Raphael Veiga
São Paulo| 20/12/2024

Observo a jovem mulher analisando cada cantinho do hall de entrada do meu apartamento. Sigo-a com o olhar e percebo que ela estava surpresa com o local, talvez fosse o tamanho ou as cores marcantes, presente na decoração e nas paredes.

Escuto barulho de patinhas batendo no chão, olho para baixo e encontro no pequeno Valdivia com a língua de fora e o rabinho abanando.

Vejo ela se abaixar e fazer carinho na cabeça dele.

— Oi garoto. Como você é lindo! — Ele deita para ela fazer carinho em sua barriga, e então ela levanta rapidamente arrumando a roupa que estava amarrotada.

— Aí que vergonha, me desculpa! Eu nem pedi se podia. — Solto um pequeno riso me divertindo com o nervosismo dela e falo:

— Calma, não tem problema. Valdivia ama ser o centro das atenções, só que eu fiquei impressionado que ele não avançou em você. Ele geralmente não deixa qualquer pessoa fazer carinho nele, ele tem que pegar confiança, sabe? — Ela concorda com a cabeça e eu a observo.

—Vamos sentar ali no sofá e aí você me explica tudo. — Sinto ela me seguir até o meu grande sofá branco. Vejo a pequena bolinha de pelos subir com um pouco de dificuldade, sentando esparramado no meio do sofá.

Nos sentamos e ali pude admirara-la mais de perto, aquele cabelo bem arrumado, os lábios grandes, as covinhas, o sorriso...tudo! Ela era simplesmente perfeita. Para Veiga! Ela está na sua casa, não importa se você se sente confortável com ela, foco! Ela invadiu o seu carro! Afasto esses pensamentos e então falo:

— E então? — Ela parece se despertar dos pensamentos, dou a abertura para que ela comece a explicar essa ideia maluca.

— Eu nem sei por onde começar — Ela coloca o cabelo atrás da orelha, nervosa e eu decido ajuda-la.

— Acho que com o seu nome e depois você pode começar do começo — Solto no meio de um riso me divertindo com o seu nervosismo. — É, eu acho que seria uma boa mesmo — Sorri e eu retribuo.

— Bom, eu me chamo Helena! E é um prazer poder te conhecer pessoalmente Raphael! — Estende a mão para me cumprimentar e eu aceito de bom grado retribuindo o gesto.

— Muito prazer Helena! Bom, você já me conhece, então acho que não tenha tanta a necessidade de eu me apresentar. Mas vamos lá! — Rio e passo a mão pelos cabelos.

— Me chamo Raphael! — Aperto a sua mão e aquela mesma corrente energética que eu havia sentido no carro, volta a percorrer o meu corpo e eu quase tive a impressão de que ela havia sentido o mesmo que eu.

Que estranho, que sensação estranha. Mas é uma sensação boa, é como...como se eu já a conhecesse...

Saio dos meus pensamentos, balançando discretamente a minha cabeça.

— Olha, antes de tudo eu queria te agradecer por não ter me expulsado e por não ter chamado a polícia. Obrigada de coração! Foi uma ideia maluca e eu sei disso. Mas eu precisava! —
Fala de uma vez fazendo o meu cenho franzir.

—Precisava? — Questiono confuso e ela passa a mão pelos fios do cabelo.

—É, eu precisava... — Suspira e então começa a falar — Eu não sei explicar, mas desde que você chegou no Palmeiras eu não consigo parar de pensar em você, não sei dizer, mas toda vez que eu olho pra você eu sinto algo, uma sensação boa. É como se eu te conhecesse de outra vida, sabe? — A confusão paira sobre meus olhos o que me faz franzir o cenho novamente. — E isso estava me deixando louca, eu precisava te conhecer pessoalmente pelo menos alguma vez na vida. — Aposto que a minha cara de assustado era evidente.

Fico alguns minutos em silêncio digerindo tudo o que acabou de acontecer.

— Olha Helena...eu, eu nem sei o que dizer —Olhar para aqueles olhos me deixava hipnotizado, o que estava acontecendo? — Eu realmente achei essa sua ideia de entrar no meu carro escondida, uma ideia maluca, arriscada e que poderia te custar uns bons anos na cadeia! — Vejo-a abaixar a cabeça pela pequena "bronca" — Mas não posso negar que eu achei criativa demais! — Continuo fazendo-a levantar a cabeça e me encarar.

— Eu agradeço muito pelo carinho que você tem por mim e pelo Palmeiras, e pode ter certeza que eu nunca vou esquecer de você! — Falo e eu sinto meu coração acelerar, realmente eu nunca esqueceria. E algo me diz que isso não seria só por ela ter invadido o meu carro.

