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Finalmente em casa

Eu entedia o motivo de estar no meu estado atual, mas mesmo assim era incômodo e irritante. Eu não conseguia mexer nem meus braços e muito menos minhas pernas por conta da camisa e calça de força que colocaram em mim. E para piorar a situação, eu ainda não conseguia enxergar nada por causa da venda que estava nos meus olhos. Essa venda tinha um selo que me impedia de usar meu dojutsu e de abrir meus olhos. Tudo isso e eu ainda estava em uma cela de segurança máxima com no mínimo três Anbus de vigia e com algemas de vidro que me impediam de controlar meu chakra. Akira estava em uma cela ao lado.

Eles realmente haviam pensado de tudo para evitar que eu fugisse. Não que eu quisesse fugir, na verdade aquilo estava fora de cogitação. Tudo o que eu tinha que fazer era aceitar seja lá qual fosse o destino que eles escolheriam para mim. Ficar presa nessa cela o resto da minha vida, ser torturada, ir para uma cela menos pior, voltar para Konoha. Qualquer coisa que fizesse com que eu pagasse pelos meus pecados. Sasuke provavelmente estava na mesma situação que eu.

Apesar de que a opção de voltar para Konoha estava meio que fora de cogitação. No mínimo eles iriam me levar para uma cela de segurança máxima sobre o controle de todas as Cinco Grandes Nações, para ficar de olho em mim. Isso não me surpreenderia nem um pouco. Lembro muito bem das expressões de desprezo que todos fizeram assim que viram eu e o Sasuke junto com o Naruto.

Eu não os culpo, mesmo que eu tenha ajudado a impedir a destruição do mundo, eu meio que ajudei na parte de começar a destruição. Não meio, eu literalmente fiz parte de praticamente todas as etapas do processo. É, eu definitivamente não culpo as pessoas que desconfiam de mim. Que são praticamente todo mundo, com exceção do Kakashi, do Naruto e da Sakura.

Então quando eles viram eu e o Sasuke ao lado do Naruto, todos surtaram e levantaram suas armas para nós. É claro que o Uzumaki tentou acalmar todo mundo, mas acabou sendo em vão. Eu já estava cansada de fugir, então acabei por me render antes que alguém começasse um ataque, Sasuke fez o mesmo, o que nos levou para a nossa atual situação, presos em celas de segurança máxima a quilômetros abaixo da superfície de Konoha. Eu não tinha nem ideia de quanto tempo eu estava lá, mas definitivamente tinha sido muito tempo.

— Akemi. — Uma voz firme me tirou dos meus pensamentos. Eu conhecia aquela voz, era do Kakashi. Eu não sabia o porquê de ele estar lá, ou porque sua voz soava tão próxima, como se ele estivesse ao meu lado. — Venha comigo.

Então ele estava realmente perto de mim, mas parecia que ele não conseguia enxergar direito, porque não tinha como eu segui-lo, pelo simples fato de que eu estava amarrada dos pés a cabeça... literalmente.

— Vou tem certeza? — Uma voz sussurrou, também perto de mim. Ibiki. Meus olhos podiam estar selados, mas minha audição continuava afiada.

— Sim. — Kakashi disse, a voz firme e autoritária. Aquilo começou a me deixar com um pouco nervosa. Me lembro que, quando eu era menor, ele só falava com aquela voz quando eu fazia alguma coisa errada e sempre me dava um sermão.

Senti um peso ser tirado dos meus olhos e demorei alguns segundos para assimilar o que tinha acontecido. A venda com o selo não estava mais lá. Abri os olhos devagar, demorou um pouco para que minha visão se acostumasse com a penumbra do local e conseguisse identificar as duas figuras que estavam a poucos metros na minha frente. Eu estava certa, Kakashi e Ibiki estavam lá, os dois me encarando enquanto três Anbus estavam atrás deles, alertas.

— A decisão já foi tomada. — Kakashi disse e os três Anbus se aproximaram de mim. Um deles tirou uma kunai da bolsa de armas e a aproximou do meu peito. Eu ia morrer. Era isso, eles decidiram me matar. Foi bom estar nesse mundo enquanto durou mas pelo menos eu...

O ninja cortou as cordas que reforçavam a camisa de força, que se afrouxou até virar uma camisa normal, meus braços estavam livres ao lado do meu corpo. O mesmo aconteceu com minhas pernas, um dos Anbus segurou meus pulsos e tirou as algemas de vidro.

Era quase como se eu pudesse respirar novamente, sentindo o meu chakra dentro do meu corpo, aquilo era bom. Apesar de que iria demorar alguns minutos até que meu chakra se estabilizasse. A camisa de força foi desabotoada e caiu pelos meus ombros.

Eu estava com outra roupa embaixo, então não me importei e tirar a camisa de força na hora, assim como a "calça de força"... eu não sabia o nome daquilo.

Depois que eu estava completamente livre e totalmente confusa, Kakashi fez sinal para que eu o seguisse, fui atrás dele seguida por um Anbu.

Andamos muito até chegarmos em uma escada enorme. Eu me lembrava daquele lugar dos meus dias na Anbu. A escada dava diretamente no quartel de controle da Anbu, que ficava próximo ao prédio do Hokage.

Depois de andar muito, nós entramos no prédio do Hokage, subimos mais algumas escadas e viramos em alguns corredores. Eu pensei que o Kakashi iria parar na frente da porta do Hokage e bater primeiro, mas ele simplesmente entrou na sala, entrei logo em seguida, Akira estava lá, sentado no meio da sala.

Não tinha ninguém sentado na mesa do Hokage, pelo menos não até o Kakashi sentar na cadeira que ficava atrás da mesa, ele fez um sinal para o Anbu se retirar. O ninja fez uma rápida reverência e saiu, fechando a porta. Eu não estava entendendo mais nada. Fiquei parada no meio da sala ao lado do Akira, sem saber o que fazer.

Kakashi se recostou na cadeira e encarou meus olhos, ele soltou uma risada baixa assim que viu minha expressão totalmente confusa.

