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Capítulo 15 - A Cidade dos Mestiços

Alec estava diante de uma rua larga de paralelepípedos, ladeada por construções que lembravam a arquitetura gótica. Os prédios se destacavam em tons de preto, cinza, marrom e vinho, cujos prédios se espremiam juntos, e variavam de tamanho, mas sem ser desproporcional um ao outro. Tinham certa harmonia. Os postes de luz tinham uma pegada vitoriana e derramavam uma luz fria azulada que formava círculos espaçados no chão. Parecia o cenário de um filme antigo, mas, ao mesmo tempo, tinha um toque de modernidade sobrenatural.

Claramente algo que não pertencia ao mundo humano, pois fora criado por mãos inumanas. Ou, pelo menos, quase. Lembrou-se Alec. Afinal, muitos ali tinham sangue humano, mas tinham outra coisa correndo nas veias também.

Havia bastante movimentação. Era visível a animação das pessoas que andavam para cima e para baixo saindo e entrando de bares, restaurantes e lojas. Algumas delas exibiam asas de várias cores, outras tinham chifres ou orelhas pontudas, e olhos de cores incomum como vermelho e roxo. Todos com uma aparência única. Muitas pessoas eram tatuadas e com cabelos coloridos, e também haviam muitas que carregavam armas, arcos, espadas e outras que Alec não sabia nomear. Tinha um cara musculoso com uma espécie de machado gigante pendurado no ombro. Uma mulher com chifres estava entretendo um grupo de crianças formando animais feitos de fogo e água. Um homem com orelhas iguais as de um elfo servia uma das mesas externas na fachada de um restaurante. Havia uma barraca vendendo comida, onde o cardápio estava disposto em uma tela parecida com um holograma que soltava faíscas azuis de magia.

A maioria das pessoas estavam vestidas de maneira comum, como no mundo mortal, mas Alec notou que as pessoas carregando armas, usavam uma espécie de uniforme de couro preto com um símbolo no peito. Um par de asas separados por uma espada, e enrolada na espada tinha uma cobra vermelha.

A rua era um pouco inclinada, e ao longe ele viu um enorme castelo preto com luzes vermelhas. Era como se a cidade tivesse sido construída em uma colina, e aquela construção fosse o ponto mais alto. As Torres afiadas como agulhas perfuravam o céu roxo, as luzes vermelhas piscavam iluminando o céu deixando-o ainda mais púrpura.
Alec abriu a boca várias vezes, mas não conseguia formar um frase. Aquilo era a coisa mais incrível e surreal que ele já tinha visto na vida, e estava tendo dificuldade de encontrar uma palavra para descrever.

—Eu não sei o que estava esperando, mas não era nada parecido com isso.

—De uma forma boa ou ruim? — Lynx perguntou com um meio sorriso. Ele já sabia a resposta.

—Muito boa. — Alec respondeu enquanto olhava fascinando, absorvendo cada detalhe da paisagem. —Eu confesso que estava meio cético a respeito desde lugar, mas superou minhas expectativas.

—Fico feliz em ouvir isso.

—É bem movimentado. É assim sempre?

—Sim, as pessoas aqui são mais noturnas. Até tem movimento durante o dia, mas tem muitos estabelecimentos que só abrem a noite porque é quando quase todo mundo sai de casa pra se divertir. — Ele contou.

Alec olhou para ele, o anjo tinha um brilho no olhar que ele nunca tinha visto; de apego e pertencimento, como se estivesse em casa. Também parecia satisfeito com a reação de Alec.

Os dois começaram a caminhar. Algumas pessoas cumprimentavam eles no caminho, e olhavam para Alec com curiosidade.

—Aqui é a Rua Mil Alegrias, tem bastante variedades de bares, restaurantes, e entretenimento no geral.

—Rua Mil Alegrias... É, as pessoas parecem de fato alegres aqui.

O tom de Lynx se tornou mais sério.

—Esse lugar é um refúgio para pessoas que nunca teriam paz vivendo no mundo mortal. A maioria já teria sido morta, pelo céu ou pelo inferno.

