XII
Angeline não estranhou a visita, mas a falta do verdadeiro filho nela. Sabia que Ettore insistiria. Que continuaria a alimentar o bem nutrido esquecimento.
Ela desviou o olhar da moça. Disse, segura: "Lily está morta. No mundo e em minha mente."
A outra suspendeu a aproximação. Amargou-se: "O que está dizendo?! Eu estou aqui!" E reiniciou os passos lentos.
Angeline olhou-a novamente. Negou uma tristeza. Continuou confiante: "Não é necessário fingir mais, garota. Aplique sua beleza e seu talento em outras coisas. Eu não preciso esquecer. Obrigada, mas não preciso."
A confiança do olhar não influenciou seu corpo. Os batimentos aceleraram. O suor saiu da pele. A visão ficou turva. E antes que a moça voltasse a negar, esta chamou a enfermeira.
A noviça chegou rápido. E com orientações de respiração e posicionamento, ela conseguiu acalmar o físico de Angeline.
A outra limpou as lágrimas. Não esperou a noviça ir e a respiração voltar ao normal para falar: "Estou sempre rezando para... para que volte a ser a mulher caridosa e alegre de antes. Meu tio me pediu para não vir... mas... mas eu preciso que se lembre, mãe. Nem que... nem que eu tenha que forçá-la." E o choro voltou. "Mesmo quando... quando o papai morreu naquele... naquele maldito navio, a senhora não ficou distante de nós. Nunca ficou como está agora."
Nem com todo o apelo dramático Angeline acreditou. Nem com a convincente cena. Nem com o sentimento de perda que chegou em seu corpo frágil e esquecido.
Respirou fundo. Assegurou-se e esfriou-se. Falou: "Vá embora. Não me procure mais. Seus serviços acabaram."
A mulher tentou abraçá-la. E, com mais uma negação, engoliu o choro e se foi finalmente.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro