Eu era uma garota alegre, sempre sorrindo pelos cantos e fazendo amizades por onde passava.

   Meus sorrisos eram fáceis e minha risada era frouxa, piadas sem graça eram uma das coisas que eu mais amava.

  A que puxava a música cafona em uma rodinha de amigos, fazendo todos cantarem juntos e passarem vergonha coletivamente.

  A louca dos cortes e cores de cabelos malucos, eram a minha forma de me expressar.

  Eu era a garota que as amigas contavam suas decepções amorosas e e eu tentava ao máximo dar o meu melhor conselho, me esforçando muito.

  Não conseguia dar em cima de ninguém e ainda passava mico na balada, dançando horrivelmente mal.

  Eu era a única que não tinha um namorado, e bom, eu realmente não queria ter, era muito trabalhoso.

  Eu, Allyssa MacClaven, era a garota dos poucos amores, me afastava de qualquer par romântico. Se um dia eu já havia me apaixonado, eu nem me lembrava.

  Saia todos os dias pra lanchonete da esquina e escolhia o mesmo milkshake de sempre, baunilha negra. Eu ia com tanta frequência que o atendente nem perguntava mais.

  Eu era tudo isso, e sinto que poderia ter sido mais, muito mais. Eu poderia ter sido várias coisas, mas ele arruinou tudo.

  Ele me arruinou.

  Sim, é isso mesmo que você acabou de ler, eu era. No passado mesmo, não acabei de escrever nada errado, consegue me acompanhar?

  Sente-se, acomode-se, mas não se sinta confortável, essa estória não é muito agradável mesmo. Pegue algo para tomar e sinta-se livre para me julgar.

  Se você está lendo isso, eu parti, mas não pra casa da esquina ou para outro país. Eu parti para o céu, ou talvez o inferno, bom, talvez nenhum dos dois.

  Agora irei contar a estória de como minha existência desapareceu.

  Em como eu, Allyssa MacClaven, morri nas mãos de uma pessoa insana, fria e neurótica.