As pessoas riam e conversavam como fariam em qualquer outro lugar do mundo. Mas pensando bem, Alec nunca tinha visto tanta cumplicidade assim em nenhum lugar. Todos pareciam se conhecer e ter grande simpatia um pelo outro, e provavelmente era o caso. Sinceramente, Alec esperava algo meio sombrio, e era, mas não de um jeito ruim. Ele não sabia explicar. Talvez fosse sua inclinação para gostar de coisas sombrias que fizesse aquilo tudo parecer mais legal do que assustador.

—Aqui e a Rua dos Pecadores são os lugares mais movimentados da cidade. — O anjo colocou as mãos nos bolso da calça, até o modo que ele andava tinha mudado, mais confiante e até meio orgulhoso. —Tem bastante coisa pra fazer dependendo do que você gosta. A Rua Mil Alegrias é uma coisa mais família, já a Rua dos Pecadores...

—Eu já até imagino o que seja. — Alec ergueu as sobrancelhas. —Coisas de adulto.

—Coisas inofensivas de adulto. — Lynx corrigiu sorrindo maliciosamente. —Na maioria das vezes. O nome faz pensar em coisas ruins, mas só um modo de descrever um lugar onde as pessoas vão para se libertar. Não posso dizer que não acontece nada demais lá... Mas também não é nada tão imoral assim.

Alec balançou a cabeça, ainda abalado pela cidade.

—Como esse lugar é possível? Onde fica exatamente? Tipo, o céu tem três luas... É tipo outra dimensão? — A mente de Alec estava a mil. Tinha tantas perguntas que ele mal conseguia verbalizar todas.

—A Cidade fica em um limite entre o mundo mortal e o mundo sobrenatural. — Lynx olhou para o céu como se estivesse pensando em uma forma de explicar. —Quanto ao motivo de ter três luas ou do céu ser roxo, acho que foi obra da pessoa que criou a cidade.

—Nossa, ela deve ser um deus então. — Alec estava impressionado. —Pra conseguir manipular esse tipo de coisa.

—Ela ia adorar ouvir isso. — Lynx riu. Uma moto em alta velocidade descia a rua, Lynx instintivamente puxou Alec para perto dele. —Mas continuando a responder suas perguntas, aqui é um território meio neutro, e fácil de esconder. Mas não é a única, existem muitas cidades como essa no mundo. Já ouviu falar sobre as Linhas Ley?

—Acho que já li algo sobre, — Alec fez um esforço para se lembrar. — tem a ver com lugares do mundo que atraem atenção de estudiosos.

Lynx fez que sim com a cabeça.

—Para os mortais, as Linhas Ley são pontos históricos e geográficos importantes que supostamente se alinham, tipo monumentos megalíticos, cordilheiras, montanhas, cumes e cursos d'água. As teorias são muitas. — Lynx explicava enquanto eles subiam a rua e Alec admirava os arredores com curiosidade, mas prestava atenção do que ele dizia. Era como ter um guia turístico. —Mas no mundo sobrenatural é uma rede mística de energia que se estende ao redor do mundo. Pode ser usada para muitas coisas, como por exemplo feitiços e rituais poderosos, pois tem uma energia mágica muito grande. As cidades dos híbridos ficam localizadas nas convergências dessas linhas.

—Você disse uma vez que a cidade era movida a energia demoníaca e angelical, como isso funciona exatamente? Tem a ver com essas Linhas Ley?

—Sim. Além da criadora da cidade, tem uma central de segurança onde muitos híbridos são responsáveis pelas barreiras. As Linhas Ley são usadas para fazer os feitiços que criam essas barreiras que protegem a cidade de invasores, e as Linhas são usadas para potencializar o poder dos híbridos.

—Tipo um catalisador. — Alec disse, Lynx fez que sim com a cabeça. —É o ponto perfeito para criar um lugar desse.

