. - A moça ao lado deu um sorriso cheio de covinhas para Alec. -Me chamo Lilith.

-Oi. - Ele retribuiu o sorriso. -Sou o Alec.

-Ah eu sei! Nós já conhecemos você.

-É mesmo? - Ele não sabia o que pensar disso.

-Só pra você não ficar perdido vou te atualizar sobre quem é quem. - Lilith ofereceu mais um sorriso. Tinha algo nela extremamente calmante, seus olhos lilases eram muito serenos.

-Aquele ali de cabeça raspada é Cain, vice de Angela, que é capitã da primeira divisão. - O tal Cain, que olhava para todos com cara de tédio. -Ele é meio antipático, mas não é uma má pessoa.

-Eu ouvi isso, Lilith. - Cain lançou seus olhos pretos na direção deles, e quando pousaram em Lilith havia uma pontada ínfima de divertimento.

-Levi é capitão da segunda divisão, e Cadu é o vice. - ela continuou. Levi estava imerso em uma conversa com Angela e não prestava atenção neles. -Levi é... Bem, você viu como ele é, mas isso ai é só uma máscara. Cadu é o mais normal, ele fica na dele na maior parte do tempo, mas é bem legal.

-Cadu eu conheço. Um pouco.

-A loira com ele é sua amiga também, né?

-Sim. - Alec respondeu. -O nome dela é Rebeca.

-Ah sim, ela é divertida, mas foi a primeira humana a descobrir o segredo da cidade em anos então todos ainda ficam meio receosos perto dela.

-Ela é uma ótima pessoa, não precisam ter receio de nada. Não é como se ela fosse sair por aí anunciando que esse lugar existe. - Alec imediatamente sentiu um instinto protetor muito forte em relação a Rebeca, seu tom foi até meio rude.

-Não tenho dúvidas disso! - Lilith chacoalhou as mãos rapidamente.
-Não quis dizer que ela não é confiável, é só que vocês são os primeiros forasteiros em muito tempo. É novidade, sabe?

-Sei. - Alec meio que entendia. Mas tinha a impressão de que a única receosa perto de Rebeca era Lilith. Como se ela não gostasse de sua amiga. Ele fez uma nota mental para ficar atento a isso.

-Mas enfim, logo vocês farão outros amigos, temos esses títulos formais, mas no fim somos uma família... Uma meio problemática, mas ainda assim. Os únicos que não estão presentes é Gabriel, o braço direito de Luce, ele ajuda a monitorar as barreiras, e os Irmãos Sombras que estão em missão.

-E você? Qual sua posição?

-Sou vice capitã da terceira divisão, Lynx é meu chefe agora. - Ela riu e se inclinou para olhar o anjo ao lado de Alec que ainda parecia não acreditar na situação.

-Parabéns, chefe. - Brincou Alec, Lynx sorriu para ele com o rosto vermelho.

-Estou ansiosa para trabalhar com você, Lynx! - Lilith disse animada.

-Mas então - Levi parou de girar a adaga e espetou ela na superfície da mesa cortando a resposta de Lynx para Lilith. A tatuagem na lateral raspada de sua cabeça era um padrão de espinhos e rosas. Seus olhos bicolores, branco acinzentado e roxo encararam Alec. Os lábios cheios se curvaram em um sorriso malicioso que repuxou a cicatriz que cruzava seu olho indo até a metade da bochecha. - esse é o famoso Alec por quem Lynx virou o céu de cabeça pra baixo?

Até mesmo Cain, o desinteressado, ficou observando Alec depois dessa frase.

-Sou eu mesmo, mas você já sabe disso, e da história toda provavelmente. - Alec rebateu. Em vez de se fechar tímido diante dos olhares resolveu enfrentar, mesmo que quisesse fugir pois sabia o que todos ali estavam pensando.

-Na verdade, eu adoraria saber os detalhes, se quiser me contar. - Levi piscou para Alec. Parecia ter sido automático, como se ele estivesse tão acostumado a flertar com os outros que era inevitável.

