Cap. II - Interrogatório
A jovem loira estava sendo levada para a homicídios de Saint Louis. Dentro da viatura haviam mais dois policiais, ambos conversavam sobre assuntos paralelos, então a jovenzinha tratou de não se meter. Sua cabeça estava girando, a menina estava desnorteada.
Olhou para o lado de fora, o vento tocava a janela do veículo oficial, logo atrás, o carro dos detetives. Sentiu-se uma prisioneira, assustada e nervosa, quase vomitou, porém segurou o máximo possível para que isso não viesse a acontecer.
Poucos minutos, naquela velocidade da viatura, e logo já estavam na homicídios. De lado a lado, a garota foi levada pelos dois policiais, ela estava algemada. O trabalho dos dois era monótono, sempre deveriam levar a mesma para um interrogatório. Ao redor, os demais detetives, peritos criminais e algumas outras pessoas comuns, observavam a menina tão frágil sendo levada para a sala de interrogação.
Foi colocada algemada em uma cadeira, ela estava assustada, seus olhos curiosos admiravam o lugar. Escuro, com apenas uma entrada de luz vinda de uma pequena janela a sua esquerda, uma porta escura, uma mesa de metal e uma enorme janela negra no centro.
Ambos os detetives adentraram aquela porta. Mackenzie ficou de pé ao lado da menina, já Blake sentou-se na cadeira, ficando frente a frente com a mesma. Seus olhos castanho escuro ficaram cravados nos olhos azuis de Leslie, parecia querer ver sua alma.
— As vezes fico me perguntando, o motivo da traição. Pessoas confiam nas outras e de repente, recebem uma apunhalada pelas costas — Mackenzie aproximou seus lábios ao ouvido da garota.
— O que aconteceu na noite de ontem, Leslie? — Blake se manteve sem desvios.
A garota não moveu um músculo, estava claramente assustada, não disse nada, apenas manteve seu silêncio.
— O que foi? O gato comeu a sua língua? — o detetive era sempre mais agressivo que sua parceira.
Blake levantou-se e caminhou em direção ao homem. Puxou vagarosamente seu braço e colocou seus lábios vermelhos ao pé de seu ouvido.
— Nick, ela está assustada. Me deixe falar sozinha com ela? — piscou para o homem.
— Tudo bem, mas se ela não quiser falar, será do meu jeito — ele deu dois tapinhas no ombro da detetive e saiu da sala.
A morena se aproximou da jovenzinha que estava em uma espécie de modo defensivo. Ela estava paralisada, nem sequer estava piscando, respirava acelerado e seu coração batia em um ritmo descompassado.
— Está tudo bem, minha querida. Olha, eu só preciso saber o que aconteceu na noite de ontem — A menina permaneceu inerte. — em quase cinco anos que trabalho na solução de casos, é a primeira vez que vejo um assassino ligar para o 911, pedindo ajuda para sua vítima... Você deve entender o que quero dizer, não? Eu preciso de qualquer mísera pista, de um nome apenas... — mordeu o lábio. — eu sei que você está nervosa, mas não acho que seja capaz de matar uma amiga.
Leslie ainda estava em silêncio, não moveu um músculo, parecia uma estátua que continha dentro da mesma uma bomba de emoções, pois sua respiração estava tão pesada ao ponto da mulher conseguir ouvir.
Não durou muito tempo aquele interrogatório, porque se ouviu do lado de fora dois toques na porta. A detetive abriu de leve, era seu capitão. Sua feição continuava a mesma. Ele deu uma olhada para dentro de relance.
— Anne, essa garota não vai falar nada. Temos que levá-la presa, pelo menos até ela resolver falar alguma coisa.
— Mas capitão, eu não acho que ela seja culpada... todavia você tem razão, ela não deve ir para casa, precisa ficar até que a verdade seja explícita.
— Certo, vou pedir para o sargento Harry levar ela para uma cela daqui.
A detetive saiu pela porta, deixando a menina sozinha. Blake estava saindo para ir a sua sala, quando de repente um casal desesperado veio em sua direção. O homem já era conhecido, Josh White, o pai de Leslie.
— Detetive, onde está minha filha? — ele se aproximou rapidamente. Seu tom de voz atraiu alguns olhares para o trio.
Logo, o parceiro de Blake, o detetive Nickolas Mackenzie, veio na direção dos três. Sua feição quase nunca mudava, quase sempre sério no trabalho e muito brincalhão nas horas vagas.