—Por isso tem muitos seres lá fora de olho aqui, mas é quase impenetrável. Até mesmo os anjos e demônios mais poderosos teriam que se esforçar muito para invadir, e aparentemente, não vale o esforço. — O rosto dele se contorceu com desgosto. —Mas os mais fracos ainda tentam. Tentativas de invasão são muito comuns.

Alec sentiu o temor e a raiva dele ao pensar nisso. Seria realmente uma pena se aquele lugar fosse invadido por forças malignas.

—Como esse lugar surgiu exatamente? Digo, quem o fez? Você disse que alguém o criou.

—Foi a própria Luce que fundou a Cidade dos Mestiços a mais de dois mil anos atrás. A Cidade passou por uma grande reforma depois de um ataque a mais ou menos seiscentos anos. Desde então, a segurança foi reforçada, e Luce raramente deixa a cidade porque o lugar também precisa do poder dela para manter as barreiras de pé e a cidade ativa. Se Luce sair por muito tempo, o lugar desmorona.

—Ah! Ela deve ser muito forte então, tipo um deus mesmo. — Alec falou impressionado. Estava muito ansioso para conhecer essa Luce.

—Luce é uma dos primeiros caídos. Ela é um dos duzentos anjos que caíram com Lúcifer durante rebelião que fez com que ele fosse expulso do céu.

Alec parou no meio da rua e olhou para ele.

—Então ela é tipo um seguidora de Lúcifer? Ela fugiu do inferno?

—Minha nossa, não! E não deixe ela te ouvir falando isso. — Lynx riu e eles retomaram a caminhada. —Nem todos os anjos caíram por seguir Lúcifer, alguns caíram por desejar liberdade. Viver por si mesmos, como os humanos. Alguns boatos dizem que Luce caiu por amor, mas foi traída, então se refugiou aqui e criou essa cidade para acolher os descendentes de seus irmãos.

—Muito nobre da parte dela. E isso tudo é muito interessante. — Alec contemplou o céu. Conforme eles andavam, as ruas iam ficando menos movimentadas. —Tem tanta coisa que o mundo não sabe. Tanta história, sobre um povo que eles nem sabem que existe.

—E é melhor que nunca saibam. — O tom de Lynx foi sombrio e preocupado. —A maioria das pessoas enlouqueceria diante disso tudo, e imagine sermos caçados por humanos também?

Alec estremeceu de horror porque ele tinha razão. Humanos reagem com violência ao diferente e ao desconhecido, na maioria das vezes.

—E para onde vamos agora? — Alec perguntou bem humorado, ele queria explorar, mas também se sentia um pouco cansado.

—Primeiro vamos ao castelo de Luce, ela deve estar dando alguma festa, mas preciso avisar que estamos aqui. Apesar de que ela certamente já sabe. — O sorriso dele era carinhoso, como se estivesse falando de uma irmã. —Mas depois podemos ir pra minha casa. Você parece cansado.

—Você tem uma casa? — Alec perguntou automaticamente e se sentiu bobo pela pergunta.

—Achou que eu morava nas ruas dentro de uma caixa de papelão? — Lynx arqueou uma das sobrancelhas.

—Claro que não! — Alec fingiu indignação, mas em seguida deu um sorriso sagaz. —Você jamais caberia dentro de uma caixa, mas cabe debaixo de uma ponte.

—Haha. Muito engraçado, Alexander.

Alec.

Lynx deu um sorriso enigmático.

—Luce é muito generosa. Ela me deu um lugar para ficar, e disse que eu podia reformar do jeito que eu quisesse, mais tarde te mostro.

O mistério explicito no olhar dele deixou Alec curioso.

