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Capítulo 16

Eduardo, assim que recebeu as notícias, pediu para se ausentar mais cedo do trabalho, subiu em sua moto e partiu para a delegacia o mais rápido que pode. Incrédulo, xingava Cristiano de todos os nomes existentes e inexistentes. "Esse babaca quer foder a vida dele de novo!".

Na pressa, acabou avançando o sinal vermelho. Jurou que, assim que a multa chegasse, esfregaria na cara do amigo e ele seria obrigado a pagar.

Nem mal estaciona, Eduardo salta do veículo e entra com tudo na delegacia. Um dos policiais de plantão, o embarreira, evitando que seu modo enérgico gerasse tumulto no local logo cedo.

— Onde vai, senhor?

— Vim socorrer uma amigo - Eduardo faz menção de avançar com o corpo mas é impedido novamente

— Senhor, vou pedir que aguarde até que se confirme os fatos.

— O Cristiano vai me pagar por isso.... - resmungou ele, sentando-se nos bancos do que era uma recepção improvisada.

Uma moça, usando óculos redondos de grau, quase fundo de garrafa, trajando roupas largas demais para seu corpo - que como bem notou Eduardo, era curvilíneo e bem sensual-, cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo simples, se aproximou dele.

Gaguejando, com uma voz afetada demais pela tentativa de ser simpática e extrovertida, a mulher informa que a entrada do Eduardo estava liberada.

Ele segurou a vontade de rir daquela figura excêntrica. Tossiu um pouco e agradeceu a moça pela informação.

Ao entrar na zona de celas, Eduardo se depara com Cristiano algemado, as mãos entre as pernas e a postura de quem não estava muito arrependido do que fez. Nas falanges, marcas roxas e avermelhadas pela quantidade de vezes que suas mãos socaram, na opinião dele, algum sujeito sem sorte. Mesmo que não fosse do feitio do amigo, Cristiano sabia muito bem brigar.

— Deu pra voltar a brigar na rua igual um delinquente?

Cristiano permaneceu em silêncio, mas o movimento repetitivo da sua perna, sinalizava a irritação e impaciência dele.

— Por acaso eu tenho cara de otário? Vai falar ou não vai? Porque se não for, eu vou embora agora! - Eduardo gesticulava muito, o corpo próximo ao amigo como se quisesse o intimidar.

— Não sou delinquente...Estava fazendo meu trabalho e as coisas acabaram saindo diferente do que eu havia planejado

Eduardo riu debochado. Achava cômico Cristiano, mesmo errado, manter aquela banca de justiceiro e dono da lei estando onde estava.

— Você tá confundindo as coisas... Não sei o que anda passando na sua cabeça pra sair por aí agredindo alguém. Ainda mais à trabalho! Só te vi fazer isso naquela época e... - Eduardo, ao dizer aquilo, tomou ciência do que poderia estar acontecendo. Balançando a cabeça em negação, confrontou Cristiano:

— Não...Você não tá fazendo o que eu tô pensando...

Cristiano deu de ombros, tentando aparentar indiferença, o que foi inútil.

— Você reabriu o caso!

— Claro que não! - retrucou o rapaz de imediato

— Não mente pra mim, porra! - Eduardo deu um tapa na parede, bem próximo ao rosto de Cristiano, que saltou assustado pelo gesto do outro. - Foi por causa daquela foto não é? A garçonete que você viu... Puta merda, Cristiano! - reclamou alterado - Quando é que você vai desapegar dessa sua obsessão pela Clarice, seu idiota? Até enlouquecer? Supera! Ela morreu!

Cristiano se levantou com tudo, usando o impulso do corpo para jogar Eduardo contra a parede. Apesar das mãos contidas, usou o antebraço para sufocar o amigo na altura do pescoço. Eduardo dava tapas, tentando diminuir a pressão que Cristiano fazia.

A expressão no rosto do homem era difícil de ser decifrada. Havia tantos sentimentos intensos e conflitantes transpassando seu semblante que seria preciso criar um termo para definir aquele estado de espírito.

— Fácil pra você dizer isso...Você não estava lá, você não a encontrou... - aquelas palavras saíram com dificuldade pois Cristiano tinha o maxilar trincado de ódio e a voz embargada - Não há como superar aquela cena, Eduardo. Achava que você, melhor do que ninguém, me entenderia.

Os olhos de Eduardo lacrimejavam por conta do golpe de Cristiano, que apesar de não pôr a mesma força que antes, mantinha o braço firme para imobilizá-lo

— É claro que eu entendo... Você acha que eu não gostava dela também? Não como você mas...Ela era uma garota bacana... - com as mãos, ele tentava aliviar a garganta - Mas me bater não vai trazer ela de volta... - disse Eduardo com dificuldade para respirar - Não vai fazer esse inferno acabar...

