XIII
Após a nova cena teatral da especialista, a noviça voltou a querer acalmar Angeline. A paciente foi levada para o jardim dos fundos. Um lugar colorido e arejado. Contrastante com as outras estadas da nova mulher.
O oceano era inalcançável para o seu corpo, na varanda do casebre. Ali, naquela grama macia, não só sua vista, como também seus pés, aproveitavam-na. A natureza estava ao seu alcance.
Caminhava junto da enfermeira. Olhavam em volta. Angeline mantinha sua expressão padrão. A noviça sorria. Sentaram-se num banco. Este era pálido, quase branco. Havia flores vermelhas nos lados. O piso permitia que sua cor verde se unisse com as outras. As cores da bandeira italiana.
A moça observadora parecia adorar aquele lugar. Pausou o sorriso e encarou Angeline: "Achei que precisava vir aqui". O sorriso voltou. "Este lugar me dá fuga dos meus martírios."
Angeline deduziu: "Um ponto de cores no meio da guerra. Isto não tira meus pensamentos".
A jovem engoliu seco e abaixou a cabeça, encerrando a expressão de fuga.
Olhou novamente para a mais velha. E falou: "Sei que passa dificuldade em sua mente, mas raciocine sobre o que falarei."
Angeline a encarou curiosa.
A noviça continuou: "Reconsidere o que foi dito por sua... por aquela mulher. Ela pareceu-me bem honesta."
A outra automaticamente entendeu. Fitou a moça com segurança: "Uma atriz tem que parecer honesta. Não deixe sua inocência te enganar."
A jovem abriu um sorriso: "Desculpe-me. Não deveria tocar nesse assunto alheio". E riu. "Esqueçamos o que eu disse. Eu tenho esse incorrigível hábito de perceber o que não devo."
Angeline não estranhou a reação passiva. A inocente moça não insistiria.
Ela voltou, então, para a paisagem em que estava. Via as flores vermelhas ao seu lado. Como uma mancha de sangue que sujava a parte pacífica da Itália. A parte que era usada para limpar. A que transformou-se. Que mudou de cor.
Ao virar-se, percebeu uma flor amarela no seu colo. As pétalas mostravam pouco contraste junto à sua roupa clara, mas já diziam o que a moça logo traduziu em palavras: "Este país, mesmo pobre, era tão cheio de vida e... esperançoso. Esta clínica foi feita no nacionalismo deste sentimento. No fim da primeira guerra. O jardim foi mantido". Ela pegou outro cravo de trás do banco. "A única flor posta recentemente foi esta amarela."
A noviça olhava o cravo. Levantava-o entre o horizonte e seu olhar. Fazia uma expressão infantil: "Acompanhe-me. Pegue sua flor e encontre-se em um pedaço de seu passado."
Angeline obedeceu a compassiva ordem. Não enxergou pétalas cheias de vida ou de esperança. Mas uma coisa sem alma. Vida desolada no fracasso e na penumbra do esquecimento. Via uma ponta de si abandonando-se.
Repôs o cravo no colo, abaixou a cabeça e chorou. As gotas que desceram pelo talo não deram vivacidade ao amarelo de sua bandeira.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro