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Capítulo 12 - A Confissão

Quando Alec abriu os olhos, percebeu que estava deitado no sofá rodeado pelo silêncio. A luz fraca do fim de tarde entrava pelo vão da cortina da janela da sala, flocos de poeira dançavam no ar. Era noite quando Castiel apareceu ali, quanto tempo ele tinha ficado inconsciente? Ele virou a cabeça com cuidado e viu alguém sentado em uma cadeira invertida apoiando os braços no encosto, observando ele. Era Castiel. Seu olhar preocupado se desfez quando viu Alec recobrar a consciência.

—Lynx. — O nome saiu da boca de Alec automaticamente, antes que ele pudesse raciocinar. Sua boca estava seca e áspera como uma lixa, ele franziu o rosto.

—Lynx teve o que vocês chamam de gay panic e fugiu para o telhado. — Contou Castiel com uma risada irônica.

—Quê? — Alec se sentou lentamente, se sentia muito tonto, e confuso. Como se tivesse tido um sonho muito longo e não se lembrasse de todos os detalhes ainda.

—Vi esse termo recentemente, achei engraçado. Diferente de Lynx, não tenho as mesmas restrições quanto a cultura mundana. — Ele explicou como se Alec tivesse perguntado. —Apesar de eu estar abaixo na hierarquia em questões de poder, sou tipo um anjo VIP, posso ir aonde eu quiser e fazer quase tudo que eu quiser, mas não tenho permissão de compartilhar informações com outros anjos.

—Ah. — Era o máximo que os neurônios de Alec conseguiram produzir naquele momento.

—Mas então, a boa notícia é que seu cérebro não derreteu. — Castiel se levantou e virou a cadeira sentando do lado certo, cruzou os braços e observou Alec.

—Você mentiu, disse que não ia doer. — Acusou Alec massageando as têmporas. Castiel o ignorou.

—A má notícia é que o feitiço de memória é mais forte do que pensei, o demônio que o deixou ai se empenhou. Aposto que você não conseguiu ver a identidade dele, mas deve ter lembrado de todo resto, não é?

Alec fez que sim com a cabeça e o movimento causou uma pontada de dor que se espalhou por todo seu crânio.

—Aqui. — Castiel jogou algo para ele. Alec não teve tempo de pegar e o frasco caiu em seu colo, era um daqueles remédios angelicais que ele tinha usado em Lynx na Cidade Fluorescente. —Vai melhorar a dor. Serve pra humanos também.

Alec abriu a tampa e respirou seja lá o que fosse aquilo, foi instantâneo, não parecia mais que sua cabeça ia explodir.

—Não consegui ver o rosto dele, mas do jeito que ele falou... Parece que é pessoal, mas não me lembro de ter irritado nenhum demônio, não entendo o que ele quer comigo. — Alec estremeceu com a lembrança. As palavras do demônio eram confusas, mas não havia dúvida de que era muito ruim, seja lá o que significassem. —Você tem alguma noção do que seja? Lynx te contou algo sobre esse demônio? Eu sei que ele sabe mais sobre isso, mas tem medo de me contar.

—Não, não faço ideia. — Castiel pareceu sincero. Também parecia meio preocupado. —E Lynx deve ter os motivos dele. Seja paciente com ele.

—Ser paciente com ele é tudo que tenho feito desde que ele apareceu. — Alec se levantou para beber água. Ele franziu a testa se lembrando de algo. —O que você disse sobre ele ter fugido pro telhado?

Castiel riu e seus braços caíram soltos ao lado do corpo. Sua pose era descontraída, como se não tivesse acabado de hackear o cérebro de alguém.

—Você provavelmente viu algo que ele realmente não queria, e se meu palpite estiver certo, é algo que envolve ele sendo completamente vulnerável em relação a você.

Então Alec se lembrou do resto da cena. Ele próprio no chão com um buraco sangrento no peito, praticamente morto, Lynx desesperado e vomitando sangue após reunir seu escasso poder para curá-lo. Ele engasgou com a água. Algumas coisas estavam cada vez mais óbvias, mas Alec se negava a olhar para elas de perto. Ele tinha praticamente morrido, ninguém sobreviveria com um ferimento daquele, e Lynx tinha usado um poder que ele mal tinha para curá-lo. Por que mais ele faria isso se não fosse porque nutria algum sentimento por Alec? Mas não fazia sentido.

—O Lynx tem muitos lados, mas as verdadeiras partes dele, ele costuma esconder. — Castiel disse de modo enigmático. —Não é que ele esteja sendo insincero com você, mas ele vai fazer o possível pra não demonstrar as fraquezas e coisas que ele acha que pode incomodar ou machucar outras pessoas.

Alec pensou sobre isso. Meio que fazia sentido. Alec não achava que Lynx não tivesse sido totalmente sincero até agora, tinha momentos que ele tinha sido espontâneo demais e isso não era algo que dava para fingir com facilidade. Porem, tiveram ocasiões que era como se ele estivesse tentando demais.

—Você o conhece a muito tempo? — Alec perguntou de costas enchendo um segundo copo de água no filtro.

—Sim. Eu estava lá quando Lynx subiu. — Revelou Castiel. Alec se virou para ele tentando esconder a curiosidade de saber mais sobre Lynx sob a perspectiva de outra pessoa. -Lynx parecia alguém que tinha acabado de sair de uma guerra. Ele não falava muito, mas com o tempo foi se soltando, apesar de nunca ter se adaptado. Também nunca falou sobre seu passado, seja lá o que o aflige, sei tanto quanto você, mesmo sendo o melhor amigo dele.

-É... Até recentemente não percebi que tinha algo o afligindo. — Alec disse em voz baixa.

Quando Lynx mencionou brevemente sua vida humana, Alec notou que ele parecia amargo sobre isso, mas logo começou a notar que era pior do que ele pensava. Estava tão ocupado tentando desvendar os enigmas do Lynx atual que não percebeu que havia um Lynx do passado que talvez estivesse sofrendo ainda.

—Eu sei que tudo isso deve ser muito confuso e assustador pra você. — Castiel tinha uma expressão compreensiva em seu rosto bonito. —Eu também não sei porque Lynx fez tudo isso por você, mas conhecendo ele, provavelmente ele olhou pra sua cara e te achou bonito demais pra morrer. Mas não foi algo da noite pro dia, ele te observou bastante, passou dias choramingando lá na Cidade Fluorescente porque tinha encontrado um humano que não queria matar. Sinceramente, foi lamentável. Então do nada ele surtou e o céu virou um caos. Mas foi a primeira vez que vi ele tão motivado. Tão vivo.

—Eu... — Alec nem sabia ao certo o que responder. E quando olhou para o relógio da parede perdeu completamente qualquer reposta. —Perdi o horário de ir trabalhar! Merda!

Se passavam das cinco da tarde. Ele correu para pegar o celular e ligou para sua gerente. Depois de uma longa conversa, ela disse que ele não precisava mais ir trabalhar e que o dinheiro seria depositado em sua conta. Ele estava oficialmente demitido e não tinha nem contado para Rebeca, se sentia péssimo. Falando em Rebeca, ele aproveitou para chegar as mensagens e viu que ela ainda não tinha respondido. Preocupado, ele tentou ligar para ela, mas caiu na caixa postal, o que o deixou pior ainda. Era só o que faltava, algo ter acontecido com ela e o namorado por culpa dele.

Irritado, ele jogou o aparelho no sofá e se sentou fechando os olhos tentando organizar os pensamentos. Castiel observava ele, e Alec não sabia o que fazer com tudo que o anjo tinha lhe dito, não sabia o que pensar do que tinha visto em sua memória bloqueada. Sua mente era um caos de pensamentos confusos e angustiantes.

—Bom, é isso, vou indo. — Castiel se levantou abruptamente e abriu a janela se empoleirando no parapeito. Alec arregalou os olhos para cena, mas lembrou que anjos podiam ficar invisíveis, então parou de se preocupar com os vizinhos.