Eles continuaram a subir a rua que ia se tornando cada vez mais íngreme e vazia. Logo os comércios ficaram para trás e eles foram entrando em uma parte mais residencial da cidade. A única companhia eram os postes de Luz azulada lançando sobras na calçada. As casas se enfileiravam, com portões baixo de ferros retorcido e quintais gramados, alguns com plantas exóticas. Deixando as residências para trás, eles entraram em uma passarela com muretas baixas, até Alec notar que era uma pequena ponte. A água escura ondulava com a brisa e as luas estavam refletidas na superfície, três pontos brilhantes flutuando no rio. A frente deles, enormes portões de ferro preto e muros cobertos por hera espinhosa se ergueram. Lynx estendeu a mão e os portões se abriram sozinhos com um rangido metálico. Alec o seguiu enquanto ele entrava despreocupadamente e subia uma escada que levava até as portas duplas de entrada. Era possível ouvir uma música estranha vazar pelas paredes. Alec ficou intrigado e fascinado tentando entender os sons e se perguntando que tipo de instrumentos poderiam produzi-los.

As portas se abriram bruscamente e uma figura pequena estava parada na entrada. Ela não devia ter mais do que um metro e meio. Os cabelos curtos repartidos no meio eram pretos, super lisos e batiam no maxilar. Seus os olhos redondos eram completamente brancos, sem íris ou pupilas, emoldurados por cílios grossos como pernas de aranha. Sua pele tinha um tom vampiresco sob o brilho do luar.
Luce trajava um vestido preto brilhante que tinha uma manga só, o outro braço descoberto expunha seu ombro esquerdo, e a peça abraçava seu corpo magro perfeitamente indo até a metade das coxas. Os pés estavam descalços, mas ela usava tornozeleiras de prata.

—Bem-vindo de volta, garoto idiota. Demorou ein? — Cumprimentou a pequena mulher com um sorriso afetuoso, apesar de suas palavras. A despeito de sua altura, sua voz era potente e alta.

—Luce! — Lynx subiu os últimos degraus indo até ela, mas Luce ergueu uma mão parando ele no meio do caminho. Suas unhas pretas eram longas e afiadas.

—Também gosto de você, mas sem abraços.

—Ah é, esqueci que você não gosta de contato físico. — Ele riu sem graça.

—Engano seu. Não gosto de contato físico com homens. — Ela corrigiu. Lynx revirou os olhos e Alec conteve uma risada.

Alec tinha pensando que Lynx falava dela como se fosse uma irmã, e de fato, só que ela estava mais para uma irmã mais velha, embora parecesse uma adolescente. Sua aura de poder era tão forte, que sua aparência inofensiva era totalmente sobrepujada por ela.

Bastava um olhar para notar isso.

—Err... Oi. — Alec acenou timidamente, pois Luce já tinha um olhar fixo nele.

—Olá, humano. — Ela inclinou a cabeça e semicerrou os olhos. Alec foi tomado por uma onda de nervosismo como se estivesse passando por uma inspeção. Ouviu tanto falar dessa tal de Luce que estava até um pouco sem jeito na presença dela. Como se estivesse conhecendo o presidente. Mas então, a expressão dela se transformou e ela sorriu calorosamente. —Seja bem-vindo à minha Cidade, menino. Agora que vocês estão aqui e juntos, estarão seguros. E Lynx já pode parar de se torturar também.

Alec soltou o ar sem saber porque estava tão aliviado. Então ele riu da cara avermelhada de Lynx pela última coisa que ela falou. Luce era gentil, mas havia algo nela que faria qualquer um ficar com receio perto dela.

—É um prazer finalmente te conhecer, Luce. E obrigado por me receber aqui na sua cidade. — Alec agradeceu sinceramente. Afinal, independentemente do laço entre Lynx e ela, Luce não tinha a obrigação de deixar um humano qualquer entrar em seu território tão altamente protegido, e ainda manter tal humano em segurança.

—Sem problemas. — Ela fez um movimento com o ombro como se não fosse nada demais. —Você é importante para Lynx, então é importante para nós também.

Alec ficou sem palavras diante disso.

Ele não era do tipo chorão, raramente chorava, mas naquele momento sentiu uma leve queimação nos olhos.

—Vamos, entrem, fiquem à vontade. Tem comida e bebida aqui, tenho certeza que o caminho foi longo. — Luce fez um gesto chamando-os para dentro. Quando eles entraram, as postas se fecharam com um estalo.

