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XIII - O Baile de Inverno

O castelo estava decorado com castiçais dourados, tapetes vermelhos e flores coloridas. Era uma noite luxuosa, talvez a mais luxuosa do reino até o presente momento, fato notado nas roupas dos convidados, encomendadas de alfaiates prestigiados e de grifes famosas.

A atenção da maioria das pessoas estava voltada pára um "casal" em particular, o misterioso Conde Pesley e a intrigante Srta. Lavender Collins. Eles surgiram lado a lado, de braços dados, no meio do salão após fazerem uma entrada que chamou a atenção de todos. Ela trajava um vestido lilás com cristais e ele um terno elegante e preto com detalhes em forma de arabescos cinzas.

Os olhares das mulheres e homens do baile focaram-se em Lavender. Os cochichos tornaram-se um burburinho e todos ficaram boquiabertos com a beleza estonteante da garota. Ninguém conhecia os Collins por não pertencerem à nobreza, mas aquelas reações mostravam que, a partir daquele dia, a família viraria objeto da atenção de todos.

A noite recém começara e logo Gavin chegou acompanhado de Rose, que também usava um vestido elegante de cor azul, combinando com o terno azul-marinho de seu par. Em seguida Gregory surgiu, sozinho, e também tornou-se um tópico principal nas rodas de conversas, por estar sem acompanhando e também por algo com o qual já se acostumara.

Sempre que aparecia junto ao irmão, Gregory sabia que seria alvo de comentários. Antes de sair de casa a mãe havia insistido para que não fosse ao baile de um jeito muito estranho e apreensivo, como se temesse que algo acontecesse com o filho mais novo, mas Gregory acalmou-a:

━Deixe que eles falem, mamãe. Isso não importa.

Ela assentiu e, com resignação, deixou-o ir, mesmo sem par. Talvez aquele fosse o problema, Gregory ponderou após chegar ao baile. A mãe não queria que o filho mais velho fosse visto sozinho e virasse motivo de fofocas. Típico dela, afinal, após tanta gente duvidar da paternidade de Gregory, não custava ser um pouco cuidadosa.

Os olhos do Sr. Lynch percorreram o salão em busca da pessoa que não saía de seus pensamentos. Antes de dormir travava uma luta mental para deixar-se levar pelo sono, mas sempre era acometido pelas memórias da noite no Castelo Pesley. Não foi difícil encontrá-lo, pois todos estavam encarando-o. Viu-o ao lado da melhor amiga, que estava estonteante e rodeada de atenções. Percebeu que estava tímida e Gregory deu um sorriso de orgulho, pois ela merecia aquela atenção.

Havia algo que não podia-se negar no salão: um clima de ansiedade e apreensão. Por ser um baile real, a realeza apareceria em algum momento. Era um privilégio estar naquele castelo, ter sido convidado, mas a melhor parte era poder ouvir um discurso inédito do rei, um discurso apenas para os poucos que estavam presentes ali.

Theodore pareceu procurar pelo rapaz que sondava seus pensamentos dia e noite e os olhares de ambos fixaram-se, intensos mesmo que estivessem distantes. Gregory mostrou o sorriso charmoso de conquistador não sabendo que o Conde precisou de toda a concentração possível para não ficar da cor do tapete vermelho. Este contentou-se em beber um gole da champanhe que estavam servindo e fingiu prestar atenção em Lavender.

Deus, como ele está lindo, o loiro pensou, admirando o corte do terno e a maneira como este modelava o corpo de Theodore. Sentia falta dele e não haviam sequer se beijado, existia apenas uma atração muito forte entre ambos e Gregory desejava satisfazê-la, mesmo que ficasse apreensivo com o pensamento.

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Se Gregory encontrasse um cômodo parecido com a biblioteca que Theodore tinha, poderiam fugir e ficar a sós por alguns minutos. Como ansiava por aquilo! Há quantos dias não conversavam? Pensara em mandar cartas e até mesmo um retrato que fizera do Conde, mas havia desistido da ideia. Eram ambos homens da nobreza e não colocaria a vida de ambos em risco por uma atração que nem havia se concretizado direito.

Andando pelos cantos do castelo, reparando em detalhes sórdidos, como um casal entrando de fininho no banheiro, uma mulher roubando um par de talheres de prata e um rapaz tocando o traseiro de sua companheira, resolveu pôr em prática seu plano de investigar o homem desconhecido que desejava conhecer apenas para matar sua curiosidade.