Eduardo estava quase desmaiando quando percebeu alguém intervir e separar os dois. Uma vez livre, Eduardo tossia e puxava o ar desesperadamente, massageando a área atingida.

— Se continuarem com isso, prendo os dois! - era o guarda da recepção - E você - virou-se para Cristiano - Recomponha-se! A corregedoria enviou alguém para analisar sua situação delegado Paiva - o homem disse aquilo com desdém e se retirou.

— Se eles não aliviarem pra mim dessa vez, já era, Eduardo... - Cristiano disse com pesar

— Há algo que eu possa fazer?

— Por enquanto, só preciso de um favor.

— Qual? - Eduardo disse apreensivo

— Se algo acontecer comigo, quero que proteja minha família

— Proteger?! - Eduardo se aproximou de Cristiano e colocou suas mãos sobre os ombros dele - Mas protegê-las de quê?

— Descobri coisas novas sobre a morte de Clair e ... - ele suspirou pesadamente - Creio estar mais perto de achar os culpados do que estive nove anos atrás e isso chamou atenção da pessoa , ou das pessoas, que a mataram.

— Estão te ameaçando!

Cristiano meneou a cabeça

— De certa forma, sim...Mas não sou o alvo.

— As meninas... - Eduardo concluiu - Você devia largar isso!

— Cristiano Paiva, favor, se apresentar! - a voz do guarda interrompeu a conversa

— Não posso.Sinto que estou perto de resolver a morte dela. Entenda...

— Mas se continuar, vai colocar todos em risco! Vale a pena? Pense na Michele, na Maria!

Ao ouvir os nomes das filhas, Cristiano se sentiu desconfortável. O amigo tinha razão, obviamente. E lá no fundo, Cristiano também ponderava essa questão. Mas era pai, tanto quanto Soraia era mãe. Ela merecia algum conforto e, achar os culpados, poderia ser este conforto.

— Cristiano Paiva! - gritaram novamente

— Se eu não sair hoje, vá até meu escritório e peça à Verônica o contato de Ricardo Navarro e conte o que houve!

— Cristiano, não! Pare com isso antes que seja tarde!

— Cristiano! - a voz soou mais irritada

— Preciso ir. Torça por mim! E por favor, não deixe Ester saber a verdade!

Cristiano deu as costas e entrou no pequeno cubículo onde seu destino seria traçado.

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Giuliana estava mais do que aliviada de estar fora do ônibus e deitada em uma cama confortável. A viagem tinha sido cansativa, mesmo tendo aproveitado a paisagem repleta de montes e montanhas no trajeto para a cidade e o clima acolhedor que Montes Claros exalava. Se, de fato, sua família tinha passado por ali, era compreensível pois qualquer um se sentiria em casa na região.

Ricardo, por sua vez, estava sem jeito de estar com a jovem. Fora o óbvio - a semelhança dela com Clarice -, era estranho para ele estar à ativa e sem conhecer muito sobre aquela mocinha de jeito genioso. O ex-delegado tinha feito diversas propostas sobre como seria o final de semana e as tais investigações à campo, mas ela questionou tudo e o fez mudar as fases principais diversas vezes. Era por isso que lá estava ele, convencendo Giuliana a ouvi-lo.

— Pela minha experiência, o melhor seria ir amanhã e aproveitar o dia de hoje para se ambientalizar, conhecer a rotina do local, as pessoas que frequentam... - indicou ele enxugando o suor da testa, sentado na área externa da casa alugada por ele.

— Com todo respeito à sua experiência, Ricardo, mas eu quero resolver isso logo. Se não quiser me acompanhar hoje, vou sozinha! Não preciso de muito, só de acessar a biblioteca!

— Eu não contaria com isso - respondeu ele pensativo. - Mas já que teimosia é seu forte e eu já estou velho para ficar nesse cabo de guerra, faça como quiser! Mas você tem uma hora pra ir e voltar! - instruiu ele

Giuliana, mais animada agora, voltou para o quarto, juntou suas coisas e pediu um Uber. Enquanto esperava pelo motorista, Ricardo entregou um dispositivo em suas mãos.

— Mantenha isso em algum lugar no seu corpo onde seja impossível de ser visto ou removido. Assim, vou saber onde está caso não volte no horário combinado. Este outro - entregou a ela uma espécie de bip - você pode usar para chamar reforços, é de um colega de trabalho meu aqui da região. Mas só use em uma emergência!

