Capítulo 11
— Tá de brincadeira com a minha cara... - comentou Giu, pensando em voz alta
— Achou algum... Uau! - Cristiano apareceu logo atrás no cômodo - Mais um enigma, pelo visto.
— Na boa? Eu tô começando a cansar desse caça ao tesouro, sabia? - Giu tirou o celular do bolso e fotografou as informações da parede.
— Quer continuar procurando na casa?
— Pode ser... - respondeu ela não muito animada.
Mesmo sabendo que já tinham vistoriado bem a casa, deram mais uma varredura para ter certeza de que não estavam deixando nada passar.
Como o novo enigma estava escondido, Cristiano considerou a hipótese de que, havendo mais pistas, elas não estariam à olho nu. Por isso, ele foi levantando móveis, verificando paredes ou tábuas do piso caso achasse algum compartimento falso. Foi dessa maneira que ele encontrou uma espécie de cofre da altura de uma garrafa d'água de um litro e com boa largura. Obviamente, estava lacrado com um um fecho similar àqueles cadeados com rolagem de números, onde se insere a combinação para abri-lo.
— O que é isso? Um puzzle? - Cristiano ouviu a voz de Giu próximo a ele
— Sim, não... Só saberemos abrindo. - ele pegou o objeto e colocou embaixo do braço - Vamos?
Giuliana concordou, já tomando a frente no caminho até o carro. Ambos entraram e partiram para a casa dela.
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— Como assim "ela achou outra pista"? - resmungava a voz de fumante de um velho pelo telefone.
— Madalena deixou rastros sobre o passado de Giu. E com ajuda daquele delegado, é questão de tempo até ela descobrir tudo sobre o que fizeram com ela e a família - respondeu outra voz masculina, mas mais jovem.
— Temos que interceptar as novas informações que ela conseguiu! E rápido, antes que eu me aborreça e dê um fim em você também!
O jovem fechou os punhos, pensando consigo mesmo a raiva por ter de seguir as regras daquele coronel.
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Soraia, como fazia todas as manhãs, se levantou após o cochilo do almoço e caminhou até a cozinha para preparar um café. Ela vestia uma camisola, um hobbie de cetim e pantufas nos pés. Era seu traje diário já que ficava muito tempo com sono por conta da medicação.
Enquanto esperava o café ferver na leiteira, ficou encarando a porta de casa, como se esperasse alguém entrar. Em outros tempos, seria sua Clarice que chegaria esbaforida da rua, falando alto, contando como tinha sido seu dia. Mencionaria várias vezes o nome de Cristiano e de como ele a tratava. Era um bom menino. Soraia sabia disso. Só era difícil para seu coração de mãe aceitar que ele não havia cumprido com sua promessa nem antes nem após a morte de sua filha.
Perdida em seus devaneios, não viu o líquido preto transbordar. Precisou correr e tirar do fogo, limpando a bagunça. Pensou no que diria Clarice ao vê-la sendo desastrada. Teria achado graça? Diria que, enfim, sabia de onde tinha herdado sua falta de habilidade e destreza? Uma lágrima escorreu no rosto da mulher envelhecida precocemente por conta dos lutos inesperados que sofreu.
Estava na indo na direção do quarto da filha, como fazia todas as vezes, quando ouviu a campainha tocar. Um lampejo de esperança fez com que o rosto de Soraia parecesse mais jovem, uma pena que não havia ninguém para testemunhar esse milagre.
Trêmula, ajeitou-se para estar minimamente apresentável e abriu a porta. Acabou se deparando com um rapaz vestido com trajes formais e com um papel em mãos
— Boa tarde! Dona Soraia?
— Sim, o que deseja? - perguntou curiosa
— Sou o oficial de justiça, Paulo. Vim entregar a notificação sobre a exumação do corpo de sua filha
Se antes, a mulher parecia ter ganhado alguns anos de vida, aquelas palavras quase a levaram para a cova. Um misto de sentimentos dominaram seu interior: raiva, despeito, tristeza, dúvidas, medo...
— N-não entendo...Por que querem exuma-la? Já disseram tudo sobre a morte dela - sua voz saiu cortante, cheia de rancor ao se recordar do trabalho das investigações
— O ministério público aceitou o pedido do antigo delegado do caso. Ele acredita que, com uma nova perícia, alguma prova possa surgir. Há o interesse dele e sua equipe da época em concluir o caso.
