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DECISÕES AMARGAS

O chão era úmido e quente. Estava deitado em um "ninho" de folhas quentes e úmidas. O cheiro da floresta entrava com toda a força nas suas narinas e era inebriante, principalmente pela mistura infinita de aromas que se misturavam. E ele sentia todos. O som fraco da garoa batendo nas folhas árvores era gostoso de se ouvir. Todo aquele silêncio barulhento, e a mistura forte de cheiros, era reconfortante para o corpo nu e cansado de Nolan.

Estava deitado ali, onde o Lobisomem o tinha deixado, e estava bem desse jeito. Queria poder nunca mais se mover dali, nem se transformar, nem nada. Somente deitar e ficar aproveitando aquela sinfonia de sons e cheiros novos que vinham de todos os lados, e aquele calor confortável que o ambiente quase fechado o estava conferindo. Mas isso seria impossível. O Lobisomem viria tirá-lo dali se sentisse muita fome e acabaria com ele.

O medo de perder totalmente a consciência, sumir do mundo e dar lugar para aquele animal, trazia uma sensação de angústia, aflição, desespero total. Mas como seria possível escolher entre "sumir" psicologicamente e dar lugar para que uma Besta insaciável que vem de dentro dele mate à vontade, ou, aceitar esse mesmo monstro, e ter que matar seres humanos conscientemente? Dividir a sua, agora ainda mais miserável existência, e estando a mercê das vontades e luxos daquela Besta.

Um galho estalando próximo a ele, despertou um alerta. Sentou-se rapidamente em seu ninho de folhas, e ficou atento. O faro foi o primeiro a se aguçar quando se concentrou. Um odor suave de pelo de animal vinha de perto. Era quase adocicado. Depois do olfato, a audição se aguçou, e ele conseguiu ouvir uma batida continua de coração. Uma respiração controlada, passos leves e pequenos sobre as folhas. Um cervo passou caminhando na frente de onde ele estava.

Nolan o observou com admiração, nunca tinha visto um tão de perto, e ele os considerava animais lindos. O cervo virou a cabeça na sua direção. Os enormes chifres cheios de voltas eram lindos e imponentes. O focinho se agitou rapidamente e ele se apavorou. Emitiu um som alto e estridente e se pôs a correr. Nolan se levantou rapidamente, se sentindo mal por ter assustado um ser tão belo, e viu várias corsas e dois filhotes correndo atrás do macho. Ele era o problema. O cheiro de um predador tão voraz exalava de sua pele. Uma onda de tristeza tomou conta dele e o fez desabar em lágrimas mais uma vez. Nolan não sabia de onde conseguia tirar tantas lágrimas de uma só vez. A tristeza era tão profunda que ele tinha chorado tantas vezes, e ainda parecia ter um estoque gigantesco de água para chorar.

Chorou por alguns minutos ali no chão, então, resolveu voltar para a clareira da transformação. As palavras que o Lobisomem tinha dito para ele estavam começando a ficar altas demais em seus pensamentos. "A carne humana era a chave".

Teria ele podido contornar essa situação?

Alimentado o Lobisomem com animais e nunca ter matado ou comido um ser humano?

A resposta era não. Essa resposta veio do fundo de sua cabeça. Latejando forte. Ele sabia que era verdade. Estando amaldiçoado desse jeito, com um animal feroz e sedento, dividindo espaço com ele, e precisando se alimentar, uma hora iria acabar por matar alguém. Mas como a fera disse para ele, se tivesse sido deixada correr e matar, ele estaria consciente, de alguma forma, e poderia ajudar escolher as vítimas. Punir alguém que pudesse merecer a morte, e ao mesmo tempo se alimentar.

Esse era um campo complexo demais. Seu lado humano não se sentia digno de escolher quem deveria morrer. Quem era ele para dizer que outro ser humano, independente de seus atos, merecia ser devorado vivo? Mas um lado selvagem dizia que isso não importava, uma hora ele precisaria escolher.

Nolan começou a sentir os músculos fortes que agora ostentava. Suas pernas estavam mais grossas, pareciam fortes até demais, os braços também pareciam ter ganho vida. Os sentidos estavam apurados. Tão apurados quanto quando ele estava prestes a se transformar e conseguia acessar essas habilidades do animal. Agora, essa transformação e ampliação de vida pulsando dentro dele, aparentemente seria continua. Ele e o Lobisomem estavam começando a unir seus corpos de alguma forma. Externamente humano, já, internamente, bestial, com órgãos e músculos fortes e resistentes como os do Lobisomem.

Fitou o caminho que estava diante dele, e resolveu testar sua teoria sobre a melhora física. A visão parecia ter aproximado o que estava longe dele, quase como um binoculo, os músculos das coxas vibraram, as mãos se fecharam fazendo as veias ficarem extremamente salientes, parecia que iriam rasgar a pele, e ele começou a correr.

A arrancada foi incrível. Rápida e decidida. Cada passo dado era como um salto, cobria uma distância muito maior do que o normal. Sentia quase como se estivesse voando. Olhou para um galho no alto. Não pensou duas vezes. Sem sequer parar de correr, simplesmente flexionou uma das pernas e saltou a mais de três metros de altura. Agarrou-se a um galho, girou, e parou sobre ele.

A partir daí começou a saltar pelas árvores, cobrindo uma distância maior ainda. Farejou o ar. Sentiu o cheiro familiar de suas coisas, saltou para o chão, mal sentiu o impacto com o solo e seu corpo continuou dando continuidade àquela corrida selvagem. Aparentemente tinha contornado a outra clareira, mas sentiu o cheiro do sangue de longe. Isso despertou o humano de seu momento de êxtase animal. Nolan freou rapidamente com os pés, olhou para o corpo pulsante, prestou atenção na respiração e nos batimentos cardíacos que estavam extremamente calmos e com o ritmo lento, como se não tivessem sido exigidos em nada por aquela corrida e pelos pulos entre os galhos.

Resolveu andar normalmente até seu lugar. Chegou na clareira. Suas coisas estavam meio reviradas por conta da saída apressada a qual o Lobisomem o forçou. O saquinho impermeável com os cigarros e com o isqueiro, estava ali mesmo. No meio de uma poça, mas a parte aberta estava virada para cima e não estava molhado por dentro. Olhou para a mochila úmida, foi até ela e encontrou as roupas que tinha usado na noite anterior, estavam dentro de uma sacola, apenas as mangas da camiseta estavam com as pontas molhadas. Vestiu-se. Sentiu uma sensação de alívio ao proteger o corpo, era uma ação extremamente humana, confortável e familiar.

Puxou tudo para debaixo de uma árvore, checou o celular, sentou-se, e acendeu um cigarro. Tragadas fortes lançavam a fumaça quente para dentro de seus pulmões, e eles pareciam nem reagir a isso. Provavelmente isso era trabalho da cura acelerada que acompanhava aquela maldição.

O ar estava muito frio agora. O céu acinzentado, que normalmente trazia paz para Nolan, dessa vez estava extremamente melancólico e depressivo.

Ele matou.

Matou três pessoas. Uma delas era a droga de uma criança. Isso nunca sairia de sua cabeça. A culpa era dele. Ele é um Lobisomem. A questão agora, seria decidir entre viver com isso, ou encontrar alguma saída.

Quem poderia imaginar que lobisomens existiam de verdade. Já convivia com isso desde seus dezesseis anos, e até hoje nunca nem tinha se dado ao luxo de pesquisar ou tentar entender o que estava acontecendo. Depois de tudo o que passou, a perda dos seus amigos, os terrores noturnos lembrando dos uivos no meio da floresta, as dores no corpo pela batida do carro, os arranhões, os gritos de pessoas amadas, o som deles sendo mastigados...

Tudo era intenso demais. De alguma forma, "ser um Lobisomem" se tornou um segredo tão profundo, que ficou quase despercebido por ele durante todo esse tempo. Sabia que tinha unicamente a obrigação de fugir uma vez no mês para não machucar ninguém e nunca pensou em como poderia conviver com aquilo se um dia perdesse o controle ou se precisasse se transformar sempre.

Agora tudo prometia ser diferente.

Nolan acendeu outro cigarro. Colocou os fones, escolheu uma música aleatória, levantou do chão e começou a caminhar. Andou observando tudo ao seu redor. As cores estavam mais vivas. Os sons e os cheiros também. Tudo vivo demais. Em qualquer outra situação, aquilo seria aproveitado com muito deleite, mas ele sabia que só conseguia perceber isso por conta da união final dele com sua maldição.

Seu coração estava mergulhado em um mar obscuro e sangrento. Tinha sangue em suas mãos. Aquilo agora era oficialmente parte dele. As cordas que prendiam a fera tinham sido arrebentadas. Não havia força na terra suficiente para segurar os instintos que viriam em algum momento para atormentá-lo.

Chegou na clareira das mortes. A energia espiritual que emanava naquele lugar era muito forte. Era agora um solo selado com sangue de vidas inocentes, retiradas de forma cruel. Tiradas por meio de suas próprias mãos. Eram suas mortes. Seus próprios fantasmas.

Olhou para a caminhonete. Passou as mangas ao redor das mãos. Ergueu a lona da parte de trás. Era uma S10 prata antiga. A parte traseira estava cheia de coisas para um acampamento. Uma arma reserva. Metros de uma corda grossa, dois galões de gasolina, um de querosene, um cooler com algumas bebidas já meio mornas, e outro com comida. Uma pequena mochila infantil foi o que chamou sua atenção. Mesmo assim, evitou olhar muito, ou mexer nela.

As cordas foram o melhor achado daquele dia. Nolan as pegou. Analisou sua resistência e comprimento. Deveria ter pelo menos uns dois metros e meio daquela corda. Ponderou um pouco, analisou a situação e o lugar, decidiu que seriam perfeitas para seu plano. Tinha chegado a hora. Sua decisão estava feita. Existiam muitas provas ao seu redor. Olhou para os braços e sentiu a força pulsante dentro deles, esticou a corda para testar mais uma vez.

Sua consciência pesava por inúmeros motivos. Mas era o melhor a ser feito.

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