— Eu sou o Hokage agora, caso você esteja se perguntando isso. — Ele disse com a voz calma e divertida, mas sua expressão logo ficou séria. — Você e o Sasuke tiveram um julgamento para saber qual seria o destino de vocês. Os dois não foram por motivos óbvios. Todos os Kages estavam lá, assim como os Senhores Feudais, os samurais e todas as figuras importantes que participam da Aliança Shinobi. — Ele suspirou. — Foi difícil, eu e o Naruto testemunhamos a favor de vocês, o Zayn também testemunhou a seu favor, ele disse alguma coisa sobre o seu chakra ter protegido ele. — Me lembrei de quando passei o chakra do meu clone para o Zayn com o objetivo de servir como uma proteção pra ele caso o seu chakra acabasse. Eu podia estar do lado inimigo, mas não queria que meu irmão morresse, na época eu queria que ele também aproveitasse o mundo dos sonhos. — Foi levado em consideração que os dois ajudaram a parar o Madara, a selar a Kaguya e a acabar com o Tsukuyomi Infinito, em outras palavras, a salvar o mundo. Por causa disso, tanto você quanto o Sasuke foram absolvidos de todos os seus crimes. Você está livre agora.

Fiquei sem reação por alguns segundos, ainda processando suas palavras. Eles tinham perdoado todos os meus crimes? Por algum motivo eu não me senti bem, me senti ainda mais culpada do que antes.

— Você é oficialmente uma ninja de Konoha de novo. — Kakashi colocou alguma coisa em cima de sua mesa. Me aproximei para ver o que era e meus olhos se arregalaram.

Peguei o objeto, analisando-o. O metal meio amassado no meio, a faixa preta, aquela definitivamente era a minha antiga bandana de Konoha... o Kakashi tinha guardado aquilo por tanto tempo?

Voltei meu olhar para ele, que estava dando um sorriso de olhos fechados. Um pequeno sorriso surgiu nos meus lábios, mas o sentimento de culpa continuava me incomodando.

— Kaka... Hokage-sama. — Me corrigi. — Obrigada.

— Pode me chamar só de Kakashi... eu sinceramente ainda não me acostumei com as pessoas me chamando de Hokage e usando "sama". Não precisa de tanta formalidade.

Soltei uma pequena risada, ele parecia extremamente deslocado se sentando na mesa do Hokage.

— O que te fez aceitar? — Eu perguntei, mais por pura curiosidade do que por qualquer outra coisa.

— Hã?

— Ser Hokage... sem querer ofender, mas você não tem muita cara de quem gosta de ser Hokage. — Ele soltou uma risada baixa, concordando com a cabeça. — Então, o que te fez aceitar?

— O Obito. — Eu o encarei confusa. — Nós conversamos antes dele partir completamente, ele me disse que eu seria o Rokudaime Hokage. Depois disso eu não pude recusar a oferta que a Tsunade me fez.

Eu assenti, mas o sentimento de culpa ainda tomava conta de mim.

— Hm... Kakashi, eu não acho que eu posso aceitar isso. — Encarei a bandana na minha mão. — Depois de tudo o que eu fiz, você simplesmente perdoando tudo e me dando mais uma chance... é como se eu não pudesse pagar pelos meus pecados. E, antes que você diga que eu vou pagar pelos meus erros fazendo missões, isso ainda me incomoda. Porque não é como se eu tivesse pagando por nada, eu só vou estar fazendo o trabalho de qualquer outro ninja de Konoha.

Ele ficou em silêncio por um tempo, soltando um longo suspiro e tirando alguns papéis de dentro de uma gaveta. Voltei meu olhar para ele.

— Eu imaginei que você diria isso. Por isso organizei esse plano B. — Ele me entregou as folhas. — Você era da Anbu quando deixou Konoha e sem dúvida suas habilidades melhoram milhares de vezes mais. Pra ser sincero acho que os únicos ninjas que podem competir com você de igual pra igual são o Naruto e o Sasuke.

Passei meus olhos pela primeira página, eram informações sobre alguns nukenins.

— Esses são os piores nukenins que estão no livro Bingo. Todos são Rank-S e são tão perigosos que ninjas de todas as nações têm ordem para assassinato caso os encontrem. — Kakashi disse com a voz séria. — Estávamos muito preocupados com a Akatsuki e com a guerra para prestar atenção em qualquer um deles nos últimos meses. Como tudo isso acabou, esses nukenins se tornaram uma possível ameaça e nos últimos dias têm corrido boatos de que eles estão de volta à ação.

— E você quer que eu cuide deles? — Eu perguntei, um pequeno sorriso nos meus lábios, aquilo seria divertido.

— Sim, no momento não temos muitos ninjas e mandar um esquadrão Anbu demoraria muito e seria arriscado, essa seria uma missão fora de cogitação. Então, se você quiser, pode ir atrás deles com ordens para assassinato antes que eles se tornem uma real ameaça como a Akatsuki se tornou. — Eu assenti. — Mas é claro que não vou te mandar atrás de todos ao mesmo tempo, até porque a localização de muitos ainda é desconhecida. Você será mandada em missões específicas atrás de cada um. Se quiser, posso colocar um esquadrão de elite à sua disposição.

Fiquei em silêncio, analisando as fichas de cada um dos criminosos. Missões que demoram semanas e arriscam minha própria vida pelo bem de Konoha, aquele seria um bom jeito de pagar pelos meus pecados.

— Eu prefiro trabalhar só com o Akira. — Eu disse, olhando para o lobo ao meu lado. — E eu não quero receber nada por essas missões.

— E como você pretende ganhar dinheiro?

— Fazendo missões normais no meu tempo livre.

— Então está decidido. — Kakashi disse, pegando os papéis de volta. — Mas não vou te mandar pra nenhuma missão agora. Pode relaxar por umas duas semanas antes de começar. Ao contrário dos outros, você não teve tempo de descansar depois da guerra ter chegado ao fim.

Estreitei meus olhos.

— E ao contrário dos outros, eu sou um dos motivos dessa guerra ter começado. Kakashi, eu aguento essas missões, não preciso de descanso.

Kakashi se levantou.

— Eu já me decidi, Akemi. Você precisa descansar e é isso que você vai fazer agora. Vamos pra casa, eu já terminei o que tinha que fazer por hoje.

Ele saiu da sala e eu fui atrás junto com o Akira. Só fui perceber que já estava de noite quando nós saímos do prédio do Hokage. Nós caminhamos pela vila indo em direção ao seu apartamento.

— E quanto ao Sasuke? — Eu perguntei.

— Eu já falei com ele. Ele me disse que quer ir em uma jornada pra entender seus sentimentos e pagar pelos próprios pecados. — Kakashi estava com as duas mãos no bolso e andava calmamente.

Assenti. Fazia sentido, nós dois tínhamos uma culpa tremenda pra carregar. Mas eu acho que nem a pior das missões vai fazer com que eu me sinta bem.

— Kakashi? Você sabe que tem um apartamento no prédio do Hokage, né? E você é o Hokage...

