I - O Conde Pesley
Aos 10 anos de idade, Theodore Pesley perdeu a mãe. Quando recebeu a notícia, esta foi difícil de ser compreendida, afinal, ninguém havia explicado sobre a morte para o garoto. Em sua mente a mãe tinha ido fazer uma viagem comprida da qual logo voltaria.
O pai caiu em tamanha tristeza após a morte da esposa que passou longos dias na cama, sendo alimentado e cuidado pelos empregados do castelo. Enquanto este jazia em seu quarto, deprimido e desgostoso com a vida, seu filho Theodore desenvolveu o gosto pela leitura.
O garoto encontrou nos livros um refúgio para a saudade que sentia da mãe. Ela não estava por perto, então aconchegava-se nas mulheres fictícias e maternais que tratavam seus filhos com carinho e devoção.
Com o tempo, Theodore percebeu que as memórias que tinha da mãe já não eram tão nítidas. Elas estavam embaçadas e sobrepostas à cenas criadas por uma mente criativa e solitária.
Algo que o garoto nunca conseguiu esquecer, contudo, foi o último pedido dela, na noite anterior ao seu falecimento:
━Querido Theo, precisa casar com uma mulher que lhe dê muitos herdeiros. Uma vida solitária é algo difícil e triste, meu filho.
Theodore não entendeu por que era imprescindível que se casasse, já que tinha apenas 10 anos e não sabia como aquelas alianças funcionavam. Anos depois relembrou do tom melancólico usado pela mãe e perguntou-se se ela não estaria falando sobre o próprio casamento, que sempre tinha sido tão solitário. Nunca vira o pai abraçando-a ou beijando-a. Ambos quase nunca trocaram uma palavra.
Quando completou 16 anos e finalmente tornou-se um homem, o pai de Theodore faleceu, deixando todas as responsabilidades do castelo e da família para o único filho e herdeiro. No entanto, a família não existia mais e em seu lugar havia apenas um garoto solitário vivendo em um castelo enorme e frio. A única felicidade do agora Conde de Pesley jazia nos livros da biblioteca enorme e, sendo obrigado a enfrentar o luto por mais uma morte, passou semanas a fio dentro daquela sala empoeirada e cheia de magia.
Todos os dias lembrava-se da promessa que havia feito à mãe em seu leito de morte. Aquela fora a única coisa plausível de ser feita numa hora tão temida: jurar cumprir algo tão banal, algo que fazia parte do destino de todos e do ciclo da vida: casar e ter filhos.
Oito anos depois percebeu que realizar aquela promessa seria mais difícil do que tinha imaginado. Havia um segredo que, se fosse descoberto se tornaria um escândalo.
O motivo da sua angústia jazia no fato de que sentia-se atraído por homens.
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