Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 20

Mesmo fazendo um esforço enorme para conter os ânimos de Cristiano e convencê-lo a sair dali, Giuliana não conseguiu mantê-lo no carro. Para piorar o cenário, ele havia pegado uma arma 40 S&W em um compartimento oculto no porta luvas, deixando Giu mais histérica que antes.

— Fique aqui - disse ele sem ao menos lhe dirigir um olhar. Antes que ela pudesse protestar, Cristiano ativou as trancas automáticas do carro e deixou Giuliana presa.

— Cris - vociferou Giuliana incrédula com a atitude dele. - Eu vou matar esse filha da mãe. CRIS! - e deu um murro na porta.

Giuliana observava apreensiva Cristiano voltar para dentro do covil de Apolo. Se ela não encontrasse uma maneira de sair, era certo que ele faria uma besteira colossal. Ainda que soubesse do preparo profissional de Cristiano, Giuliana temia as ações de Apolo. A cara passiva e o corpo franzino escondiam uma força impressionante e uma perversidade típica de quem não conhece limites entre o bem e o mal. A prepotência de Cristiano poderia levá-lo a ler Apolo equivocadamente e isso não seria bom.

— Pensa, Giu.. Pensa! - dizia pra si mesmo enquanto mexia nas travas das portas e no painel do carro. - Deve ter algum jeito de arrombar essa porta. Só preciso de qualquer arame

Encontrado a solução, Giuliana passou a tatear o carro , e até mesmo olhar em sua bolsa, qualquer metal firme e fino suficiente para destravar a porta e acabou por encontrar um clip. Giuliana o entortou, moveu para o lado do motorista e enfiou o metal no vão do vidro. Tentou por diversas vezes, de maneiras diferentes mas nada da porta abrir.

Frustrada, precisou reformular sua ideia. Não lhe agradava a ideia de ter de quebrar o vidro mas não tinha escolha. Giuliana só precisava de um objeto

A jovem pulou para o banco de trás e vasculhou o assoalho. Se desse sorte, haveria um extintor de incêndio por ali. Acabou encontrando o que precisava embaixo do banco do passageiro

— Ok, agora vem a parte mais complicada. - sentada no banco de trás, Giu cobriu o rosto com sua blusa e se preparou para dar a primeira pancada. Nenhuma rachadura. A força reativa foi tão grande que Giuliana quase deixa o extintor cair. Tentou novamente com mais força, mas não obteve sucesso.

Após outras tentativas, percebeu que precisaria mudar de estratégia. Cogitou a possibilidade de não ser força o segredo para romper o vidro, mas a forma de atingi-lo. Com os dedos, bateu na janela para identificar os pontos frágeis do vidro e notou que as bordas pareciam mais sensíveis e que esse padrão ia até quase o centro da peça.

Constatado isso, Giuliana pegou novamente o extintor e foi dando batidas ritmadas e de igual intensidade na diagonal do vidro. Vez isso por cerca de dez minutos até que conseguiu notar rachaduras. A jovem manteve o movimento até ouvir o estouro do vidro se partindo.

Satisfeita, tirou a blusa do rosto, cobriu o punho e terminou de remover o vidro quebrado. Com cuidado, saiu de dentro do veículo. Por descuido, acabou se arranhando no braço, mas nada grave. Livre outra vez, Giuliana correu para dentro do esconderijo, rezando para que houvesse tempo de evitar uma tragédia

「• • •「 • • • 」• • •」

O caminho do trajeto que Verônica fazia sob as instruções de Red não estava sendo fácil, principalmente porque Michele não conseguia parar de fazer perguntas e comentários sobre o que estava acontecendo. A menina não estava tendo dimensão da gravidade da situação nem mesmo após ver a arma nas mãos da mulher. Verônica temia que ela perdesse a calma e machucasse as meninas

— Red, não acha melhor pararmos para comer, dar algo para elas se distraírem assim...

— Não.

— Mas e...

— Eu disse que não , Verônica. Quer que nos rastreiem?

Verônica ficou calada e se limitou a rezar para evitar o pior.

— Tia, seu cabelo é dessa cor mesmo?

Red virou-se para Michele com um sorriso

— Claro que não, amadinha - a voz saiu estridente pela simpatia forçada. - Sabe como ele ficou assim?

— Como, tia?

Red apontou a arma e colocou na testa de Michele

— Com sangue de gente enxerida - e apertou o gatilho.

Ao ouvir o clique, Verônica quase perde o controle do carro. O choro da menina rompe no ar, aliviando o coração da secretária. A pequena Maria também dá seus primeiros sons de choro, seguido de dois barulhos de tapa estralando na pele.

— Agora deu pra entender o que acontece quando vocês falam demais?

—  Por favor, Red, não faça nada com elas - implorou Verônica

— Tem medo que eu as mate? - gargalhou - Fique tranquila, não é hora para isso - e mirou as meninas - Ainda!

Um arrepio subiu pela nuca de Verônica. O que seria delas?

「• • •「 • • • 」• • •」

Quando Giuliana chegou, se deparou com Cristiano aos socos com Apolo. Era visível que havia um equilíbrio em que estava em vantagem. Cristiano, apesar de mais efusivo nos golpes, parecia estar aguardando uma oportunidade de nocautear o jovem, o que lhe conferia certo ar de tranquilidade e sangue frio no que estava fazendo. Apolo, por sua vez, estava se divertindo com a cena. Ainda que estivesse apanhando e quase imobilizado, procurava uma maneira de quebrar a confirmação do adversário. Sua satisfação pessoal era essa.

Em um movimento rápido, Apolo retirou um canivete do bolso e passou no rosto de Cristiano, cortando o queixo dele. Mesmo sendo superficial, o corte foi suficiente para gotejar sangue.

Cristiano, ao sentir o líquido escorrer, passou a mão para ver do que se tratava. Sua expressão mudou drasticamente ao se dar conta do feito do outro e sua capacidade de se manter em controle, esvaneceu na hora. Raivoso, deu um soco em cheio no rosto do rapaz, que bateu a cabeça no chão.

Preocupada, Giuliana correu para apartar a briga. Se Cristiano não parasse, poderia matar Apolo e todo o esforço de encontrá-lo teria sido em vão. A jovem parou atrás de Cristiano e envolveu os braços na altura do pescoço, puxando-o para trás. Mesmo usando de toda sua força, Giu estava impressionada com Cristiano. Ele parecia um animal abatendo sua presa.

— Cristiano...Por favor....Para! - disse ofegante

Com custo, conseguiu separar os dois. Apolo se pôs de pé e Cristiano já se preparava para atacar novamente. Antes que ele conseguisse, Giuliana se colocou entre os dois, os olhos firmes em Cristiano

— Chega!

A voz de Giuliana ecoou no espaço vazio. Atordoado, Cristiano revezava entre intimidar seu inimigo e analisar a presença de Giuliana ali. Os olhos dela estavam com um certo brilho de audácia e coragem. Os cabelos vermelhos estavam desalinhados, com alguns fios grudados de suor. A respiração dela era irregular e as mãos estavam fechadas, sem mencionar o arranhão avermelhado no braço.

— O que faz aqui? - indagou ele

— Impedindo que você faça mais uma merda hoje

Apolo observava a cena com curiosidade. Que Giuliana era dada a atrevimentos e rebeldia, isso ele já sabia. O que chamava a atenção era o que motivava Giu, uma garota sem muito juízo, a andar com um playboy policial que não parecia muito se importar com ela.

— Bater nele não vai fazer com que ele conte o que sabe sobre a Clarice, nem sobre essa outra garota que você quer achar. Bota essa cabeça dura pra funcionar!

Cristiano ouviu aquilo e recebeu as palavras de Giu como um tapa de luva no rosto. A firmeza e a lucidez dela eram impressionantes. Pela sua postura, Cristiano entendeu que ela não sairia dali sem ele e nem o deixaria agir como bem entendesse. Segurou a vontade de sorrir porque Clair teria feito a mesma coisa, se pudesse.

— Vejo que não perdeu a mania de ser mandona, Giu!

— Ah, vai se foder, Apolo!

O rapaz riu com gosto da reação da jovem.

— Bem que você poderia parar de ficar rindo igual palhaço e colaborar um pouco. Ele precisa disso.