— Eu sei, mas eu prefiro minha casa, me sinto mais à vontade. Se eu ficar no prédio do Hokage vai ser como se eu nunca saísse do trabalho.

Algumas pessoas paravam e faziam uma reverência para o Kakashi, outras sorriam para ele, dava pra ver que o Hatake estava um pouco desconfortável com aquela situação.

— Com o tempo você se acostuma. — Eu disse mais pra mim do que pra ele. Já que todas as pessoas que passavam por nós faziam uma cara feia ou cochichavam quando me viam. Eu já esperava aquela reação.

— Não acho que eu vou me acostumar com isso. — Ele me encarou. — E não se preocupe, as pessoas vão te aceitar de volta.

— Eu duvido disso.

— Vai acontecer antes do que você imagina. — Kakashi comentou e fechou os olhos em um sorriso. — Isso me lembra de quando nós nos conhecemos. — Eu o encarei. — Andamos por essa mesma rua em direção ao meu apartamento depois de sairmos do prédio do Hokage. Pra ser sincero, eu não estava muito feliz naquele dia, tudo o que eu conseguia pensar era que eu tinha ganhado mais uma responsabilidade e você ficava fazendo perguntas o tempo inteiro, aquilo já estava me irritando.

— Então quer dizer que sua primeira impressão de mim foi que eu era uma criança irritante e só mais um peso pra cuidar? — Perguntei, divertida. — Só pra esclarecer, minha primeira impressão de você foi que você era um ninja frio e assustador.

Ele soltou uma risada baixa.

— Sim, basicamente isso. Mas depois de te conhecer melhor, acho que eu não podia ter ficado mais feliz de poder cuidar de você. Você era uma pequena bolinha de alegria que não se aquietava nunca e vivia causando confusão. — Sua voz ficou séria. — Você tirou a solidão que ficava no meu peito.

Encarei o céu, já dava pra ver as primeiras estrelas brilhando.

— Você também tirou a solidão do meu coração. Eu não podia pedir um tutor melhor.

Nós continuamos a caminhada em um silêncio confortável.

Eles podiam ter me perdoado, mas eu nunca iria me perdoar pelo que eu fiz, seria uma culpa que eu teria que carregar pelo resto da minha vida. Eu nunca mais queria ver aquela expressão de tristeza no rosto do Kakashi, fiz uma promessa pra mim mesma de que faria de tudo para que ele sempre sorrisse.

Kakashi abriu a porta do apartamento, nós entramos no local e tiramos nossos sapatos. Ele disse que meu quarto estava arrumado e que eu podia descansar e foi direto para a cozinha, murmurando alguma coisa sobre estar exausto e morrendo de fome.

Eu e o Akira nos encaramos, nossos estômagos roncando. Fomos para a cozinha. Kakashi estava com a cabeça enfiada na geladeira, tirando algumas coisas de dentro.

— Deixa que eu cozinho. — Eu disse e ele tirou a cabeça da geladeira com uma sobrancelha arqueada.

— Você sabe cozinhar? 

— Sim, morar sozinha faz a gente aprender esse tipo de coisa. — Eu comecei a pegar algumas coisas dos armários, enquanto ele se sentava na cadeira, apoiando a cabeça nos seus braços, que estavam na mesa. — Uma curiosidade engraçada, o Obito não precisava comer nada, ele literalmente não sentia fome por causa das células de Hashirama que estavam nele. — Coloquei o macarrão em uma panela com água fervente. — Então eu basicamente tinha que fazer minha comida até quando eu morava naquele esconderijo/caverna com ele. — Temperei o frango e o coloquei na frigideira. — Mas ele sempre comia a comida que eu fazia. Ele dizia que gostava de sentir o sabor da comida e que eu cozinhava bem. — Coloquei um pedaço de carne para grelhar. — Sinceramente aquilo era um ótimo elogio, considerando que na maioria das vezes ele era mal humorado e não se importava com nada.

— Você morou com o Obito?

— Sim. Resumindo, alguns ninjas descobriram onde meu apartamento ficava e o invadiram, além de ficarem de vigia. Você deve saber disso. — Ele assentiu. — Eu não tive muita escolha a não ser ir morar com ele. Mas ele devia pelo menos ter arranjado uma casa, a gente morava meio que em uma caverna/esconderijo, onde tinham quartos, uma sala, uma cozinha e uma área de treino.

Fiz um molho branco e misturei com o frango. Depois de alguns minutos, coloquei o macarrão junto com o molho e misturei. Tirei a carne da frigideira e coloquei em uma tigela, colocando no chão para o Akira comer.

Ele comia carne crua, mas preferia mil vezes uma carne grelhada.

Servi a comida em dois pratos e me sentei na mesa, de frente para o Kakashi, entregando um prato para ele. Fiquei parada, o encarando e esperando para ver sua reação.

Kakashi abaixou a máscara e pegou seus hashis, levando o macarrão até a boca. Ele fechou os olhos assim que começou a mastigar, fazendo um barulho de satisfação. Comecei a comer minha comida.

No outro dia, Kakashi me disse que o Sasuke iria sair para a sua jornada naquela manhã e que ele iria se despedir. Eu disse que iria logo depois.

Encontrei Naruto no meio do caminho, o sol queimava sobre nossas cabeças, era praticamente meio dia.

— Naru-kun, como está seu braço? — Eu perguntei assim que vi a manga da sua camisa voando.

— Está ótimo, a vovó Tsunade disse que o novo braço com as células de Hashirama vai ficar pronto em alguns dias. — Ele tinha um enorme sorriso no rosto. — Eu estou indo ver o Sasuke, quer ir junto?

— Era exatamente pra onde eu estava indo. — Nós começamos a caminhar.

— O Kakashi me disse que você vai fazer essas missões super perigosas agora... tem certeza de que vai ficar bem?

Encarei o loiro com o canto dos meus olhos.

— Sim, não precisa se preocupar comigo. Isso é uma coisa que eu tenho que fazer. — Eu suspirei.

Além de pagar pelos meus pecados, eu sabia que a única forma das pessoas voltarem a confiar em mim seria dando motivos para isso.

Nós saímos pelos portões e caminhamos um pouco mais, até atingirmos uma distância considerável. Eu podia sentir o chakra do Sasuke se aproximando. Me encostei em uma árvore assim como o Naruto, Akira deitou no chão.

Alguns minutos depois, Sasuke apareceu ao nosso lado, parando de andar assim que percebeu nossa presença.

— Você realmente achou que nós não íamos nos despedir? — Naruto perguntou com um sorriso, os dois trocaram algumas palavras e o loiro entregou uma bandana de Konoha que estava riscada para o Uchiha.

