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Capítulo 3

Nove anos atrás

Mãe, tô saindo!

De novo, Clarice? E onde você vai dessa vez?

Voltei alguns passos para trás e fui em direção à cozinha, onde estava minha mãe!

Combinei de me encontrar com o Cris... Ele vai me acompanhar nas compras pra viagem!

Minha mãe me olhou de canto de olho, com aquela típica expressão desconfiada no rosto.

E ele vai mesmo com você?

Às compras? Claro que vai! Ele não resiste aos meus encantos - fiz uma pose

Não, menina.... Pirenópolis

Emudeci porque, apesar da minha insistência, ele não tinha me confirmado nada. Minha mãe não sabe, mas ultimamente eu e Cris estamos meio estranhos, como se algo tivesse mudado entre a gente. É esquisito porque ele sempre foi como um irmão pra mim e agora, já tinha duas semanas que não nos falávamos. Da minha parte, evitava ficar à sós com ele. Cristiano, por sua vez, usava os estudos e o recém trabalho como desculpa. Não era bem um sentimento ruim que estava surgindo, só era...Estranho. E assustador. Pra ser sincera, até achei estranho ele ter aceito meu convite.

Fica tranquila que, ainda hoje, você tem sua resposta - deu um beijo na bochecha dela e belisquei um pedaço da carne que estava na panela

Você só vai se ele for, Clarice! - retrucou ela com as mãos nos quadris

Mãe, eu não sou mais uma adolescente inconsequente - pisquei pra ela e corri para a porta - Até mais tarde!

Olha lá, hein? Juízo - ouvi ela dizer ainda enquanto fechava a porta.

Caminhei rápido para o ponto de ônibus onde Cristiano me encontraria.

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Depois do ocorrido, Cristiano se ausentou da cafeteria e dos arredores da casa de Giuliana. Ainda não tinha aceitado de todo o novo cenário em que ele contasse com a ajuda de quem, em tese, ele estava investigando. Ou teria que investigar. Se já era arriscado fazer isso sozinho, contando com seus próprios recursos, um MP, corregedoria ou qual quer que seja o órgão público com autorização para prendê-lo, imagina com uma jovem de vinte e poucos anos na sua cola?

Por outro lado, sabia que parte do mistério poderia ser resolvido com a ajuda dela. Mas seria um pouco estranho para ele virar para Giu e dizer: "bem, você não é apenas Giuliana mas algum tipo de reencarnação bizarra de outra mulher que foi brutalmente assassinada". Não lhe parecia uma boa forma de iniciar uma parceria. Não se ela fosse minimamente normal.

Por essa razão, Cristiano decidiu deixá-la em stand by até que ele reorganizasse seus planos.

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Três semanas se passaram e Giuliana não teve sequer um contato de Cristiano. Era inegável a frustração que se abatia sobre ela. Ao menos, buscou não afetar sua rotina de modo significativo após sua mudança repentina de postura. No trabalho, ainda mantinha-se no horário mesmo que com certos lapsos durante o expediente.

Sem apetite para comer, Giu usou seu horário de almoço para fumar do lado externo.

— Nada de almoço hoje de novo? - veio Mariana trazendo num prato pequeno, um pedaço de torta de chocolate.

Giu concordou e tragou mais uma vez seu cigarro. Mariana sentou-se ao lado da amiga

— Isso não tem a ver com aquele rapaz, tem?

— É claro que não.... - ela revirou os olhos - Que ideia...

Mariana não pareceu convencida então ficou encarando o rosto de Giu

— Já disse que não tem a ver com ele... - pegou o prato da mão de Mariana e beliscou a torta - Quer dizer....Um pouco.. - comeu mais um pedaço - Achei que ele ia me ajudar com um problema. Mas pelo visto...Vou ter de arranjar outra maneira. - continuou comendo em silêncio. Então, ela se levantou, ajeitou o uniforme e caminhou para voltar ao trabalho.

— Sabe, Giu....Eu poderia te ajudar se você se abrisse mais sobre você. Nunca comenta sobre sua família, sobre sua infância... - Mariana ponderou por um tempo as palavras - Fica difícil ajudar uma amiga quando não se sabe exatamente a dimensão dos seus problemas.