Lá dentro, a multidão abriu caminho para Luce passar. Ela caminhava confiante, exalando liderança. Alguns faziam uma revência a ela demonstrando respeito, ou simplesmente puxando saco. Pensou Alec. Alguém tão poderosa e em uma posição como a dela, certamente tinha muitos bajuladores interessados em seu status.

O interior do castelo era tão impressionante quanto o lado de fora. Uma série de janelas altas e arqueadas dos dois lados do espaço davam vista para o céu e o que pareciam ser jardins. Pessoas vestidas de preto dançavam, bebiam vinho, riam e conversavam sob o piso quadriculado de preto e vermelho. Havia um palco baixo em um canto onde uma banda tocava. A vocalista de cabelos rosa e vestido verde brilhante tinha uma voz doce e melodiosa. Alec prestou atenção na banda, eles tocavam instrumentos semelhantes aos que ele estava familiarizado, mas, ao mesmo tempo, eram ligeiramente diferentes.

No lado direito havia um corredor imerso em escuridão, e no esquerdo, uma plataforma se erguia. Luce subiu na plataforma, e se sentou em uma cadeira no centro, que parecia mais um trono. Era de madeira escura e esculpida e estofado vermelho. Ao lado dela estavam posicionados um homem e uma mulher. O homem tinha cabelos longos e pretos, mas a cabeça era raspada e tatuada na lateral esquerda. Uma cicatriz prateada cortava seu olho esquerdo, cujo olho era esbranquiçado como se fosse cego, e o outro olho parecia ser roxo. A mulher era tão alta quanto o homem, tinha uma postura perfeita e parecia em alerta. Sua pele era morena, os lábios carnudos estavam em uma linha rígida. Seus cabelos escuros ondulavam até a cintura, e ela usava um tapa-olho do lado direito do rosto.

Ambos armados até os dentes. Alec achou curioso, a princípio. Tantas pessoas armadas perambulando por aí, mas então ele se lembrou de Lynx falando das tentativas de invasão e achou que fazia sentido.

—Capitão e Capitã do Esquadrão de Ataque. — Lynx sussurrou em seu ouvido, seguindo o olhar de Alec. —Ele tem três divisões, e cada uma tem um líder e um vice.

—Esquadrão? Esse lugar tem tipo um exército? — Alec seguiu Lynx até uma mesa cheia de comida e bebida. Ele ofereceu uma taça de vinho a Alec que aceitou. Ele deu um gole, não era muito de beber vinho, mas aquele era o melhor que já tinha tomado. A bebida instantaneamente aqueceu seu interior.

—Sim, depois do ataque de seis séculos atrás, Luce achou que formar um exército era necessário. — Lynx serviu vinho para si mesmo. Alec observou achando graça. Depois de descobrir que álcool não causava nele nenhum efeito colateral anormal, ele parecia ter pego gosto pela coisa. —Mas alguns acham que ela só ficou paranoica. Eu discordo.

—Entendi. — Alec observou os guerreiros intimidadores ao lado de Luce. —Precaução nunca é demais. Não é paranoia querer proteger com unhas e dentes o que amamos. As pessoas que chamam essa proteção de paranoia não entendem isso porque não sabem o tamanho da importância que aquilo tem para nós.

—Sua sabedoria me assusta, as vezes. — Lynx olhou para ele um pouco perplexo. —E você tem toda razão. O maior medo de Luce é perder esse lugar, quase aconteceu uma vez, ela não quer arriscar de novo.

O tom de voz dele sugeria que ele também não queria perder sua nova casa. Lynx claramente amava aquele lugar.

—Levi é o Capitão da segunda divisão. Um excelente lutador, mas sua personalidade é meio questionável. — Lynx voltou a falar sobre os guerreiros, com um olhar de tédio para o homem de cabeça raspada. —Ele tem uma má reputação na cidade, mas se orgulha muito dela.

—Ele é perigoso? — Alec tentou ser sutil ao dar mais uma olhada na direção deles. O cara de cabeça tatuada tinha um sorriso estranho no rosto enquanto encarava a multidão.

