A última conversa.
"Onde estou?" Dylan, cansado, abre seus olhos com lerdeza "Céu claro?" a primeira coisa que os olhos contemplam são as nuvens brancas. "Porque meu corpo está no... mar?" Está cansado demais para tomar qualquer decisão, apenas boia no oceano infinito.
Quando enfia um pouco do rosto na água, vê um brilho vermelho queimando no fundo do mar. Parece que gritos saem dele. Pedidos desesperados, ou de socorro. "Por que gritam tanto? Estou tão cansado..."
— Não é este o melhor momento para adormecer, cão. — Uma voz amedrontadora clama pelo rapaz.
Assim que ergue seus olhos para o céu, vê um cão olhando-o, tão escuro como uma sombra. Distinto de tudo que é lhe apresentado, aquele cachorro não passa raiva, ira, ou temor. Nada naquele ambiente, a não ser a luz vermelha no fim do oceano.
— Quem é você? — Eles não se olham.
— Fenrir. O desastre do fim dos deuses.
— Onde estamos? — Dylan fala sonolento.
— Isso importa? — Fenrir caminha ao redor dele. — É um lugar importante, mesmo que não importe tanto assim.
— Você fala muito confuso, eu não sou muito inteligente. — O galês sorri.
— És sim, Cão. Aqui estamos, no limiar da superfície da água. — Fenrir sobe no peito dele, mas Dylan não afunda. — Guerras, as que viveu, e que outras pessoas viveram. Nem todos queriam entrar nelas, mas morreram e perderam seus entes queridos. Tudo causado pela ganância dos deuses. — Fenrir direciona sua cabeça para próximo da água, ao lado do ouvido de Dylan. — Lá embaixo, estão todas as suas dores. Este é o clamor desesperado por justiça que você nunca teve.
— Então esse barulho abaixo da água... São meus gritos...
— Sim. Acumulados, e escondidos. — Fenrir o encara. — Leona, Fritz, as torturas. Eloen. Se me aceitar, posso ajudá-lo a trazer a justiça a todas as almas que você perdeu por conta da guerra. Apenas precisa mergulhar, e podemos terminar com essas dores.
Dylan fica olhando Fenrir por alguns segundos, em silêncio. Com os olhos semicerrados que tendem a adormecer. O rapaz respira fundo, esboçando um sorriso de boca fechada.
— Essas dores nunca vão ir embora. — Conclui.
— O quê?
— Mesmo que eu mate todos que me fizeram mal, ou todo o mal que está no mundo. A dor de perder quem eu perdi nunca vai embora, pois eles não vão voltar. — Dylan encara o lobo. — Você já teve a sensação de perder alguém?
- ... — Nada fala.
— Se teve, sabe bem disso. Caso eu faça isso, em algum momento, me tornarei o mal de outra pessoa. É a justiça que nunca acabará de se matar... — ele boceja, rindo mais um pouco. — Além do mais, prometi as pessoas que amo que viveria em paz. Como me disse Oskar... eu deveria estar trabalhando na fazenda.
— Essa é sua decisão? — Fenrir olha para o lado, observando o limiar do horizonte.
— A paz. Mesmo sem justiça. Enquanto eu estiver vivo, todos estão, aqui. — Ele toca onde deve ser o coração de Fenrir.
"Humpf... Paz, mesmo sem justiça."
— Que assim seja. Cão. Farei uma última coisa, e assim você partirá em paz.
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