Apolo fingiu ouvir Giuliana enquanto tirava do bolso um saquinho transparente com um pó branco. Com o dedo mindinho, ele pegou uma quantidade e levou até o nariz, aspirando com uma das narinas. O corpo sentiu de imediato a adrenalina e agitação causadas pela droga. Com mais foco, voltou a encarar o casal a sua frente.

— O que eu ganho com isso?

— A oportunidade de ficar vivo - ironizou Cristiano

— Cristiano! - repreendeu Giuliana. Ela respirou fundo e continuou - Se você nos der a informação que ele precisa, você pode acertar seu preço comigo.

Apolo abriu um sorriso de orelha a orelha, não só porque poderia voltar a controlar sua garotinha, mas porque aquela proposta tinha incomodado o tal Cristiano

— Posso cobrar do meu jeito? - provocou ele

Giuliana engoliu em seco, colocou suas emoções no lugar e deu sua resposta

— Pode. A informação, por favor.

— Espera! - interveio Cristiano, se aproximando de Giuliana - O que é isso de "acertar o preço com você"?

— Você precisa disso pra solucionar o caso e eu prometi te ajudar e é o que eu estou fazendo!

— Não precisa ser assim, Giu!

— Mas é o único jeito! Eu conheço Apolo. Ele só barganha se for assim, com ganhos pessoais.

— Eu posso dar dinheiro a ele, qualquer coisa. Mas por favor, não continue com isso! - suplicou Cristiano

— Ele não vai querer seu dinheiro. - Giu olhou para Apolo, que observava apreensivo o desfecho da conversa - Eu já fiz isso antes, Cris... Vai dar certo, são só alguns serviços - Giuliana fitou o chão - favores, também...

Incrédulo, Cristiano puxou Giuliana para perto de si e olhou nos olhos dela, para convencê-la a não continuar com aquilo

— Eu não vou permitir que você se ofereça como moeda de troca!

— Cris, eu já expliquei...

Cristiano agarrou o rosto de Giuliana com firmeza, seus olhos castanhos invadindo os olhos amendoados dela.

— Eu não vou te deixar ir, Giu!

Giuliana prendeu o choro, tentando não voltar atrás de sua decisão diante das palavras de Cristiano. Quando estava para respondê-lo, sentiu alguém puxar seus cabelos. Em seguida, um braço tatuado imobilizava Giuliana em um mata leão e ela pode sentir uma lâmina rente ao pescoço.

— Essa melosidade já estava me cansando... Agora o negócio é contigo, bonitão!

Cristiano empunhou a arma na direção dele, mirando na cabeça dele.

— Vai me matar sem nem mesmo ligar pra essa gracinha aqui? - ele lambeu o rosto de Giuliana - Minhas mãos são bem hábeis, posso corta-la mais rápido do que imagina

Giuliana encarava Cristiano e podia notar a confusão interna que se passava nele.

— Você sabe o que fazer ... - disse ela.

Cristiano se recusava a aceitar. Não podia colocar a vida dela em perigo por uma informação. Cristiano olhou para Giuliana, que o incentivava a fazer o que ele menos queria.

— Ela vai com você - largou a arma no chão - Agora, preciso que me diga o que sabe sobre o último dia de Clair.

Apolo estralou o pescoço e ficou pensativo, enquanto alisava os cabelos de Giuliana.

— Ela era amiga da Éris, se conheceram em alguma festa de universitários. A patricinha ia no hotel que a gente ficava vez ou outra...

— E o que ela fazia la com vocês?

— Hmmm, dependia da Éris. Ela quem sabe mais da garota que eu

— E onde ela está, você sabe?

— Internada naquele lugar pra gente doida

- O HPAP, em Taguatinga?

— Lá mesmo.. Ela surtou legal com essa parada.... É o que eu sei, ela não me contou muito...

Cristiano ouvia com atenção enquanto observava Apolo. Suas mãos davam sinais de abstinência, era questão de tempo até ele precisar usar cocaína de novo. Então, teria uma chance de salvar Giu.

— Ela usava drogas com vocês?

— Alguma das bravas? Não... - ele riu - Só a verdinha.

Cristiano fez uma cara de desgosto. Clarice, usando maconha?. Recobrou seu foco e continuou o interrogatório

— Você se encontrou com um homem naquele dia. Quem era?

— Fornecedor novo, aparecia sempre que a patricinha estava com a gente. Acho que se conheciam, já que ela aceitava falar com ele... Eu só arranjava o encontro.

— E o que mais, Apolo? Do que mais você lembra?

Apolo já não conseguia prestar atenção na conversa. Sua cabeça doía e estava suando frio. Desconfortável, massageava os olhos tentando se concentrar novamente mas ele sabia que precisaria de mais pó. Moveu a mão até o bolso novamente.

Cristiano firmou os olhos em Giuliana , que entendeu o que precisaria fazer. Quando ela sentiu o braço se afrouxar, ela deu uma cotovelada na costela de Apolo e se desvencilhou dele.

Atordoado, o rapaz conseguiu se levantar rápido, pronto para apunhalar Giuliana pelas costas. Por instinto, Cristiano atirou, acertando o ombro de Apolo.

O som do tiro fez Giuliana gritar, imaginando o pior. Ao se virar, um misto de alívio e medo tomou conta dela. Apolo estava vivo, mas sangrava e urrava de dor

— Emergência? - Giuliana ouviu a voz de Cristiano - Preciso de uma ambulância para atender um homem baleado. Anote o endereço, por favor!

「• • •「 • • • 」• • •」

No breve intervalo que conseguiu fazer, Ester saiu do escritório e foi até a cantina comer alguma coisa. Pediu um lanche leve e esperou em uma das mesas. Aproveitou o tempo livre para ligar para o marido, precisava saber se as meninas estavam com ele.

Como imaginava, ele não atendeu suas ligações, que caíram na caixa postal. Lembrou-se do que ele havia lhe dito e discou para Verônica. A ligação chamou até quase cair até ser atendida

— Oi, Verônica! Boa tarde! É Ester. Você está com as meninas?

Boa tarde, Ester

A mulher teve um mal pressentimento quando ouviu aquela voz

— Verônica? É... é você!

Ela está aqui sim, mas não... Não é ela quem fala - a voz riu satisfeita

— Onde estão minhas filhas? - Ester se levantou da cadeira, sentindo as pernas falharem

Se quiser vê-las novamente, precisa seguir minhas instruções direitinho.

「• • •「 • • • 」• • •」

— Você quebrou meu vidro? - comentou Cristiano chegando no carro

— O que eu podia fazer? Você me trancou! - respondeu indignada, entrando no lado do passageiro.

Cristiano fez o mesmo e deu a partida no carro

— Você está bem? - perguntou Giuliana percebendo a exaustão no rosto dele.

— Eu ia perguntar a mesma coisa - sorriu de canto. Giuliana revirou os olhos sorrindo também

— Digamos que já passamos por coisa pior. - se ajeitou no banco e cruzou as pernas, fitando a paisagem do lado de fora.

— Apesar de ter me dado um dano material, obrigado por me ajudar. Não teria conseguido sem você - disse Cristiano. - Anda mais valente que eu! - brincou

Giu gargalhou da brincadeira

— A gente aprende muita coisa quando passa por dificuldades na vida. Nunca se sabe quando vai precisar usar da esperteza das ruas pra sair de uma enrascada, sabe?

Cristiano assentiu com a cabeça. Giuliana ainda estava pensativa demais sobre o ocorrido, não parava de estalar os dedos e mexer nos anéis que usava.

— Ele vai ficar bem - tranquilizou Cristiano - Ele é problema dos paramédicos, agora.

— Eu não ligo. Por mim, que ele agonize bastante - disse a jovem com rispidez

Um silêncio constrangedor imperou na hora, deixando Cristiano sem graça por ter mencionado Apolo. Mas seu lado investigador queria saber mais dessa estranha conexão

— Como você o conheceu?

Giuliana se moveu no banco, mostrando um claro desconforto. Após um breve momento de hesitação, decidiu falar

— Nem sempre fui a tutelada perfeita pra Madá. Fugi algumas vezes, andava nas ruas. Era muito nova, muito cabeça de vento.