Soraia ainda tremia de raiva, lendo o papel com atenção. Mas nem se ela estivesse com as emoções no lugar, não entenderia aquele linguajar todo do documento. Mais burocracia e falatório de gente estudada que não havia ajudado antes e não ajudaria agora.
— Pois diga à ele que eu não permito! - elevou o tom de voz
— Perdão, senhora?
— Eu não quero que vocês mexam nela! - Soraia, agora , quase gritava
— Sinto muito, o ministério público entendeu que é cabível a ação e...
— POIS MANDE TODOS ELES IREM PRO INFERNO! - esbravejou - Vocês NÃO PODEM aparecer aqui dez anos depois e me OBRIGAR a aceitar um desrespeito desses! - a voz da mulher começava a embargar - Ela era minha filha... - Soraia bateu no peito com a palma da mão aberta - Eu ainda sou responsável por ela...Sou eu quem dorme todos os dias dopada de remédios - a cada frase, uma nova batida no corpo, dando ênfase na sua dor - Então suma daqui com essa porcaria de papel e me deixa viver o resto da minha existência sozinha até que Deus me leve pra junto de minha filha - lágrimas enormes caiam dos olhos da mulher.
Constrangido, o oficial de justiça permaneceu em silêncio, fez um pequeno gesto de despedida e seguiu seu caminho, havia outras notificações para dar até o final do dia.
Soraia ficou na porta, segurando no batente para não cair prostrada no chão mas foi inútil. Quando deu por si, estava ajoelhada. O choro dela se intensificou. Se sentia humilhada e ultrajada por ter sua privacidade e dor invadidas por um mero papel, papel este que ainda estava à sua frente.
Notando a tristeza se tornar raiva, pegou a notificação e procurou pelos nomes que deram entrada no pedido. Não encontrou o de Cristiano, mas sua intuição lhe dizia que ele estava envolvido. Soraia decidiu que, no outro dia, tiraria satisfações com o rapaz.
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— Como estão os preparativos da festa, minha filha? - Ester ouviu sua mãe perguntar pela milésima vez em menos de uma hora
— Estão bem, mãe... Apesar do atraso do buffet e da moça responsável pela montagem da mesa do bolo, estão bem. Fique tranquila!
— Ah, mas eu tô, minha filha... Tranquilidade é meu segundo nome!
— Sei, dona Dinorá... - riu Ester
— Estrelinha... - Ester se assustou ao ouvir seu apelido. Como a mãe tinha dificuldade em dizer o Esterzinha, colocou aquele porque achava mais mimoso - Nem te contei, meu amor! - Dinorá se aproximou e , aos sussurros, prosseguiu - O pai da Michele quis ligar pra ela hoje!
— Estranho... Por quê o Cristiano ligaria? - comentou Ester confusa, enquanto arrumava os enfeites de mesa - E isso faria Chele desconfiar e...
— Não, bobinha...O outro
A cor de Ester sumiu ao ouvir aquela frase. Pensou se tratar de alguma brincadeira de mal gosto da mãe.
— O pai da Chele é o Cristiano, mãe! Você bem sabe
— Ora, não seja malcriada... Ela tem outro pai! E ele tem direito de querer ver a filha!
— Se ele quisesse ver a filha, não teria sumido no mundo como fez - cortou Ester, já se preparando para entrar na cozinha - E por favor, mamãe...Pare de trazer esse homem pra minha vida. Sei que não gosta de Cristiano mas ele foi o pai que Chele precisava e sempre se mostrou bom marido pra mim! Respeite minhas escolhas. Agora, se me der licença... - Ester saiu pisando duro do local e indo se ocupar com o resto dos preparativos.
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— Algum progresso? - perguntou Cristiano, sentando-se de frente para Giu, em um banquinho
— Bem, essa parte não é difícil... Se a gente reorganizar as sílabas vamos ter os livros Lamentações e Ezequiel!
— Muito bem! E quanto aos números? Seriam as passagens? - respondeu ele interessado
— É capaz... Agora se estão na ordem ou não....
— Madalena parece ser esperta - disse ele se levantando, caminhando pela sala enquanto ponderava - Deve haver marcações ou inscrições nesses livros, só precisamos identificar
— É, gênio, eu sei ! - debochou Giuliana - Seria mais fácil se, sei lá, ambos os livros não estivessem todos marcados com alguma cor ou símbolo aleatório! - mostrou a bíblia - Olha!