Giu achou o gesto de Mariana comovente. Se não fosse uma história tão complicada e cheia de lacunas...

— Desculpa se eu sou mais uma pirâmide que um livro aberto...Mas prometo melhorar nisso quando eu descobrir mais sobre mim - deu uma piscadela e entrou no estabelecimento

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Você já foi pra Piri alguma vez? - perguntei ao Cris

Não... Nunca tive nem o interesse - respondeu ele enquanto mexia nas araras de roupas - O que acha desse? - disse pegando uma saia estampada

— Meu deus, você tem um mal gosto assombroso. - brinquei

Cristiano riu e fez uma careta.

— Foi você quem escolheu a companhia, não pode reclamar!

É claro que eu posso! - retruquei

Escolhi algumas peças básicas e levei ao caixa. Não quis provar nenhuma, tinha verdadeira preguiça disso. Procurei por Cristiano e o encontrei do lado de fora da loja, mexendo no celular.

Pela primeira vez, reparei em como suas feições estavam diferentes. O rosto mais marcado, maduro. Não sabia se era pela idade, já que ele era quatro anos mais velho que eu, ou pelo trabalho na polícia. Havia também uma sombra melancólica que começava a se fixar em seu semblante. Ver aquela expressão me deu uma súbita vontade de correr até ele e o consolar. Nunca imaginei que isso me atrairia em alguém, muito menos nele

— Pronto, podemos ir comer - disse saindo da loja e indo na sua direção.

Ele sorriu amistoso pra mim e se pôs ao meu lado. Começamos a andar pelo comércio do Guará para almoçar. Escolhemos um restaurante por quilo que servia comida caseira, entramos, nos servimos e fomos para a mesa próxima à janela.

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Entre as diversas atividades do escritório, Cristiano havia tirado tempo para olhar a pasta entregue por Giuliana. Releu com cuidado o conteúdo, sempre avaliando a vantagem e a desvantagem de alimentar as esperanças dela. Mas ele sabia como funcionava a cabeça de pessoas jovens e esperançosas, ele mesmo havia sido um. E de fato, ele não tinha dado grandes garantias já que foi pego de surpresa. Mas sabia que devia uma resposta à garota.

Profissionalmente falando, o caso de Giu não era extraordinário. Garota órfã, querendo saber mais sobre o passado, os pais ou parentes. Fácil de resolver se o interesse de Cristiano fosse apenas esse. Mas, algo no seu íntimo, dizia que a história de Giuliana era mais complexa do que parecia e não só pelas razões que o levaram a aceitar a tarefa. O fato era que, qualquer um que analisasse bem aqueles documentos, veria o óbvio: tudo sobre Giuliana estava meticulosamente bem amarrado; nenhuma brecha, nenhuma ponta solta e, ainda assim, um passado quase sem rastros. Ele só tinha se deparado com perfis assim em casos gerenciados pelo Provita - Programa de Proteção às Vítimas e às Testemunhas Ameaçadas - onde a vida da testemunha passava por um reboot: nova identidade, nova residência, nova vida.

Ao ter esse insight, pediu à Verônica que fizesse uma lista de contatos de profissionais que trabalharam com casos Provita. Cristiano buscou também maneiras legais para obter informações restritas, mandando alguns dados de Giu para estes contatos. E é claro, pediu orientação para Ricardo para dar continuidade às investigações de Clair e Giu.

Cristiano sabia que, assim que terminasse tudo, precisaria aguardar bastante tempo para obter algumas autorizações e respostas. Só então, com o mínimo necessário em mãos, ele poderia procurar por Giu. Seu expediente, por hoje, seria prolongado mais uma vez.

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Não entendo porque quer ir tanto nessa viagem... - Cris comentou comigo - É algo que não combina em nada com você, nem de longe.

— Não combina mesmo - disse tentando esconder meu receio. - Deve ser alguma crise de meia idade, sei lá!

— Aos 24 anos? - ele riu

Ué, por acaso você não teve a sua nessa idade?