—Assim do nada? Não vai se despedir de Lynx?

—Nah, eu já sei que ele tá bem, é o suficiente. — Castiel sorriu. —Diz só que eu dei um tchau e que Luce quer vê-lo logo. Não tenho mais nenhuma missão no inferno por enquanto, então se precisarem, diga pra ele mandar uma mensagem, acho que os poderes dele ainda são o suficiente pra pedir ajuda pelo menos, então não hesitem.

—Castiel, obrigada. — Alec agradeceu sinceramente. —Por ter ajudado com as minhas memórias e todo resto...

Castiel sorriu.

—Cuide bem dele, Alec.

Com isso o anjo pulou da janela, Alec foi até lá e o viu fazendo círculos no céu, subindo cada vez mais longe até sumir. No fim, apesar da irritação inicial, Alec tinha criado um pouco de simpatia por ele. Achou que era bom que Lynx tivesse tido pelo menos uma companhia agradável esse tempo todo.

Por falar em Lynx, depois que Castiel se foi, Alec queria vê-lo, mas por algum motivo também estava com medo. Lynx não queria que Alec se lembrasse daquele dia no beco, mas também se ressentia por Alec ter esquecido dele. Parecia contraditório, mas de alguma forma, Alec entendia agora. O que Lynx não queria que Alec visse - além do próprio assassinato - era o jeito que o anjo tinha agido em relação ao ocorrido. A vulnerabilidade. A forma como ele se desesperou ao ver Alec sangrar. O jeito que Lynx o segurou como se fosse a coisa mais preciosa que já tivesse segurado. As lágrimas em seu rosto pálido de horror diante da quase morte do humano. E era tudo isso que assustava Alec. Não entender porque o anjo tinha agido assim, ou melhor, ter medo de entender o que motivava suas ações. Lynx tinha agido de um jeito semelhante na Cidade Fluorescente, mas por algum motivo, a cena de suas lembranças parecia mais intensa, como se o anjo tivesse abaixado todas as suas defesas e exposto seu verdadeiro eu.

Desde o momento em que apareceu, Lynx o deixava abalado e confuso, mas agora os motivos disso eram outros. Não tinha mais a ver com medo e desconfiança, mas sim sentimentos que ele não compreendia misturados com desejo. Ele não conseguia esquecer a sensação das mãos de Lynx no corpo dele na noite anterior no banheiro do bar, ou a forma que Lynx se aproximou dele como se quisesse beijá-lo. Mas talvez Alec tivesse imaginado tudo. Talvez o anjo nem tivesse noção do que realmente significava suas ações, ou talvez significasse algo completamente diferente para ele, algo que Alec não conseguia compreender.

Em vez de ir procurá-lo no telhado, Alec resolveu enrolar um pouco tomando banho e comendo algo antes que realmente desmaiasse de fome. Quando não tinha mais o que fazer, vestiu um moletom com capuz, reuniu coragem e saiu do apartamento. Havia uma outra escada no último andar com uma porta no fim que dava para o telhado do prédio, onde as pessoas geralmente colocavam varais e guardavam bicicletas velhas e outras bugigangas. O prédio em si tinha apenas dois andares, era uma construção pequena e baixa, mas havia vários prédios iguais ao redor formando um conjunto habitacional.

Quando ele abriu a porta destrancada, o vento golpeou seu rosto, ele ergueu o capuz para se proteger. Já tinha escurecido completamente, e a noite estava bem fria, e o céu era um infinito de escuridão sem estrelas. Lynx estava inclinado sob a grade de ferro do parapeito, as costas curvadas e os pés cruzados. Quando notou a presença de Alec se virou bruscamente como se tivesse se assustado e parecia não saber o que fazer com as mãos. Alec se aproximou calmamente e parou ao lado dele apoiando os cotovelos na grade. Folhas caiam das árvores e voavam em redemoinho. Ele olhou para a rua vazia e calma.