Apurou os ouvidos para as conversas que ouvia. Ouviu um casal conversando sobre as comidas que estavam sendo servidas, um homem reclamando da demora para ver o rei, mulheres dando risadinhas e fazendo comentários acerca do príncipe... Lembrou-se que sabia onde poderia descobrir algo: no grupo dos militares! Eles geralmente ficavam num canto resmungando, fumando, reclamando e assentindo para suas mulheres.

Viu um broche militar em alguns ternos que estavam ali e encostou-se num pilar próximo, fingindo estar impaciente para ouvir o discurso do rei. Na verdade estava ouvindo a conversa daquele grupo distinto e, na sua opinião, detestável.

━Ferguson virá?

━Quem se importa?

Os homens riram e tragaram seus respectivos cigarros quase ao mesmo tempo.

━Estou curioso para ouvir o discurso do rei.

━Ele vai falar as mesmas bobagens de sempre e todos vão continuar adorando-o, um deles resmungou.

━Será que o filhinho dele vai aparecer?

Os homens se olharam e caíram na gargalhada. Gregory não entendeu a piada.

━O príncipe deve estar ocupado com seus deveres de homem da realeza.

Mais uma rodada de gargalhadas e tragadas de cigarro. Gregory segurou-se para não tossir. Após alguns minutos em silêncio, um dos homens sussurrou:

━Acham que Arthur virá depois do escândalo?

Todos se inclinaram um pouco para a frente, com expressões nervosas, alguns olharam para os lados e outro, o mais velho, disse:

━Espero que não venha. Ele é uma vergonha para todos os militares.

━Não houve condenação, Paul.

━E precisa haver? Paul rebateu, agora com o rosto quente. Ele sempre foi esquisito, ele e aquela mulher dele.

━Acho ela fenomenal, uma voz comentou e riu.

Gregory olhou para os lados com uma sensação desconfortável de estar sendo observado. Não encontrou ninguém à volta e voltou a prestar atenção ao diálogo.

Tinha vasculhado os jornais à procura de alguma informação sobre o tal Sr. Richmond e não encontrara nada. O que tinha descoberto, no entanto, era uma notícia que estava circulando no reino acerca de um homem que havia sido pego com outro em situação vergonhosa nos trens. Era a única fofoca do reino e, quem sabe, aquele grupo falava justamente sobre aquilo.

Pelo que percebeu o homem de quem falavam era militar, então fez as conexões. A probabilidade de que estivessem falando de Richmond era grande. E havia uma chance de ele comparecer ao baile. Sentiu um arrepio na espinha. Não sabia se ficava contente por ter solucionado o enigma e sanado sua curiosidade ou se ficava apreensivo acerca do encontro iminente que Theodore teria com Richmond.

Afastou-se do grupo com a sensação de que alguém estava lhe seguindo.

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O som do clarinete real ecoou pelo salão, assustando muitos e chamando a atenção de todos. Chegava a hora mais esperada da noite: o discurso do rei.

O Rei Leon estava no 25º ano de reinado e todos os anos tentava manter uma política que agradasse a todas as camadas da sociedade, tanto aos nobres quanto aos pobres. Muitos nobres o achavam demagogo e muitos plebeus o achavam mentiroso, mas todos sabiam que ele era um monarca capaz de resolver conflitos através da diplomacia e era um ótimo negociante. Não era à toa que o reino tinha uma ótima economia e a última guerra havia sido há décadas.

Aos 50 anos e com dois filhos, o príncipe Eric e a princesa Flora, o Rei ainda sentia falta da esposa, que havia falecido quando a filha tinha 5 anos. Mesmo a princesa sendo a filha mais velha do casal, o herdeiro direto do trono seria Eric, por ser o filho homem.

A relação de pai e filho era atribulada por conta do comportamento rebelde do filho, que já tinha 19 anos, mas comportava-se imprudentemente e frequentemente tinha que ser buscado em bordéis e bares, bêbado e até sem roupas. A aparência de Eric muitas vezes compensava e reparava as más escolhas que fazia, mas o Rei Leon começava a ficar farto daquilo.

O baile era uma oportunidade para mostrar aos súditos que o filho havia melhorado e também para reconectar-se com familiares com quem há tempos não conversava. Um garoto em particular lhe interessava por ser filho de um grande amigo seu, o Conde Pesley. Era um azar muito grande o rapaz ter perdido mãe e pai tão jovem e o Rei Leon lamentava não poder tê-lo ajudado, mas agora que ele já devia ser maior de idade, tinha curiosidade em conhecê-lo e até apresentá-lo para o filho, se fosse uma boa influência. Até mesmo para a filha, quem sabe? Ela já estava na idade de casar.

O Rei deu os primeiros passos para dentro do enorme salão, trajando um manto dourado e a coroa de ouro. Atrás dele estava Eric, vestindo um conjunto azul turquesa que ressaltava seus cabelos loiros e olhos azuis. Ao lado de Eric, Flora, usando um vestido rosa longo com pedras preciosas bordadas. Os irmãos eram tão parecidos que todos achavam que eram gêmeos. Os cabelos do príncipe, compridos, e sua aparência andrógina não ajudavam na distinção entre ambos.

Ao invés de cochichos e burburinhos, o silêncio que seguiu a entrada dos três foi extremo. Ninguém ousou murmurar algo, todos curvaram os joelhos e a cabeça e esperaram. O Rei tossiu antes de falar, pegou uma das taças de uma bandeja, levantou-a e, com um sorriso simpático no rosto, declarou:

━O Baile de Inverno, uma tradição da família real, completa um século de existência hoje. É com extremo orgulho que anuncio o início de uma noite que ficará para sempre nos corações de todos aqui presentes. Desejo que divirtam-se, comemorem com seus familiares e aproveitem a noite com alegria. Sei que é uma ótima oportunidade para fazer negócios também, não se acanhem por mim.

Todos no salão riram com a atenção fixada no Rei.

━Um século de uma tradição feliz e saudável que tenho um prazer imenso de compartilhar com os habitantes de Treevalon. Somos um reino pequeno, mas de sucesso, com comerciantes e agricultores que devem ser valorizados, com famílias unidas e solidárias e com nobres interessados em melhorar a vida da população. O orgulho não está apenas neste Baile, mas em cada um de vocês.

O Rei olhou ao redor com um sorriso de compaixão que arrebatou a maioria das pessoas.

━Eu gostaria de agradecer por fazerem deste reino um lugar ótimo para viver. E agora, sem mais delongas, aproveitem o baile. Teremos as danças primeiro e depois o jantar. Após o jantar poderão dançar mais e refrescarem-se nos jardins. Obrigado pela presença.

Todos bateram palmas e curvaram-se enquanto o Rei ia para o seu lugar na mesa, afastado e um degrau acima de todos. Eric sentou-se ao lado do pai sem nenhuma expressão e Flora sorriu.

━Por favor, Eric, comporte-se hoje.

━Tentarei não envergonhá-lo, o rapaz respondeu com um revirar de olhos.

━Está tudo tão lindo! O senhor conhece mesmo os gostos da mamãe, Flora murmurou com lágrimas nos olhos.

━Ela teria adorado este Baile, Flora.

O Rei deu um tapinha carinhoso na mão da filha antes de voltar a atenção para os convidados. Estava procurando um menino...

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Na primeira oportunidade que surgiu, Lavender afastou-se das mulheres que a cercavam e correu para o melhor amigo. Ele estava lindo, mas não diria isso para não gerar comentários convencidos ou até mesmo comentários maldosos dos outros. Lavender achava Gregory o rapaz mais bonito do mundo, mas o conhecia desde pequena e isso tornava a relação que tinham extremamente fraternal. Nunca havia pensado nele como qualquer outra coisa que amigo e sabia das... inclinações do loiro.

━Escapou das garras da nobreza para falar com o seu pobre amigo? Gregory fez uma expressão de mártir

━ Você é nobre também! Não estou acostumada a receber tanta atenção, as bochechas esquentaram.

━Você merece, está esplêndida hoje.

━Apenas hoje? Lavender arqueou as sobrancelhas e deu uma piscadinha, fazendo o amigo rir.

━Estava ansiosa para falar comigo?

Gregory ofereceu o braço à Lavender e caminharam até um lugar mais calmo, perto da porta francesa que daria nos jardins. Ali uma brisa fresca entrava e era possível enxergar a lua cheia através do vidro, iluminando boa parte das rosas e canteiros coloridos.

━Sim, gostaria de saber como foram os seus dias. Estou com saudades de quando saíamos juntos, Gregory, ela suspirou.

━Theodore me pediu aulas de desenho.

Lavender deu um sorrisinho de canto e encarou o loiro diretamente.

━Algo mais aconteceu?

━Não deveria falar assim sobre o seu acompanhante, Gregory sussurrou e ela fez uma careta.

━Ele é apenas meu acompanhante. Sei que há algo acontecendo entre vocês dois.

━Algo?

Gregory ficou nervoso e olhou para os lados. Ainda havia a sensação de que estava sendo seguido, mas não conseguia ver além das paredes e muito menos ler pensamentos, então tentou esquivar-se daquela percepção.

Não conversavam abertamente sobre aquilo e não sabia se aquela era a ocasião ideal.

━Gregory, não precisa ter ciúmes. Não é meu sonho me casar, mas admito que ter a atenção de um Conde pode ser... energizante.

━Conheço a sensação.

Lavender viu no olhar do amigo algo distante, um desejo, uma vontade... Percebeu que ele também queria aquela atenção de Theodore, mas talvez a quisesse em particular. Deu um sorriso, alegre por saber decifrá-lo tão bem mesmo depois de tantos anos de amizade.

━Ele não parou de olhar para você, acha que não percebi?

━Está tão óbvio assim?

━O que mais aconteceu entre vocês? Sabe que pode me contar.

O loiro encarou-a com receio. Não podia contar tudo, porque Lavender era uma dama e não queria horrorizá-la. Ela tinha um conhecimento básico: Gregory gostava de homens. Saber além disso talvez mudasse a opinião dela sobre ele e não queria estragar uma amizade tão bonita.

Lavender tinha descoberto as preferências do loiro há alguns anos e não havia reagido da melhor maneira. Primeiro ela havia manifestado choque, depois ficara semanas sem conversar com Gregory, mas por fim a saudade venceu e reataram a amizade sem tocar no assunto delicado. Agora, no entanto, ela parecia aberta e pronta para falar sobre aquilo.

━Passei a noite no castelo dele após o baile. Houve uma tempestade no meio da noite e... Comprimiu os lábios.

━Conte! Os olhos dela brilharam, ansiosa por mais.

━Ele tem medo de tempestades. A janela do quarto estava aberta, então fechei-a e... Engoliu em seco antes de prosseguir. Ele me puxou para a cama.

Lavender corou de surpresa, sem saber onde colocar as mãos, se ficava com elas ao lado do corpo, se cruzava os braços, se cobria a boca...

━Mas ele estava dormindo. Nada aconteceu. Deitei-me ao seu lado e, antes que acordasse, levantei e fingi que não havia estado ali.

━Gregory! Ela exclamou, frustrada.

━O que queria que eu fizesse? Ele sussurrou a pergunta

━Não sei. Quando se verão novamente?

━Somente no meio da semana, marcamos um encontro para eu ensiná-lo a desenhar.

━Puxa, ainda terá de esperar alguns dias.

━Infelizmente, Gregory suspirou e, ao longe, viu Theodore mover-se em direção ao rei, sendo acompanhado por um guarda real.

━Ele é muito charmoso, mas não se preocupe. Não vou atrapalhá-los, por mais que minha mãe e Rose queiram que eu me case com um homem rico, ela revirou os olhos.

━Ele tentou algo com você? Gregory murmurou a pergunta, com o olhar focado em Theodore.

Lavender deu uma risada e colocou os dedos em frente à boca, como a maioria das damas faziam.

━Claro que não! Ele só é extremamente charmoso e misterioso. Se ele tentar algo, comunicarei a você.

━Não somos namorados, Lavender, eu e ele. Aliás, que estranho seria, dois homens... Começou a murmurar, porque o termo jamais era empregado para dois homens e pensar daquela maneira era peculiar, mesmo que fosse o que, no fundo, desejava.

A amiga deu um sorriso astuto e disse:

━Posso ajudá-los.

━E ser a cúmplice de um crime? Não.

━Gregory! Ela revirou os olhos e seguiu o olhar do amigo, que parecia fixado num ponto ao longe. Claro, no Conde.

Ela parecia ter superado aquele choque inicial que quase acabara com sua amizade por completo.

━Talvez ele queira usar você como escudo para acusações como esta, que estão nas entrelinhas aqui.

Não gostou de dizer aquilo, mas para Greogry as intenções do Conde não estavam muito claras.

━Quer dizer, para fingir ser algo que não é?

━Exato.

━Isto não me incomoda, ela deu de ombros. E eu posso sim ajudá-los, seria melhor se eu soubesse...

━Falamos depois sobre isso.

Gregory murmurou a frase apressadamente e caminhou até o outro lado do salão com passos rápidos. Theodore estava conversando com o Rei, mas havia visto uma movimentação no grupo dos militares. Eles pareciam estar se separando e algo os havia desagradado.

O loiro viu um casal chegando pela porta dos fundos, mas não foi possível prestar atenção à sua identidade, pois música clássica invadiu o salão, fazendo muitos pularem de susto e outros rirem e começarem a dançar. Alguns bailarinos contratados pela realeza fizeram uma entrada bonita, casais lado a lado em trajes elegantes e luxuosos. Eles apresentaram passos difíceis e bonitos que renderam exclamações de alegria dos convidados e então foi a vez destes dançarem com seus companheiros.

Era esperado que Theodore dançasse com Lavender e ele assim o fez após uma conversa estranha com o Rei, na qual ele lamentara a morte dos seus pais e havia se colocado à disposição se precisasse de ajuda. Ele citou momentos bons ao lado do pai de Theodore e o Conde precisou se esforçar para não esboçar nenhuma tristeza. Durante toda a conversa o príncipe encarou-o com uma expressão estranha de irritação.

Os quadros das paredes do castelo o lembraram de sua mãe, mas tentou afastá-la da mente, sem sucesso. O convite à Lavender tinha ocorrido por causa da mãe. Como ela ficaria feliz em vê-lo dançar com uma garota bonita! Encarou Lavender com gratidão genuína e tentou com afinco sentir algo a mais por ela, mas não foi possível. Por cima dos cabelos da parceira de dança, enquanto a guiava pelo salão em rodopios que tinha ensaiado com um tutor de dança, enxergou cabelos loiros conhecidos e por ele sim sentiu algo forte que ainda não sabia nomear. Talvez fosse atração, talvez fosse algo a mais, mas o fato era que o deixava desestabilizado e, ao mesmo tempo, o fazia sentir-se envergonhado pela promessa que havia feito à mãe. Lavender era uma oportunidade para cumprir aquela promessa, mas sendo ela melhor amiga de Gregory, tornava as coisas mais difíceis.

Foi então que ela sussurrou, deslizando a mão direita do seu pulso para seu ombro, enquanto moviam-se devagar no ritmo da música:

━Gregory é muito bonito, você tem bom gosto.

Encarou-a com um choque tão enorme, a boca aberta e os olhos arregalados, que Lavender apertou-o no ombro e forçou um sorriso. Theodore aliviou a expressão facial com dificuldade, ainda surpreso.

━O que quer dizer? Murmurou.

━Eu posso ajudar vocês. E saiba que conheço Gregory desde a infância, nunca o vi desse jeito por alguém.

━Desse jeito como?

Estava profundamente curioso. Então ela sabia? Desde o baile em seu castelo havia tido dúvidas, após aquela frase enigmática de Lavender para despedir-se: "Cuide bem do sr. Lynch, pois ele é meu melhor amigo.". Agora, as peças começavam a se encaixar.

━Ansioso para ver alguém. Ele geralmente prefere ficar em casa desenhando, ou saindo para beber com desconhecidos, ou inventando enigmas da sociedade para desvendar.

Theodore sentiu o rosto esquentar e olhou, apreensivo, para a sua volta.

━Vou ajudá-los, está decidido, ela falou com convicção.

━Mas...

Não sabia o que dizer. Ela era uma dama, todos estavam torcendo por um romance entre os dois, mas era Gregory a peça que os ligava. E ela estava disposta a ajudar o melhor amigo... O Conde balançou a cabeça, tentando clarear as ideias.

━Senhorita, conversaremos em outro momento sobre isto, a sós. Deu ênfase à última palavra e Lavender riu, com o rosto corado.

Theodore pensou em várias possibilidades enquanto dava passos decorados de dança, guiando a garota através do círculo central do salão. Sentiu vários pares de olhos em suas costas, ouviu seu nome ser cochichado diversas vezes e imaginou-se com uma família. Era a ordem ideal das coisas, casar e ter filhos. Gostaria de ter filhos, mais de um, porque sabia o quão solitária a vida de um filho único era, mas o casamento era a parte difícil. Como esconderia de uma esposa hipotética suas... preferências? Olhou para Lavender. Ela sabia e não parecia se importar.

Ele esforçou-se para deixar de pensar naqueles assuntos frustrantes. Em vez disso, encarou uma porta lateral do salão, para onde algumas pessoas estavam olhando, parecendo julgar quem quer que estivesse ali. Foi neste momento que o viu.

Arthur, de braços dados com a esposa, entrando na residência real.

Theodore simplesmente parou de dançar, deixando Lavender confusa. Com o olhar fixado no recém-chegado, que agora tinha se aproximado de um grupo de senhores (muitos dos quais Theodore tinha visto nos clubes onde Arthur o levava), aproximou-se sem pensar direito. Quando chegou em frente a ele, que tinha os mesmos traços dos quais se lembrava, traços parecidos, mas não iguais, aos de Gregory, praticamente cuspiu as palavras num misto de raiva, saudades e irritação:

━Podemos conversar, sr. Richmond?

E aquela interação atraiu a atenção de todos no salão.

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PS: no capítulo anterior eu escrevi que o Gregory era o filho mais novo, mas ele é o mais velho!

Perdão pelo capítulo gigante! Estamos chegando ao clímax e ao fim da história. 

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