Seguir com o plano.
No meio das nuvens escurecidas daquele dia melancólico, e letárgico. Um instante amável de sol que resplandece no topo como o marco de um último aviso. Viðga olha para cima, deixando seus olhos semicerrados, para poder olhar a estrela com a proteção dos cílios.
O calor aquece sua pele pálida que há tempos não reconhece o verão. Ele toca em seu braço, sentindo os pelos suarem. O sol tentando impedir um derradeiro inverno.
— Príncipe? — Alrune aparece ao corredor, trajada de suas armaduras límpidas e pesadas.
— Ah, sim! — Ele a oferta um sorriso carinhoso, tão romântico que nem parece o adolescente acolhido há tempos atrás. — Estamos prontos, não é...
— Você amadureceu príncipe... — ela toca em seu ombro, e fica ao seu lado olhando para o externo do castelo — Não me parece mais tão ingênuo, ou idealista.
Ele dá uma pequena risada tímida — Penso que eu sempre idealizei, tive essa oferta para mim em vida. Riqueza, luxo, poder, tudo isso me permitia fazer algo que pessoas não abastadas podem fazer. Sonhar. — Viðga toca nas mãos cálidas de sua aliada — Julgo ser a primeira vez que me sinto igual e ele... — a encara — igual a Dylan.
— E tudo isso ainda é por ele? — curiosa, pergunta com o coração acelerado.
— Para que mais pessoas como ele não sofram nas mãos de entidades que não ligam para os homens. Para que ninguém mais seja torturado em nome de um deus. — ele responde.
De cabeça baixa e olhos fechados, continua caminhando até a porta. Preparando-se para partir. Sua mente está um turbilhão de pensamentos, e sentimentos antigos. Pecados que se arrastam nas suas costas como as criaturas que ele comanda.
Sente uma estranha presença lhe aguardando nos portões. Ele não a olha, mas pessoa a sua frente recosta numa das arestas. Esperando o momento em que seus corpos se aproximem.
Quando ele chega a certa distância, fareja um cheiro familiar. Um perfume que inspira sempre que abraça aquela pessoa.
"A fragrância da minha mãe."
Viðga a olha, esbugalhado. Talvez Nilheim chama-o para adormecer.
A beleza Valquíria, e os olhos aos quais tanto confiou na infância.
Tudo está presente.
A pessoa que ele busca está presente.
— ma... — seus olhos abarrotam de lágrimas — mamãe! — expressa, deixando um filete de choro descer pelo rosto.
Assim que ela abre seus braços, ambos se abraçam, fazendo seus corpos acreditarem na existência um do outro. Ele a olha, tocando em cada parte do seu rosto para ver se sua pele não faz parte de mais um sonho. Cada carinho expressa o amor guardado por anos que nunca mais pode ser compartilhado.
— minha criança... — ela deposita o rosto na palma do príncipe — como você cresceu! — Beadohild toca no peito dele — Dá para ver na sua alma, o quão maduro está... Nem dá mais para lhe contar mentiras. — dá uma curta risada.
— Oh! Mãe! — ri de volta — quanto tempo esperei para te ver mais uma vez!
Eles se abraçam. Desta vez, quando separam os corpos, sua mãe está cabisbaixa. Mordendo os lábios como se o aperto da carne impede algo a sair da boca. Seu filho hasteia, com a ponta do dedo, o queixo dela. Dando-a confiança para que exponha algo guardado.
— Fala mãe. — Viðga entrelaça seu dedo às mãos dela — Confia em mim.
— Seu amigo... Dylan, ele tornou-se o receptáculo de Fenrir. — Beadohild vê que sua criança entende o que diz. — Agora aquele homem é o princípio do caos de Ragnarok, e com certeza vai destruir tudo que tem pelo caminho. – a Valquíria curva o olhar para o chão — Seu pai está com ele... E a qualquer momento...
Viðga coloca seu dedo indicador na frente dos lábios finos da mãe. O rapaz tem um olhar frio. Ele faz carinho mais uma vez no rosto de sua mãe, tentando acalmar o seu coração apertado.
— Farei questão de pará-lo. — responde firme.
— Ele não sabe, mas o seu corpo já o encaminha para Dromling. Preparado para encarar Odin. — Beadohild se desvencilha do príncipe, preparando suas asas para que possa alçar voo.
— Estamos indo para lá. Não se preocupe, cuidarei de papai. — Viðga afirma com a cabeça. — Posso perguntar o por quê? Por que me deixou só?
Ela olha para baixo, refletindo no que poderia falar.
— Para não lhe trazer a tragédia que está enfrentando agora. Falha fui, mesmo assim.
Nada mais falam um ao outro, mas Viðga parece ter compreendido. Pelo menos parte da afirmação. As asas dela começam a bater, suspendendo seu corpo no ar até que possa voar pelos céus, sem despedidas. Para ambos, aquela não é uma despedida. O celeste fica belo quando une ela ao sol forte da tarde.
— Beadohild? — Alrune pergunta, ao lado de Bjorn, prontas para partirem.
— humpf... — o príncipe sorri, enquanto as lágrimas descem pelo seu rosto. — Não era minha mãe...
— O-o que quer dizer com isso? — Bjorn se intromete, curiosa.
— É só um sentimento..., mas tenho certeza de que não era minha mãe. — ele limpa o rosto, mas as lágrimas continuam a descer. — Era alguém disfarçado dela, querendo me colocar contra Dylan para que matemos um ao outro. E pelas informações que falou, provável que já fez a cabeça do meu amigo.
— E o que vamos fazer? — Alrune vai ao lado dele.
— Seguir com o plano. — Viðga a olha, confiante. — Dromling é nosso destino.
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