Prólogo
O vento sussurrava o meu nome suavemente, o cheiro das plantas ao meu redor quase conseguia desviar a minha atenção, mas o quase, nunca é o suficiente.
"Gabriel"
Fazia semanas e mesmo assim o vento nunca parava de me chamar.
"Gabriel"
Por algum motivo meu corpo pinicava em expectativas em responder o chamado ao mesmo tempo que o meu medo evitava o ato, mas mesmo assim o desejo ainda estava lá embaixo, sendo contido apenas pelo meu medo, minha família fazia parte de uma velha geração de luteranos, não precisava ser um gênio para descobrir o que fariam comigo caso suspeitassem que o vento falava comigo, seria uma viagem sem volta para um hospício ou pior para a fogueira, que com toda certeza era pior do que ser internado.
Porém nunca imaginei que os chamados crescessem para algo mais.
_Gabriel! Gabriel!
Escuto uma voz irritada trazendo- me de volta dos adoráveis desvaneios nos quais me persegue, meus olhos lentamente vão em direção da origem da voz, parando de frente para o olhar raivoso do velho Padre Antônio, ele era quem nos dava aulas de matemática e de outras disciplinas durante todos os dias da semana, com duração de 5 horas cada, numa grande sala cheia de plantas que de acordo com o próprio era para aliviar as influências negativas para eu e para outros alunos, que por mais que existissem excelentes escolas na nossa cidade, nossos pais insistiam que só a igreja poderia nos tornar pessoas honradas e de bem e que não devemos nos deixar ser contaminados pela podridão da escória, servos do demônio, que de acordo eles eram o resto da sociedade com seus atos devassos e pecaminosos que numa atitude de nos proteger deles e de suas influências negativas, frutos do mal, nos jogaram nesse colégio interno que era regido apenas por membros da igreja até chegarmos a idade adulta que para eles seria 23 anos para deposar uma moça escolhida pelos próprios antes mesmo de nós começarem a andar, que apesar de estarmos no ano de 2004 era uma prática comum entre algumas famílias religiosas.
_Sim, Reverendíssimo Padre.
_Gostaria que vós mercê respondesse a minha pergunta se não for pedir muito.
Pergunta?Droga.
_ Ah, Padre Antônio, poderia repetir a pergunta?
_Novamente filho?
_Desculpe me.
_Desculpe me? Se desculpa na 1°, na 2° e na 3°, essa é a 30° vez que tenho que chamar sua atenção na aula só nessa semana, isso sem falar que ainda é terça feira.
_Perdoe me Padre, prometo que dessa vez será a última.
_É melhor ser a última, ou terei que ter uma boa conversa com seu pai.
Pela segunda vez, droga.
Sinto um arrepio frio de medo percorrer meu corpo, ele arrebentaria meu couro se souber que estou distraído durante às aulas, além de ser um fanático religioso, a única outra coisa que ele respeitava era o conhecimento e o poder, fora disso era um sádico que gostava de torturas como castigo.
_Não! Não será necessário eu prometo.
_Excelente.
Satisfeito por ter minha atenção ele volta o olhar para lousa para continuar a explicação sobre pronomes.
Aliviado tento voltar a prestar atenção na aula.
525 palavras
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro