O chamado da Ragnarok.
Viðga para por um momento, e caminha até a margem do rio, onde pequenas ondulações movem a água para frente e traz. Molhando a ponta de sua bota. O príncipe continua a sorrir. É a primeira vez que alguém há o questionado de seus pensamentos. E mesmo para uma bárbara, aquela pergunta é muito inteligente.
— O ato de "criar" um mundo é algo por si só, grotesco. Como se meu ideal fosse superior ao dos demais. — o príncipe vê uma andorinha na beira do lago. — A Ragnarok está acontecendo. As valquírias, junto a Odin, decidiram matar os humanos. Eu estava nessa guerra, tentando sobreviver como um. — Viðga a olha. — sei da crueldade que uma guerra possui, e me desejar num futuro pacífico, onde criei tantas mortes e caos, não seria justo. — Viðga olha para o céu nublado. — Por isso ao fim de minha jornada, planejo minha morte. Não seria justo eu, carregador de pecados, conseguir usufruir disto.
— Sua... Morte... — A bárbara fica boquiaberta no primeiro momento. Levando sua boca a esboçar um largo sorriso ao ponto de que começa a rir daquela afirmação. As gargalhadas, quase chorosas, fazem o príncipe sentir-se um pouco envergonhado. — Lutarei ao seu lado, destruidor de deuses. — Ela afirma. — Ninguém em toda minha vida valorizou tanto seus ideais a ponto de morrer por eles... Dinheiro, fama, comida, luxúrias, essas coisas sempre falavam mais alto no fim. Então quero ver até onde você irá. — Ela vai de encontro a ele na beira do lago. Assim que se olham o levanta pelos sovacos. Tasca-lhe um beijo molhado e carnal, tão quente que traz excitação só de olhar.
Menos Alrune, que fica irritadiça e vira o rosto.
— O que foi isso!? — Viðga fica assustado, e se solta das mãos dela para voltar ao chão.
— Uma forma de selarmos nosso pacto. — A mulher começa a ir para o barco. — E porque eu nunca havia beijado um nobre, queria saber como era.
— Acabei de beijar um urso...
— Uma mulher. — Contesta. — Que pode se transformar em urso, Berserker é o nome disso.
— Eu sei... — bufa. — E o seu, qual é?
— Bjǫrn Járnsíða — Pronuncia, subindo ao barco. — Pode me chamar também de braço de ferro.
— Járnsíða? — Alrune se anima ao ouvir aquele nome, e vai de encontro à musculosa. — Bjǫrn Járnsíða a lenda da ilha de gelo? — se refere à Islândia.
A amazona fica contente por alguém a reconhecer, e de imediato abre um sorriso acalorado. — Há muito tempo não diziam meus feitos. Como os soube?
— Você ia ser a próxima Valquíria de Odin. Tão poderosa que mal os asgardianos sabiam como era humana. E de fato... — Alrune constata — Ser uma Berserker explica bastante coisa.
Os monstros de Valhalla começam a se instalar por aquelas áreas. Eles vagam como almas perdidas atrás de qualquer coisa que se movimente. — Contudo, seguem a restrição de não caçar as mulheres e crianças. — Enquanto outros remam o barco de Viðga, em retorno ao palácio. Viðga não sabe mais se julgar, mas imagina para que tudo ao seu fim faça valer a pena.
Uma das criaturas de Valhalla o encara. Não por querer. Elas não são expressivas a tal ponto, mas de algum modo aquele olhar morto e depressivo o culpa pela dor que está sentindo.
"Desculpe-me." ele sussurra.
No céu nublado, trovejadas começam a ecoar, parecem estar por todo o país de tão intensas que eram.
— Alrune! — Viðga grita a Valquíria — Isso...
— Sim, mestre. — Ela olha para o céu. No distante do horizonte atrás de Waren. Onde relâmpagos iluminam e raios batem na terra, causando vibrações até mesmo no rio. — É Odin.
— Como pretende parar Odin? — Bjǫrn branda com seriedade.
Viðga sorri de canto, deixando-a cortejar sua soberba na face. O homem apenas aponta para o contraponto de Waren, distante de onde os raios caem. Bjǫrn olha com seriedade, e até afunila o olhar.
Mas não consegue ver nada.
Um uivo é ressoado, agressivo e poderoso, correspondendo aos raios e trovões. A proclamação de uma batalha. A amazona olha para Viðga, ele também contempla Fenrir. Ela vê aquele rapaz, não está ali com pensamentos juvenis ou atitudes imaturas. O cenário, o momento, tudo o parece favorecer. Bjǫrn teme Viðga enquanto têm fascínio.
Ele está no meio daqueles dois chamados de guerra, e naquele barco minúsculo parece ser capaz de dominar o raio e o lobo.
"Logo nos encontraremos, mãe."
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