Intrigado, Cristiano se sentou novamente, dessa vez ao lado de Giuliana. Com a bíblia em mãos, folheou de linha em linha as marcações. Tinha de haver um critério naquilo. Eles só não conseguiam identificar.
— Preciso de mais café pra analisar isso... Pode fazer um pouco?
— Sem problemas... Já tô cansada mesmo de olhar pra esse troço.
Em poucos minutos, o cheiro da bebida tomou o espaço. Giu serviu uma xícara generosa do café e entregou à Cristiano, que agradeceu.
— Vai demorar muito? - pergunto Giu impaciente
— Talvez... Por que? Não tá afim de ficar aqui comigo? - e ele fez uma cara maliciosa, brincando com ela
— Não... E desfaz essa cara... - respondeu encabulada
— Sério, por que não quer ficar? Geralmente você não desiste fácil desses enigmas.
— Tenho um compromisso. - disse ela vagamente
— Compromisso? - Giuliana achou curioso o tom de interesse de Cristiano.
— É, ué! Não posso? Eu faço outras coisas além de sair com você, tá?
— Como o quê? Um encontro? - ironizou ele.
— É... Exatamente isso! E se você ficar demorando, vai me atrasar - respondeu Giu contrariada, se levantando do lugar
— Você realmente vai a um encontro? - Cristiano largou a bíblia e a xícara sobre a mesa de centro
— Vou! - disse ela enquanto digitava no celular - Inclusive, falando com ele.
— Vocês se conheceram onde?
— UnB. Monitoria... - Giu sequer fitava Cristiano - Ah, e ele trabalha comigo
— Por que nunca me falou dele? - havia um leve tom de contrariação na voz de Cristiano
— Porque você nunca perguntou. Toda vez que a gente se vê é só Clarice ou Madalena, Clarice ou Madalena... Qualquer coisa que soe mais intimista, você se assusta e me evita - Giu disse com ressentimento, o que deixou Cristiano encucado.
— Não é isso, eu só busco ser profissional e manter essa distância é importante.
— Se eu decido ser carinhosa ou solicita com você, você recua. Se menciono seu passado, você me dá resposta vaga. Mas aí, você tá aqui, nos últimos cinco minutos, me enchendo de perguntas pessoais e eu não posso achar ruim, entendi bem? - Cristiano recebeu aquelas palavras como um soco - Belo profissionalismo de merda! - ela foi até a varanda, sentou-se na cadeira que ficava naquele espaço e acendeu um cigarro.
— E anda logo com esse negócio! Se não vai resolver hoje, pode ir! - gritou ela, já acendendo um novo cigarro. Cristiano quis repreendê-la por fumar em situações de estresse pois sabia que aumentaria o vício.
— Você confia nele? - Cristiano surgiu no batente da porta de correr de vidro da varanda
— Porra, ainda isso?
— Estou me certificando que está segura! - disse firme - Não esqueça que você foi ameaçada. Nunca se sabe...
Giuliana soltou uma longa baforada, rindo com certo desdém de Cristiano.
— Eu não acredito que você tá insinuando que meu date de hoje possa ser alguém tentando me matar... - ela tragou o final do cigarro - Puta que pariu!
— Se quiser, eu posso me certificar se el... - tentou argumentar de modo mais brando, porém Giuliana já estava esbravejando
— Porra, não me enche! - disse jogando as coisas da mesa de centro no chão, molhando a bíblia com o café quente de Cristiano - Eu tenho um senso de desconfiança, tá legal? Ou você acha que eu ter um total de dois amigos, e um deles quase um pau amigo, é mera coincidência? Eu não saio confiando em qualquer um! Se fosse assim, eu teria razões pra desconfiar de você , não é?
— Confia mesmo? - desafiou Cristiano.
— Óbvio! Você é treinado, já fez uma porrada de coisa aí como delegado. Se você quisesse me ferir, já teria feito.
Giuliana deu as costas para Cristiano e caminhou na direção do quarto. De repente, sentiu alguém lhe puxar o pulso, forçar seu braço para trás e o imobilizar. Em seguida, seu corpo foi jogado levemente contra a parede.
