Dentes dourados.
Um expurgo? Talvez seja o nome que o cenário deve possuir, mas para aonde irão àquelas almas? Pelo sentido, estão mortos, e não tem mais lugar para descansar. Nilheim? Helheim? O destino final dos guerreiros parece o próprio inferno. Eterno, e destrutivo.
Viðga olha a guerra, onde os monstros e aberrações que comanda combatem os vikings de Odin. O sangue sujo e preto se une ao vermelho dos privilegiados por Asgard.
— Ele separou as almas de Valhalla. — Viðga fala a Alrune, perplexo. — Odin criou uma distinção das almas dos vikings que juraram servi-lo pós vida. Como se alguns merecessem mais que os outros. Almas miseráveis, — olha para o seu exército — e abastadas.
— Temi contar a ti por sua reação. — Ela responde, entristecida.
O rapaz ouve um grito animado, tão feliz que o sentimento transparece no timbre. Quando o príncipe segue o som, vê Bjorn deliciando-se com a guerra. Seu machado trucida seus adversários — às vezes acabam acertando os monstros de Viðga. — ela está confiante. Viðga a nota, e se vê mal por não aproveitar o momento. Bjorn se transforma num urso, almejando guerrear.
Viðga atiça sua montaria, e desce o monte, sendo seguido logo por Alrune. Num brado violento adentra ao combate. Seu equino foge daquele ambiente banhado a sangue. Ele salta em cima de alguns inimigos, cotando-lhes a cabeça.
Vanaheim o chama, e o príncipe corresponde expondo todo poder. Como um guerreiro Asgardiano difícil de ser vencido, ou machucado. Sua espada brada para cima, decepando as cabeças e fazendo o sangue resvalar em seus cabelos.
Viðga os mata, sem piedade.
O momento se perdura por minutos a mais, e após, por horas. Como um ciclo incansável de movimento de espadas. O sentimento de alegria, aos poucos, se esvai. A sensação de vazio acumula no peito. Até questionar-se.
"Por que estou matando essas almas?"
Ele para de atacar, olhando a paisagem do Ragnarok. Homens que amam a guerra, guerreando sem um sentido em comum. Bjorn continua feliz, mas apenas ela tem esse sentimento estancado no peito.
"Julguei que vencendo, teria uma razão para a paz." — ele olha para a mão, manchada de sangue. — "mas não vejo sentido nem para minhas próprias ações."
Ele entende como seu amigo se sente. Sabendo que a vida dele é inválida. Assim como os mortos que comanda. Logo, um cavalo passa a galopes ao seu lado, e o homem que está em cima dele puxa Viðga com a ponta de sua foice curta.
O príncipe berra de dor enquanto, pelo ombro, é arrastado por todo campo de batalha. Sendo sujo com o sangue que mancha a grama. Ele segura na mão que empunha a foice. Puxa seu corpo para cima, interrompendo o rasgar da carne. Com a força de um descendente de Vanhaheim torce o pulso do agressor, até que solte a arma.
Quando é solto, capota algumas vezes no chão, conseguindo se estabilizar com a força das pernas. Ele olha para o homem, e vê nele dentes dourados, que não sorriem, mas brilham dentro de sua boca escura. Com dor, e dificuldade, tira a foice do ombro, sentindo a dor do braço machucado.
— Você é aquele contrário ao pai de todos? O humano que reivindica metade de Valhalla. — O de dentes dourados questiona ao príncipe.
— Sou... — o machucado o incomoda para falar, então pressiona para o sangramento não ficar pior — sou eu sim... E você?
— Humpf... — faz um barulho incomodo com a boca, como se o desconhecimento de sua identidade o afronte.
Um dos monstros a comando de Viðga começa a correr para cima do agressor do príncipe. Sobre as quatro patas, tem tanta pelugem que acoberta o rosto. Apenas a boca abissal aberta, pronto para devorar o homem de dentes dourados.
O general pega gentilmente sua espada. A coloca acima da cabeça, preparando-se para contra golpear a criatura mastodôntica.
O monstro passa batido, correndo por mais alguns metros. Seu corpo se divide em dois, repartindo-se no chão.
— Heimdallr. — Incita o general, dizendo seu nome.
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