Cristiano riu e concordou com a cabeça. Mas eu sabia que sua verdadeira crise existencial estava se dando agora e era perceptível pra mim.

Queria apenas viver algo diferente de tudo que já fiz.... Experimentar o novo, sabe como é? - olhei pela janela pensativa

E o que pensa que vai achar lá que não achou aqui ainda?

Olhei nos olhos de Cristiano e percebi que havia um tom investigativo na pergunta dele.

Autoconhecimento, o verdadeiro valor da vida, um amor.... - minha voz falhou ao final.

Acha que não é amada aqui, então?

Os olhos de Cristiano me analisava atentamente.

Não é isso, Cris..... É.....Eu só quero curtir uma viagem e ver o que ela tem pra me trazer, tá bem? Preciso de novos ares pra me sentir eu mesma novamente e tocar meus planos de vida

Encerrei o assunto bebendo um pouco do suco de maracujá, meu preferido. Cristiano olhou o celular pela quarta vez em menos de dez minutos, o que me estimulou a perguntar à ele sobre o novo trabalho

E como é lá?

— 'Lá', onde?

Na delegacia...

Bem... - ele respirou fundo - É complexo e cansativo. O atual delegado que vou substituir ainda não foi oficialmente aposentado. O bom é que ele me orienta nos casos mais difíceis porém, ele não me dá descanso...

Já viu algum corpo? - quis saber.

— Poxa, Clair, estamos comendo - me repreendeu em tom de brincadeira

Ah, qual é, Cris....

Ele me olhou como se estivesse pra me dizer o maior dos segredos, fazendo com a mão um sinal para que eu me aproximasse e ele pudesse sussurrar. E assim o fiz. Quando encostei meu ouvido próximo ao rosto de Cristiano, ele associou alto. Ouvi um zumbido irritante por alguns segundos e minha cabeça doeu. Quis brigar com ele mas, ao ver a forma que ele ria da situação, tive que rir também. Ele tinha um senso de humor meio torto mas eu gostava.

Você me paga por essa! - disse fingindo estar emburrada.

Pagamos a conta e fomos andar na pracinha da QE 36. Ao chegarmos, fomos até os balanços do parque de areia para sentar e conversar. Enquanto estávamos ali, ficamos observando as crianças correndo.

Você cria história com as vítimas dos seus casos? Assim...Quando você não sabe mais nada sobre elas e tem de criar uma teoria ou coisa do tipo? - perguntei

Ainda querendo saber se eu me deparo com defuntos toda hora?

Não... Pensa comigo: você é detetive, não é?

Delegado....

Tanto faz - revirei os olhos - Você vai ter que criar narrativas pros casos que encontrar. E se , um dia, você se deparar com algo que não tem a menor lógica? Como vai resolver se não tem a capacidade de criar uma história pra elas?

Cristiano ficou me olhando com cara de bobo. Não sabia bem se por me achar estúpida ou se eu tinha dito algo coerente. Pigarreei e continuei

Olha aquela menininha ali. O que você diria sobre ela?

Cristiano observou a garotinha por um tempo antes de prosseguir

Dia de folga da mãe. Deve ter chorado à beça pra vir aqui porque o rostinho está marcado de sujeira bem no rastro das lágrimas. E, à julgar pelo estado dela, adora brincar na sujeira.

E o que mais? - instiguei

Talvez seja geniosa mas não de dar trabalho sempre. Está na fase de explorar o mundo então gosta de olhar, tocar e experimentar tudo.... - ele hesitou por um instante - Ela até que lembra você... - disse quase que murmurando para ele mesmo

Você acha que eu sou geniosa, então? - descontrai o clima.

Cristiano deu de ombros, rindo da minha conclusão. Fui obrigada a dar um soco no seu braço.

E isso, minha cara, prova meu ponto de vista.

Dei língua pra ele.

Idiota... - ri - Mas faltou uma coisinha....

O que? - ele me olhava curioso, como se desejasse saber o que se passava na minha cabeça.

Um nome

Por que pôr nome nela?