Aquela provavelmente era a bandana antiga do Sasuke, assim como o Kakashi, o Naruto a guardou. Apertei a bandana que estava no meu bolso, eu ainda não sabia se eu merecia colocá-la.

Quando eles terminaram de falar, Sasuke se virou para mim. Coloquei a mão no meu outro bolso e tirei um papel de dentro, entregando para o Uchiha.

— Você me deu isso quando deixou Konoha. O irônico é que eu só fui encontrar quando tive que desertar da vila também. — Ele abriu o papel. — Então, guarde isso, dessa vez, não é uma despedida, mas sim uma promessa de reencontro. — Um sorriso divertido surgiu nos meus lábios. — Até porque, a gente tem que atualizar essa foto.

Sasuke analisou a imagem. Era uma fotografia, a mesma que ele tinha deixado na minha gaveta junto com um bilhete quando foi atrás do Orochimaru anos atrás. Tiramos aquela foto em um festival que teve em Konoha, ainda éramos crianças, eu tinha um algodão doce na mão e sorria para a câmera, fazendo um sinal de paz com a outra mão, Sasuke também sorria e estava com um dos braços por cima do meu ombro e o outro no bolso da bermuda.

— Obrigado, Akemi. — Ele disse com um pequeno sorriso nos lábios.

Depois de mais alguns minutos de conversa, Sasuke voltou a caminhar, seguindo o seu caminho, enquanto eu e Naruto voltávamos para os portões de Konoha.

A caminhada foi silenciosa. Dei um pequeno empurrão no loiro assim que passamos pelos portões.

— Não vai chorar agora, né? — Eu disse, brincando.

— Hã? Claro que não, Akemi-chan. — Naruto riu.

— Vamos. — Ele me olhou confuso. — O almoço é por minha conta, ramen do Ichiraku.

Seus olhos começaram a brilhar e ele deu um soco no ar em comemoração.

— Você é incrível, Akemi-chan!

Entramos no restaurante e nos sentamos nos banquinhos do balcão, Akira se sentou no chão.

— Naruto, Akemi, o que vão querer hoje? — Teuchi disse, se aproximando de nós com um sorriso no rosto.

— O de sempre. — Eu e Naruto falamos em uníssono, o que fez com que nós dois caíssemos na gargalhada.

— Sai em um minuto. — Teuchi disse e começou a fazer o ramen.

Naruto não parava de sorrir.

— Qual o motivo de tanta felicidade, loiro?

Ele olhou em meus olhos, ainda sorrindo.

— Eu estou com minha melhor amiga no meu restaurante favorito, tem como ficar melhor? — A comida chegou e nós dois pegamos os hashis. — Eu retiro o que eu disse, acabou de ficar melhor, dattebayo!

Não pude deixar de sorrir, aquilo me trazia uma sensação enorme de nostalgia. Naruto já tinha acabado seu ramen e pedido outro quando eu comecei a comer.

— O Kakashi também te deu uma folga? Ele me deu duas semanas de folga. Mas eu vou ter que usar esse tempo pra estudar se eu quiser ser jounin. — Naruto murmurou a última parte.

— Ele também me deu duas semanas de folga, apesar de eu ser contra. Eu tinha esquecido que você ainda é genin. — Apontei meus hashis para ele. — É bom você estudar, Naru-kun, ou o Konohamaru vai acabar te passando.

— Eu vou estudar. Vou fazer tudo o que for necessário para ser Hokage!

Acabei comendo uma tigela e o Naruto comeu sete. Saí do restaurante praticamente sem dinheiro.

Uma semana se passou e quase ninguém sequer trocava olhares comigo. Algumas pessoas me odiavam, a maioria tinha medo de mim. Naruto e Sakura eram os únicos com quem eu realmente conversava, às vezes o Shikamaru e o Lee se juntavam na conversa e eu troquei algumas palavras com o Yasha e com o Kenta, mas, tirando isso, quase ninguém olhava na minha cara.

Eu estava treinando na antiga clareira onde eu costumava treinar com o Itachi e com o Shisui, era aqui que eu passava a grande parte dos meus dias de folga. Os únicos que sabiam onde eu estava eram o Kakashi e o Naruto.

Kakashi insistiu que eu devia usar esse tempo para descansar e recuperar minhas energias. Mas eu não conseguia ficar parada, depois de tantos anos lutando e cumprindo missões todo dia, sejam elas de Konoha, da Akatsuki ou da minha mãe, eu definitivamente não conseguia passar mais de dois dias sem treinar.

O único que estava levando essa história de folga a sério era o Akira, ele não queria saber de treinar e ficava deitado enquanto eu treinava.

Também era uma forma de eu extravasar toda a minha frustração. Mas treinar sozinha era chato. Eu normalmente treinava com o Obito e, mesmo que seus treinos só parassem quando um de nós estava perto de morrer, eu ainda sentia falta da adrenalina de desviar de golpes mortais e dar o meu melhor. Eu precisava ir em alguma missão o mais rápido possível. Na verdade, eu mal podia esperar para aquela semana de descanso acabar logo.

Senti um chakra perto de uma árvore e lancei minha kunai na árvore, como um aviso. Segurei outra kunai com firmeza na minha mão.

— Calma. — Uma voz conhecida disse. — Sou só eu, prometo não te atacar.

A pessoa começou a andar, saindo das sombras. Relaxei o aperto na kunai assim que vi Neji na minha frente, um sorriso divertido no seu rosto.

— Desculpa por isso. — Murmurei, evitando contato visual e colocando a kunai de volta no selo amarrado no meu braço, que estava bem visível já que eu estava usando um top cinza e uma calça preta de ginástica. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, deixando a mostra o selo que o Itachi tinha feito na minha nuca. Minha roupa de treino.

Neji usava vestes ninja padrão, mas sem o colete jounin. Aquela roupa ficava bem nele... quem eu to querendo enganar? Qualquer roupa fica bem nele. Ele é simplesmente lindo. Com aqueles olhos perolados que só fazem eu querer me perder cada vez mais no seu olhar e...

"Eu vou dar privacidade pra vocês." Akira disse, me tirando dos meus pensamentos e saindo da clareira antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— Como sabia que eu estava aqui? — Perguntei assim que ele tirou a kunai que estava presa na árvore e se aproximou mais.

— O Naruto me falou. Eu não te vi na vila, então ele disse que você sempre vinha aqui pra treinar. — Neji disse com a voz calma.

