Capítulo 2
Dias atuais
Ela ainda é a garota mais forte que conheço e seus cabelos dourados ainda são lindos, só não são tão iluminados quanto o sorriso dela.
Acho que sempre fui meio apaixonado por ela, meu coração é só dela, uma pena que ela nunca tenha notado meus sentimentos e sempre aparecia com um garoto novo para me apresentar.
Meu coração se apertava dentro do peito toda vez que ouvia que ela estava com alguém e esse alguém não era eu. Nunca seria.
Essa situação horrível estava acontecendo ainda agora. Alicia pulava sem parar em cima da cama e eu queria matá-la por quase quebrar a minha querida cama, ainda mais por um motivo tão fútil quanto esse.
- Você não está ouvindo o que eu disse? O Leo me pediu em namoro - ela praticamente gritou e eu bufei. Claro que eu tinha escutado, mas estaria bem melhor se não tivesse.
- E o que você disse? - falei depois de me recuperar da crise de ciúmes que se passava dentro de mim. Ainda consegui sorrir e parecer empolgado, já tinha me acostumado a fingir estar feliz por ela e esses relacionamentos que nunca davam certo.
Eu esperava tanto que a resposta fosse negativa, queria que ela tivesse dado um fora no cara, até criei uma esperança sobre isso, mas como sempre, eu estava enganado. Ela me mostrou um anel bem brilhante nos dedos e eu bati palmas, sempre assim.
- Parabéns, Ali - disse fingindo um ânimo e ela me abraçou, claramente retribuí e coloquei o rosto no seu pescoço, inalando aquele cheiro doce do perfume dela que eu amava tanto. Queria tanto que ela fosse minha...
- Sabe, James, você é o melhor amigo do mundo! - amigo, é, eu realmente sou um ótimo amigo.
Doía ouvir ela dizer aquilo com tanta ênfase, mas era a cruel realidade dos fatos. Eu nunca passaria de um amigo para ela e isso me apavorava tanto quanto me deixava tranquilo, porque eu tinha tanto medo de entrar em um relacionamento, que nunca namorei.
- Você também é uma ótima amiga, Alicia. Espero que ele não te magoe como o último fez e agora vamos dormir que temos aula amanhã - peguei o cobertor e joguei na cama, me sentando na mesma e esperando ela deitar também.
Alicia era cheia das manias, antes de dormir ela tinha que se produzir toda. Todas as noites antes deitar ela passava seu creme com cheiro de morango e seu brilho de cereja na boca, boca que eu sentia falta de ter colada na minha.
Eu não estava com sono e sabia que não dormiria tão cedo só pensando nisso, e além do mais, eu ia pensar no nosso beijo de anos atrás. Sim, nós já nos beijamos, foi ela que me ensinou tudo que eu sei sobre o assunto.
Flashback
Eu cheguei em casa triste, Alicia não tinha ido para a escola hoje e eu tive que ir e voltar sozinho. A questão é que hoje eu tinha dado meu primeiro beijo, aos plenos 15 anos e eu tinha feito tudo errado, ou pareceu bastante que a garota não tinha gostado.
O pior é que eu estava tentando tirar Alicia da minha cabeça, essa garota parecia um chiclete daqueles que temos que tirar com ajuda de alguma ferramenta. Ela me deixava maluco com tanta história e era a pessoa mais falante do mundo, eu tinha certeza disso.
E por querer esquecê-la eu beijei uma garota que estava gostando de mim na escola, a Lisa. Conheci ela no ensino fundamental e só nos falamos umas duas vezes, porque eu era um pouco tímido para conversar e não precisava ter mais amigos, Alicia me bastava.
Só que Alicia começou a arrumar namorados desde os 14 anos e eu sempre era deixado de lado. Sabia que não era proposital, a garota não sabia mesmo dividir o tempo e ainda tinha o dedo completamente podre para garotos.
Lisa se confessou para mim naquele dia e me pediu um beijo, eu não tinha nada a perder mesmo e aceitei a proposta, mas me sentia tão arrependido disso que o peso da minha consciência me deixou para baixo.
Subi para o meu quarto e nem tive vontade de almoçar, ainda mais que mamãe tinha arrumado um emprego novo e não estava em casa para me cobrar que comesse. Ouvi alguém batendo no portão da minha casa e pela forma que bateu, sabia que era ela.
Desci as escadas rapidamente e abri para ela entrar. Eu não estava animado e nem ia fingir estar. E Alicia sempre me conheceu muito bem a ponto de notar o que eu estava sentindo e questionou isso no mesmo segundo que me viu.
- O que aconteceu? - ela disse enquanto se jogava no sofá confortável que minha mãe tinha acabado de comprar.
Meus pais tinham acabado de se separar e estavam vivendo em harmonia, mas em casas diferentes. Eu sabia que estava melhor assim para eles, mas sentia tanta falta de ter ele aqui com a gente.
- Não é nada de importante - me sentei do seu lado e ela se virou para mim como quem diz "eu sei que você está mentindo" - ok... Eu não sei beijar.
As expressões no rosto dela deixavam claro que ela estava incrédula e confusa. Ela sabia que eu nunca tinha beijado alguém, ao contrário dela que já tinha ficado com tantos garotos e sabia bem como beijar, eu acho.
- Como foi? - de repente ela pareceu brava e eu não compreendi o motivo da sua irritação - com quem foi?
- Foi estranho, quem inventou isso? Que ideia, duas pessoas com as línguas se enrolando e mexendo o rosto de um lado para o outro - eu realmente tinha achado meio nojento aquilo, não fazia sentido algum beijar aquela garota - foi a Lisa.
- Ela sempre gostou de você - ela murmurou. Claro que ela sabia disso, todo mundo na escola falava sobre. Lisa não conseguiu ser muito discreta, porque sua melhor amiga era uma fofoqueira de primeira.
- Eu sei. Quer almoçar? - Alicia era tão magra e qualquer um pensaria que ela não comia, mas ela era uma devoradora de comida, ainda mais se a comida for muito oleosa. Apesar de parecer brava, ela afirmou com a cabeça e eu fui colocar a lasanha que minha mãe tinha feito no prato e entregar para ela.
- Você gosta dela? - ela tinha virado para o outro lado e eu tentei ignorar aquela pontada de felicidade ao notar que ela estava com ciúmes.
- Claro que não, Ali - bufei. Ela me conhecia tão bem e não notava que eu era doido por ela - eu não gosto dela. Só não queria ter passado vergonha na hora de beijá-la, foi extremamente constrangedor.
- Posso te ajudar com isso, se quiser - ela se ajeitou no sofá e já estava quase terminando a comida - você não comeu, não é? - dei de ombros e ela me deu um tapa - quer morrer, garoto?
- Quero não, só não estava com fome. Me ajudar com o que? - perguntei curioso e ela deixou o prato em cima da mesa de centro, se aproximando de mim. Se era difícil sobreviver com ela distante, com ela colada era quase impossível respirar.
- Te ajudar a beijar - ela disse como se fosse algo óbvio e eu fosse um lerdo. Quase estremeci, esperava que ela não tivesse percebido isso.
- Como você pretende fazer isso? - fiquei impressionado pelo fato da minha voz ter saído e de não ter gaguejado, estava muito nervoso.
- Te beijando, claro - Alicia colocou as duas mãos no meu rosto e aproximou nossos lábios. Eu nunca tinha entendido muito sobre o que seria o paraíso, mas deveria ser parecido com a sensação que aquele beijo me trouxe.
Foi um beijo lento e intenso ao mesmo tempo, não sabia nem que isso podia existir. E eu entendi o porquê beijar Lisa não teve graça nenhuma, não tinha sentimento entre nós dois, a garota que eu gostava era muito diferente dela.
- Você pode mexer mais os lábios - Alicia sussurrou entre o beijo e eu tentei fazer o que ela disse. Não era tão difícil quanto pareceu na primeira vez - perfeito - ela disse quando terminamos o beijo e eu fechei meus olhos. Não queria me esquecer disso, nunca.
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