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VII - A Noite

As noites sempre foram complicadas para Theodore. Já tinha consultado vários médicos acerca do problema de insônia que possuía, mas mesmo que tomasse alguns remédios e misturas de ervas, continuava com dificuldade para dormir.

Nas noites de tempestade era praticamente impossível fechar os olhos e deixar-se ser dominado pelo inconsciente. Contudo, não era apenas por esse motivo que odiava aquelas noites de chuva e ventania.

Aos 16 anos, numa noite fria e solitária, o Conde tinha perdido o pai. O acontecimento ainda rondava sua mente, pois era relativamente recente, e o tempo imprevisível instigava-o a ter pesadelos terríveis. 

Havia sido Theodore quem encontrara o pai à beira da morte.

Na noite fatídica estava andando pelo castelo com uma lamparina, carregando um livro embaixo do braço, tinha saído da biblioteca após passar a tarde lendo. Decidira parar a leitura quando a tempestade rompeu no céu escuro. Ponderou consigo mesmo e decidiu que seria melhor ler na cama, porque aquela tempestade não passaria tão cedo e os trovões dificultariam seu sono.

Enquanto atravessava o corredor do andar superior do castelo, ouviu um barulho estranho vindo do quarto do pai. Parecia que ele estava pedindo por ajuda numa lamúria baixa e rouca.

Theodore apressou-se até a porta e encontrou-a entreaberta. Não pensou duas vezes antes de entrar no aposento e, na cama, encontrou o pai deitado e agonizando. Ele possuía uma expressão carregada de dor e uma das mãos estava fechada em cima do próprio coração.

Naquele momento, um relâmpago atravessou a escuridão exterior e iluminou o quarto inteiro. Theodore não conseguiu enxergar a face do pai, pois a luz repentina quase cegou-o. Em seguida um vento frio e violento entrou pela janela, que estava aberta, fazendo seus cabelos se arrepiarem e seu corpo estremecer.

Mas o pai estava doente há semanas, por que havia aberto a janela? Seria seu desejo deixar aquela vida?

Theodore começou a chorar sem ao menos perceber o que fazia e, desesperado, aproximou-se do então Conde de Pesley. Deitou a cabeça em seu ombro e sussurrou algo que tinha lido nos livros, algo que diziam para quem estava prestes a morrer, um último conforto:

━Tudo ficará bem, pai.

Não deixou o pai ver seu rosto banhado de lágrimas e não conseguiu ver seus últimos suspiros. Só percebeu que já tinha amanhecido quando a sra. Denvers entrou no quarto, assustada pelo choro baixo e a cena que acontecia ali.

Foi Ben quem tentou animar Theodore nos dias que se passaram. A amizade entre os garotos era bonita, mas logo tornou-se distante com a chegada das responsabilidades e da maioridade.

Aos 17 anos, Theodore havia se tornado um adolescente recluso. Deixou os negócios nas mãos do melhor amigo do pai, o sr. Sewers, e começou a passar os dias na biblioteca. Lá ninguém perturbava-o e vivia num mundo imaginário cercado pelos personagens que adorava.

Esse comportamento só mudou quando, aos 18 anos, a sra. Denvers obrigou Theodore a mostrar-se mais ativo na sociedade. Ao mesmo tempo o novo Conde Pesley sentia-se frustrado por ter desejos em seu interior que nunca tinham sido explorados. Por causa disso e, sabendo da importância de socializar e fazer negócios, decidiu que precisava conhecer o mundo. Ele também já não aguentava mais tanta solidão.

Não tinha amigos além de Ben, não possuía um parente vivo e o castelo parecia assombrado por memórias longínquas (tristes e alegres) que existiam apenas em sua mente, o último herdeiro da família. Por isso, obrigou-se a ser mais sociável e pediu a ajuda do sr. Sewers. Este, que era grande amigo do pai do garoto, prontamente ajudou-o e ensinou-o o que achava propício e, aos poucos, Theodore tornou-se um ótimo negociador.

Cultivavam grãos em algumas terras do condado e os exportavam para todo o reino. Além disso, o pai tinha começado uma criação de gado e de cavalos que precisava da atenção de Theodore, já que era um negócio embrionário cujo lucro dependia das vendas.

Para surpresa do Dr. Sewers, Theodore deu continuação ao negócio do pai com maestria e facilidade. Aos poucos inseriu-se nas rodas de nobres, negociantes e curiosos do reino. E o Dr. Sewers, que possuía uma filha em idade de casar, aproveitava os momentos na companhia do filho do amigo para comentar:

━Olivia tem conhecimentos matemáticos acima da média, poderia ajudá-lo com os cálculos, Theo.