Então aquilo significava que ele estava me procurando? Mas por quê? AHHH. Meu cérebro bem que podia parar de me iludir. Ele provavelmente só queria perguntar alguma coisa ou simplesmente conversar, não é como se ele estivesse interessado em mim. Era a primeira vez que eu conversava com o Neji em anos e essa é a primeira coisa que eu penso?

Eu podia sentir o sangue subir para as minhas bochechas por causa dos meus pensamentos.

— Quer treinar? — Ele girou a kunai na mão.

— Claro. — Não pude evitar o sorriso que surgiu nos meus lábios. — Eu já tava cansada de ter que treinar sozinha.

Neji ativou o Byakugan, entrando em pose de batalha, fiz o mesmo, mas não ativei meu dojutsu. A última coisa que eu precisava era saber o que ele estava sentindo.

— Não vai usar seu dojutsu? — Ele perguntou, confuso.

É claro que ele sabia se eu usava ou não o Swylagan de acordo com a quantidade de chakra nos meus olhos. Dei um sorriso e pensei em uma desculpa rápida.

— Vou treinar só taijutsu. Não tem necessidade de usar o Swylagan.

Ele assentiu e me atacou. Todos os pensamentos que rodeavam minha mente simplesmente desapareceram à medida que nós lutávamos.

Ele tinha melhorado muito. Dava pra ver que ele tinha treinado muito pra melhorar ainda mais o seu taijutsu.

Depois de um tempo, joguei ele no chão e subi nas suas costas, prendendo um de seus braços e colocando minha kunai no seu pescoço.

— Você venceu. — Neji disse e eu saí de cima dele, esperamos um tempo antes de nos levantarmos e começarmos a lutar de novo.

Depois de horas de treino, peguei minha garrafa que estava de baixo de uma árvore e me sentei ao lado do Hyuuga. Bebi um pouco de água e ofereci pra ele, Neji pegou a garrafa.

— Obrigado. — Ele murmurou e bebeu a água.

Me deitei na grama, observando o céu, que já estava ficando com a cor alaranjada devido ao por do sol. Neji se deitou ao meu lado. Eu conseguia sentir meu coração batendo rápido contra o meu peito. O que aquele garoto estava fazendo comigo? Tentei ignorar ao máximo sua presença ao meu lado. Eu queria sair dali, mas ao mesmo tempo queria ficar perto dele o máximo de tempo possível.

— Eu nunca te agradeci por ter salvado minha vida. — Neji disse baixo, eu podia sentir seu olhar em mim. Continuei encarando o céu, evitando qualquer tipo de contato visual.

— Não precisa. Eu só... não conseguiria te ver morrer.

Ficamos um tempo em silêncio, meu coração batendo cada vez mais rápido enquanto eu sentia seu corpo próximo do meu.

— Senti sua falta. — Me arrependi no momento em que as palavras saíram da minha boca.

O que eu estava fazendo? Eu estava parecendo uma criancinha que se apaixona pela primeira vez. Já se passaram tantos anos, eu tinha certeza de que o Neji não gostava de mim daquela forma. No máximo ele queria ser meu amigo. Mas mesmo assim não deixava de ser verdade, eu tinha sentido muita falta dele.

— Também senti a sua. — Ele disse após um tempo.

Senti o calor subir para as minhas bochechas, eu com certeza estava corando muito, mas aquilo era uma coisa que eu não conseguia evitar, era uma reação involuntária. Mas eu não podia me iludir, ele provavelmente quis dizer que sentiu falta de ser meu amigo... é, isso mesmo.

Ficamos observando o céu por um tempo, quando escureceu eu me despedi do Hyuuga e fui pra casa.

A semana finalmente terminou, Neji tinha ido treinar comigo todos os dias, eu finalmente tinha tido uma conversa descente com o Kenta e com o Yasha, tinha encontrado o Takeshi-sensei na rua e descobri a Jeena, sua namorada, estava grávida. E finalmente tinha recebido minha primeira missão.

A missão demorou um mês e meio, não era um simples assassinato, primeiro eu teria que encontrar o nukenin, já que seu paradeiro era desconhecido, depois eu precisava coletar informações, porque corria um boato de que ele estava montando um grupo de renegados pra causar terrorismo e por fim eu teria que matá-lo.

Concluí a missão com sucesso e voltei para Konoha junto com o Akira, entrei em casa e fiz meu relatório para o Hokage enquanto comia um macarrão instantâneo, já que eu estava muito cansada pra sair pra comer ou pra cozinhar qualquer coisa. Quando terminei tudo, eu me joguei na cama, dormindo em instantes.

No outro dia, eu acordei mais tarde do que o normal, já que estava exausta da missão e tinha ficado acordada até tarde terminando o relatório. Depois de tomar café da manhã e fazer minha higienes matinais, fui para o prédio do Hokage, entregar o relatório da minha missão.

Bati na porta e entrei quando recebi permissão. Kakashi estava sentado em sua cadeira, cercado por pilhas de papel. Ele estava concentrado em um pergaminho e levantou o olhar pra mim assim que eu fechei a porta da sala.

— Akemi, como foi a missão? Voltou agora? — Kakashi perguntou com a voz animada, mas dava pra ver o cansaço em seus olhos.

Neguei com a cabeça e balancei os papéis que estavam na minha mão, colocando-os na sua mesa.

— Voltei ontem à noite e fiz o relatório antes de dormir.

Kakashi encarou os dez papéis que eu tinha acabado de colocar na mesa e depois me encarou, mudando seu olhar para os papéis e me encarando de novo. Ele repetiu isso algumas vezes antes de se jogar na sua cadeira, soltando um longo suspiro. Não consegui conter a risada. Ele definitivamente estava exausto, a guerra pode ter acabado, mas aquilo só significava muito mais papelada na sua mesa, principalmente por causa dos assuntos da Aliança Shinobi.

— Não tinha como resumir isso? — Kakashi perguntou com os olhos fechados e a voz cansada.

— Não, você me pediu um relatório detalhado, além do mais, esse já é o resumo. — Ele abriu um olho e me encarou. Soltei uma risada. — A missão durou quase dois meses, você realmente esperava menos do que dez folhas?

— Você tem razão. Pode tirar hoje e amanhã de folga, foi uma longa missão. — Ele deitou a cabeça na mesa. — Eu só estou muito cansado, ser Hokage é difícil, eu definitivamente preferia estar fazendo missões. Nem fui pra casa ontem, passei a noite inteira cuidando dessa papelada, que é infinita.