— Vamos tirar a foto? — Sorrio me levantando e ela fala aparentemente surpresa pela minha reação.

— Você não vai me expulsar da sua casa? E nem chamar a polícia? — Balanço a cabeça e falo

— Porque eu faria isso? Não tem porque você ir presa, você não roubou e nem matou ninguém. — Brinco e ela solta uma risada aparentemente envergonhada.

Analiso ela com os braços grudados ao corpo, percebo que ela queria algo a mais, talvez um abraço? E então eu falo:

— Me abraça logo. — Eu analiso ela e então ela se aproxima e me abraça. Ao sentir os nossos corpos se alinhando, uma sensação boa percorreu pelo meu peito. Era novo e estranho, mas eu não podia negar que era muito bom.

O abraço dela era acolhedor e carinhoso, e tudo ficou ainda melhor quando eu pude sentir de perto a fragrância do seu perfume doce. Soltei-me do abraço e então vi algo molhado escondendo pelo seu rosto.

Ela estava chorando.

— Ei, não chora! Eu tô aqui contigo, não tô? — Resmungo e ela apenas nega com a cabeça.

— Você não tem noção do quanto eu tô feliz. — Sorri e então eu passo a mão na lateral do braço dela, num gesto carinhoso.

— Vamos tirar a foto? — Repito e então ela se aproxima com o celular.

Me posiciono ao seu lado e sorrio para a foto.

— Diga X — Solto uma brincadeira que consegue arrancar mais um sorriso dela.

Depois da pequena sessão de fotos, ela começa a se despedir e agradecer imensamente.

— Eu acho melhor eu ir, obrigada de verdade. Você é incrível!! — Sorrio e então de uma maneira inesperada, as palavras tomam forma e começam a sair da minha boca. Já estava tarde, e eu não poderia deixar uma dama andar sozinha pelas ruas de São Paulo. E eu com toda certeza faria isso com qualquer outra dama, né?

Me questiono em pensamento.

— Não posso deixar você ir sozinha a esse horário, deixa que eu te levo. —

Eu espero mesmo que isso seja o certo a se fazer, e que isso tudo não seja um plano para sequestrar Raphael Veiga.

Ela parece excitar por um tempo e então responde.

— Raphael, olha, eu agradeço muito você querer me levar. Mas eu não posso aceitar isso, você já me aguentou muito por hoje, sem nem me conhecer!

— Sabe, Helena? Eu confesso que também senti uma coisa boa quando eu te vi, e essa sensação não vai me deixar dormir sossegado se eu não te levar pra casa e saber que você está segura.

E isso era verdade, senti algo bom quando toquei suas mãos, quando olhei para aqueles olhos azuis e vi aquele sorriso. Era estranho, muito estranho! Mas essa mulher estava me enfeitiçando de alguma forma, era como se já no conhecêssemos antes. Talvez de outra vida.

CARALHO! O QUE EU TÔ PENSANDO?

Eu acabei de conhecer a moça, que por sinal INVADIU o meu carro, e disse que sentiu uma sensação boa quando me viu pela primeira vez e ainda falou que só ia sossegar se me conhecesse. PUTA QUE PARIU, cheguei a conclusão que eu só tenho fã doido.

— Veiga, eu não quero te atrapalhar mais ainda, deixa que eu pego um uber. Minha casa é perto daqui.

— Helena, fica tranquila. Você não vai atrapalhar e nem está atrapalhando, e eu não vou deixar você pegar um uber à noite. É muito perigoso! — Falo sério e então ela suspira. Eu não conseguiria dormir em paz sabendo que deixei uma mulher andar sozinha nesse perigo que é São Paulo.

— Raphael... — Caminho até ela e pego no seu braço de maneira delicada.

— Raphael nada! Vamos logo! — Puxo ela até a porta, pego as chaves e enquanto isso pude ouvir os passos apressados do Valdivia.

—Tchau neném! Foi um prazer te conhecer. — Acaricia a cabeça do filhote peludo que lambe a mão dela e solta um pequeno latido de aprovação.

— Já volto Valdivia, cuida da casa! — Brinco com o cachorro que responde com um latido.

— Vamos? — fala.

— Vamos! — respondo saindo pela porta e sinto sua presença ao meu lado me seguindo até o elevador.

Notas da autora:

Eu sei que está parecendo confuso, mas logo vocês vão entender. E essa sensação que eles dizem pode ter muito a ver com um "amor à primeira vista? ".

Espero que vocês tenham gostado do capítulo, curtam e comentem.

Próximo capitulo é a carona que o Veiguinha vai dar para a Heleninha.

Ah, e se você não curtir e nem comentar seu dedo vai cair, beijooos😍

Obrigada por tudo, amo vocês minhas flores e maracujá!!💜🥹