Cristiano riu de leve

— Ok, talvez eu ainda seja cabeça de vento - descontraiu ela - Acontece que, quando se está assim, a gente se afeiçoa a qualquer idiota que te oferece uma coberta e um prato de comida. O resto, é passado, prefiro não falar. - e cruzou os braços

Cristiano deu um longo suspiro, refletindo sobre Giuliana e sua história misteriosa. Sentiu vontade de perguntar mais, porém não era momento, Giuliana estava muito fechada.

A viagem transcorreu assim, exceto um ou outro comentário banal sobre o desenrolar das pistas que seguiam, quer para o Clair quanto para ela. Após estacionar, Cristiano pegou seus documentos de identificação e seguiu com Giuliana até a recepção do HPAP.

O Hospital de Pronto Atendimento Psiquiátrico era o principal instituto para tratamento de doenças mentais e demais transtornos. Mesmo enfrentando problemas típicos dos serviços públicos, o Hospital ainda era um dos principais modelos de referência no atendimento especializado a doentes mentais e na promoção de saúde mental de qualidade.

A primeira providencia de Cristiano, foi se apresentar formalmente na recepção, mostrando seu antigo distintivo e explicando brevemente a razão de sua visita. Por conta dos protocolos do hospital, Cristiano foi barrado, em um primeiro momento, pela atendente. Mas, com jeitinho, ele conseguiu uma entrevista pessoal com o diretor do hospital , que acabou liberando o acesso dele e de Giuliana.

A ala onde estava Maria Aparecida era uma das mais isoladas. Os pacientes que ali estavam alojados, tinham pouco acesso aos privilégios de estarem à luz do dia. Acompanhados de uma enfermeira, Giu e Cristiano foram colocados em uma sala contendo uma mesa metálica e cadeiras. Os dois se sentaram e aguardaram por Éris.

Quando a porta se abriu, Giuliana sentiu um arrepio tomar conta dela e os olhos encherem de lágrimas imediatamente. Um latejar na cabeça fez com que ela fechasse os olhos para aliviar a dor intensificada pela iluminação florescente. Flashes invadiram sua cabeça, quase a fazendo gritar. Eram cenas em que estava na companhia de Éris.

— Giu? - o toque quente de Cristiano aliviou a angústia que ela sentia

— Não é nada - disse com a voz oscilante - Vai passar.

Ao erguer os olhos, Giuliana notou a expressão impactante de Éris, que tinha os olhos vidrados nós dela. A jovem estava com os cabelos raspados e vestia uma camisa de força. Mesmo sendo adulta, sua aparência física parecia a de um menino em sua pré-adolescência. Ela andava vacilante, mancando de uma das pernas

A enfermeira ajudou a jovem a se sentar e se retirou. Cristiano foi o primeiro a falar.

— Maria? Sou Cristiano. Você talvez não me conheça, mas eu fui amigo de Clarice...De Pirenópolis, uma viagem de amigos...

Maria Aparecida continuava em silêncio, avaliando o rosto de Giuliana. Cristiano tentou novamente se apresentar, mas era como se as palavras dele não fossem percebidas. Após algum tempo ouvindo Cristiano, a jovem se revoltou

— Não sou Maria, sou Éris - corrigiu ela. - Como a deusa filha de...

— Hera. Desprezada por não ser bela. - disse Giuliana, como se aquela frase fosse familiar - Seu nome também significa discórdia, que é tudo...

— ... que eu sei fazer na vida - completou Éris, mais interessada ainda - Vejo que não me esqueceu, Clarinha!

Ouvir aquele nome fez Giuliana se arrepiar novamente. Uma imagem de duas jovens sorrindo com a brincadeira surgiu em sua mente, quase a levando a rir também. Cristiano observava tudo calado , completamente perdido no que acontecia. Com um toque, incentivou Giuliana a continuar a conversa

— Bem...hum - pigarreou - Não sei quem é Clarinha mas ... Sou Giuliana. Estou ajudando o Cris a saber mais sobre ...

— ...Como você morreu ... é....eu percebi. Seus olhos não mentem. Ainda trazem a cor da morte igual aquele dia.

Perdida, Giuliana buscou orientação nas feições de Cristiano, mas ele também parecia abalado na presença de Éris

— Como exatamente eu morri?

