Não havia um dia sequer que não conversassemos, Alex estava me acostumando mal, passávamos um dia sem comunicação e eu sentia como se o mundo fosse acabar. E bom, eu achava que ele sentia o mesmo.

  Eu contei a ele coisas sobre mim que eu não havia contado para ninguém, Alex me compreendia de tal maneira que era até assustador. O garoto sempre tinha algo a dizer ou um conselho para dar, era surreal para mim.

  Hoje era aniversário de Brianna, ela pediu que eu o convidasse, e boba como eu estava o diz.

  Ser trouxa da nisso,e o meu papel de trouxa é bem extenso.

  Eu me arrumava demoradamente, pela primeira vez eu me maquiei e, olha, os tutoriais na internet não são pra qualquer um não. Botei até um vestido, coisa que não uso muito. Me surpreendi comigo mesma.

  É como dizem, o amor muda as pessoas, e era visível que eu estava mudando.

  "Já estou chegando" A mensagem que ele me mandou alegrou meu coração, eu desci as escadas correndo após mandar um "ok".

  Me atirei no sofá e aguardei impaciente a chegada dele.

  Minutos depois a campainha tocou, eu corri para a porta, a abri lentamente dando de cara com Alex, um lindo e bem vestido garoto. Pude sentir seu hálito amentolado de onde eu estava e seu perfume doce formigando em minhas narinas.

  Marcus, o meu irmão mais velho, apareceu e estreitou os olhos, sua cabeça ultrapassando meu minúsculo corpo, ele tinha visão total de Alex. Ele pigarreou esperando eu apresentá-lo.

  —Marcus este é o Alex, Alex este é o Marcus, meu irmão mais velho. —Os apresentei sem graça, Alex estendeu a mão e Marcus a apertou.

  Eu pude notar que eles iam se tornar muito amigos, Alex enganou até mesmo o pobre e esperto, mas nem tanto, Marcus.

  Quando eu estava prestes a entrar no carro do lado do passageiro da frente eu a vi, seus cabelos negros lisos, seus olhos verdes, seu semblante alegre e intimidador. Ela me encarou.

  —Ah, ele não disse que eu viria, não é? —A garota me lançou um sorriso, naquele momento eu não vi maldade, mas depois de tudo eu consigo ver. Vejo todos os buracos que eles deixaram vagos. —Eu saio, se você quiser.

  —Não, não, tudo bem. —Eu me sentia constrangida, rumei para os bancos traseiros e me sentei quietinha.

  —Você está muito linda, Ally. —Alex me fez corar, ele sorriu e eu sorri de volta inocentemente. —Me senti constrangido, por isso não disse antes.

  —Você me impressionou com essas roupas, nem parece o poeta mórbido do outro lado da tela. —Brinco e ele ri, mas a garota ao seu lado se mantem calada e estranhamente inquieta.

  Ela não me olhou uma vez sequer, eu podia sentir que ela não gostava de mim, podia sentir o receio e a repulsa que ela sentia.

  Eu passei o caminho todo conversando com Alex sobre diversos assuntos, ele me divertia e me fazia sentir especial.

  Vocês já se apaixonaram por alguém que cegou as suas intuições? Ele cegou todas as minhas e no fim eu caí em sua cilada.