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1 • O Encontro Inesperado

Em Beadale, uma pequena faixa de planície entre as Montanhas do Leste e o Rio Frothy, resistia o pequeno e último vilarejo do povo grusko. A raça, devastada por uma guerra que sangrara sua terra há décadas, não exibia mais a pompa e a altivez dos seus dias de glória — agora, eles tinham fome. Suas plantações secaram e os animais sumiram do território. Mesmo as árvores não davam mais frutos, eternamente petrificadas de forma que até as folhas mal se moviam. Assim, sem nenhuma comida em sua terra, lhes restava buscá-la no lugar onde eram menos bem-vindos: o reino de Gorluin.

O povo grusko acreditava ser um castigo dos deuses que precisassem se esgueirar no território da raça que os havia destruído e amaldiçoado. Os lunos de Gorluin que viviam do outro lado próspero do rio, por sua vez, gostavam ainda menos da ideia. No entanto, a verdade era que os primeiros não tinham escolha: para sobreviver, precisavam caçar nas terras dos seus inimigos, e era exatamente isso que a jovem gruska Auri faria.

Auri evitara a partida tanto quanto pode, mas sua família não resistiria a mais uma semana comendo folhas e insetos das árvores. Com um suspiro cansado, ela levantou-se na madrugada e apanhou seu arco, suas flechas e sua adaga, espiando a mãe e as irmãs dormirem antes de ir. Tinha um longo caminho até o Rio Frothy, onde atravessaria para as terras inimigas, e ela pretendia chegar cedo a Gorluin e sair de lá ainda mais rapidamente.

Quando Auri já estava distante do vilarejo, o sol ainda surgia vagaroso de trás das Montanhas do Leste, escondido sob os cumes pontiagudos. A luz nascente iluminava o cabelo castanho e muito longo dela, mas mantinha nas sombras sua aparência típica dos gruskos: a pele acastanhada e quente, os traços delicadamente selvagens, o corpo pequeno e curvilíneo e, acima de tudo, seus olhos — as íris douradas que restavam como o único lembrete da riqueza que seu povo tivera um dia, antes de estarem arruinados.

Assim, não demorou para que Auri atravessasse a planície com os pés sofrendo nas botas desgastadas. Algumas árvores começaram a aparecer pelo caminho e rapidamente o leste do Bosque de Averlin surgiu. Daquele lado do Rio Frothy, ele se reduzia a um montante de árvores paradas e infrutíferas e Auri se entremeou nelas, não se preocupando em observar os arredores, pois nenhum animal ou fera vivia ali, somente insetos e ainda assim, não muitos.

Passando por troncos ásperos e escutando o barulho das folhas secas sendo amassadas embaixo dos seus pés, ela atravessou sua parte do Bosque. Já podia avistar o Rio Frothy de onde estava, parando atrás de uma árvore para examinar os entornos do outro lado. Ela esquadrinhou o local, mas mesmo com a visão especial dos gruskos, não via ninguém. Também não sentia o cheiro dos lunos por ali, a não ser pelo que já estava impregnado nas árvores, então saiu cuidadosamente do seu esconderijo e caminhou até a margem do rio.

Auri observou o curso d'água e a velocidade da correnteza, ponderando se deveria arriscar ir pela ponte onde podia ser pega por um luno ou se devia correr o risco de afogar-se ao atravessar nadando pelo rio. Ela sopesou cuidadosamente suas chances e então, com um suspirar profundo, armou o arco e flecha e começou a andar em direção à ponte.

O primeiro passo que ela deu na passagem de pedra fora incerto, mas já estava ali e não voltaria atrás; põe-se a andar mais rápido. O peito de Auri subia e descia ligeiro pela respiração descompassada. Quando ela finalmente atravessou a ponte e pôs os pés nas terras dos lunos, sua mão segurou com mais força o arco e flecha. Ela procurou rapidamente por um lugar onde pudesse se esconder dos inimigos e também das vítimas da sua caçada, achando um tronco de árvore robusto o suficiente para lhe encobrir. Auri se esgueirou para trás desse caule e preparando-se para caçar ou lutar, esperou até que sua comida aparecesse.