—Não sabia que dava pra subir aqui pelo lado de dentro do prédio. — Lynx deu uma risada sem graça, puxando assunto.

—Você subiu voando? — Alec riu com vontade. —Não se esqueça que você não pode mais ficar invisível, daqui a pouco os vizinhos vão começar alguma lenda urbana sobre um morcego albino gigante.

—Morcego? — Lynx curvou os lábios para baixo, os olhos brilhantes. —Você me acha tão feio assim? Nossa...

Alec bufou uma risada.

—Foi só uma brincadeira, você não tem nada de feio.

—Então você me acha bonito? — Lynx tentava não sorrir. Era admirável como ele conseguia alternar suas expressões, de manhoso a brincalhão em meros segundos. Mas apesar de sua tentativa de parecer despreocupado, Alec notou o nervosismo em seus olhos claros.

Em vez de responder, Alec apenas o encarou como se a resposta fosse óbvia.

—Relaxa. Ninguém me viu, a rua está vazia. — O anjo riu e voltou para a posição de antes, apoiando-se na grade como Alec. O vento agitava seus cabelos para trás e os pingentes dos brincos na sua orelha acompanhavam o movimento. O perfil dele recortado pelo fundo escuro do céu noturno, era perfeito. O maxilar afiado, e o nariz reto, as sobrancelhas arqueadas e os cílios longos que tocavam as maçãs do rosto quando ele piscava. Alec desviou o olhar e apertou o capuz da blusa ao redor do rosto.

—Não consegui ver o rosto do demônio. — Ele disse.

—Eu não esperava por isso. — Lynx falou sombriamente. —É preciso muito poder pra fazer um bloqueio desse. Quando ele disse que ficaria mais forte, não dei muita ligação porque não é fácil um demônio como ele conseguir poder assim, acho que o subestimei.

—Na memória ele disse vai me matar e me ver renascer. — Alec sentiu um arrepio ao lembrar. —O que ele quis dizer?

—Isso eu realmente não sei, mas não importa. Se ele vir atrás de você de novo, vou estar aqui. — Ele disse isso de forma tão confiante e determinada que Alec sentiu um no na garganta. E culpa. Lynx não estava forte o suficiente, e se algo acontecesse a ele tentando proteger Alec?

—Quem é esse demônio afinal? Eu sei que você sabe mais do que está me contando...

—Há muito tempo... Ele era um humano, mas se tornou tão corrompido que virou um demônio. Ele tem uma fama no céu, vive tentando conseguir poder de todas as formas possíveis, mas sempre fracassa. Até agora, ele era levado mais como uma piada, mas acho que ele finalmente está conseguindo o que queria. — Lynx contou. -Quanto ao que ele quer com você, eu realmente não sei, Alec. As intenções dele não são muito claras.

—Iguais as suas. : Alec disparou. Ele se sentiu mal quando lembrou tudo que Castiel falou sobre Lynx, mas tudo que ele queria era um pouco de clareza. Queria entender o que ele realmente sentia para que as coisas que ele fazia começassem a ter algum sentido.

—Pergunte o que quiser então. Você já viu tudo aquilo mesmo... — O pomo de Adão de Lynx tremeu quando ele engoliu em seco, parecia não ter coragem de olhar para Alec. —E não é como se eu estivesse me esforçando pra esconder como me sinto.

—Tudo bem, então... Você gosta de mim? — Alec foi direto, e não tirou os olhos de seu rosto querendo registrar cada reação.

—Gosto. — O rosto dele nem tremeu.

—Em que sentido?

Lynx riu como se a pergunta fosse idiota.

—Acho que você sabe.

—Mas você sequer entende o que gostar de mim significa? Eu sou homem e você é um anjo.

—Eu já fui humano, Alec. — O tom de voz dele fez Alec se sentir bobo, como uma criança tendo algo óbvio sendo explicado a ela. —E pode ter certeza que já existiam gays setecentos anos atrás, antes até. Isso não é exclusividade do século vinte e um, embora as coisas sejam bem diferentes agora.

