Capítulo 14
Dias atuais
- James, ainda está aqui? - Alicia parou na minha frente. Já estávamos chegando na piscina, mas eu tinha me distraído - está pensando em quê?
- Pedro – ela achou estranho. Claro que ela acharia, Alicia não soube exatamente o que aconteceu. Não soube que eu estava lá quando ele se matou, só sabia que ele tinha se suicidado.
- Por que está pensando nisso agora? - chegamos na borda da piscina e Alicia tirou a blusa, ficando de short e a parte de cima do biquíni.
- Porque eu estava lá - sussurrei e tirei minha blusa também. O local estava vazio, como era o esperado, já que tinham proibido.
Ela se sentou do meu lado e olhou para o céu. As estrelas estavam bem visíveis dali, e o vento soprava em nós, bem gelado por causa da piscina.
- Você nunca tinha me dito que estava lá quando ele se matou. Por quê? - eu estava olhando para ela, ao invés de olhar para o céu também.
- Porque eu não fui capaz de salvar meu primo. Eu me senti inútil e insuficiente, não queria mostrar para você o quanto sou um fracassado.
- Não foi sua culpa, James. Não tem como salvar alguém que não quer ser salvo – Alicia pegou minha mão e eu pude sentir o calor dos seus dedos no meu.
- Eu queria fazer a vida dele valer a pena, eu não consegui – abaixei meus olhos e balancei meus pés na água.
- Você fez o que conseguiu, o que estava no seu alcance. Sei que seu primo te amava bastante.
- Não o suficiente para ficar. Ninguém me ama o suficiente para ficar do meu lado, Ali. Eu não sei porquê você ainda não foi embora – confessei e Alicia me deu um tapa.
- Por que você é meu melhor amigo e eu nunca vou te abandonar, independente das nossas brigas, você é a única pessoa em que eu confio – assenti com a cabeça. Ela levantou e se jogou dentro da piscina – agora entra aqui também.
Fiz o mesmo que ela, sentindo a água gelada arrepiar todo meu corpo. Era essa a sensação de se sentir livre?
Alicia começou a jogar água em mim e eu fiz o mesmo, retribuindo toda água que ela me fez engolir. Ela jogava a cabeça para trás de tanto rir e eu só pude observar e sorrir. Aquela era minha garota, não aquela que ficava chorando por um babaca.
- Eu te amo, Alicia – falei bem baixinho, já que ela estava longe de mim, mas ela percebeu que eu estava falando algo.
- O que estava dizendo, James? - ela se aproximou e eu balancei a cabeça. O cabelo dela estava totalmente molhado e bagunçado, então tentei tirar o cabelo dos olhos dela.
- Não foi nada, só estava dizendo que você parece um cachorrinho molhado – dei de ombros e levei um tapa – quem te ensinou a dar tapas tão fortes?
- Aprendi sozinha – ela disse se gabando e jogou mais um litro de água na minha cara.
- Você me paga – a ameacei e ela me deu língua. Continuamos brincando por alguns minutos, até ouvirmos vozes perto da gente, então achei uma boa ideia darmos o fora dali.
Puxei Alicia para a borda e subi, ajudando-a a subir rapidamente. A pessoa apontou a lanterna para nós e eu peguei as coisas no chão.
- Corre – falei para Alicia e começamos a correr como loucos, sendo perseguidos por um dos guardas do local. Ele estava literalmente atrás da gente, e eu sabia que Alicia não iria conseguir correr por mais tempo.
- Eu não consigo mais – Alicia disse arfando e eu tentei pensar em um jeito de nos livrarmos, então acelerei mais ainda e virei no corredor, entrando no quarto da virada. O quarto era de Lisa e Michael que acordaram assustados quando nos viram.
Não sabia se ele tinha nos visto entrar, mas provavelmente não. Ele claramente iria procurar em todos os quartos, então fechamos rapidamente a porta.
- O que vocês estão fazendo aqui? - Michael disse assustado.
- Fugindo – sussurrei e quase escorreguei na água que descia do meu corpo. Alicia estava tremendo do meu lado, então entreguei uma toalha para ela e me enrolei na outra.
- De quem? Por quê? - Lisa perguntou rapidamente. Será que toda mulher era curiosa daquele jeito? Eu sabia que Lisa e Alicia eram.
- Do guardinha, porque nós estávamos na piscina e já passou do horário - Alicia falou e bateram na porta do quarto deles. Olhei para o banheiro e Alicia pensou o mesmo – se for o caso, não estamos aqui – avisou e saímos em direção ao banheiro, deixando a mentira por parte de Michael e Lisa.
- Você é genial, Ali – ela sorriu convencida e jogou os cabelos para o lado. Peguei a toalha que estava na mão dela e comecei a secar suas madeixas loiras.
- Tem tanto tempo que você não faz isso – Alicia parecia aproveitar o carinho e eu sorri – sinto falta de como éramos antes de tudo isso.
- Eu também, Ali. A gente mudou muito nos últimos anos, você até rockeira já virou. Pensando bem, somos os amigos mais diferentes do mundo – dei um beijo na testa dela.
- James, eu posso te contar uma coisa? - balancei a cabeça - promete que não vai achar estranho?
- Prometo, Ali.
- Eu me afastei de você propositalmente – a olhei. Por que ela teria feito isso? Eu fiz alguma coisa? - não, você não fez nada – ela respondeu a pergunta antes que eu fizesse – eu estava confundindo o sentimento, e não queria acabar com nossa amizade.
Abri a boca por alguns segundos e depois fechei. Ela estava gostando de mim e preferiu se afastar a conversar comigo e descobrir que eu também era maluco por ela?
- A gente poderia ter conversado sobre isso, Alicia – sussurrei, não sei como minha voz saiu.
Era hipocrisia da minha parte exigir isso dela, sendo que guardo esse sentimento há anos e nunca tive coragem suficiente de encarar meu problema cara a cara. Bem, eu estava encarando-o agora, mas não vem ao caso.
- Porque eu não queria que ficasse um clima estranho entre a gente, aliás, você não gostava de mim e eu nunca soube como era sensação de levar um fora – ela falou com um toque de comédia - bom, sabemos que isso é verdade.
De fato, Alicia nunca levou um fora sequer na vida, mas só um louco seria capaz de fazer isso. Além de linda, Alicia era engraçada, forte, inteligente, feliz, animada, cheirosa, maluca e tinha um corpo cheio de curvas. Realmente, só um louco a dispensaria.
- De fato, Alicia. Eu também nunca levei um fora, aliás, nunca pedi para ficar com ninguém - ela me deu língua e eu ri - é mais fácil não perder, quando você não tenta.
- Esse é o pior tipo de derrota – ela falou a mesma coisa que Minerva tinha me dito, me fazendo pensar se aquilo não era uma maldita coincidência ou se era um sinal do que eu deveria fazer.
- Então, digamos que eu esteja querendo beijar alguém, eu deveria contar isso a ela? - me aproximei de Alicia, deixando-a encurralada entre a pia e eu.
- Depende – mais senti a voz dela do que ouvi – depende de quem for a pessoa – ela fechou os olhos.
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