Capítulo 8
Sonhei com esse momento a vida inteira e agora que podia fazer isso acontecer, minha consciência jamais permitiria. Alicia namora, eu repeti isso 30 vezes na minha cabeça, mas não consegui me afastar. Como eu poderia?
Ouvi o barulho da porta abrindo e me deparei com o olhar furioso de Leo, então achei que esse era um bom motivo para me separar de Alicia, que só se deu conta da situação depois que eu me afastei dela. Os olhos dela miraram a porta e não deu muito tempo de explicar algo para Leo, porque em menos de um segundo ele estava em cima de mim, me socando.
Eu nunca deveria ter saído da aula de karatê no primeiro bimestre, eu sabia que algum dia ia precisar daquele conhecimento. Agora eu sou só um ser humano fraco, apanhando na frente da garota que eu gosto.
- Para com isso, Leo – Alicia tentou puxar o braço dele e o inesperado aconteceu. O babaca deu um tapa na cara dela e eu senti me sangue ferver, e isso não foi graças aos socos que eu estava levando.
Apanhar dele, tudo bem. Deixar Alicia apanhar dele? Jamais! Reuni toda força que eu nem sabia que tinha e girei ele no chão, dando um soco em seu rosto. Ele tentou reverter a situação, mas eu não permiti que ocorresse, pois dei um soco forte na sua barriga e sua mão foi parar lá.
- Eu deveria te ensinar que não é assim que se trata uma garota, e não é assim que você vai tratar ela, porque se pensar em triscar nela mais uma vez, considere-se um homem morto – levantei de cima dele e fui para perto de Ali - você está bem?
Ela confirmou com a cabeça e Leo saiu do quarto. Meu corpo estava dolorido antes mesmo dessa briga, por causa da gripe, agora eu me sentia acabado.
- James, me desculpa por isso – ela estava constrangida, mas não estava assombrada. Ele já tinha batido nela alguma vez?
- Alicia, não me diga que ele já tinha te batido alguma vez – ela desviou o olhar e eu já sabia a resposta. Que tivessem piedade dele, pois eu iria matá-lo agora.
Levantei da cama e estava indo em direção a porta, mas ela segurou meu braço, não que isso pudesse me impedir, mas me virei para ela.
- Não faz isso, por favor – ela suplicou - você está doente e eu não quero que se machuque mais.
- Então me dê uma boa distração para eu esquecer que esse infeliz triscou os dedos podres dele em você - fechei meus punhos só por imaginar a cena.
- Senta aqui, então - fiz o que ela pediu e ela me abraçou, parecendo a garotinha que eu conheci há muitos anos atrás - obrigada por sempre me defender, mesmo quando não mereço isso.
- Ali, eu te amo, apesar de tudo isso. Somos quase irmãos e nos conhecemos há tanto tempo, como eu poderia não te defender? Como eu poderia não ficar irritado ao saber disso? - me afastei do seu abraço e olhei no fundo dos olhos dela – por que se submeteu a isso, Ali?
Vi que ela estava hesitante, então segurei suas mãos, tentando passar alguma sensação de paz para ela, mesmo sabendo que não seria possível. Eu estou aqui, Ali... era isso que eu estava tentando dizer.
- Eu... Eu só queria - começou a chorar e eu a abracei de novo, fazendo carinho em seus ombros - alguém. No começo eu tinha controle sobre isso, mas acabei me sentindo culpada por coisas que não fiz e me vi presa naquele relacionamento. James, eu sou uma idiota?
Aquilo abriu um grande buraco no meu coração, saber que eu não era suficiente para ela, mesmo estando sempre ali, não era capaz de fazê-la feliz. Idiota, como eu faria isso? Nunca consegui ajudar ninguém e nem consegui fazer meu pai ficar.
- Não, Alicia, você não é - eu tentei me afastar do abraço dela, mas ela me prendeu mais ainda. Leo merecia morrer por ter quebrado o coração dela e ter feito se sentir culpada por coisas que ela claramente não tinha feito, mas Alicia também tinha partido o meu coração.
- Não me solta agora, James – ela murmurou no meu pescoço e eu suspirei. Eu sabia que aquele era meu fim.
Tudo bem, beijar ela não era tão errado, não agora que ela era solteira. Ela ainda não tinha definido isso com Leo, mas se ela ficasse com ele, eu mataria os dois.
- Nunca, Alicia – segurei o rosto dela e a beijei, sem nenhum aviso prévio. Meu coração também não estava preparado para aquilo, porque não parava de ser inconveniente e ficava batendo rapidamente.
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