-Cuidado, Lynx - Alertou Angela. Ela tinha um sorrisinho, não era tão fria assim como Lynx tinha feito parecer, embora Alec também não estivesse muito contente de descobrir isso com ele sendo o foco da piada. -, Levi já está de olho no seu homem.

Alec olhou de canto para Lynx e percebeu que ele estava relaxado na cadeira. Mas os dedos batucavam na mesa e ele encarava Levi.

-Isso de novo? - Levi parecia ultrajado. Ele pegou a adaga da mesa e usou para gesticular para Angela enquanto falava. -Quem vê pensa que eu saio dando em cima de todo mundo assim do nada.

Todos na mesa, até mesmo Cain, começaram a rir.

-Mas você em cima de todo mundo, só não tentou nada comigo porque sabe que eu não gosto de homem. - Luce bocejou. Balançava distraidamente um dos pés que estava apoiado sobre o outro em cima da mesa, e seus braços estavam cruzados.

-Na verdade, ele tentou, foi assim que ele descobriu que você não gosta de homem. - Angela falava como se tivesse lembrado de algo.

-Gente, por favor, vocês vão assustar o coitado do Alec. - O tom de Lilith era de repreensão, mas ela também tinha uma expressão de quem queria rir.

-Eu não me assusto tão fácil assim, além disso estou mais entretido do que qualquer outra coisa. - Alec se sentia mais a vontade para entrar na conversa agora. -Continuem por favor, mas me tirem do foco do assunto antes.

-Mas você é o assunto mais interessante do momento na cidade. - Levi argumentou. -O humano que fez um anjo cair.

Alec se encolheu um pouco. Tentava não pensar muito na magnitude do que Lynx tinha feito e passado por ele. Lynx parecia prestes a responder em defesa de Alec, mas ele falou antes.

-Lynx detestava o céu mesmo. - Alec deu de ombros. -Acho que fiz um favor a ele então.

Por um momento, ele ficou com medo de isso ter sido ofensivo de algum modo para Lynx, mas quando olhou para o anjo ao seu lado, viu que ele sorria e parecia orgulhoso. Levi soltou uma gargalhada, Cain também riu baixo. Luce tinha um sorriso satisfeito no rosto.

-Ele é dos nossos. - Angela parecia satisfeita também, seu único olho descoberto encarando Alec com aprovação. Ele ficou curioso para saber como ela tinha ganhado o tapa-olho.

-Mudando de assunto, cadê o Gabriel? - perguntou Levi de repente.

-Está triste porque seu novo alvo não está aqui? - Lynx zombou. Até então ele tinha ficado quieto, mas resolveu entrar na brincadeira.

-Novo? Sempre achei que Gabriel era o alvo principal, eles não são amigos de infância? - Cain lançou um olhar de zombaria na direção de Levi. -Talvez por isso não consegue ficar com uma pessoa só... Amor não correspondido...

A expressão de Levi se transformou, e ele parecia estar usando a raiva para mascarar a frustração.

-Deixe Gabriel fora disso. - a voz de Levi era seca. -Ele não gosta dessas brincadeiras, e se algum dia você insinuar algo na frente dele... Eu te mato, Cain.

O tom dele era frio ao encarar o outro. Aquele cara bobão de alguns segundos atrás tinha sumido completamente. A expressão brincalhona sendo substituída por uma certa ferocidade.

-Oh, é mesmo? - A expressão de Cain agora era de desafio, seus olhos escuros brilhavam com diversão. -Adoraria ver você tentar.

-E lá vamos nós começar com as ameaças de morte. - Lilith revirou os olhos desistindo completamente de fazer com que eles parassem de brigar.

Angela estava com as mãos cruzadas em cima da mesa, ela fez um ruído de ironia.

-Ameaças de morte que sempre terminam com eles bebendo em algum bar. - falou. -Estou ansiosa pelo dia em que eles vão realmente duelar.

-Você está sempre ansiosa para ver alguém duelar, Angela. - Lilith riu. Ela lançou um olhar breve na direção de Cadu e Rebeca que conversavam baixinho e franziu a testa. Ah. Pensou Alec. Era isso então. Lynx tinha dito que Lilith gostava de todo mundo, mas havia uma exceção, ao que parecia.

-Chega. Calem a boca. - dessa vez a ordem de Luce foi mais séria, e todos se calaram imediatamente. -Por mais que eu ache os conflitos ridículos de vocês extremamente interessantes, temos coisas mais importantes a discutir.

O clima mudou instantaneamente. A descontração no ar sendo substituída por seriedade e tensão. O próprio Alec ficou tenso mesmo sem saber o que seria discutido.

-Recebi uma mensagem dos Irmãos Sombra - Luce continuou. -, eles estão em missão e não puderam vir, mas antes de partir eles confirmaram nossas suspeitas. Realmente temos um espião na cidade, alguém está vazando informações de nossa localização, por isso os ataques têm sido mais frequentes. Descobriram onde fica as três entradas.

-Eu mandei Cain investigar melhor e ele descobriu que provavelmente é alguém da central. - Angela complementou. -Mas a pessoa consegue não deixar rastros.

-Sempre tem um rastro. E quando eu encontrar, vou trazer a cabeça dele ou dela em uma bandeja para vocês. - Cain disse isso em um tom de voz normal, mas soou extremamente ameaçador. Ele parecia o tipo de pessoa que não fazia questão de ser simpático, mas que também não era grosso de propósito.

De repente um jovem asiático uniformizado irrompeu na sala, interrompendo a conversa. Ele tinha os cabelos longos presos em uma trança baixa atrás da cabeça.

-Gabriel - Luce olhou para ele com uma ordem silenciosa.

-Outra tentativa de invasão ao sul. - ele relatou. Sua voz era suave e ele tinha uma expressão séria.

-Enviou tropas? - a expressão de Luce era calculista e tensa. Ela não tinha se mexido, ainda estava com os pés na mesa. O único indício de que não estava tão descontraída quanto sua pose era as nuances de sua expressão variando entre raiva e preocupação.

-Sim. - ele apoiou a mão no cabo da espada em sua cintura. -Eles não conseguiram sequer arranhar a barreira, mas achei que devia vir avisar porque o grupo era maior dessa vez, e eles sumiram rapidamente como se tivessem passado...

-Por um portal. - Angela já estava de pé ajeitando o arco com a aljava nas costas. Uma expressão determinada no rosto. -Então alguém realmente está passando informações, eles sabem até como usar nossos portais.

-Angela, sente-se. - Luce mandou, mas sua voz tinha sido mais suave. -A reunião ainda não acabou.

Alec pensou que ela ia rebater, mas a capitã de tapa-olho obedeceu.

-Anjos ou demônios? - Luce perguntou rispidamente se voltando para Gabriel.

-Demônios. - respondeu o braço direito dela.

-Gabriel, reúna mais duas tropas e mandem para as outras entradas da cidade. - Quando Luce dava ordens, era possível até esquecer que ela tinha um metro e meio, pois ela se tornava tão imponente quanto uma montanha. Ela continuou: -Quando terminamos a reunião, os capitães irão verificar, mantenha as tropas reunidas até lá, depois vá para a central com Cain, Lilith e Cadu.

-Sim, senhora. - Gabriel saiu da sala rapidamente, mas não sem antes dar uma olhada na direção de Levi, que o olhava intensamente e deu um sorriso quase imperceptível para ele. Gabriel engoliu em seco e desviou o olhar.

-Se fossem anjos tentando invadir, com certeza seria coisa de Azazel, mas como são demônios pode muito bem ser coisa do stalker. - Alec sussurrou para Lynx.

-Talvez, mas esses ataques são muito comuns... - Lynx parou antes de continuar a frase. Quando Alec ergueu a cabeça notou que todos na mesa encaravam eles.