Alec sabia que ele tinha razão. Alec também sabia que tudo isso era extremamente óbvio, ele apenas estava em negação desde o começo.

—Você já sabia que gostava de homens setecentos anos atrás? — Ele ergueu as sobrancelhas. —Quando era humano, quero dizer.

—Na verdade, nunca me importei com gênero. — Lynx respondeu sem hesitar. —Eu sempre imaginei que quando gostasse de alguém, seria pelo que a pessoa é por dentro e não por fora. Só isso. Eu fui criado de uma forma diferente considerando aquela época... E fui criado por pessoas que não se importavam muito com os preconceitos da sociedade. Talvez isso tenha sido a única coisa boa, assim pude compreender melhor quem eu era.

Alec ouviu atentamente aquele pequeno vislumbre de seu passado. Infelizmente, o anjo não disse mais que isso. Alec soltou o ar.

—Você já ficou com um homem?

—Sim. — Lynx hesitou e ficou um pouco vermelho. —Mas não daquele jeito... Só nos beijamos. Muito.

Alec não queria saber quem ele tinha beijado muito. Claro que não. Devia ter acontecido a muito tempo atrás e não importava. Ele mordeu o interior da boca para reprimir a pergunta.

—E eu aqui pensando que você não sabia de nada. — Alec brincou depois de um tempo em silêncio. —No começo, achei que você nem pensava nesse tipo de coisa... Mas sinceramente, você começou a me deixar meio confuso.

Lynx olhou para ele com um sorriso de canto.

—Eu penso muitas coisas quando se trata de você. — Seu sorriso se tornou levemente malicioso. —Você nem imagina. E não se preocupe mais em ficar confuso, vou ser mais direto de agora em diante.

Alec estremeceu e disse a si mesmo que era de frio. Se Lynx fosse mais direto, ele tinha medo do que poderia acontecer.

—Pare com isso. — Disse o humano, mas queria sorrir. —Você está destruindo completamente a imagem inocente que eu tinha de você.

—Talvez eu tenha exagerado um pouco fingindo ser inocente pra você não perceber o quanto sou detestável.

—Não sei se detestável é a palavra certa... — Alec pensou um pouco. —Tá mais pra ardiloso.

—Tudo bem, quer um pouco de honestidade? — Lynx ainda se apoiava na grade, mas virou o corpo na direção dele encarando seus olhos. —Eu realmente não conhecia muito sobre tecnologia e outras coisas desse século, mas eu tentei criar uma imagem diferente de mim porque não queria que você me visse como realmente sou.

—Se você espera que alguém goste de você, precisa mostrar quem realmente é. Se não a pessoa nunca vai gostar de você de fato.

—Eu sei. — Lynx suspirou e mudou de posição voltando a olhar para frente, ele inclinou a cabeça e olhou pro céu. —Mas eu não espero que você goste de mim, fico feliz apenas por eu gostar de você.

—Mas você nem me conhece, Lynx.

—Conheço o suficiente. — Lynx olhou para ele de novo e sorriu. —Não acredita em amor a primeira vista? Além disso, não estou pedindo nada de você. Eu fico feliz apenas por estar ao seu lado e aceitar o que você quiser me dar. Quero ver você feliz, só isso.

Isso era intenso demais e Alec não sabia o que responder. Ele queria fugir. Uma vez ele quis pular do prédio com medo de Lynx, agora ele queria pular por medo dos sentimentos dele.

—Não quero tornar essa situação desconfortável pra você. — Continuou Lynx. —Se preferir podemos fingir que eu nunca disse nada.

—Como se isso fosse possível. — Sussurrou Alec. Ele enfiou as mãos no bolso do moletom com os punhos fechados.