—Ah não, ele só dá em cima de todo mundo. Como dizem no mundo mortal hoje em dia, já passou o rodo na cidade toda, homens e mulheres. — Lynx revirou os olhos, mas depois pareceu achar graça de algo. —Tem um bocado de gente com o coração partido que adoraria arrancar as bolas dele e pendurar na praça central.

Alec riu. Olhando melhor, ele percebeu que o Capitão estava era sorrindo para alguém na pista de dança.

—Não seria uma cena muito bonita, mas é compreensível. — Alec bebeu outro gole do vinho, lembrando que mal tinha tomado café da manhã e estava bebendo. Se não tomasse cuidado, aquilo subiria rapidinho para a cabeça. —Então ele só é galinha, não uma má pessoa exatamente.

—É, mas... Tome cuidado com ele, pois ele consegue ser muito persuasivo. — Lynx falava como se estivesse apenas dando um alerta amigável, mas Alec sentiu a acidez nas palavras.

—Eu não sou tão fácil assim. — Alec se sentiu meio ofendido. —Não caio no papo de qualquer cara, independente do quanto ele seja persuasivo. Você deveria saber bem disso.

Alec apertou os lábios achando que tinha falado demais, mas Lynx não demonstrou reação.

—Não disse que você é fácil, só...

—E a mulher? — Alec perguntou mudando de assunto, pois não queria continuar essa conversa. Ele sabia que Lynx estava com ciúmes, mas era um ciúmes completamente infundado por isso ele não queria discutir.

Lynx piscou um pouco confuso com a pergunta brusca, antes de responder.

—Angela é ainda melhor que ele, quando o assunto é luta. Capitã da primeira divisão. — A voz dele demonstrava muito respeito por ela. —Ela é mais reservada, mas também meio explosiva. Chamam ela de Cão de Guarda da Rainha, porque vive atrás de Luce como uma sombra e um cachorrinho.

—Ela gosta de Luce, talvez?

—Não... Que eu saiba. — Ele parecia em dúvida agora. —Mas eu acho que é mais gratidão e lealdade. Existem muitos lugares onde mulheres híbridas como ela são exploradas... Luce salvou Angela de um deles.

—Ah... — Alec sentiu nojo ao imaginar de que forma elas eram exploradas. —Mas que lugares são esses? Ficam aqui na cidade?

—Não, Luce jamais permitiria isso. — Ele balançou a cabeça. —O mundo sobrenatural é maior do que você imagina, Alec. Tem muito submundo podre por aí, esconderijos onde híbridos menos pacíficos fazem todo tipo de coisa horrível.

Alec estremeceu não querendo saber que coisas eram essas.

O homem de cabeça tatuada, Levi, sussurrou algo no ouvido de Luce, e ela fez um gesto dispensando ele e a mulher, Angela. Eles saíram costurando pela multidão com leveza, duas figuras imponentes que exalavam poder e aura de guerreiros. No meio do caminho, Levi enrolou o braço ao redor da cintura de uma mulher loura alta e levou ela com ele para fora do salão. Angela sequer olhou para trás, seu andar era firme e ela deixou o recinto sem se afetar com nada ao seu redor.

Luce fez outro gesto para que Lynx e Alec se aproximassem.

—Castiel não veio, por quê? — Luce perguntou quando eles chegaram na base da plataforma. Suas palavras foram curtas e diretas, mas ela não era grossa. Sua voz era do tipo que não era necessário fazer esforço para se ouvir mesmo com barulho, mas, ainda assim, podia ser suave.

—Ele esta ocupado com assuntos do céu. — Lynx respondeu. —Precisou voltar lá para cima, mas disse que em breve vai aparecer por aqui.

Alec percebeu que ele adotou uma postura mais formal, como se ele próprio fosse um soldado de Luce.

Com uma pontada de culpa, Alec percebeu que tinha até se esquecido do anjo ruivo que tinha aberto o portal e salvado a cara deles mais uma vez. Na realidade, tinha se esquecido de tudo de tão deslumbrado que estava. Tinha esquecido de seu apartamento destruído, de Amarantha, e da perseguição dos anjos e dos demônios. Tinha se esquecido até mesmo de Azazel.