— O que querem? — arqueou sua sobrancelha direita, colocando suas mãos na cintura.
— Minha filha — A mulher pediu desesperada.
— Leslie? — sua voz era firme.
— Ela vai ter que ficar em reclusão aqui mesmo na homicídios. Querem falar conosco em nossa sala? — Blake os convidou.
— Sim, por favor — Carolyn White, mãe de Leslie, estava com os olhos cheios de água.
Os quatro partiram então para a sala dos detetives. Ao chegar lá, convidaram o casal para se sentar. A mulher tomou a palavra.
— Eu não entendo... Leslie jamais machucaria a Danna — engoliu seco.
— Ela não quer falar nada, nem o que houve ontem a noite. Senhora White, temos muitos casos de pessoas que foram presas negando até o último segundo serem culpadas, quem dirá pessoas que não falam nada. É como um consentimento — Blake explicou.
— Ela precisa contar, pode ser somente um nome, mas precisa. A vida na cadeia não é fácil, nem para uma adolescente — Mackenzie foi rígido com suas palavras, seu apelido era capitão sério.
— Se quiserem nos falar qualquer coisa. Precisamos de nomes, a gente tem que ter suspeitos, e infelizmente por enquanto, todas as provas apontam para sua filha... Danna foi esfaqueada e Leslie tinha uma faca em suas mãos, fica difícil acreditar em sua inocência.
— Não pode ter sido algo acidental ou coisa do gênero? — a expressão de sua mãe era de tristeza. O pai da menina apenas ouvia atentamente com uma expressão de tristeza.
— Ainda não sabemos a causa da morte ou quantas apunhaladas ela recebeu, ainda aguardamos a legista nos ligar, porém havia muito sangue — A detetive contraiu os lábios.
— Leslie não é uma garota má... apesar de ser considerada esquisita... — enxugou uma lágrima que escorreu pelo canto dos olhos. — minha filha sofre bullying.
— Bullying? — os detetives se entreolharam.
— Sim, ela nunca teve amigos, até uns anos atrás, foi quando a Danna, que ganhou uma bolsa de estudos na
school of origin of champions. Ambas fizeram uma grande amizade.
— Sua filha tinha algum comportamento que alguma criança que sofre esse tipo de tratamento na escola? — o detetive tentou ser mais cuidadoso com as palavras.
— Ela é quieta, sofre de ansiedade, fobia social e já teve anorexia... — A voz da mãe quase falhou ao descrever os problemas pelos quais a menina passava.
— Ela e Danna já tiveram alguma discussão séria? — Blake não conseguiu perguntar, mas seu parceiro era bem mais indelicado e sério.
— Não, nunca. Detetives, as duas pareciam irmãs, elas se complementavam... se para nós foi um choque, imagine para ela que provavelmente até presenciou essa cena dolorosa.
— Como era a relação da Danna com os pais dela? — dessa vez a morena tomou a fala.
— Sua mãe foi embora de casa quando a menina era apenas uma criança. O pai dela eu não conheço muito bem, mas ele não me parece um bom homem, parece que já tem passagem pela polícia, posso descobrir isso rápido.
— Carolyn é escrivã na delegacia municipal aqui de Saint Louis — pela primeira vez o marido tomou a fala.
— Entendo — disse White. — os senhores podem ir para casa, nós iremos cuidar disso. Provavelmente iremos o mais rápido possível para sua casa, encontramos algo por lá que não me pareceu parte da decoração.
— Que coisa? — o casal se assustou.
— Quando entrei na sua casa, eu percebi que uma de suas janelas havia sido quebrada, e um pouco mais a frente vi um tijolo ao chão, nele dizia uma palavra ofensiva para sua filha — Blake falou.
— Oh... pobrezinha — A mulher engoliu o choro.
— Certo, iremos aguardar que vocês apareçam em nossa casa — o marido se levantou da cadeira e em seguida sua esposa. A dupla se despediu dos detetives e se foi.
Agora sozinhos os dois permaneceram em silêncio. Apenas pensando em qual o possível desfecho que aquele caso poderia levar para eles.
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Quase uma hora depois daquilo, o celular de Mackenzie tocou, era Rachel a legista.
— Detetive Nickolas Mackenzie.
— Nick, estou com o resultado da autópsia pronto. Podem vir.
O homem sorriu de canto para sua parceira que logo entendeu do que se tratava, seus olhos brilharam.
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