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7. Novos horizontes

☆ Capítulo 7 | O Canto das Estrelas ☆

Benício tornou-se uma das pessoas favoritas de Lucas. O menino não esperava que a relação entre eles — e sobretudo entre Benício e a mãe — fosse florescer tão rápido, como se tudo já estivesse sido planejado pela natureza. Como um brotinho de feijão que aprendera a plantar na escola: com a quantidade de água adequada, era certo que a planta cresceria. Em poucos meses, tornaram-se praticamente uma família. Miriam estava encantada com Benício — o qual ela chamava carinhosamente de Ben — e ele encontrava-se perdidamente apaixonado por ela. Contrariando a expectativa de todos, principalmente de alguns familiares, os dois engataram um relacionamento mesmo perante algumas críticas. Lucas não entendia o motivo de alguns comentários na época — era como se o divórcio recente de Miriam e a morte da esposa de Benício, há um pouco mais de um ano, os impedissem de abrir seus corações novamente.

O menino não entendia de forma racional os conflitos dos adultos, mas sentia. Sentia que a relação entre Miriam e Ben era muito diferente daquela que presenciara entre ela e o pai. Muito diferente. Lucas não conseguia deixar de comparar, ressaltando as diferenças gritantes entre os dois homens: Ben quase nunca elevava a voz, mesmo bravo; era averso a bebidas alcoólicas e preocupava-se com a saúde. Uma simples dor de barriga do filho nunca era uma bobagem ou frescura de criança. Nunca reclamava do trabalho — apesar de sempre mencionar que planejava sair do escritório de advocacia e explorar novas possibilidades, como ele mesmo dizia. Lucas queria muito poder conversar com ele, perguntar o que fazia no trabalho e porque desejava sair do tal escritório. O menino tinha muitas dúvidas. Luan, por outro lado, podia jurar que Ben trabalhava em uma feira de abacates.

Diante da certeza ingênua do filho mais novo de Miriam, Ben soltava uma gargalhada e fazia questão de comprar abacates toda vez que ia visitá-los depois do trabalho. A cena era hilária: Ben chegava com sua elegante roupa social — muitas vezes, de terno e gravata — segurando um caixote com abacates, murmurando: Ufa! Hoje o trabalho foi duro! No entanto, a Mãe Natureza ofereceu-me algumas gorjetas verdes. Quem quer vitamina?

Além de pipocas doces, Ben amava frutas e equilibrava sua dieta com sucos naturais e sempre elogiava o pé de manga — o que deixava Lucas muito aliviado. Menos uma pessoa para querer cortá-la e concretizar o seu pesadelo. Aquilo já foi o suficiente para que o menino sentisse uma confiança maior nele, mas Luan — que, no início, sentia muito ciúmes de Ben e Miriam juntos — teve que ser conquistado à base de muita comida saborosa. Durante todo esse tempo, nem Pedro e nem Ben forçaram Lucas a falar com eles.

Alberto não gostou nada da novidade. Quando podia visitar os filhos aos fins de semana — ou quando fazia uma ligação — o pai parecia ainda mais mal-humorado. Perguntava sempre sobre o novo namorado da mãe: como ele era, se ele era legal, bonito e rico. Lucas era mais discreto ao dar as respostas, ao contrário do caçula.

Em uma tarde de domingo, quando Alberto pegou os filhos para tomar sorvete, Luan falou:

— Ben é legal, bonito e inteligente, mas não é rico não. Trabalha em uma feira de acabates.

Abacates — Lucas corrigiu. — Não, Ben trabalha em um escritório de advocacia. Não sei o que é isso, mas parece legal.

— Então por que Ben sempre traz acabates? — Luan questionou-o, as sobrancelhas franzidas e a boca lambuzada de sorvete de baunilha.

— Pra fazer hora com a sua cara!— Lucas ria. — É abacates.

Alberto permanecia sério, o que deixava Lucas um pouco apreensivo. Ben sempre ria quando Luan falava acabates. Tomar sorvete com o pai era como tentar se divertir com um espantalho — era um pouco assustador e nada interativo. O menino supôs que ele estava com problemas no trabalho; talvez com contas atrasadas. Ele já sabia que a falta de dinheiro deixava os adultos estressados. Apesar disso, o pai recusava-se a entrar na casa deles, talvez temendo deparar-se com o bonito e inteligente namorado de sua ex-mulher. Aquele comportamento nada tinha a ver com a falta de dinheiro. Em sua inocência, Lucas queria que Alberto e Ben se tornassem amigos. Aquilo nunca aconteceria, entretanto.

Tirando esse fato, as coisas estavam indo muito bem. Na escola, as notas de Lucas eram relativamente boas. Luan ainda tinha problemas quanto ao comportamento — não era incomum o caçula se meter em brigas — mas ele estava bem melhor do que quando era mais novo. No maternal, Luan era o típico mordedor de crianças (e, quando era mordido, ameaçava os coleguinhas com brinquedos de montar e soltava um berreiro). Quando isso acontecia, Alberto não costumava adverti-lo — o pai achava engraçado, incentivando o filho. Ele só está se defendendo, tem que ser assim! Ele dizia, e Luan escutava tudo. Mas, agora, Luan tinha bons exemplos a seguir. Lucas e Pedro eram o tipo de criança que nunca entrava em conflitos. Os dois eram calmos, estudiosos e obedientes, e Luan — apesar de ser impulsivo e agitado — tentava espelhar-se neles. Afinal, ele era o mais novo; e estes tendiam a seguir o exemplo daqueles que estavam à frente.

Não demorou muito para que Ben e Pedro passassem a morar com eles. Muitos fatores contribuíram para que Benício e Miriam tomassem aquela decisão: os meninos se davam super bem, o relacionamento estava estável e saudável, e as finanças — que era normal chegar ao limite em determinados meses — melhorariam se as contas fossem divididas. Assim, Ben entregou a pequena residência que alugou por quase um ano e se mudou com o filho para a casa da namorada. Antes disso, porém, fizeram o teste: os dois se hospedaram lá por duas semanas. Pressinto novos horizontes à vista! Ben dizia alegre, e Lucas tentava decifrá-lo por trás de toda aquela linguagem poética. Mas, pelo brilho de entusiasmo em seus olhos, o menino supôs que novos horizontes eram coisas boas.

Toda a decisão foi tomada em conjunto. Os meninos, é claro, adoraram a ideia de morarem na mesma casa. Pedro passou a chamar Lucas e Luan de irmãos. Ben começou a chamá-los de filhos — de início, em tom de brincadeira, para depois ficar sério. Filhos do coração, era o que ele dizia quando apresentava-os aos amigos. A mãe de Benício (e avó de Pedro), que vez ou outra passava os fins de semana com eles, também os chamava de netos. Ela sempre levava bolos ou doces para os meninos — o bolo de cenoura tornou-se o favorito de Lucas. Ele, que não conviveu muito com os avós (e raramente via seus avós paternos), adoraria chamá-la de Vovó Cecília — como Luan a chamava — mas nem com ela Lucas conseguia se expressar.

Esse era o maior problema da mudança de Ben e Pedro para a casa deles. Lucas ficava calado a maior parte do tempo, o que preocupava um pouco Miriam. Ela tinha quase certeza de que uma hora Lucas começaria a falar com eles, naturalmente, já que agora eram uma família de verdade. Mais uma vez, ela pensou em procurar algum profissional para investigar aquilo, mas o menino ficava nervoso demais. Lucas simplesmente não queria. Já havia se conformado: Ele não falava e pronto, não havia alternativa para ele. Viveria para sempre daquela maneira — mudo, estranho e feio; pois era assim que ele se via. Passou a odiar qualquer menção aos supostos motivos de sua mudez, pois ele não gostava nada daquele assunto.

Ben percebia que o menino não gostava quando Miriam mencionava aquele assunto. Ele não fazia a menor ideia do porque Lucas não falava, mas nunca o forçaria a algo que não se sentia confortável a fazer. Ao contrário. Ele passou a ter um afeto tão grande por Lucas que a última coisa que queria era deixá-lo ainda mais retraído. Por isso, tentava abordar o assunto indiretamente, tentando deixá-lo melhor consigo mesmo. Para ele, não importava se Lucas verbalizou ou não. Com os dias de convivência, Benício passou a ler sua fisionomia, o seu olhar, seus gestos, os sorrisos. Sentia que às vezes o garoto queria muito falar. Quando observava o menino brincar com Pedro, quase conseguia ouvir a sua voz pairando pelo quarto — que agora dividia alegremente com o seu filho.

E, de fato, Lucas sempre conversava com Pedro quando brincava com ele — respondia às suas perguntas, fazia questionamentos, narrava as histórias que inventava enquanto brincavam de alguma coisa que lhe exigisse imaginação. Tudo mentalmente. A voz não saía pela boca, mas ecoava em seu interior. E Pedro, de alguma forma, conseguia ouvi-lo — adivinhava rapidamente o que o menino estava pensando, pressentia seus desejos e suas dúvidas.

Lucas se lembraria sempre do dia em que Ben os levou a uma locadora — fato que tornou-se frequente nas noites de sexta-feira — e algo quase que místico aconteceu: Pedro adivinhou, dentre tantos filmes em DVD's disponíveis, qual ele queria assistir. O menino perambulava alegremente pelos corredores da locadora, procurando por um filme que queria assistir novamente, quando Pedro perguntou:

— Já sabe que filme quer assistir?

Lucas olhou para ele e assentiu; depois, começou a procurar pelas estantes com um olhar de dúvida.

Irmão urso? — Pedro soltou, e Lucas abriu um sorriso. Ele quase podia sentir a sua voz saindo pela garganta. Esse mesmo! Como sabia? Ele perguntou mentalmente, em êxtase.

O outro menino sorriu de volta, puxando-o para uma outra estante de filmes infantis.

— Eu estava pensando nesse! — Pedro revelou. — É um dos meus filmes favoritos, sabia?

Lucas assentia freneticamente com a cabeça. Era um dos filmes favoritos dele também. Ao chegarem em casa, foi o primeiro que eles assistiram no precioso aparelho de DVD — que Pedro nunca teve a oportunidade de ter — e Ben fazia questão de fazer-lhes companhia na Sessão Cinema (como as crianças chamavam) sempre com um enorme pote de pipoca. Benício chorava como um bebê com aquele filme; e Luan ria da cara dele, debochado.

— Você está chorando por causa de um urso!!! — o menino arregalou os olhos e balançou os ombros fortes do homem.

— Me humilhe mais, meu garoto. Eu sou sensível! — Ben fungava, derrubando-o no colchão e fazendo-lhe cócegas para se vingar. Depois, limpava a bagunça que fizeram comendo pipoca, cantarolando as músicas do filme com sua bela voz de veludo.

Lucas adorava quando Ben cantava — mesmo que fossem músicas infantis e estúpidas. Ele não sabia que Benício era tão bom no quesito musical até que Vovó Cecília deu-lhe de presente o seu velho piano, pois sabia do amor do filho pelo instrumento que atravessou gerações. Foi assim que a melodia reconfortante do piano passou a ser familiar para os ouvidos sensíveis de Lucas. 

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