Só não tinha se esquecido do beijo de tirar o fôlego na floresta.

E toda vez que pensava nele, sentia o estômago vibrar e o rosto ficava ligeiramente quente. Ele foi bebericar outro gole do vinho em sua mão e percebeu que a taça estava vazia, mas logo ele viu um garçom passando com uma bandeja, ele pegou outra taça, deixando a vazia no lugar.

—Duas noites atrás demônios apareceram e depois fomos atacados por Amarantha. — Lynx estava relatando os acontecimentos dos últimos dias quando Alec voltou a prestar atenção na conversa. —Ela tentou me matar com aquelas adagas de vento dela.

—Meiga como sempre. — Luce deu um sorriso forçado.

Com a menção de Amarantha, a expressão dela ficou ilegível, mas seus cílios tremeram.

—Então Castiel veio nos ajudar, — Continuou Lynx. — ele teve que abrir o portal imediatamente, mas ficou para lidar com os anjos que estavam vindo atrás de nós. Quanto ao demônio que está atrás de Alec... Não sabemos o que ele quer. Queria saber onde ele está se escondendo, e descobrir seus planos para que eu possa agir.

—Você o conhece? — Luce perguntou cruzando as pernas.

—Mais ou menos. — Lynx respondeu sem olhar para Alec.

—Vou enviar os Irmãos Sombras para dar um investigada nisso. — Luce olhava para Lynx, assim como Alec, percebendo que ele não estava falando algo a respeito desse demônio.

—Obrigado por toda a ajuda. — Lynx curvou um pouco a cabeça para ela.

Ela fez um gesto com a mão dispensando agradecimentos.

—Céu, Inferno... Nenhum deles vão conseguir fazer mal a vocês enquanto estiverem aqui. — Luce Tranquilizou. —Mas não podem se esconder para sempre. Creio que Alec queira voltar para seu mundo logo e retomar sua vida.

Alec se perguntou como ela sabia.

—Amanhã teremos uma reunião para discutir algumas coisas, apareça Lynx. Traga Alec também se ele quiser vir.

—Sim, senhora.

—Quanto a você... — Ela encarou Alec por um tempo. Seus olhos brancos eram inquietantes, pois o fato de não terem íris e pupila, tornava difícil saber o que se passava neles. —Aproveite a estadia.

Alec e Lynx ficaram por mais um tempinho na festa. Depois de terminar a terceira taça de vinho, Alec se sentia meio tonto, mas não bêbado a ponto de estar perdendo a noção e os sentidos. Só estava meio sonolento e alegre. Para completar, começou a sentir a exaustão pesando em seus ombros. Tinha sido uma longa caminhada da floresta até ali. Tinham sido atacado apenas algumas horas atrás, e agora ele estava em um mundo completamente diferente do dele. Fascinante, mas desconhecido. Ele tinha muita coisa para processar, o cansaço não era apenas físico.

—Quer ir embora? — Perguntou Lynx notando tudo antes que ele dissesse alguma coisa. Alec sacudiu a cabeça em afirmação. O mundo girou um pouco com esse movimento, ele bocejou e apoiou a cabeça no ombro de Lynx, fechando os olhos por um momento.

Lynx deu uma olhada para Luce que agora estava rodeada de homens e mulheres que pareciam estar paparicando ela. O ser de olhos brancos pareceu notar, e sua atenção se voltou para Alec e Lynx, então ela sorriu por cima da borda de uma taça de vinho e deu um tchauzinho para eles com a mão livre.

Ainda de olhos fechados, Alec percebeu que alguém o estava levando para fora do salão. Quando abriu os olhos e inclinou a cabeça para baixo, viu seus dedos entrelaçados nos de alguém. A mão era pálida e tatuada, os dedos longos com unhas curtas e quadradas.

A voz de Luce dizendo "Você é importante para Lynx" ecoou em sua cabeça.

Alec não soltou aquela mão, em vez disso apertou mais forte.

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