— Mas que porr... - seu braço foi pressionado o suficiente para incomodar mas não machucar - O que você tá fazendo?
Cristiano aproximou o rosto do ouvido dela. O contato da pele dele em Giuliana era quente e agradável. Sentiu o cheiro da loção pós barba misturado com o do hálito dele, por conta do café. Com a firmeza de autoridade e um toque de ternura de um pai, Cristiano sussurrou
— Isso é o que pode te acontecer ao subestimar alguém bonzinho demais!
Giuliana sentiu o corpo arrepiar, um misto de medo com excitação. Aos poucos, sentiu que estava sendo liberada por Cristiano. Para não sair perdendo, tentou se desvencilhar de seus braços mas foi inútil, ele a prendeu novamente contra a parede. Suas mãos foram erguidas ao topo, os pulsos imobilizados, o rosto de Cristiano colado ao seu. Giuliana queria revidar, se defender mas algo nela estava achando a situação prazerosa.
Uma tensão diferente tomou conta do espaço. Giuliana sentia que, se alguém acendesse um fósforo, algo entraria em combustão. Era um magnetismo familiar, já que Giu já havia notado essa atração sutil entre eles, mas potencializado de uma forma avassaladora.
— Você é louco - disse tentando parecer ríspida, mas a voz falhou
— Não. Experiente - respondeu com suavidade. - Não fuja, hum? - Cristiano soltou os braços dela. Com cuidado, os colocou ao lado do tronco do corpo de Giu - Regra número: o criminoso vai usar da sua vulnerabilidade para te atingir - a respiração de Giuliana acelerava, conforme Cristiano continuava falando - Ele vai entrar na sua mente, no seu círculo social...Vai descobrir seus padrões, suas rotinas - Cristiano pegou na mão de Giu, ensinando um movimento básico que, se bem executado, daria a ela tempo de escapar de algum agressor. - Quando der por si, estará encurralada! Entendeu?
Giuliana balançou a cabeça. Cristiano ainda segurava sua mão, o rosto tomado de uma expressão preocupada. O cenho estava franzido, indicando que ele estava pensando no pior dos cenários sobre Giu sair com alguém. Ela não soube identificar se havia outro sentimento além da vontade de protegê-la.
Cristiano encarou Giuliana e, como de costume, vislumbrou Clarice com intensidade. Teve vontade de implorar que ela ficasse ali com ele ao invés de ir para a rua. E se algo acontecesse, ele teria que reviver seu pior pesadelo? Ele não suportaria. Seria demais para seu ego destroçado.
Giuliana não merecia morrer, era o que ele dizia pra si mesmo. Surpreendeu-se ao notar que, em seu coração, aquela frase doía tanto quanto a morte de Clair.
Cristiano agitou a cabeça e voltou a si. Ainda estava próximo de Giu. Perigosamente próximo. Após respirar fundo, se afastou dela, indo pegar suas coisas
— Desculpa pelo o que fiz agora... Não acontecerá novamente.Mas use o que te ensinei caso precise e me mantenha informado, por favor. Preciso de você viva!
O silêncio adensava o clima.
— O encontro é mais tarde... - disse Giu - Se te deixar mais tranquilo, pode ficar aqui e conhecê-lo.
Cristiano virou-se para a jovem. Ela ainda estava apoiada na parede, quase na mesma posição que ele a havia deixado. Reparou no rubor em seu rosto e na postura envergonhada.
— Se você disser que não há nada de errado, vou me sentir mais segura.
Cristiano hesitou, passando as mãos pelo pescoço, ponderando a proposta. Giuliana suplicava com os olhos. Por conta da sua passionalidade, Cristianos acabou convencendo-a de que ela corria riscos ao sair com um amigo. Parabéns, tinha sido um babaca chantagista emocional e nem sabia o porquê.
— Só posso ficar até às 21h. Aniversário da Chele.
— Tudo bem, vai dar tempo! Vou me arrumar.
Cristiano se sentou e tentou acalmar seus ânimos. Ainda notava os efeitos do rompante que lhe acometeu instantes atrás. Por que ele tinha de ser tão impulsivo?
Após quase quarenta minutos, Giuliana surgiu na sala. Ela vestia um vestido justo que ia até os joelhos e de decote coração, com mangas, na cor turquesa. Os cabelos estavam bem amarrados num rabo de cavalo alto e a franja, caída um pouco nos olhos. A maquiagem era sutil: blush , batom escuro puxado pra um pink em tom fosco e rímel.