Tinha sussurrado em vão, ao que parecia.

-O que disse, menino? - perguntou Luce com a voz reverberando no silêncio. Ela tirou os pés da mesa e se ajeitou lentamente no assento.

-Talvez isso seja obra do demônio que estava me perseguindo...

-Não, não! - Ela acenou impaciente. -O outro nome...

-Azazel? - Foi Lynx quem respondeu com uma expressão confusa e receosa. -Ele comanda a Cidade Fluorescente... Pensando bem, acho que nunca te disse o nome dele antes.

-Isso é impossível! - Luce levantou bruscamente derrubando a cadeira. -Tem certeza que esse é o nome dele?

-Sim, eu o conheço a setecentos anos, claro que esse é o nome dele. - Lynx confirmou, mas ele próprio parecia tão certo diante da reação de Luce.

-O que você quer dizer com isso ser impossível, Luce? - Alec tinha um péssimo pressentimento. -O que tem o nome dele?

-Porque... - Luce fez uma pausa, ela parecia incrédula e com raiva também. -Ele não deveria estar no céu. Não é possível. Espera, como você disse que chama o lugar, Lynx?

-Cidade Fluorescente.

Ela riu com incredulidade.

-Cidade Fluorescente! Que idiotice!

-Luce, não estou entendendo... - Lynx franziu a testa. O ser de olhos brancos continuou com a voz sobrepondo a dele:

-Não existe tal lugar no céu! E Azazel não deveria estar lá em cima, porque...

Ela fez uma pausa como se estivesse se lembrando de algo desagradável, então completou:

-Ele é um anjo caído.

Alec soltou um ruído alto de espanto, mas fora o único ruído porque o silêncio era mortal, todos pareciam estupefatos.

-Um dos mais fiéis de Lúcifer, mas mais do que isso... - Luce soltou o ar entre os dentes. -Azazel é um dos sete Príncipes do Inferno.

-Como assim? - Alec quase se levantou da cadeira também. -Por que...? Não entendo. Como vocês não sabiam o nome dele ou da Cidade Fluorescente até agora?

Foi Angela quem respondeu dando de ombros.

-Nunca foi importante ou conveniente. - disse ela. -Não somos os maiores fãs do céu, e não nos importamos muito com o que acontece lá.

-Quando Luce encontrou Lynx e o trouxe para cá, ele já parecia preocupado o bastante com a própria situação, então não ficávamos fazendo perguntas. - Levi emendou, falando sério para variar.

-Eu não sei como, mas ele está enganando todo mundo... - Luce balançava a cabeça desacreditada ao falar. -Ele já deveria ter chamado a atenção dos Arcanjos, ninguém simplesmente invade o céu e cria uma cidade lá. Não deveria ser possível.

-Talvez ele tenha algum cúmplice lá em cima. - Sugeriu Levi. Não havia nada mais daquele cara bobo e galanteador de alguns minutos atrás, agora ele era inteiramente um guerreiro frio e calculista.

-Só um arcanjo poderia dar tal poder a ele, e não vejo porque algum deles faria isso. - Angela olhou para Luce. -Ele sem dúvidas está tramando algo, e agora temos que considerar que os ataques demoníacos podem ser coisa dele também.

-Vamos esperar os Irmãos Sombras voltarem, então mandaremos eles para investigar. - Luce decretou. A expressão dela era pensativa agora, como se tentasse encaixar peças de um quebra-cabeça muito confuso.

Alec virou a cabeça para Lynx. Todos na mesa pareciam abalados com aquilo, mas Lynx parecia fora do ar, em branco, seus olhos amarelos vazios e sem foco. Alec sempre achou que tinha algo estranho a respeito da Cidade Fluorescente, agora sabia o que era. O lugar não deveria existir, mas se Azazel era um anjo caído, Príncipe do Inferno, como havia conseguido entrar no céu? Alec pensou um pouco sobre isso então um palpite surgiu em sua mente.

-Talvez Azazel não esteja no céu. - Alec falou atraindo a atenção de todos para si.