— Todo mundo tem um limite. Você pode ser o Hokage, mas ainda precisa descansar. Você fica preocupado se eu descansei o suficiente e nem percebe que não está fazendo o mesmo. — Abriu um sorriso. — Não se sobrecarregue, dessa forma você com certeza vai terminar mais rápido do que fazer isso quando está cansado.

Kakashi levantou a cabeça.

— Desde quando você virou a responsável? — Ele perguntou, divertido. Eu simplesmente ri. — Mas você está certa, essa noite eu vou descansar.

Depois de sair do prédio do Hokage, eu decidi ir para a clareira treinar. Estava no meio do caminho quando fui parada por três pré-adolescentes.

— Akemi-nee-chan, a gente tava te procurando! — Konohamaru disse desesperado, parando na minha frente junto com Moegi e Udon.

— Aconteceu alguma coisa? — Eu perguntei séria por conta do desespero do Sarutobi.

Os três negaram imediatamente com a cabeça e os garotos abriram espaço para Moegi ficar na minha frente. Ela me encarou e mudou seu olhar para o chão assim que fizemos contato visual, se virando para os dois garotos logo depois, que fizeram um sinal de positivo com a mão.

Moegi se curvou na minha frente e falou mais alto e mais rápido do que o necessário:

— Por favor me torne sua aluna!

Eu pisquei algumas vezes, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

— Hã?

— Eu quero aprender com você, Akemi-nee-chan, você é uma ninja incrível, linda e inteligente. Por favor me treine, eu quero ser uma kunoichi forte igual a você! — Sua voz ainda estava alta por causa do nervosismo. — Não precisa ser todo dia, eu sei que você tem missões, mas me treine no seu tempo livre, por favor!

Abri um sorriso, entendendo o que ela queria dizer.

— Não precisa de tanta formalidade. — Eu disse coçando a nuca e ela se endireitou após um momento de hesitação. — Você quer eu eu te treine? Te ensine jutsus, técnicas e essas coisas? — Perguntei só pra confirmar.

Ela assentiu, seus olhos brilhavam com determinação.

— Sim, eu te treino. — Um sorriso sincero surgiu nos meus lábios. — Mas você precisa ter em mente que não vai ser nada fácil. — Ela assentiu. — Me encontre no Campo de Treino 3 amanhã às 8 da manhã.

— Certo. Obrigada, Akemi-sensei! — Moegi disse animada, com um sorriso enorme, antes de sair correndo junto com Konohamaru e Udon.

— Sen... sei? — A palavra soava meio estranha quando acompanhava meu nome, mas me dava uma sensação boa.

"Você acabou de arrumar uma aluna, Akemi." Akira disse, animado. Eu estava meio perplexa, mas não conseguia esconder a felicidade. A Moegi tinha me escolhido para ensiná-la, ela me via como um exemplo.

Continuei meu caminho, parando em uma loja de dangos e comprando alguns pra comer depois do treino.

Eu estava me sentindo de extremo bom humor depois do meu encontro com os três genins, então pensei em passar na casa do Neji e ver se ele estava lá e se queria treinar.

Bati na porta e ela abriu alguns minutos depois, revelando o Neji, que abriu um sorriso ao me ver.

— Hm... eu to indo treinar na clareira e passei pra ver se você queria ir também... — Eu disse, encarando o chão e sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Claro, eu só vou trocar de roupa. — Ele abriu espaço para que eu entrasse. — Pode entrar, fica à vontade.

Neji foi para o seu quarto, entrei na casa e tirei meus sapatos na entrada, me sentando no sofá e encarando minhas mãos. Meu coração estava apertado no meu peito e eu sentia como se mundo fosse desabar.

"Há um minuto atrás você era a pessoa mais feliz da vila, o que aconteceu?" Akira perguntou, sentado no chão ao meu lado, percebendo minha súbita mudança de humor.

Eu não sei, é só que... sempre que eu to com o Neji eu me sinto desse jeito... é como se eu tivesse feliz, mas ao mesmo tempo triste... eu não sei explicar.

"Você está apaixonada e tem medo de que ele não goste de você da mesma forma que você gosta dele." Akira foi direto ao ponto, isso me fez arregalar os olhos, ele entendia meus sentimentos mais do que eu mesma.

Neji saiu do quarto, vestido na sua roupa de treino, me encarou e sorriu, senti meu coração dar um salto.

— Vamos? — Ele disse, indicando a porta com a cabeça. Assenti e nós começamos a caminhar em direção à clareira. — Já faz um tempo desde a última vez que treinamos juntos.

— É. — Eu ri de nervosismo, encarando meus pés enquanto caminhávamos. — Eu tive uma missão meio longa, rastrear um nukenin e coletar informações... demorou um pouco mais do que o esperado.

— Então você voltou pra Anbu?

— Não, não. Eu sou jounin... sobre essas missões... é meio complicado.

Ele assentiu e continuamos a caminhada em silêncio.

"Eu to indo, boa sorte." Akira disse e fez menção de caminhar para a direção oposta.

Hein? COMO ASSIM?! Não me deixa na mão!

"Akemi, eu amo você, mas eu não sou obrigado a aguentar vocês dois flertando um com o outro o dia inteiro."  Senti o calor subir para as minhas bochechas. "Te vejo em casa."  Akira correu na direção oposta. Olhei de relance para Neji e continuamos caminhando.

Treinamos por horas na clareira, parando só pra comer os dangos que eu tinha comprado e depois treinamos mais.

Assim que o sol começou a se por, nós paramos o treino, nos deitamos na grama e ficamos observando o céu até escurecer completamente, como sempre fazíamos após um longo dia de treinamento. Ou pelo menos, eu fiquei observando o céu, já que eu conseguia sentir o olhar do Neji em mim de tempos em tempos.

Me levantei e estendi a mão para ajudá-lo a se levantar. Ele aceitou a ajuda. Fui até a árvore e vesti meu moletom preto com azul que estava pendurado em um dos galhos. Já era outono, ou seja, as noites ficavam mais frias.

— Você... quer sair pra comer alguma coisa? — Neji perguntou repentinamente, sua voz saiu mais baixa que o normal, tinha um tom de... nervosismo?

Me virei para encará-lo. Ele estava com as duas mãos nos bolsos da calça e encarava o chão, evitando contato visual, suas bochechas tinham um tom avermelhado que podia ser visto graças à luz da lua.

Senti meu coração acelerar. Ele realmente tinha acabado de me chamar pra sair? Ou seria só por que nós dois estávamos com fome depois de horas de treino? Quer dizer... amigos também saem pra comer...