E se você se deparar com um anônimo nos seus casos? Se você nomear, vai criar um vínculo com o caso e mais vontade de resolver. Simples assim - pisquei e apertei sua bochecha. Ele não gostava mas não reclamava pois sabia que eu o faria mesmo assim.

Alguma sugestão? - ele me perguntou

Maria - disse prontamente

Alguma razão pra esse nome tão...

Era o nome da minha avó. Não conheço muito de Dona Maria Cândida mas minha mãe me conta muito dela. Vai ser o nome da minha primeira filha, sem dúvida!.

Olhei para Cristiano e ele parecia enternecido pelo o que eu disse. Sorri sem graça

É bobo, não é?

Claro que não - foi a vez dele retribuir o aperto na bochecha.

Ficamos em silêncio. Movi meus pés na areia, fazendo círculos. Cristiano, por sua vez, estalava os dedos. Percebi uma tensão crescendo entre nós, como se houvesse um elefante branco na sala sendo ignorado. De reslaio, vi que ele me observava. Estava inquieto, engolindo em seco. Esses momentos, essa sensação, um frio na barriga...Eram situações novas na nossa relação.

Cris?

Ele pareceu desconcertado quando o chamei pois em seu rosto se formou uma expressão surpresa.

Quero que você vá comigo...

Ele não fez ou disse nada, apenas permaneceu ali, me encarando.

Você é meu melhor amigo. A única pessoa que esteve do meu lado em todas as etapas importantes. Não consigo fazer isso sem você... Só me sinto segura sabendo que está comigo.

Ele se levantou do balanço e se colocou na minha frente, erguendo a mão para mim. Eu a peguei e me pus de pé. Eu sentia meu corpo tremer por inteiro. Se não for ilusão minha, ele estava apreensivo.

E então, o que me diz?

Ele beijou a minha testa e apertou minha mão

Minha rotina é diferente agora, Clair - notei que a voz dele soou mais grave e profunda, como se lamentasse - Eu não sei se vou poder. Entenda... Eu gostaria muito mas... Minha vida mudou e eu tenho outras prioridades.

Não pude deixar de me ressentir com aquelas palavras. Balancei a cabeça sutilmente para retomar a sobriedade.

Bem, você tem dois meses pra se decidir! - disse com o tom mais alegre que consegui - E eu aposto que vou te convencer!

Ele pareceu satisfeito com a minha resposta.

E como sabe que vai conseguir?

Porque você nunca me diz não.

Rimos os dois e, cansados do passeio, decidimos voltar para nossas casas.

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Ester estranhou a demora do marido. Ele não costumava desaparecer sem dar notícias. Controlou o impulso de ligar e perguntar por ele, não queria parecer ciumenta e controladora a essa altura do relacionamento. Ainda que a preocupação falasse mais alto, decidiu não descumprir o combinado que ambos tinham. Além disso, era algo excepcional. Portanto, não seria necessário averiguar o atraso por enquanto.

— Michele, lave as mãos e venha jantar!

— Já vou, mãaaaae! - ouviu a voz da filha gritar da sala

Enquanto isso, ia pondo a mesa para a refeição. Ester adorava comer na presença da família. Achava importante estarem juntos e conversarem sobre o dia. Olhou as horas no relógio da cozinha novamente. Cristiano estava meia hora atrasado. A leve preocupação já aumentava gradativamente.

— Mamá, quer suco!

A mulher olhou pra baixo e viu Maria, puxando a barra do seu vestido. Ela se abaixou e pegou a menina no colo.

— Quer suco de quê? Hum? - deu uma bitoquinha no nariz da neném.

— Suco igual do papai - disse ela

— Ah....mas é claro! Como eu ia esquecer??

Ester botou a menina na cadeirinha, pegou a mamadeirazinha no escorredor e colocou suco de uva e entregou para ela. Maria ficou felicíssima.

— Michele, já lavou as mãos? - gritou novamente, enquanto terminava de pôr as travessas com comida na mesa

— Já voou!

— Anda logo, eu não vou pedir novamente!

— Ain, mas por que agora, mãe? Eu tô vendo Netflix! - reclamou Chele

— Se não subir agora, vai ficar sem Netflix a semana toda. Anda, passa já pro banho - e desligou a TV.