E , outra vez, aquele feito que só Giuliana provocava nele. Dessa vez, mais por ela mesma do que pela memória da outra. Cristiano sentiu o corpo esquentar. Por um momento, seus pensamentos o levaram a fantasiar algo com Giu, ou era Clair? Ele não sabia responder ainda.
— Nossa, você ficou calado...Tá muito exagerado?
Recobrando os sentidos, Cristiano disse tentando soar o mais natural possível
— Não. Gostei bastante. A cor lhe cai bem. E onde irão? - emendou ele
— Ele disse que era um evento do grupo de literatura. Na embaixada, sabe? E obrigada pelo elogio. Eu não sou boa nisso de sair com alguém. Não nesse sentido de sair... - Giuliana abaixou os olhos envergonhada.
— Não tem um jeito certo pra isso. Você vai se sair bem!
— Eu espero... - Giuliana caminhou até ele e se sentou no sofá - Agora é aguardar
Ambos ficaram em silêncio por um tempo até Cristiano fazer outra pergunta
— Você aceitou o convite de cara?
— Não. Neguei três vezes... - riu ela - Mariana quem teve de intervir
— E você queria que ela tivesse feito isso?
— Não sei... - ela recostou no sofá - Ele não faz meu tipo, mas também quis me dar a oportunidade de viver algo diferente. Experimentar o novo, faz sentido?
— Faz sim - respondeu compreensivo - Alguma expectativa em particular?
— Bem...Se ele quiser dar uma avançadinha, não ia achar ruim - brincou Giuliana
Cristiano fez uma cara de desagrado, fazendo Giuliana provocá-lo entre risos. Ele não pode deixar de rir também.
As horas passavam e a ansiedade de Giu aumentava, que logo foi descontada em mais cigarros. Cristiano ensaiou uma frase tranquilizadora mas percebeu que não surtiria efeito.
Enquanto fumava, Giu tentava falar com Miguel mas nenhum sinal dele. Ela olhou o relógio. Estava atrasado e, logo, Cristiano precisaria ir.
— Olha, Cris...Pode ir, tá? Não quero te atrapalhar e , além disso, acho que miou o encontro - disse tentando segurar a decepção - Vai pra casa e aproveita a festa com sua família.
— Tem certeza? - ele se levantou e ergueu o rosto de Giu, para ver em seus olhos o que se passava - Posso ficar mais dez minutos
— Tenho sim...Se ele aparecer, eu te aviso.
— Ótimo, fico mais tranquilo assim. Nós nos falamos no final de semana pra continuar nossa caça ao tesouro.
Giuliana o acompanhou até a porta e ficou observando Cristiano entrar no elevador antes de voltar a pra sala e esperar por Miguel.
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Todos os convidados estavam presentes, menos Cristiano. Por mais que tentasse ligar, o telefone tocava até cair na caixa postal. Ester já não tinha mais cara para encarar as pessoas da festa sem se sentir tola. Como podia o pai da criança não estar ali com ela?
Sua mãe, sentada ao longe em uma das mesas, observava a filha. Ester já não podia esconder que estava irritada e preocupada com o atraso de Cristiano. Ligou mais uma vez e caixa postal
— Eu disse pra você não esquecer da festa. Sua filha daqui a pouco chega e...
— Pessoal, se escondam! Ela está chegando com a tia - gritou uma das convidadas.
— Ótimo! - resmungou Ester desligando o celular.
Deu duas batidinhas no rosto, ajeitou-se e ficou a postos para surpreender a filha.
A porta se abriu e todos gritam empolgados um sonoro "surpresa". Chele deu pulos de alegria e correu até a mãe. Ester a pegou no colo e deu muitos beijos. Chele estava com os olhos marejados de emoção
— Cadê o papai, mãe?
Expressando uma calma difícil de ser mantida, já que por dentro ela queria chorar, Ester soltou a filha no chão
— Ele teve um imprevisto e vai chegar mais tarde tá? Mas ele vem. Ele não vai perder sua festinha por nada!
Ele tinha que aparecer. Cristiano tinha de aparecer para se explicar. Ao menos, era o que Ester pensava no auge do seu ódio
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