— Claro. — Minha voz saiu um pouco mais alta que o necessário, me xinguei mentalmente e voltei minha voz ao tom normal... ou o máximo de normal que eu conseguia numa situação daquelas. — Onde vamos?

Começamos a caminhar em direção ao centro de Konoha.

— Eu tava pensando em ir naquele restaurante que tem um ótimo ochazuke, mas se você quiser comer outra coisa... — Neji sugeriu.

—Não... hm, ochazuke está ótimo, é. — Eu disse coçando a nuca e dando um sorriso nervoso. Ele tinha um pequeno sorriso nos lábios, suas orelhas estavam vermelhas.

Meus rosto provavelmente estava muito vermelho, eu conseguia sentir o calor aumentando nas minhas bochechas assim que entramos no restaurante e sentamos só nós dois em uma mesa.

Fizemos nossos pedidos e a conversa fluiu naturalmente, contei para ele da minha missão e ele me contou das dele, depois nós falamos sobre assuntos aleatórios. Meu nervosismo logo foi sendo deixado de lado, conversar com o Neji era tão fácil, nenhum de nós precisava se esforçar muito para que a conversa durasse horas.

Depois do Neji pagar a conta, o que ele insistiu em fazer mesmo com os meus protestos, nós caminhamos em direção à minha casa.

— Eu te juro que foi a coisa mais fofa que eu já vi... ela estava nervosa, provavelmente com medo de eu dizer não. — Eu comentei enquanto caminhávamos lado a lado. — Mas mesmo assim... ainda não acredito que ela realmente quer que eu a treine... — Um sorriso sincero surgiu nos meus lábios.

— Ela se inspira em você. — Neji disse enquanto subíamos as escadas do prédio. — Não me surpreende muito, você é incrível.

Meu coração deu um salto e o sangue subiu para as minhas bochechas pela milésima vez naquele dia. Eu já tinha até perdido a conta de quantas vezes devo ter ficado corada.

Chegamos na porta do meu apartamento, me virei pro Hyuuga para me despedir.

— Obrigada por hoje, foi divertido. — Eu disse, encarando seus olhos, ele sorriu.

Ficamos em silêncio, seus olhos eram praticamente hipnotizante, seus olhar se moveu para minha boca e ele se aproximou, colocando uma mão na minha bochecha. Meu coração bateu ainda mais rápido quando nossos lábios se tocaram.

Não era necessariamente um beijo, era um encostar de lábios, um selinho demorado. Mas foi o suficiente para fazer com que minhas pernas tremessem e minha respiração ficasse descompassada. Sentir o calor do seu corpo tão perto do meu fez com que arrepios descessem pela minha espinha.

Neji se afastou alguns segundos depois, suas bochechas estavam extremamente vermelhas, mas ele tinha um sorriso divertido nos lábios, provavelmente percebendo que eu estava corando bem mais do que ele.

— Boa noite... te vejo amanhã? — Neji sussurrou.

— Claro... boa noite. — Abri a porta do apartamento assim que ele começou a se afastar, indo em direção à sua casa.

Entrei em casa e fechei a porta atrás de mim, me escorando nela e encostando os dedos nos meus lábios. Eu ainda podia sentir seu toque e o calor do seu corpo. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado.

— Akemi, você chegou tarde hoje, onde estava? — Pulei de susto assim que ouvi a voz amistosa do Kakashi. Abri os olhos e o vi me encarando curiosamente da cozinha.

— Eu... hã... parei pra... jantar. Mas eu estou realmente muito cansada... então já vou dormir. — Eu disse, comecei a andar em direção ao meu quarto.

— A pessoa que estava lá fora com você, era o Neji? — Parei de andar assim que Kakashi disse aquelas palavras, me virei para encará-lo e ele fez sinal para que eu fosse até a cozinha. Andei até lá, relutante.

— Sabe... hoje a Moegi me pediu pra ensinar alguns jutsus pra ela e até me chamou de sensei... legal, não? — Perguntei assim que cheguei na cozinha, tentando mudar de assunto.

Kakashi abriu um sorriso e deixou seus hashis ao lado do prato, ele estava sem sua máscara.

— Isso é ótimo, você aceitou, né?

— Sim, vamos nos encontrar amanhã no Campo de Treino 3.

Kakashi assentiu, mas sua expressão logo ficou séria.

— Olha, Akemi. Eu fico muito feliz que você e o Neji estejam juntos... mas acho que preciso te falar... da importância dos... — ele limpou a garganta — preservativos... para um sex-

— NÃO! Eu já sei disso tudo, acredite, eu sei de onde os bebês vem. — Interrompi a fala do Kakashi e escondi o rosto nas minhas mãos, sentindo minhas bochechas esquentarem. — Além do mais, a gente só saiu pra jantar. — Murmurei.

— Ah... eu só queria ter certeza de que você sabia. — Kakashi coçou a nuca e soltou um suspiro de alívio. — Ainda bem que não precisamos ter essa conversa.

Eu assenti e fui pro meu quarto o mais rápido possível, ainda sentindo minhas bochechas queimarem tanto pelo beijo do Neji quanto pela conversa com o Kakashi.

Akira estava deitado no chão, dormindo.

— Preguiçoso. — Murmurei antes de entrar no banheiro.

No outro dia, acordei cedo e fui para o Campo de Treino 3 junto com o Akira, Moegi já estava lá me esperando, mesmo que ainda faltassem 10 minutos para as 8 horas.

—Bom dia, Akemi-sensei. — A garota disse com um sorriso enorme nos lábios.

— Bom dia, Moegi... pronta pra treinar? — Ela assentiu. — Certo... bom, vamos fazer um pequeno teste antes do treinamento começar, primeiro eu preciso ter uma ideia das suas habilidades e da sua força, você precisa acertar um golpe em mim.

— Um único golpe? — Ela perguntou.

— Sim, quando você conseguir me atingir, o teste acaba... ah, me ataque com intenção de matar, caso contrário você não vai conseguir me atingir.

Ela assentiu e entrou em posição de combate, me atacando quando eu disse para começar. Desviei facilmente de seus golpes diretos e me teleportei assim que ela lançou kunais em mim.

Eu estava pegando leve com ela, mas mesmo assim, seria meio difícil ela conseguir sozinha acertar um golpe em mim. Meu objetivo era outro, eu estava me teleportando em um padrão e eu queria saber se ela conseguiria perceber isso e criar um estratégia.

Minha dúvida foi respondida trinta minutos depois, quando eu me teleportei para o galho de uma árvore e três kunais já estavam vindo na minha direção. Depois de mais alguns minutos, percebi que ela tinha descoberto o padrão e já tinha criado uma estratégia, decidi testar um pouco o seu taijutsu antes de mudar o padrão.