-Como assim? - Lynx perguntou, aquela expressão vazia se desfazendo um pouco.

-E se ele, por acaso, pudesse construir um lugar como esse? - Alec levantou a questão fazendo todos parecerem pensativos e em seguida impressionados. -Se Luce pode, então Azazel também poderia construir uma cidade.

Alec olhou para Lynx.

-Isso também explicaria porque ele não podia passar muito tempo no mundo mortal. Você disse que a Cidade dos Mestiços depende do poder de Luce, se não desmorona, então talvez a Cidade Fluorescente dependa de Azazel para ficar de pé.

-Faz todo sentido. - Lynx abaixou a cabeça sua expressão não demonstrava nada. Alec ficava preocupado quando ele ficava assim, sem emoção, parecendo um boneco, pois era impossível prever o que ele faria.

-Pensou rápido, Alec. - Era a primeira vez que Luce dizia seu nome em vez de garoto ou menino, e havia aprovação em sua voz. -Provavelmente é isso mesmo o que ele fez. Não há outra explicação.

-Só não faz sentido como eu e os outros anjos fomos parar lá. - Lynx ergueu a cabeça. -Como ele pode ter feito isso?

-Castiel! - Alec pensou no anjo ruivo com preocupação estampada no rosto. -Temos que avisar ele. Duvido que ele saiba.

-Já mandei uma mensagem. - Lynx tranquilizou. Ele passou as mãos pelos cabelos e bufou. Alec queria esticar a mão para reconfortá-lo, mas não o fez.

-Bem, acho que isso finaliza nossa reunião. - Luce voltou a se sentar. -Mas agora temos mais um problema para lidar. Descobrir o que Azazel planeja criando um falso céu.

~•☆•~

Após o término da reunião, todos tomaram um rumo com uma tarefa a cumprir. Lynx fora enviado em sua primeira missão após assumir o posto de Capitão da Terceira Divisão, e Alec não teve tempo de conversar com ele direito, mas Lynx disse que voltava logo e encontraria ele em casa depois. Luce pediu que Lynx, Levi e Angela fossem se juntar as tropas para verificar as entradas da cidade e as barreiras ao redor. Enquanto isso, Cadu, Lilith e Cain foram se juntar a Gabriel na central de segurança, que depois de uma breve explicação, era um lugar onde eles conseguiam monitorar intrusos se aproximando e perturbações nas barreiras.

A primeira impressão de Alec sobre os cabeças do Esquadrão de Ataque tinha sido diferente do que ele imaginava. Esperava um bando de soldados frios e arrogantes, mas embora Levi fosse de fato um pouco convencido, eles eram pessoas muito legais. Mais como amigos de verdade do que como apenas colegas de trabalho, apesar de toda provocação. Era nítido a proximidade que tinham, e a forma como se conheciam e um sabia sobre a vida do outro. No entanto, uma coisa que eles não demonstraram, mas Alec notou mesmo assim, era que eles provavelmente eram pessoas com tantas cicatrizes internas quando externas e haviam encontrado companheirismo uns nos outros, por serem, de certa forma, iguais.

Rebeca se despediu de Cadu e ficou para trás com Alec. Era fim de tarde, o céu tinha um tom de roxo e azul pastel, cor de algodão doce. O clima estava morno, mas uma brisa mais fria agitava os cabelos dos dois.

-Então - disse Rebeca para Alec enquanto eles desciam uma rua estreita ladeada por lojas, e salões de beleza. Tirando o fato de ser habitada por seres sobrenaturais, a Cidade dos Mestiços era bem comum em relação ao comércio. -O que a gente faz agora?

-Não sei. - Alec olhou ao redor. -O que tem para fazer aqui?

Seus olhos avistaram uma loja de armas com uma espada imensa na vitrine e do outro lado da rua tinha uma loja de poções, que prometiam coisas simples tipo crescer cabelo até coisas estranhas tipo fazer seu amor ficar totalmente obcecado por você. Ok. Talvez o comércio não fosse tão comum assim.