Ao contrário do cenário no outro lado do Rio Frothy, os animais não eram escassos no oeste do Bosque de Averlin. A fauna ali era rica e as árvores, frondosas e cheias de frutos. Era a honraria dos vencedores da guerra, Auri pensou. Não morreriam de fome, disparou em sua mente, mas logo obrigou-se a se concentrar no seu trabalho.

Depois de alguns minutos de espera, uma raposa passou pelo campo de visão da gruska. Ela apontou sua flecha para o animal, aguardando um segundo antes de soltá-la do arco e deixar que rasgasse o ar e logo depois, a pele do alvo.

Certeira e rápida como a vida e a morte, a flecha alojou-se na raposa e ela tombou no chão. Sem demora, Auri correu até sua refeição dos próximos dias, rapidamente a envolvendo num saco velho e pendurando-a nos ombros. Ela gostaria de levar mais algo, mas aquilo era tudo que podia carregar com seu corpo pequeno e ainda tinha que manejar o arco e flecha, caso precisasse. Então, ajustando-se ao peso do saco, ela levantou e deu dois passos à frente. Contudo, antes que pudesse continuar, uma voz masculina ressoou atrás dela, grave e suave:

— Bela pontaria — disseram.

Auri paralisou onde estava, aterrorizada. Ele era um luno. Ela podia sentir seu cheiro característico de almíscar e cedro. Estivera concentrada demais na raposa para percebê-lo antes e agora sua distração a mataria. Sentiu o coração quase parar no peito, tomada por um sentimento que cambaleava na linha tênue entre o medo e a ira.

Tentando reorganizar os próprios pensamentos, ela sopesou todas as suas chances. Estava de costas para o luno e eles não tinham o olfato especial dos gruskos, então ele apenas poderia pensar que ela era um deles, contanto que não visse seus olhos. Era fácil identificá-los quando nenhuma outra raça no mundo tinha as íris douradas do povo dela.

— Obrigada — ela respondeu no tom mais suave que pode, tentando assimilar-se ao jeito que eles falavam. — É uma distração divertida para o trabalho na vila — fingiu.

Auri sabia que os lunos caçavam por esporte e não para sobreviver. Somente a ideia disso a deixava enjoada, mas ela não podia demonstrar sua repulsa se pretendia voltar para casa. Permaneceu onde estava e por um segundo esperançoso, pensou que seu plano daria certo, mas com uma risadinha baixa e reprimida, o outro falou:

— Está tudo bem. Eu sei que você é uma gruska.

No exato momento que as palavras dele encheram o ar, o coração de Auri desmoronou. Era o seu fim. Pensou na mãe e nas duas irmãs pequenas, implorando aos deuses que cuidassem delas quando puxou uma flecha e a armou no arco, virando-se tão ligeira quanto o vento. Ela apontou a arma na direção do luno, cheia de ira, mas ele já tinha uma flecha direcionada para ela também. Os dedos de Auri suavam, mas não vacilavam; ela não morreria tão fácil como uma mosca indefesa numa teia de aranha.

Flechas apontadas um para o outro, os dois jovens permitiram entreolhar-se por um segundo. Eram completamente estranhos entre si, mas igualmente belos. Diferente de Auri e sua aparência gruska, o rapaz tinha a tez clara, o corpo alto e esbelto, o cabelo ébano e os olhos turquesa da cor do Rio Frothy — as feições típicas dos lunos. Ele vestia roupas de caça feitas de linho e couro, e faíscas prateadas saiam dos seus dedos, denunciando a magia que herdara do seu povo.

Auri pensou em atirar de uma vez e acabar logo com os dois, mas não pode fazê-lo quando o rapaz vacilou, abaixando um pouco seu arco e flecha e tirando a mira dela.

— O que estamos fazendo? — Ele indagou baixinho, mais para si mesmo do que para Auri. — Nem nos conhecemos e estamos apontando flechas um para o outro — sopesou, deixando sua arma cair no chão coberto de musgo e plantas rasteiras.

Auri balançou, mas não saiu da sua posição, permanecendo firme na mira. Ela não se renderia porque ele tinha os olhos gentis e as feições suaves, tão diferentes do que ela imaginara ver em um luno.

— Sim, nós estamos, porque é assim que meu povo é recebido aqui em Gorluin — ela rosnou.

— Não precisamos ser iguais aos outros. — O rapaz redarguiu suavemente, afastando-se do arco com um passo para trás.

— É mesmo? — Auri questionou, no entanto, ácida. — Fácil dizer quando não é o seu povo morrendo de fome — rezingou. — E tudo porque vocês envenenaram nossas terras com sua magia imunda. Nem sequer podemos pescar, porque vocês, fabulosos lunos, amaldiçoaram o mar com aquele monstro. Então, sim, eu estou apontando uma flecha para você. — Ela despejou, raiva correndo em suas veias como fogo.

O jovem luno parou por um segundo, o coração pesado como uma pedra. Ele sabia que a guerra de décadas atrás havia tirado muito dos gruskos, mas não que eles haviam sido deixados para morrer de fome. Jamais haviam lhe contado aquilo e por mais que quisesse, ele não conseguiu duvidar da jovem com brasa queimando nos olhos dourados.

— O que...? Eu não sabia de nada disso. — Ele indagou.

— É claro que não sabia — Auri quase cuspiu as palavras. — Não contam essa parte da história para vocês, não é? Devem ter rasgado as páginas dos livros que falam sobre nós, os derrotados. Além disso, como vocês poderiam saber quando nós nunca passamos daqui? Somos assassinados nesse bosque e jogados no mar para alimentar o monstro. Meu pai foi e eu provavelmente também serei — emendou.

Um segundo de pesado e triste silêncio se fez e quando a chama nos olhos de Auri abrandou, o luno pode ver as cinzas da tristeza neles, e aquilo o atingiu mais fundo do que a flecha dela jamais poderia. Ele estava cansado da guerra e da separação. Mesmo a jovem gruska estava, embora fosse continuar a lutar para sobreviver se precisasse. No fundo, tudo que ela queria era comida para sua família e seu povo sem que eles precisassem morrer em Gorluin.

— Eu não quero mais lutar. — O luno disse, dando outro passo para trás e então virando-se de costas com as mãos ao alto, rendendo-se.

A respiração de Auri quase parou, mas ela não se permitiu pensar duas vezes. Sem desarmar seu arco e flecha, ela começou a partir, ainda virada para o jovem. Pensou que matá-lo não seria difícil agora, mas não teve coragem de fazê-lo. Ele estava desarmado, de costas e ainda que fosse um luno, ela não conseguiu libertar a flecha e deixar que o atingisse. Assim como ele, não queria mais lutar.

Então, Auri manteve os olhos no luno o tempo inteiro até que estivesse longe demais para avistá-lo e o rapaz permaneceu parado em posição de rendição todo instante. Quando correu para longe do lado leste do Bosque de Averlin em direção à ponte, ela não sabia se tivera muita sorte, se fora agraciada pelos deuses ou mesmo se realmente devia acreditar naquele luno — e por mais que não quisesse, seu coração relutantemente bom pendia para a terceira opção.

Ela voltou todo o caminho que havia percorrido com pressa e a mente cheia e atribulada. A planície que antes percorrera agora estava plenamente iluminada pelo poderoso sol e o calor ardia em sua pele. Quando chegou ao vilarejo outra vez, sua mãe lhe esperava com olhos aflitos e suas irmãs brincavam ao redor da cabana de madeira que chamava de lar. Tamanha foi a alegria em tê-la de volta — e com comida para muitos dias — que todas jantaram ao som da melodia da flauta dela, coisa que não faziam há muito tempo.

Auri não as contou sobre o luno, pois não queria preocupá-las, e dormiram felizes naquele dia.

🏹

1.985 palavras.

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