— Certo! Mais alguma coisa?

— Juízo, mocinha! Não faça nada que possa te incriminar.

O aplicativo no celular de Giu indicou que o motorista estava próximo. Ela se despediu brevemente de Ricardo e seguiu para o Convento.

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Eu havia acabado de chegar ao prédio da Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo o informativo entregue, um jovem delegado era acusado de má conduta no exercício da profissão e, naquele exato momento, estava preso na sala do interrogatório com um suspeito. Sua única exigência, era a minha presença. Deduzi que ele queria algo de mim. Linda vem morder

Não me agradava estar envolvida em situações extremas como aquela e , no fundo, me questionava o que levaria alguém tão jovem e talentoso a perder o controle e o profissionalismo dessa forma. Dentro do meu universo, era inadmissível o abuso de autoridade.

Assim que identifiquei, uma policial civil me acompanhou até o local. Não foi preciso observar muito para descobrir de onde vinha a exaltação maior porque podia ouvir sons abafados da sala e golpes intenso na porta. A policial que me acompanhava, indicou uma outra sala paralela à anterior, onde se tinha acesso às câmeras de vídeo. Pelos monitores, vi o delegado agitado, visivelmente transtornado, dirigindo-se ao suspeito com agressividade: dedos em riste, gritos, intimidação corporal, xingamentos e ameaças. Em um dos monitores, o responsável pelo equipamento me mostrava as cenas recentes onde o suspeito era torturado de modo a não deixar marcas visíveis. Com a mão, interrompi o homem. Pra mim era suficiente.

Essa foi a primeira ocorrência?

Não senhora...Ao longo desses anos, ele tem recebido diversas denúncias anônimas, mas nenhuma com real ligação com o caso. Muitas não passam de especulações

E por que tanta gente o procura?

Ele anunciou um valor considerável como recompensa.

É claro.... - murmurei

Analisei atentamente o delegado mais uma vez. Apesar da qualidade baixa da imagem, consegui identificá-lo. Ergui as sobrancelhas em uma surpresa modesta. Agora sim ficava claro o que acontecia. Já sabia como contornar a situação uma vez sabendo do contexto.

Por favor, informe-o de que estarei na entrada da sala aguardando. - e me retirei.

Deixei minha bolsa do lado de fora mas mantive meus itens - algemas, distintivo e arma - no coldre. Com a postura ereta e confiante, esperei que o informante saísse e eu pudesse assumir o andamento da situação. Recebi o sinal de autorização, aguardei o suspeito ser liberado e entrei.

Cristiano parecia inconformado, pronto para reivindicar a custódia do suspeito e apresentar seu ponto de vista mas, com um breve toque na cintura indicando minha arma, foi o suficiente para que ele se contesse

Então, senhor Paiva. O que deseja de mim?

O jovem me encarou com firmeza, ainda havia ódio queimando dentro dele

Exijo continuar com as investigações do caso Clair e que aquele suspeito seja mantido em custódia!

E por quais razões a justiça deve atender a essa exigência?

Ele parecia mais transtornado com meu confronto

Oras, ele tem uma peça de roupa da Clarice com ele... Isso não é suficiente?

Prova circunstancial. Você conhece os procedimentos. Além disso, haveria a necessidade de colocá-lo na cena do crime ou, na melhor das hipóteses, na região do fato. E então? Pode fazer isso?

O corpo de Cristiano tremia de raiva. Num estouro, ele socou as paredes e bateu violentamente na mesa.

Será que ninguém se importa com uma morte brutal como a dela? - ele vociferou em angústia. Um clima pesado logo se instaurou no recinto. Agora eu compreendia melhor a dimensão do sentimento que o movia. Eu entendia bem, infelizmente, o poder que esses afetos causavam na profissão.

Ela era importante para você...Eu compreendo, Cristiano. - disse com calma - Perdi alguém para a violência também e, assim como Clarice, ela se foi e as perguntas ficaram. Acha que eu não desejo fazer justiça pela minha irmã, também? Que não busco formas de superar isso me empenhando no meu trabalho?

O delegado ergueu a cabeça, surpreso com meu relato. Mas ainda resistia à minha fala.

Já se passaram três anos. Precisa seguir em frente e fazer o seu melhor para que não haja mais Clarices por aí. Mas para isso, preciso fazer jus às denúncias que recaem sobre o senhor.

Eu me sentei diante dele e sinalizei para que ele fizesse o mesmo. Pela primeira vez, senti que ele havia percebido a gravidade de sua situação.

Cristiano colocou os braços sobre a mesa e apoiou o queixo nas mãos. Pensativo, parecia avaliar suas opções e qual delas lhe traria mais vantagens.

Não poderei permanecer no cargo, poderei?

Muito provavelmente, não. Não poderá.

Quais minhas opções?

Respirei fundo e coloquei as claras o que poderia ser feito com minha ajuda.

Cristiano, não será muito agradável mas creio ser melhor do que acabar exonerado.

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As cenas do seu último encontro com Cristiano anos atrás, tão vívidas na memória de Izabel, tornaram a caminhada dela, delegacia à dentro, familiares demais. Desde o acordo firmado, a doutora acompanhou os passos do jovem com bastante atenção. Não esperava que, seis anos depois, ele teria uma recaída.

Quando Cristiano entrou, ferido, machucado e algemado, Izabel não pode deixar de esboçar uma reação de desapontamento. O rapaz, por sua vez, também parecia constrangido por estar ali com ela, em circunstâncias parecidas.

— Doutora Izabel... - Cristiano cumprimentou com a cabeça - Bom ver a senhora... - disse com amargor

— Seria melhor se não envolvesse esse assunto novamente, não acha? - ela suspirou pesarosa - Meu querido... Desconfio que não poderei te livrar de algo mais sério dessa vez...

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Giuliana estava de frente ao Convento. Suas pernas tremiam e sua barriga doía dado ao nervosismo. Percebeu que, pelo horário, as noviças e demais membros do lugar estavam em seu descanso pós almoço. Observando mais um pouco, notou um pequeno grupo de visitantes entrar por um portão menor. Aproveitou a oportunidade para de infiltrar entre eles.

O prédio tinha uma estrutura que remetia à arquitetura barroca da época. Apesar da temperatura externa, ali dentro, era relativamente fresco por conta da altura das abóbadas e os pátios existentes. Se disfarçando o máximo possível, Giuliana decidiu se aproximar de uma jovem noviça e perguntar sobre a biblioteca.

— Olá, moça! - disse ela - Preciso de uma informação breve...Poderia me ajudar?

— A paz de Cristo, moça! - disse ela sorrindo - O que deseja?

— Queria saber onde fica a biblioteca do convento. Adoro livros e queria conhecer o acervo de vocês

A noviça ficou tensa por alguns instantes, os olhos buscando alguma superiora para socorrê-la. Não vendo ninguém, respondeu ela mesma

— A biblioteca é de uso restrito. Não é aberto aos visitantes.

Para não deixar suspeitas, Giuliana redobrou sua simpatia e agradeceu as informações. Mesmo contrariada, não perdeu o foco. Voltou a se juntar ao grupo de turistas e continuou instituição a dentro.

Atenta à movimentação no lugar, uma figura acabou chamando sua atenção por estar ela carregando uma pilha de livros na mão. Na primeira oportunidade, Giuliana se desmembrou do grupo que estava e passou a seguir a moça.

Para não chamar atenção, Giu se colocava em locais estratégicos ou disfarçava ao se juntar com famílias e grupos independentes que visitavam o prédio.

Conforme avançava, o lugar ia ficando menos movimentado e Giu sabia que, a qualquer momento, alguém poderia abordá-la. Ela não tinha escolha a não ser mexer no celular e fingir distração. Após mais dez minutos acompanhando a freira, Giu se deparou com a entrada da biblioteca. Para sua sorte, ninguém tinha desconfiado dela. Para seu azar, ela só conseguiria entrar com autorização.

— E agora...O que eu faço? - pensou consigo. Não daria para se passar pela turista perdida porque era uma desculpa esfarrapada. Entrar de supetão, não seria viável também. Vasculhou com os olhos e acabou vendo uma portinha distante com as inscrições "lavanderia" nela. Havia achado sua salvação.

Apressada o suficiente para chegar ao local, mas não tão rápido para ser notada, Giu entrou, pegou a primeira peça de roupas que viu e se vestiu. De cabeça baixa e andar vagaroso, caminhou até a porta da biblioteca.

— Bom dia, irmã! - disse ela em voz baixa

— Você é nova por aqui, irmã? - indagou a senhora

— S-sim...

— Bem imaginei. Refira-se a mim e outras com minhas vestes como Superiora, certo? Para evitar aborrecimentos com as demais... - ela sorriu, fazendo as rugas ao redor dos olhos se tornarem mais visíveis - Qual seu nome?

— Rosa. Eu me chamo Rosa - respondeu Giu de pronto - Queria ler um pouco antes de voltar às minhas obrigações. Há algum problema?

— Não, de forma alguma. Você tem vinte minutos, que é quando eu me retiro para orar.

Giuliana concordou com a cabeça e agradeceu a senhora, que lhe abria a porta da biblioteca.

Como o esperado, o acervo era gigantesco. As prateleiras cobriam toda a extensão das paredes, até o topo. No centro, algumas estantes novas colocadas para comportar os livros recentes. Nas mesas, as senhoras liam calmamente.

Fingindo naturalidade, Giuliana olhava as inscrições dos livros e as fichas colocadas na entrada de cada setor. Por mais que buscasse, nenhum deles tinha o código inicial de suas anotações. Estava preocupada de não conseguir achar o que precisava e sair à tempo. Quando pensava em desistir, reparou em uma entrada coberta por uma cortina de veludo vermelho. Supôs ela se tratar de uma sessão restrita. Era o último lugar a se olhar.

Com cuidado, Giu se dirigiu até o local, evitando olhar para os lados e acabar sendo pega. Quando passou pela cortina, sentiu o calor abafado do local. O cheiro de itens velhos e poeira incomodavam o nariz . O corredor era estreito e levava para um cômodo único, arredondado. Seguindo seus instintos, se dirigiu até lá.

O alívio que sentiu ao ver que a série de livros catalogadas batiam com as inscrições que estavam na bíblia, deixaram Giuliana mais eufórica. Ela tirou seu bloco de notas da mochila e foi procurando os exemplares

— Muito bem, 230.... - os dedos deslizavam com delicadeza por entre os livros - Aqui! A caminho da verdade. O próximo... - deu mais alguns passos, verificou os números e encontrou o que queria - Almas do purgatório ou o Trabalho do Luto - e assim, Giuliana seguiu até encontrar os dois livros restantes

Alternativa ao desespero e Alvos para a vida - Meditações para Jesus. Bem, agora preciso analisá-lo e com calma.

Giuliana refez o trajeto, abriu os livros e foi vasculhando as páginas do primeiro livro com cautela. Uma das páginas parecia mais gasta que as demais. Tateou com os dedos e viu que algumas letras estavam mais marcadas do que outras. Curiosa, Giu tirou um lápis da bolsa e rabiscou os relevos

— Ela circulou letras! A mensagem está dividida assim!

Seguindo esse padrão até o terceiro livro, Giu conseguiu transcrever a mensagem e ficou mais confusa ainda com as orientações.

No quarto livro, enquanto movia as páginas, percebeu que algumas delas estavam grudadas sutilmente. Com cuidado, soltou as páginas e acabou encontrando um envelope. No instante em que ia abri-lo, ouviu o som de algo cair. Não era um barulho estrondoso, mas algo abafado. Como se o objeto tivesse caído sobre uma superfície macia.

Preocupada, Giu guardou o envelope nas suas coisas, escondeu a mochila e se preparou para guardar os livros. Fez isso com o máximo de pressa que conseguiu. Ouviu sons novamente, dessa vez, de vozes suplicantes. O mesmo som abafado cortou o ar. Giuliana sabia que havia algo errado. Porém, ela estava encurralada na área restrita. Era presa fácil.

Em um ato de coragem e imprudência, foi rastejando para a entrada do corredor. Agachou-se entre as cortinas e observou pacientemente. Porém, sua espera foi recompensada por uma visão apavorante: os corpos das irmãs que estavam na biblioteca sendo arrastados para o canto por uma figura vestida de preto e mascarada. Na sua cintura, havia uma arma e nela, um silenciador.

— Por isso os sons abafados... - murmurou baixinho.

O último corpo arrastado era o da Superiora. Um tiro na testa. Os olhos da mulher estavam arregalados de medo e , nas mãos em prece, os terços enrolados. A Superiora só conseguiu rezar e clamar por Deus antes de morrer. Os olhos de Giuliana se encheram de água e ela já não podia esconder o medo que sentia.

A figura, depois de empilhar os corpos, começou a andar pelo saguão. A pessoa se movia com cautela, como se estivesse caçando. Ele sabia que era questão de tempo até sua presa cometer um ato falho e aparecer. E Giuliana sabia que a presa era ela.

Estava sozinha com um assassino frio e calculista. As chances de terminar empilhada com as demais eram mais altas do que a de sobreviver.

Em desespero, ela retrocedeu até a sala circular da área restrita, tirou da mochila os itens que Ricardo lhe deu e rezou para que desse tempo de ser socorrida.

Mas, se reza adiantasse de algo, não teriam morrido as senhoras de fé que agora, estão jogadas como restos de lixo no saguão principal.

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