-Não estou afim de cortar o cabelo, nem fazer compras que envolvam armas gigantes e poções duvidosas. - Alec disse, embora tivesse ficado curioso a respeito da loja de armas.

-Droga, isso basicamente resumia todos os meus planos. - ela brincou.

-Você está aqui a mais tempo que eu, não tem nenhum lugar legal que goste de ir?

Ela ficou pensando por tanto tempo que Alec já tinha desistido da resposta.

-Tem muitos lugares, mas alguns ainda estão fechados e alguns acabaram de fechar. - ela mordia levemente a unha comprida pintada de azul. -Talvez o teatro? Se bem que não tem nenhuma peça legal passando, você não ia curtir... Hm... A galeria que gosto de ir está fechada, então...

Alec achou graça e ficou tocado por ela estar tentando pensar em algo que agradaria ele.

-Qualquer lugar tranquilo pra gente sentar e conversar serve, amiga. Não precisa ser nenhum grande espetáculo.

-Ah! Tem um lugar onde a gente pode sentar e conversar! - Rebeca disse animada. -O café lá é muito bom também. Vamos.

-Mas estou sem dinheiro agora.

Rebeca revirou os olhos.

-Eu pago, daquela vez te levei em um bar e você foi atacado por demônios, então dessa vez é para compensar aquele fiasco de role.

Alec riu e olhou para cima. Os últimos resquícios de sol passaram através dos prédios. O céu estava quase roxo escuro. Ele estava feliz de estar ali com a amiga, era quase como se nada tivesse mudado, exceto que tudo tinha mudado.

-Parece bom. - ele concordou. -E você tá me devendo detalhes de como conheceu Cadu.

Rebeca liderou o caminho, levando Alec até um estabelecimento simples, mas aconchegante. Era bem iluminado, e todo em tons de bege e marrom, com paredes de tijolo e uma senhora sorridente atrás do balcão. Haviam mesinhas, cada uma com três cadeiras espalhadas pelo recinto, e sofás confortáveis nos cantos. Tinha poucos clientes, apenas uma mulher ruiva sentada em uma das mesas lendo um livro. Após pedirem cappuccino, eles se acomodaram em um dos sofás próximo à janela. A senhora de cabelos grisalhos também lhes ofereceu um prato de biscoitos amanteigados por conta da casa.

-Você é um rostinho bonito novo aqui, meu jovem. - a senhora disse pousando o prato na mesa. Ela olhou para Rebeca e sorriu. -Você eu conheço. Fiquem à vontade.

-Obrigado. - Alec sorriu de volta.

-Obrigada, Dona Dulce!

-Que gentil. - ele disse ao olhar as costas da senhora que se afastava.

-Dulce é mesmo, adoro vir aqui. Ela lembra minha vó, a única pessoa na minha família que não é obcecada por dinheiro. - Rebeca soprou seu cappuccino antes de bebericar um pouco. Ela disse isso com muita naturalidade, mas Alec sabia que não era seu assunto favorito. -Mas agora, vamos ao que interessa. Você e Lynx.

-A-hã. - Alec ergueu a sobrancelha e sacudiu a cabeça. -Você e Cadu.

Ela fez um estalo com a boca.

-Não é uma história emocionante que nem a sua.

Mesmo ao dizer isso, ela sorriu de um jeito que Alec nunca tinha visto antes.

-Eu estava no shopping fazendo compras e esqueci uma sacola na praça de alimentação. - ela fez uma pausa como se estivesse se lembrando do ocorrido. -Quando estava indo pro carro ele veio me devolver, começamos a conversar e quando vi tinha dado meu número pra ele. Daí um dia eu acidentalmente entrei no quarto quando ele estava com as asas expostas e achei que estava tendo alguma alucinação, sei lá, achando que estava tão apaixonada que comecei a literalmente ver ele como um anjo, mas aí ele me contou tudo. E foi isso.

