Me lembro perfeitamente, era um dia ensolarado, eu e meus amigos estavamos nos divertindo, rindo, contando piadas e soltando nossas brincadeirinhas internas.

  Então ele entrou, seus cabelos encaracolados encharcados de suor, os fones de ouvidos para impedir qualquer aproximação e um olhar que dizia "não me perturbe".

  Mas ele havia me feito ir até ele, me encarando do outro lado da lanchonete enquanto meus amigos insistiam que eu fosse até lá.

  Eu cedi, eu sempre cedia aos pedidos de meus amigos.

  Eu passei um minuto em pé, lembro-me bem, ele me encarava como se me analisasse enquanto eu morria de vergonha.

  —Pode sentar, eu não mordo. —E sua frase foi seguida de um maldito e perfeito sorriso.

  Eu me encantei, —até vocês se encantariam— mas não irei negar que me derretia por inteira naquele sorriso.

  —Bom, hum. —Eu já havia começado a gaguejar e mal havia sentado direito.

  Atire a primeira pedra quem nunca gaguejou ou se embaralhou nervosa.

  Por favor, não atira não, que eu tô brincando.

  —Eu gosto da cor do seu cabelo. —Ele riu, na época achei que ele me achasse fofa, mas eu estava redondamente enganada. —Me intrigou.

  —Bom, o amarelo é a cor da alegria, creio eu. —Eu sorri sem graça brincando com minhas próprias mãos e nossa ele sorriu de volta, olhar bem de perto aquele sorriso fazia eu me derreter.

  —Então você conhece a cartela de cores. —Ele parecia interessado na época, parecia fascinado por eu saber todos os significados das cores.

  —É, eu meio que gosto disso. É um passatempo. —Eu ri, ri genuinamente e confortavelmente, e ele me encarou, me analisando de ponta a ponta. —Isso e piadas ruins.

  —Oh, sério? Posso ter a honra de ouvir uma? —O jovem dos olhos verdes indagou parecendo se divertir, era o que eu achava.

  —Você quem pediu. —Eu sorri e limpei a garganta como se estivesse aquecendo a voz. —O que um pintinho disse ao outro?

  —Piu?—Ele não conteve a sua resposta, eu ri pela sua tentativa.

  —Eu estou chocado. —Completei, e céus, ele foi uma das únicas pessoas que riu de minhas piadas e pareceu genuíno, talvez fosse.

  Talvez tudo o que eu pense sobre ele seja só o meu ponto de vista. Era o que eu gostaria de acreditar.

  Ele não teve tempo para explicações.

  Após se acalmar, ele olhou no relógio e rapidamente sugou todo o conteúdo de seu copo.

  —Bom, foi divertido, mas eu tenho que ir. —Ele estava apressado, remexeu seu bolso e tirou seu celular. —Pode anotar seu número aqui?

  —Claro. —Sorri, pegando o celular e anotando meu número, entreguei para ele logo em seguida.

  —Até mais... —Ele fez uma pausa, olhou o nome em seu celular e sorriu. O meu nome em seus lábios fez minhas pernas estremecerem, quase explodi de alegria. —Ally.

  —Até mais...

  —Alex. —Ele se apresentou, não esperou por uma resposta e saiu apressado do lugar.

  Lembro de naquele momento ter pensado que era o destino, até nossos nomes combinavam.

  Mesmo o gosto dele por milkshakes ser algo duvidoso, eu me identifiquei e simpatizei com ele.

  Meus amigos invadiram a mesa me enchendo de perguntas e fazendo comentários. Eu me levantei totalmente sem graça e abanei as mãos encerrando o assunto.

  —Ai, gente, se controlem, é a primeira vez que vemos essa cena.—Brianna me defendeu, passou os braços por cima de meus ombros e caminhamos para fora, mas não antes de ela sussurrar em meu ouvido: —Me conta tudinho por mensagem mais tarde.

  Eu ri, mas eu sabia que o faria.

  Brianna era a minha confidente número um, eu confiava nela de olhos fechados. Apesar de quase todos da escola a odiarem pela sua língua solta e sinceridade exagerada, eu a amava por isso.

  E assim eu voltei pra casa, pensando e esperando Alex me mandar mensagem.

  Se eu não tivesse me apaixonado por ele, eu ainda estaria feliz. Céus, como eu estaria.

  Vocês já se arrependeram de ter conhecido alguém?

  Eu me arrependo de ter o conhecido.