Chele revirou os olhos e foi batendo o pé até o andar de cima

— A senhora vai dormir bem mais cedo hoje por conta da malcriação, ouviu? - gritou impaciente.

Ester respirou fundo e conferiu as horas mais uma vez. Cristiano não dava notícias a quase duas horas. Decidiu ligar.

O telefone chamou até cair na caixa postal por três vezes. Ester mudou a expressão do rosto. Cogitou a possibilidade de algo muito sério ter acontecido. Encerrou a chamada e retornou a ligar. "O número chamado encontra-se indisponível ou está fora da área de cobertura"

Tentou uma última vez. Caso contrário, seria obrigada a contatar algum amigo dele.

O telefone chamou. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. Sem resposta. Ester ficou apavorada. O que teria acontecido com seu marido?

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Giuliana já estava em casa, descansada e alimentada. Juju estava no seu colo, fazendo companhia enquanto assistiam à um filme. A campainha tocou e Giu saltou assustada

— Já vai! - gritou

Abriu o trinco da porta e quase caiu pra trás ao ver Cristiano.

— Posso entrar?

Giu balançou a cabeça e destrancou a porta.

— Desculpe pelo horário e pela demora - foi logo dizendo - Estive muito ocupado essas semanas.

Giu queria poder dizer alguma coisa mas ainda estava surpresa com a visita do homem.

Ele se sentou no sofá e foi dizendo uma série de informações que Giuliana não conseguia processar

— Espera, espera... O quê?

Cristiano percebeu que Giu não estava acompanhando bem o assunto, então decidiu ser breve e sucinto.

— Eu tenho uma hipótese que quero provar, mas pra isso, tenho que saber tudo sobre seu passado: nascimento, criação, estudos ... Absolutamente tudo! Conhece alguém que tenha essas informações?

— Bem, elas estão todas aí, não?

— Não. - disse firme - O que eu vi aqui, baseado na minha experiência, é um passado que foi construído pra você. Ele é perfeito, sem furos, tudo extremamente bem pesquisado e juntado. Mas isso? - ele apontou para a pilha de papéis - É uma distração! Não diz nada quando pesquiso. Você é o arquivo perfeito.

Giuliana ficou em choque e precisou se sentar. Aquilo não fazia sentido nenhum para ela. A jovem olhou para Cristiano.

— E o que eu faço agora?

— Existe alguma pessoa real que te conheça há tanto tempo?

— Sim...Tem sim. Ela se chama Madalena

— Ótimo, me passe as informações sobre ela para que eu a interrogue. Partiremos disso, ok? Pode levar um tempo mas irei te dar o que você tanto quer: a verdade! - havia convicção em suas palavras

— Só tem um problema... - disse Giu constrangida de jogar um balde d'água na animação dele. - Eu não vejo Madalena pessoalmente há uns 3 anos, apenas por correspondência. E...

— E...?

— Há um ano ela não me manda notícias.

"Ótimo!", pensou Cristiano. Seu único caso de interesse acabava de se transformar em três. Para não parecer que iria dar para trás, se recompôs e continuou

— Encontre comigo amanhã no meu escritório. Se precisar, posso pagar alguém para te levar até lá. Combinado? - disse deixando o endereço e seu número sobre a mesinha de centro.

Giu assentiu com a cabeça.

— Agora preciso ir, já está tarde.

Giuliana se levantou e o acompanhou até a porta.

— Obrigada... - disse ela

Cristiano se virou e sorriu.

— Não, eu quem agradeço.

Giu não entendeu o que ele quis dizer mas preferiu deixar as perguntas para outro dia.

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Após esperar a noite quase toda, Ester ouviu o barulho de chaves na porta. Cristiano apareceu e aparentava estar cansado.

— Você quer me matar do coração? - correu na direção dele e o beijou com certo desespero - Esqueceu que tem casa?

— Desculpa - o homem aproximou o rosto da esposa e ficou ali, de testa colada à ela - Fui resolver umas pendências de um caso

Ester envolveu os braços ao redor do marido e o abraçou.

— É o mesmo caso, não é?