Éris fechou os olhos e começou a rir histericamente. Ria tanto que seu corpo tremia. Sua expressão e comportamento indicava um surto psicótico. Não havia o menor sinal de consciência e lucidez nela.

— Éris, precisamos saber sobre o que houve com Clarice naquele dia - Cristiano insistiu - A Clarinha...Que te encontrava nas festas... Tente se lembrar!

O corpo de Éris bateu sobre a mesa e quando se ergueu, seus olhos estavam virados, revelando a brancura do globo ocular. Naquele estado, ela encarou Giuliana

— Você morreu porque confiou demais no lobo disfarçado de cordeiro. Ele te cercou, te analisou por dias, meses e anos até estar pronto pra atacar. - Éris endireitou-se na cadeira e ficou parada, dessa vez , para dar uma mensagem a ambos

— Desconfie da sua própria sombra, de toda mão amiga e de todo sorriso fácil. O caçador só vem à caça quando convidado e você, rapaz, foi quem o chamou - disse para Cristiano - e você, mocinha, o alimentou. Ele vai voltar. Fará exatamente como fez da primeira vez. Encontrem o culpado antes que essa vida de Giuliana, já queimada uma vez, volte sem as respostas que Clarice quer te revelar. Ela só dirá no momento certo, quando Giuliana descobrir quem ela é!

Terminado a mensagem, Éris tombou da cadeira e começou a se debater. Prontamente, Cristiano ajudou a jovem para que ela não batesse a cabeça. Giuliana continuou imóvel, extremamente assustada com a cena. O que ela quis dizer com vida queimada? E por que mencionar Clarice ? O que ela tinha a ver com aquela morte?

Os enfermeiros entraram e socorreram Éris, que foi levada às pressas para o ambulatório. Cristiano, igualmente abalado, virou-se para conferir como estava Giuliana.

— Acho que tivemos emoções o suficiente por hoje, Vou. Venha - e a puxou pela mão, aconchegando-a num abraço.

Enquanto saiam em silêncio, tentavam disfarçar internamente o que acabaram de vivenciar. Nada do que Éris havia dito fazia sentido e não tinha deixado nem Giu e nem Cristiano mais perto da verdade. Cansados, encerram as investigações do dia. Não havia mais ânimo nem para averiguar as novas pistas coletadas no convento. Eles precisavam de uma pausa antes de mergulhar no passado novamente.

「• • •「 • • • 」• • •」

Ester estava a beira de um colapso emocional quando Eduardo apareceu, passavam das 19;30h. Era difícil dizer qual sentimento era maior na mulher: a tristeza, a culpa ou a raiva

— Eduardo, me diz que conseguiu falar com o Cristiano. Sem ele, não tem como recuperar as meninas - o rosto de Ester se transformou numa careta ao romper em lágrimas - Eu sabia....Eu sabia que ele tinha começado tudo de novo.

Eduardo abraçou a amiga e tentou acalma-la

— Esterzinha, respira! Se desesperar agora não trará suas meninas de volta.

— Se aquele desgraçado atendesse a porra do telefone! - ela andava em círculos na sala - Mas ele desapareceu, metido com aquela morta de novo

— A sequestradora deu mais informações? Ela deve querer algo, não faz sentido algum pegar suas filhas assim

Passando as mãos pelos cabelos, Ester tentava manter o controle

— Ah, ela quer algo sim - riu irônica - Quer Cristiano fora do caso Clair.

A conversa foi cortada pela campainha sendo tocada. Eduardo, prestativo, correu para atender. Assim que abriu a porta, viu Verônica e Michele. Elas estavam em um estado deplorável: cheia de machucados, arranhões e escoriações. A pequena Michele, estava com os cabelos cortados e parecia muito abalada.

Ester, ao ver a filha, desabou no chão, acolhendo a menina em um abraço apertado. Ester ergueu os olhos para Verônica e , ao notar que estava apenas as duas, temeu o que iria perguntar

— E a pequena Maria? Onde está?

Verônica começou a chorar sem parar, implorando perdão por participar daquela dor.

— Ela a levou. Disse que só Cristiano poderá salvá-la .

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro