General Leona.
— Quem lhe deu permissão de me seguir, estrangeiro? — Os fios pretos dançam com a brisa do vento. As pétalas de cerejeiras caem sobre aquela mulher emoldurada na armadura vermelha.
— Não sabia que você conhecia o jardim. — Dylan fecha a boca. — Mas devia imaginar, é amiga de Fritz, ele com certeza te trouxe aqui alguma vez. Ele te treinou?
Leona sorri com um pouco de emoção acumulada nos olhos. A pergunta do Cão é muito inocente para seus sentimentos. — Treinar? Não, ele nunca me treinou. — Ela evita olhá-lo. Os cabelos acobertam o rosto emocionado — Ele nunca te contou sobre esse jardim?
— Pensei que fosse um ambiente que ele gostasse, apenas.
— Não deixa de ser verdade. — Leona caminha até o centro do jardim, e nele agachou seu corpo. Tocando nos cascalhos como se fossem materiais frágeis. — Esse é o túmulo do filho dele. Astora, o lobo lunar de Wolfsburg. Antigo campeão, e claro... — Uma gota de suas lágrimas cai na rocha — Meu falecido e amado marido.
Dylan concebe o afeto qual a amazona deposita naquele ambiente. O rapaz fica enojado e decepcionado consigo. Decepcionado por não perceber que Leona já há entregado seu coração à outra pessoa. Enojado por, em um momento de dor, não conseguir expressar um mínimo de compaixão. Apenas o egoísmo que seu coração quer.
É confuso e doloroso.
O cão apenas fica quieto.
— Sinto muito... — "É tudo que você vai dizer?" Dylan se odeia.
— Não sinta, ele morreu fazendo o que mais amava. Defendendo seus ideais. — As lágrimas de Leona pingam na grama. — Fritz era o antigo general, mas nunca quis Astora no exército, tinha medo dele morrer. Mas ele não teve o título de lobo lunar por luxúria. Desde que Valhalla apareceu em nossas vidas seu pelotão era o único que combatia os monstros. — Ela olha para o estrangeiro, mas Dylan desvia. — Fritz ficou daquele jeito porque a poesia que fizestes era linda, tão linda quanto as que Astora fazia para mim.
— Entendi... — "O que você entendeu imbecil? É só isso que vai dizer?" — Depois de me encontrar em Valhalla ele me disse que não estava atrás do filho. Pelo visto o velho mentiu para mim. — Dylan dá um sorriso descontraído. "Por que você está sorrindo!? Ela está sofrendo e tudo que você sabe fazer é maltratar o sentimento dela!"
— Ele não mentiu. — Ela ajeita o cabelo e limpa o rosto. — Meu marido morreu encarando Beadohild, uma das valquírias mais imponentes de Odin. Seu pelotão disse que ela o deu uma morte honrosa, para que não se tornasse algo tão nojento quanto os monstros de lá. E desde que foi enterrado aqui, por algum motivo as cerejeiras desabrocham até no inverno.
— Uma Valquíria... — Dylan se recorda de Cimbric, e do momento em que foi levado até a armadilha com Velent. Depois de Alrune, e por fim Viðga. Todos os rostos chocam sua mente. "Ele morreu pelas mãos da mãe de Viðga..."
— Desde que ele se foi. — Leona limpa seu rosto, e evita que mais lágrimas despejem de seus olhos. — Nosso filho não aceitou o desaparecimento do pai. Como Astora levava Montag para os campos de treinamento toda semana. Ele sabia onde podia procurar. — Os olhos da general pesam em dor. — Me tornei general. Não apenas para vingar meu marido, mas espero que você entenda o que é uma mãe... Só nós sabemos como procurar um filho.
O último filete de lágrima desce do seu rosto, destruindo Dylan por completo. "Como pode eu, pensar em luxúria perante a dor desta mulher. Querer que nos amemos onde no seu coração só possui dor. Porque meu coração é egoísta?" Ele faz o único gesto que acha sensato.
A abraça.
Um abraço forte e demorado que faz aquele peso de metal parecer pano. Uma atitude que faz Leona despencar em choro nos ombros do Cão.
"Eu vou encontrar ele para você."
Dylan não diz a ela, e nem sequer cogita dizer. Leona é uma mulher e mãe que se considera capaz de fazer isso sozinha, mas ele sabe que tem que ajudá-la. Nem que para isso volte para o inferno de Valhalla atrás da criança.
Tem de fazer isso.
Por ela.
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