Alec não podia retribuir os sentimentos de Lynx, porque ele não se sentia da mesma forma. Mas ele também não sabia como se sentia. Estaria mentindo se dissesse que não se sentia fisicamente atraído por ele, mas isso não era o mesmo que amor. Sua mente estava confusa e seu coração apertado e aflito. Ele não conseguia entender o que tinha de tão especial a ponto de fazer um anjo se rebelar e abandonar o céu por ele. Era quase uma blasfêmia. O tipo de coisa que se lia em romances de fantasia, mas embora isso não fosse um livro, Alec se sentia como o protagonista de um romance trágico que não sabia se teria final feliz.

—Eu só não quero magoar você. — Admitiu Alec. —Não sei o que sinto, e ainda não te conheço muito bem.

—Você pode me conhecer o quanto quiser, temos tempo. — Lynx ergueu a mão e tirou uma mecha de cabelo do rosto dele.

Naquele momento, Alec sentiu um tipo diferente de ansiedade, ele não sabia identificar com precisão o sentimento. Era como querer pular de um precipício, não para encontrar a morte, mas sim esperando descobrir uma vida nova lá embaixo.

—Tudo bem então. — Alec falou. —Pode começar me mostrando mais do seu mundo, me leve pra essa tal Cidade dos Mestiços. Fui demitido mesmo, podemos ir antes do combinado.

Lynx pareceu surpreso.

—Tem certeza?

—Sim, podemos ir amanhã, só preciso arrumar algumas coisas e me preparar.

Lynx não estava conseguindo disfarçar a animação.

—Luce vai adorar você. — Ele disse. —Tem alguns lugares que quero te mostrar, lá parece um pouco com o mundo mortal, mas a tecnologia é diferente, as coisas são movidas a magia e energia demoníaca e angelical.

—Demoníaca e angelical porque híbridos tem os dois tipos de poderes?

—Isso, e isso faz deles muito mais fortes, por isso são caçados pelo céu e inferno. Híbridos de humanos com anjos ou demônios, por algum motivo, são mais poderosos ainda, do que filhos de anjos com demônios. Alguns anjos caídos se refugiaram lá também... Mas eles são mais reclusos, ninguém sabe muito sobre eles. Exceto Luce, já que ela é uma deles.

Lynx pareceu um pouco amargurado ao falar sobre os anjos caídos, embora essa Luce que parecia ser tão querida, fosse um.

—O que foi? Eles são ruins? Luce me parece ótima pelo que você diz.

—Luce é uma exceção. — Ele sorriu brevemente. —É só que eu estou prestes a me tornar um anjo caído, não é uma coisa pra se orgulhar. Não é muito melhor do que ser um demônio, sabe? Demônios nascem de coisas e pessoas ruins, por isso não gosto da ideia de ser comparado a eles. — Uma pausa, como se ele estivesse escolhendo as palavras. Ele soltou uma risada amarga. —Claro que estou sendo um grande hipócrita. Quando era mortal, eu definitivamente não era bom, mas quando me tornei um anjo pensei que no fim talvez eu não fosse tão ruim assim, mas me tornar um anjo caído parece uma piada, como se eu não tivesse escolha a não ser decair. Não me arrependo dos motivos que me levaram a isso, é claro. Mas isso faz eu me questionar qual é o meu propósito afinal, se é que existe um.

—Uma vez você me disse que rótulos eram inúteis, e que o que importava era o caráter. — Lembrou Alec. —Isso não se aplica a você? O que importa se você vai virar um anjo caído ou não? Você não continua sendo você? Não importa o que você é, e sim como você escolhe ser. Por que você se menospreza assim, Lynx? Não importa o que você fez em sua vida humana, se você tem consciência de que era ruim é porque você também conhece a bondade e até agora não vi nada além dela em você.

Lynx olhou para ele surpreso e ficou em silêncio. Alec ficou envergonhado pelo discurso, mas era sincero.

—Acho que acabei de descobrir o meu propósito.

—Qual? — Alec perguntou sem olhar para ele, distraído com os próprios pensamentos.

—Outro dia te conto.

Alec ergueu a cabeça para olhar para ele e viu que Lynx sorria como se realmente estivesse guardando um segredo. Alec não pressionou para saber, eles ainda estariam juntos quando Lynx quisesse contar.

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