O agora Conde, no entanto, apenas sorria e dizia:

━Não preciso de uma assistente, sr. Sewers, mas agradeço ao senhor pela sugestão.

O sr. Sewers tossia, envergonhado e deixava de lado a conversa (por alguns dias apenas). Ele parecia uma das mães de debutantes, ansioso para casar a filha, o que era esperado, já que era viúvo e a garota estava em idade para arranjar um marido.

O que o sr. Sewers não sabia, no entanto, era que essas rodas de conversa as quais Theodore participava, também levariam o Conde a outros lugares secretos e a clubes escondidos. E foi em um clube secreto desses onde Theodore finalmente entendeu os desejos que sentia há tanto tempo.

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Os trovões eram tão altos e grotescos que Gregory não conseguiu dormir. Tinha o sono leve, portanto as tempestades geralmente impediam-no de dormir. Por mais que a cama fosse enorme e mil vezes mais confortável do que a na qual dormia, estava agitado.

Cada relâmpago no céu espalhava adrenalina por suas veias. Mas gostava de observar os raios partindo o céu, criando desenhos bonitos e, ao mesmo tempo, amedrontadores.

Levantou-se devagar e aproximou-se da janela. As gotas da chuva eram tão fortes que batiam no vidro como pedras. O barulho ecoou, estrondoso, por todo o castelo.

Sabendo que não conseguiria dormir, pegou uma das velas dos castiçais na parede e saiu do quarto. Não conhecia direito o mapa do castelo, portanto não sabia ao certo para onde ir. Contudo, lembrava-se vagamente dos corredores que havia percorrido na noite anterior.

Poderia voltar à sala ao lado da biblioteca para inspecionar aquela carta ou até mesmo procurar outra parecida... Mas por que faria isso? Porque estava morrendo de curiosidade. Quem era aquele sr. Richmond? Além da curiosidade, um sentimento estranho e quente espalhou-se por seu peito.

Imaginou o Conde e o Sr. Richmond (que na sua imaginação era um cavalheiro esguio e atlético, com um bigode acima dos lábios e um sorriso charmoso) conversando. Imaginou Theodore dizendo as palavras que tinha lido na carta e um arrepio passou por sua nuca.

Eles não podiam ser apenas amigos. O conteúdo da carta mostrava uma intimidade mais... profunda.

Com o coração acelerado e com passos cuidadosos, desceu as escadas.

Através das janelas não via-se nada além da escuridão e, às vezes, um relâmpago que iluminava a noite. O barulho da chuva forte no telhado e nas janelas ribombava por todo o castelo, não havia como escapar dele e, infelizmente, estava dando-lhe dores de cabeça.

Assim que pôs os pés na biblioteca, surpreendeu-se com outro barulho: da caneta tinteiro sobre o papel. Era um som característico que já ouvira muitas vezes em casa, no escritório do pai. E a pessoa que escrevia parecia ansiosa para colocar suas palavras ali.

Só podia ser o Conde.

Gregory espiou por entre as prateleiras e viu, ao fim das estantes, uma luz vinda de uma mesa, uma vela quase apagada e, sentado à sua frente deparou-se com Theodore.

Foi nesse instante que o sr. Lynch ouviu um soluço. Quando um trovão atravessou a noite, Theodore assustou-se e enterrou o rosto nas mãos. Só então Gregory percebeu que ele estava chorando.

Indeciso entre sair sem ser notado ou ficar e acalmá-lo, optou pela última opção. Não conseguia dormir e poderia fazer algo útil enquanto esperava a tempestade passar.

Aproximou-se da cadeira dele devagar e tocou-o no ombro delicadamente.

Infelizmente, Theodore levou outro susto e Gregory precisou segurá-lo pela cintura para que não caísse da cadeira. Com o corpo virado para o loiro, os olhos arregalados do Conde estavam arregalados.

━Sr. Lynch!

O olhos cor de âmbar estavam marejados e haviam algumas gotas de suor na testa dele.

━Gregory, por favor.

━Não sabia que estava acordado.

━Perdão por minha intromissão, não consegui dormir em razão da tempestade.

━Eu também não.

Theodore não explicaria os reais motivos para não conseguir dormir, lógico. Só quando ouviu outro trovão percebeu que as mãos fortes do loiro ainda estavam em sua cintura. Tocou o pulso dele e percebeu que não queria afastá-lo. O toque dele era reconfortante e tranquilizante. Desejou poder apoiar-se nele, deitar nos ombros largos e... Estava imaginando-se com Richmond.

Apertou o pulso dele, adorando sentir a veia debaixo da manga da camisa e controlou um suspiro de deleite ao notar que as mãos de Gregory eram maiores que as suas, mas mais delicadas. O toque dele, mesmo que firme, também era gentil e transmitia preocupação.

━Acredito que a tempestade não passará logo. Gostaria de me contar por que estava chorando?

Theodore apertou os lábios e negou com a cabeça. Afastou as mãos dele com gentileza e voltou-se para o papel no qual, mais uma vez, estava escrevendo uma carta humilhante e patética. Dobrou a carta com vergonha e colocou-a embaixo de uma pilha de livros.

━Podemos conversar sobre outra coisa, sr. Lynch? Perdão, Gregory? Forçou um sorriso amistoso sobre o qual o loiro não comentou.

Gregory puxou uma outra cadeira para perto do Conde, apoiou os cotovelos nas próprias pernas e reparou nas vestimentas de Theodore. Uma camisa de linho branca cujos botões estavam abertos na frente e revelavam uma trilha de pelos castanhos no peito. Precisou desviar o olhar daquela imagem. Ele estava em um momento vulnerável e precisava ajudá-lo, não sentir-se mais atraído por ele. Decidiu mudar de assunto:

━O que achou da sra. Lavender Collins?

Theodore arqueou as sobrancelhas com curiosidade. Sempre que ele fazia isso, Gregory notou, a expressão dava-lhe um ar de ingenuidade muito bonito e condizente com sua aparência. Não fossem aqueles olhos dourados que lembravam tanto com as chamas de uma fogueira...

A pergunta tinha o pego de surpresa.

━Uma moça simpática, sem dúvidas.

Gregory arqueou ainda mais as sobrancelhas, esperando, então decidiu sondá-lo por outro caminho mais direto:

━Seu interesse por ela foi o assunto do baile.

O Conde tossiu e o loiro percebeu o quão desconfortável ele estava, mas esperou pacientemente pela resposta. Outro relâmpago iluminou a face bonita de Theodore e Gregory reparou nos seus cabelos castanhos rebeldes. Desejou tocá-los, mas jamais faria isso.

━Apenas dancei com ela porque era receptiva e simpática.

━Tem planos para um possível futuro casamento?

Theodore levantou-se e caminhou até a janela. Em seus passos hesitantes, Gregory percebeu um nervosismo estranho.

━É meu dever casar e ter herdeiros.

━Dever para com quem?

Obviamente havia um tom sugestivo naquela pergunta. E a indagação, ainda que simples, fez Theodore engolir em seco. Não podia contar a verdade, sobre a promessa que tinha feito aos 10 anos à mãe, no leito de morte dela.

━Para com o meu título, para com a minha família, para com o meu futuro e o futuro dos meus negócios.

━É isso o que mais deseja, casar e ter filhos?

Notou que a boca do Conde torceu-se para baixo com um pouco de irritação. Deus, ele tinha lábios que deveriam ser proibidos...

━Não entendo o motivo destas indagações, Gregory.

━São perguntas simples de alguém que gostaria de conhecê-lo melhor. 

Theodore suspirou. Então Gregory levantou-se e caminhou até o anfitrião. Ficou ao lado dele, com as mãos atrás das costas, encarando-o de perto. O reflexo dele no vidro da janela era iluminado apenas pela lua e pelos relâmpagos. Não estranhava o interesse das mães e das moças do baile. Ele era um ótimo partido: rico, jovem e nobre.

O outro virou-se de frente para Gregory e, com o olhar cabisbaixo, confessou:

━Eu gosto de alguém que é incapaz de ser recíproco com meus sentimentos.

A confissão pegou o sr. Lynch de surpresa. Apoiou as mãos na mesa às costas e respirou fundo. Aquela informação, estranhamente, deixou-o decepcionado. A possibilidade de tentar conquistá-lo, mesmo que fosse extremamente perigoso devido às suas posições sociais, ainda lhe tentava.

Era frustrante e, ao mesmo tempo, intrigante. Seria do sr. Richmond de quem ele estava falando?

O céu acalmou-se aos poucos e a chuva diminuiu sua força. Os relâmpagos continuaram a iluminar as poucas estrelas e os cômodos escuros do castelo.

Theodore suspirou com alívio ao ver a tempestade indo embora e deu um sorriso confiante para seu convidado.

━Pensei que ficaríamos a madrugada inteira aqui.

━Não me importaria de ficar aqui com o senhor.

Gregory não controlou as palavras que saíram da própria boca e, vendo os olhos arregalados do Conde, quis sair dali imediatamente. Era como se tivesse sido descoberto. Tossiu e, irritado consigo mesmo, disse:

━Vou retornar aos meus aposentos. Boa noite, Theodore.

Caminhou com passos longos e rápidos até a porta. Quando saiu do cômodo, ouviu um murmúrio baixo:

━Boa noite, Gregory.

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