Cristiano franziu o cenho, confuso

— Eu comentei contigo sobre isso?

— Não....Mas foi a mesma razão desse cortezinho aqui feito esses dias - tocou a cicatriz avermelhada

Ele respirou fundo e soltou o ar com uma risada descontraída

— Vê se não faz isso de novo, ta? - havia preocupação na sua voz - Eu sei que você se envolve demais no trabalho mas lembre-se que você tem as meninas.... - engoliu em seco, tentando disfarçar o nó na garganta - E eu também...

Cristiano beijou Ester demoradamente e de forma apaixonada.

— Me desculpe... Eu realmente esqueci do horário hoje. - tocou a bochecha dela - Da próxima, eu aviso caso for demorar.

— Onde estão as meninas? - perguntou Cristiano

— Chele foi dormir mais cedo. Andou sendo desobediente. Maria está no bercinho, mas você bem sabe como ela é.... Só dorme depois de te ver.

— Vou trocar de roupa, passar no quarto delas e venho comer alguma coisa, tudo bem?

— Uhun ... - ela deu um selinho nele - Te espero na cama.

Cristiano subiu, trocou-se rapidamente e foi o quarto de Chele. A menina estava no último sono. Ele afagou seus cabelos e, com cuidado, removeu os fones de ouvido e o celular e os colocou na cabeceira. Saiu e seguiu para o quarto de Maria.

Assim que entrou, Maria emitiu um gritinho satisfeito e começou a se mexer no bercinho. Cristiano se aproximou para pegá-la no colo. Foi difícil porque ela não parava de puxar as peças de roupa e de querer tocar no rosto de Cristiano.

— Não vai facilitar pra mim, hein?

Maria riu, mostrando sua boca semi banguela.

Cristiano era apaixonado por Maria. Era seu xodó. E havia uma razão para isso: foi com a chegada dela que seu mundo voltou a ter mais cor. Mesmo quando conheceu Ester e a pequena Chele, ainda sentia um enorme vazio por conta da experiência trabalhando no caso Clair.

— Prontinho, o pai tá aqui!

A menina ergueu os braços e deixou com que Cristiano a pegasse. Do nada, Maria tocou o rosto do pai com as mãozinhas e olhou bem fundo dos olhos dele. Cristiano sentiu o corpo arrepiar. Maria tinha uma sensibilidade e uma luz interior que sempre o arrebatava. Mais que uma homenagem à alguém importante na sua vida, parecia que ela tinha herdado algo de Clarice. Intimamente, era o segredo que mantinha: Maria era sua centelha pessoal da amiga morta. Era um pedaço dela que podia amar profunda e intensamente sem medo de ser repreendido. E o peso dessa dicotomia, por vezes, o entristecia.

— Eu amo você...

Maria então abraçou o pai com ternura. Ficaram os dois ali, aproveitando o momento. Mas dos dois, era Cristiano quem precisava mais. Era insuportável viver sua vida atual quando a dor do passado parecia transpassar seu ser; quando os fantasmas dele vinham dar as caras quando ele mais pensava ter superado.

— Como eu gostaria que ela estivesse aqui pra ver quão preciosa é a sua Maria... - disse baixinho.

Então ele começou a cantar e ninar a menina até que ela dormisse. O tempo todo, ela apertava com força seu dedo, como que para se sentir segura. Quando ela adormeceu, Cristiano a colocou no berço e seguiu para a cozinha. No corredor, deu de cara com sua esposa.

— Vim conferir se estava tudo bem - disse Ester

Cristiano ficou sem jeito, temendo que a esposa tivesse escutado o que havia dito instantes antes.

— Consegui fazê-la dormir. Pode descansar!

— Quer que eu prepare algo pra você?

— Não precisa, amor.... - ele a beijou na testa - Eu me viro.

Desceu as escadas e preparou um sanduíche. Olhou o celular e viu uma nova mensagem de Giu. Mesmo que não quisesse admitir, sabia que estava perdido. Ele cedeu à sua vontade, tinha que ir remexer o passado e agora, teria que lidar com as consequências. Só rezava para que não fossem ruins.

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