Depois de quatro horas, eu decidi que já era o suficiente. Moegi estava caída no chão, extremamente cansada, ela se levantou com dificuldade e cambaleou até mim, mirando um soco na minha barriga. Fiquei parada e deixei seu punho me atingir. Assim que ela conseguiu me atingir com um soco fraco, devido ao seu cansaço, Moegi caiu no chão, ofegante.

— Bom, acho que já é o suficiente por hoje. — Eu disse com um sorriso assim que ela se sentou na grama e me encarou.

— Mas eu só consegui te acertar porque você deixou... eu falhei no teste. — Seu olhar estava triste, mas também mostrava raiva, raiva de si mesma por não ter conseguido.

— Ah, sobre isso, não me entenda mal, mas eu não esperava que você fosse conseguir me atingir de primeira. — Abri um sorriso gentil. — Você acertar um golpe em mim foi só um pretexto pra eu poder testar suas habilidades de taijutsu, de manuseio de armas e de estratégia de batalha. Você me impressionou, tem o pensamento rápido, conseguiu descobrir todos os meus padrões de teleporte e criar uma estratégia. Além de que você não desistiu até conseguir me atingir, você tem determinação, o que é bom, já que eu não iria treinar alguém que desiste fácil.

Ela me olhou surpresa.

— Então, você realmente vai me treinar?

— Claro. Mas amanhã eu provavelmente vou ter uma missão. — Tirei um papel do meu bolso e entreguei para ela. — Eu te aviso quando eu voltar, mas, enquanto isso, faça esses exercícios todo dia, eles vão ajudar no seu taijutsu e a aumentar sua força física. — Ela se levantou e assentiu, olhando o conteúdo do papel. — Descanse o resto do dia, você já se esforçou muito hoje.

Moegi sorriu, guardou o papel no bolso e se curvou.

— Sim, senhora. Obrigada por aceitar me treinar, Akemi-sensei.

— Eu já disse que não precisa de tanta formalidade. — Eu disse meio sem graça, coçando a nuca.

Ela se endireitou, murmurou uma desculpa e saiu correndo em direção ao centro de Konoha. Eu já ia sair, quando senti uma presença atrás de mim. Tirei uma kunai da minha bolsa de armas e coloquei no pescoço da pessoa.

A pessoa era o Yasha, que engoliu em seco assim que a kunai encostou na sua garganta. Soltei um suspiro de alívio e guardei a arma.

— Desculpa por isso, eu pensei que fosse uma ameaça. — Eu disse, dando um sorriso tímido, ele se recompôs, abrindo um sorriso enorme e fazendo carinho no Akira.

— Sem problemas. Eu e o Kenta passamos na sua casa mais cedo e o Kakashi-sama falou que você estava aqui. — Sua voz estava animada e despreocupada. — Vamos, o almoço é por minha conta.

Começamos a andar em direção ao centro de Konoha.

— E o Kenta? Cadê ele?

— Ah sim, nós viemos pra cá, mas você estava treinando com aquela criança, então decidimos fazer outra coisa até você terminar. Ele tá esperando a gente no restaurante.

— Fazer outra coisa, né? — Eu disse com um sorriso malicioso.

Ele arregalou os olhos e seu rosto ficou da cor do seu cabelo.

— N-Não... não é o que você ta... ta pensando. — Yasha riu com nervosismo.

— Hm, não é? — Ele negou rapidamente. — Então você ainda não se confessou pra ele?

— A-Ainda não. — Ele encarou o chão, suas orelhas estavam extremamente vermelhas. — E-eu não quero estragar nossa amizade.

— Ah, fala sério, Yasha-kun! Vocês dois se gostam desde sempre. Além do mais, se eu me confessasse pra você, você ia parar de falar comigo?

Yasha me encarou, seu rosto ainda vermelho, negou com a cabeça e disse baixo:

— Eu nem sei se ele gosta de mim desse jeito.

— É lógico que ele gosta de você. Na verdade isso é bem óbvio, praticamente tudo o que ele escrevia naquele caderno era sobre você. — Passei meu braço pelo seu ombro. — Ainda bem que vamos almoçar juntos, eu serei o cupido de vocês.

— Hein? Cupido? A-Akemi, você ta exagerando um pouco.

— Definitivamente não estou exagerando.

Yasha murmurou alguma coisa sobre estar ferrado e eu gargalhei.

Entramos no restaurante e nos sentamos na mesa, fiz questão de deixar os dois um de frente para o outro. Nós comemos, conversamos e rimos, como antigamente. Os dois trocavam olhares toda hora, sempre desviando o olhar e corando quando faziam contato visual. Claro que eu não perdi a oportunidade de soltar umas indiretas, o que fazia com que eles corassem ainda mais.

Depois de duas horas, eu dei um leve empurrão no Yasha, murmurando que aquele era o momento dele, e disse para o Kenta que eu tinha que me encontrar com o Neji na clareira, me despedindo dos dois.

— Usem camisinha, eu não quero ser tio tão cedo. — Kenta disse com um sorriso malicioso no rosto assim que eu ia me afastar da mesa.

Senti minhas bochechas esquentarem, mas eu não ia deixá-lo com aquele gostinho de satisfação. Devolvi o sorriso.

— Vocês dois também.

Os dois coraram e eu saí do restaurante rindo, com o Akira ao meu lado. Comecei a caminhar em direção à clareira com um enorme sorriso no rosto.

Era bom finalmente estar em casa.

~#~#~

Oieee, esse capítulo foi bem mais longo do que o normal, mas é porque eu tinha muita coisa pra colocar.

O que acharam do casal Kesha (Kenta e Yasha)? E antes que vocês perguntem, sim, eu que inventei o nome. Eu não sei vocês mas eu particularmente shippo MUITO os dois.

E o casal Nejikemi? (Alguém por favor me dá ideias pro nome desse shipp)

Eu não sei se vocês sabem, só uma curiosidade mesmo, mas nessa madrugada (do dia 20 pro 21) vai ter um eclipse lunar, então quem quiser ver é só olhar pra lua lá pras 2 da manhã. Apesar de que a fase total máxima vai ocorrer às 3:12 da manhã.

Só mais um capítulo pro livro acabar.

Sorry por qualquer erro de grafia.

Eu fiz o Yasha e o Kenta através de um site chamado picrew, aqui está o resultado:

Vejo vocês no próximo capítulo... que sai amanhã.

Vlw...

Flw.

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