Traição em Ravensburg
A noite não foi das melhores dormidas, e nela a insônia e psicose martelavam. As fibras vermelhas nos olhos do escravo e do príncipe eram presentes. Cada móvel que rangia os deixava
O cricrilar dos bodes bípedes soava na cabeça dos homens. Thor havia criado as aberrações. Elas passavam tristeza. Dylan se recordou do momento que encarou a criatura. O bode que pareceu chorar em adorno.
Viðga levou a jarra até a taça. O vinho não passava mais prazer. Ficar alcoolizado era a maneira que encontrava para vigiar o quarto. Não havia uma única gota do fluido roxo. O sol batia na sacada e ia em direção às costas dele, posicionadas na cadeira. A sombra do portal desenhava o amanhecer no chão. Os pássaros cantarolavam acima das telhas.
Duas batidas no portão do quarto fizeram Dylan saltar da cama, armado com a adaga. Viðga se manteve sentado sem intuito de lutar por si. A entrada foi aberta por dedos grossos de unhas sujas.
— Bom dia... — O leão se espantou com Dylan e a adaga apontada. — Ora, não sabia que possuía visitas — Henrique tentou descontrair o clima mórbido do quarto.
— Perdoe pela falta de carisma duque, a noite não foi das melhores — O rosto de Viðga estava acabado.
— Vi pelo machado preso em minha parede, os empregados conseguiram limpar a bagunça feita. Príncipe, parece que seu carisma foi exaurido pelo sangue derramado. Sua íris parece descrente.
O príncipe sorriu. Após dias de guerra com mortes inacabáveis. Crueldades humanas torturantes e visões atormentadoras. Ele conseguiu expor os dentes perante a verdade a frente.
— O deus para quem eu rezava toda noite estava torturando um homem a quem deveria iluminar. Sinto-me desacreditado e confuso. Incrível como sorrir nessa maluquice foi à única coisa que me surtiu efeito.
Henrique fitou ao externo da porta. Viu aristocratas velhos caminharem em cochichos. Por via das dúvidas decidiu entrar por completo. Cerrou a porta. O leão deu três passos, e deixou o sol bater e reluzir contra o pomo de adão.
— A letargia que está sentindo é algo que machuca meu peito todo dia. Saber que uma criatura como essa está abaixo de meus bens. Apossando-se de cada corpo como se fosse seu por direito. Ele me causa raiva. Não apenas por fazer as barbaridades, mas pelo fato de ser um deus e não causar impacto aos demais pelos atos.
— Você é aristocrata, faz o mesmo que ele. — Dylan respondeu a Henrique.
— O que disse?
— Você é um duque, que come mais do que precisa, tem mais do que usufrui e manda mais do que deveria. Qual a diferença dele para você? — Para um escravo que havia permanecido em silêncio durante tanto tempo... O questionamento cessou o falar do duque.
— Humpf... Para um campeão-escravo, tu até que sabe ser agressivo. Os latidos que proferiu é o motivo de ser chamado de Cão? — Henrique o silenciou.
— Suas lágrimas são falsas... — Viðga puxou a atenção do duque. Ele se ergueu e foi até o aristocrata. A sombra pairava na iluminação do sol. — Notei ontem, e me lembrei do aviso do meu velho — se referiu ao avô — "Aqueles homens são inseparáveis." Foi um plano, não foi? Para me matar. Você também é aliado de Thor.
O duque ficou descrente na acusação. Doravante, aos poucos moldou um sorriso maligno, que esticava as verrugas do rosto. A íris tremeu em êxtase, e cedeu lugar a uma verdade dolorosa.
Viðga viu que o exército foi enganado. A ciência da verdade induziu no peito uma raiva. Odiava ser apunhalado pelas costas.
— Boa sorte nesta batalha amanhecida, campeão. — O duque reverenciou Dylan, e se locomoveu para fora do quarto.
Sem ladrar. Dylan apenas olhou a inquietude do colega que coçava o indicador com o polegar de forma incessante. Como andarilho numa trilha do destino, ele se ergueu da cama e alonga o corpo. Preparou os músculos fragilizados para outra batalha.
Os rapazes estavam arrumados. Após algumas horas, prontos para encontrar Oskar no saguão principal. Viðga forçou Dylan a vestir trajes mais formosos que não deixavam de ser móveis para um combatente. No salão principal avistaram Oskar. Caminhava ao lado de Ivarr, e ia para a cerimônia de combate.
— O leão esteve nos enganando a todo o momento, ele está a servo do deus. — Viðga explanou aborrecido.
— Eu sei, nobrezinho, porque está furioso com isso? — Oskar disse sarcástico.
— Como assim!? — ficou boquiaberto. — Está junto a eles também!?
— Não se faça de imbecil! — Oskar deu um pequeno tabefe na nuca. — Eles sabem que fui eu a matar Magni. O filho de Thor.
"Os rumores do assassino de deuses!" Viðga se atinou aos contos ditos em Cimbric antes de ir à guerra.
— Então é você o assassino de deuses! — ele travou as ações — Você matou o filho de Thor? — Quanto mais questionava, mais confuso ficava. — Calma! Como você matou um deus!?
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