-Só de ver o quanto você está feliz faz disso uma história incrível. - Alec sorriu e começou a beber o próprio cappuccino.

-Ele é incrível, tão gentil, nenhum cara nunca me tratou assim. - ela se recostou um pouco no sofá. -Na frente das pessoas ele é todo quietão, mas você precisa ver quando começa a falar de anime, fica todo animado, é tão fofo. E na cama, minha nossa senhora, anjos tem alguma coisa... Bem, ele é só metade anjo, mas ainda assim, nem um cara normal se compara a tudo aquilo, ele...

-OKAAAY! - Alec franziu o rosto balançando a mão para ela parar de falar. -Me poupe dos detalhes, eca.

-Vou poupar. - ela riu e se endireitou. -Mas agora é sua vez. E sem enrolação Alec - ela cutucou ele com o pé. -, o que está rolando entre você e Lynx?

-Não sei. - ele deu de ombros respondendo honestamente. -Ele tem sentimentos por mim...

Ela soltou um ruído de escárnio.

-Ah nossa, jura? Se você não me dissesse eu nem teria percebido. - ironizou. -O cara te olha como se você tivesse inventado a pizza com borda recheada.

-Ele provavelmente nunca provou pizza com borda recheada. - ele bebeu outro gole do cappuccino e completou distraidamente: -Você sabe, anjos não comem.

-Só quando servem lealmente ao céu, o poder angelical faz com que seus corpos não sejam compatíveis com comida porque é algo que pertence ao mundo humano. - ela disse surpreendendo Alec, mais por ser ela contando isso do que pela informação em si. -Quando eles são banidos e caem, podem comer se quiser. E a comida é convertida em energia.

Alec ergueu as sobrancelhas olhando para ela impressionado.

-Acho que Lynx não sabe disso. - ele fez uma pausa com a xícara a meio caminho da boca. -Mas a pergunta é: como você sabe?

-Li alguns dos livros que tem na casa do Cadu. - ela apoiou a xícara com conteúdo ainda pela metade no colo. -Sobre céu, inferno, anjos e híbridos. Quando descobri tudo isso, precisei de algo que me ajudasse a entender e que fizesse sentido. Então ele me deu para ler os livros que tinha lá na casa dele no mundo mortal. Nunca li tanto na vida. Tipo, você sabia que se eles não libertarem as asas com frequência, ficam dormente e doem? Por isso eu acabei descobrindo as asas dele, ele estava alongando elas.

-Não sabia. - Alec murmurou pensando em Lynx que raramente voava e mostrava suas asas. Será que ele não sentia dor ou não se importava?

Alec pensou também sobre os livros que Lynx disse ter na biblioteca da Cidade Fluorescente. Mesmo que fosse falsa, criada por Azazel, ele provavelmente tinha inspirado ela em no céu de verdade, uma vez que ele já tinha sido um anjo, então por isso, algumas coisas lá deveriam ser verdadeiras. De qualquer forma, ele achava que Lynx deveria ter lido tais livros, porque havia coisas sobre ele que talvez nem ele soubesse.

-Estou meio chocado com você, Rebeca. - Alec disse ao colocar a xícara vazia na mesa e pegar alguns biscoitos. -Sem querer ofender, mas nunca imaginei que você pudesse ler um livro na vida.

-Seu idiota. - ela riu, sabendo que Alec estava brincando. -Mas eu entendo. Eu sei o que todos pensam de mim, que sou apenas uma garota burra, fútil e mimada que trabalha só para bancar os próprios luxos enquanto é sustentada pelos pais. Não estão exatamente errados, né...

-Pera lá... - Alec se sentiu mal, nunca tinha visto ela falando assim tão autodepreciativa. -Eu estava brincando. E você não é fútil.

Não mesmo. Alec nunca achou Rebeca fútil. Desmiolada, distraída e escandalosa, talvez. Mas sabia que ela tinha um coração grande e não era só porque cabiam muitos homens lá dentro, embora só houvesse um agora, ao que parecia.

-Mas é verdade. - ela teimou. -Só que Cadu me ajudou a enxergar que tenho mais do que isso em mim, esse é só um dos meus lados bobos. Todo mundo tem vários lados, mas cabe a gente escolher qual vai deixar evoluir.

-Cassete, quando foi que começou ficou mais sabia que eu? Tudo isso é efeito do amor?

Alec falou brincando, mas ficou com a última coisa que ela disse na cabeça quase levando-o a uma crise existencial, porque ele próprio não sabia qual lado dele estava deixando evoluir. Ele estava sequer evoluindo? Tinha saído de casa a três anos e seus sonhos continuavam apenas sonhos distantes por mais otimista que fosse. Otimismo era bom, mas não levava a lugar nenhum se você também não se mexesse. Ele engoliu o desconforto na garganta sem querer estragar o clima com a amiga.

Rebeca coçou o nariz e empinou o queixo orgulhosa de si mesma.

-Não foi só o amor, também levo crédito, né? Afinal, sem minha inteligência, nem todo amor do mundo me faria chegar a essa conclusão.

Alec estava realmente orgulhoso dela. E um pouco com inveja. A verdade era que sua autoestima não era tão boa assim quanto ele tentava acreditar que era. Rebeca aparecer na Cidade dos Mestiços tinha sido mais que uma agradável surpresa, tinha também sido um tapa na cara, um sinal de que Alec talvez precisasse mudar um pouco também.

-Estou realmente orgulhoso de você. - ele estava sendo sincero apesar da própria amargura súbita.

-Sim, sim, viva eu. - ela disse terminando o restinho de sua bebida de uma vez só. Ela semicerrou os olhos colocando a xícara vazia na mesa. -Mas você fugiu completamente do assunto, né? Então, Lynx tem sentimentos por você, mas e você?

Alec mastigou um dos biscoitos lentamente para pensar no que responder.

-Eu gosto dele. - ele fez uma pausa. -Ele é muito gentil comigo, sempre me tratou bem mesmo quando achei que ia me matar. - uma risada sem graça. -Mas...

-Mas? - ela pressionou.

Alec resolveu falar tudo de uma vez.

-Mas eu tenho medo de gostar dele, me assusta, porque sinto que esses sentimentos podem me engolir se eu deixar.

-Então deixa. - ela falou seriamente. -Mergulhar de cabeça no amor nem sempre é ruim. Não pode ter medo de se envolver e achar que todas as suas relações vão ser ruins ou nunca vai ter relação alguma que preste.

-Ai que tá. - Alec encostou no sofá olhando para cima sem conseguir continuar encarando essa nova Rebeca madura e sábia a sua frente. -Sempre mergulho de cabeça, mas dessa vez sinto que posso sair realmente machucado.

Ela sorriu parecendo uma diabinha.

-Porque ele é realmente o amor da sua vida.

Alec revirou os olhos.

-Enfim, apesar do medo, não vou mais lutar contra esses sentimentos, mas não quero apressar nada também.

-Deixa acontecer naturalmente - Rebeca começou a cantar alto uma música famosa do mundo mortal, fazendo a única cliente presente franzir o rosto para eles. Algumas coisas nunca mudavam, a parte escandalosa e sem noção dela continuava ali.

-Já está escuro. - Alec olhou pela janela. -Melhor irmos embora.

-Sim - ela se levantou. -, quero ver meu anjo. Ele sempre chega em casa com muita energia.

Ela balançou as sobrancelhas de modo sugestivo. Alec fingiu enfiar o dedo na boca simulando ânsia de vômito.

-Seu anjo também deve estar com muita energia... acumulada.

-Rebeca, cala a boca, porfavozinho.

Ela soltou uma gargalhada sonora enquanto saiam da cafeteira. Alec, no entanto, estremeceu ao pensar em Lynx e mesmo lutando para afastar o anjo da mente não conseguiu.

Pois percebeu que sentia falta dele.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro