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Capítulo 03: Envolta Pelos Seus Dedos

Cássia encontrava-se em um enorme salão vazio, totalmente estranho para a jovem. Suas paredes aparentavam ter sido preservadas pelo tempo, sentiu-se até como se tivesse em uma obra adaptada de Shakespeare para o cinema. Todos os móveis pareciam antigos e bem preservados, como se o próprio lugar estivesse imune a ação do tempo.

 A curiosidade da estagiária falou muito mais alto e agora, ela caminhava por um enorme saguão, em direção a um corredor estreito e um pouco escuro. Daquele corredor, uma névoa surgia pelo chão de maneira tímida. A sensação era gélida, como se estivesse andando descalças sobre o gelo que se forma durante o inverno ao norte do planeta.

 Cássia — ouviu alguém sussurrar. A voz lhe pareceu familiar e seu corpo arrepiou-se todo ao reconhecer seu dono.

Do corredor em questão, a garota sentia-se atraída por alguma força muito maior do que poderia compreender. Sentiu-se como um pequeno pedaço de metal atraído por um magneto. Mateus de certa maneira, causava esta estranha atração, e por mais que o corpo de Cássia gritasse por dentro, dizendo para que fugisse dali, e deixasse suas fantasias para trás, ainda sim, uma parte considerável de seu ser, não conseguia tirar o rapaz misterioso de seus pensamentos.

Uma silhueta surgiu em meio a escuridão. De longe, podia ver dois pontos avermelhados em meio ao corredor enevoado. De maneira funesta, sombras envolviam o estranho corredor, e tudo parecia estar em completo silêncio. Como sombras que dançam sob o efeito do crepitar de chamas, Mateus apareceu repentinamente atrás da jovem estagiária, que sentiu um leve toque em seu ombro direito.

Cássia olhou para trás e lá estava ele, com a mesma roupa da noite em que a festa de William aconteceu. Aqueles olhos continuavam a estudá-la, como se a própria garota fosse algum enigma a ser proferido pela lendária esfinge dos mitos da Grécia antiga.

— Quem é você? — Cássia perguntou hesitante, para depois reformular sua pergunta. — Ou melhor, o que é você? Não consigo achar explicação nenhuma para sua existência! — questionou aflita, como se aquela resposta fosse a única que sua vida dependia inteiramente em descobrir.

Mateus permaneceu inerte diante de si. A mão ainda repousava no ombro da jovem. O toque era gentil, mesma que de certa forma, a mão do rapaz parecesse um pouco rústica e pesada.

— Essa não é uma resposta que você vai conseguir com facilidade. — Mateus respondeu deslizando sua mão sobre o ombro da garota, até parar do outro lado. — Saiba apenas que sou diferente de tudo que já conheceu em sua vida, e que não estou dentro de suas explicações científicas ou nas suas vivências do cotidiano. — Sua voz soou diferente, denunciando uma paz sem explicação em seu semblante, porém aliada a um mistério que talvez muitos morreriam só para poder desvendá-lo.

— Então, o que você quer de mim? — indagou confusa.

Mateus não a respondeu de imediato. Retirou a mão do ombro de Cássia, a mesma mão que a garota sentia-se relutante em segurar.

— Venha — ordenou ao afastar-se em silêncio, em direção ao coração do corredor escuro. — Tudo será respondido... — disse agora oferecendo-a um sorriso terno. — Só tenha paciência.

 Cássia não conseguia entender como o rosto daquele rapaz parecia ser muito mais jovial que o seu, quase transparecendo uma certa ingenuidade, que temos antes de conhecer a crueldade em nosso mundo. Os olhos dele, por outro lado, aqueles olhos anunciavam um mal sem precedentes, e talvez esta estranha fórmula fosse o que mais a intrigava.

— É estranho me ver em uma situação como essa — Cássia começou a falar ao tentar segurar a mão de Mateus, que encontrava-se completamente gélida. E pela primeira vez, desde que se encontraram, o rapaz esboçou alguma curiosidade sobre a súbita colocação de sua companheira.

— Não entendo, em que situação você parece se encontrar? — questionou não tirando os olhos da garota de pele morena e vestido branco. Vestimenta essa, que Cássia não tinha reparado estar usando até que a mesma tentasse segurar o tecido que de alguma maneira a impedia de mover-se livremente.

— Estou estudando há anos. Meus professores sempre me disseram que ao encontrar um paciente, temos que deixar nossa curiosidade de lado, algo que estou bem acostumada a fazer. Só que com você, parece diferente... — revelou tentando escolher bem em como falar sobre seus sentimentos. — É como se eu sentisse uma urgência em descobrir mais sobre você, sobre toda a situação que me cerca, e isso tem me deixado eufórica...

Cássia aquietou-se ao perceber que compartilhou mais do que deveria, sobretudo, quando notou um leve sorriso no rosto do rapaz. Mateus continuou a guiá-la pelo corredor, e de alguma forma, ele não parecia mais tão escuro como antes. Podiam ver tão claro como o dia, percebendo o quão belo o corredor era, já que nele havia diversas pinturas em suas paredes brancas. Dentre elas, estava a de um rapaz tão semelhante a Mateus, não fosse pelo cabelo que era mais longo e um pouco mais enrolado em suas pontas que caíam sobre os ombros.

— Temos essa tendência de nos sentirmos inquietos diante de algo que não compreendemos. Existe essa gana em querer desvendar esse mistério, e particularmente, acho que isso que nos torna tão humanos... — Mateus dizia ali ao lado dela, e ao mesmo tempo, tão distante, como se estivesse em uma outra época, uma da qual ele realmente um dia pertenceu. — Essa curiosidade é quase que infantil.

Os dois continuaram a caminhar pelo extenso corredor. Não havia portas ou janelas sequer, era apenas um longo trecho cheio de gravuras tão belas e algumas que pareciam ter sido adquiridas com algum pintor famoso. Igual aqueles que se estuda nas aulas de arte durante os anos de escola. 

Um dos quadros que chamou atenção da jovem, era de um casal envolto em uma espécie de pano amarelado. A mulher estava nos braços do homem, que Cássia julgou ser seu amante, pelo grau de intimidade que a gravura parecia transmitir. Mateus parecia também tão concentrado naquele quadro. Ele sorria, e Cássia sentiu seu ser amargurar-se por dentro, junto de uma estranha invasão melancólica.

A jovem que antes assistia ao rapaz ao seu lado, da mesma forma em que se admira uma obra de arte no museu, agora olhava na mesma direção em que Mateus olhava. A gravura parecia ter tomado outras proporções. Ali não se encontrava somente uma mulher e um homem apaixonados, mas sim um terceiro individuo. O mesmo que ela jurou ter visto em uma outra pintura momentos atrás. Uma das figuras que compunham aquela estranha gravura mantida em exposição, era o próprio Mateus, seu rosto estava enterrado nos ombros do rapaz.

Cássia olhou novamente para Mateus e pôde vê-lo chorando lágrimas de sangue, embora seu semblante ainda parecesse sereno. Sentiu uma tremenda necessidade de se afastar do rapaz. Quando soltou mão do jovem ao seu lado, percebeu que seus pés agora estavam completamente encharcados, com algo estranhamente morno e pegajoso. 

Um forte cheiro invadiu suas narinas. Ela olhou ao seu redor e as paredes que outrora eram brancas, agora estavam todas tingidas de um vermelho macabro.

Seria sangue? — pensou a jovem estagiária. 

Cássia ouviu Mateus falar alguma coisa para si, mas não compreendeu por certo o que ele tentava transmitir. O sentiu segurar e apertar sua mão na dele um pouco mais.

— Aí está... — Ele a lançou um olhar tão diabólico, e ao mesmo tempo tão solitário e entristecido. — Agora você parece compreender um pouco mais do meu mundo. — Os tão conhecidos arrepios voltaram a tomar seu corpo, ainda mais depois daquela última frase.

Cássia sentiu-se obrigada a olhar ao seu redor uma vez mais, e desta vez, viu algo que antes não tinha percebido. Existiam corpos por todos os lados, dentre eles estavam os de seus amigos. 

A garota gritou o mais alto que conseguia. Seus pulmões doeram com a entrada repentina de tanto ar, suas pernas fraquejaram naquele exato momento em que reconheceu o rosto de Jéssica encarando-a sem vida. Olhou novamente na direção de Mateus, e ele parecia aproximar-se com uma estranha intensão.

Cássia começou a sentir como se tudo aquilo estivesse se dissipando, assim como a névoa que antes tomava aquele local. O corredor em que estavam aos poucos se desmanchava, e Mateus aparentava estar ainda mais distante. Ela então acordou de seu sono, levantou-se de imediato, e a primeira coisa que notou, foi a cama encharcada. Tateou os lençóis molhados, e olhou para suas mãos, suspirando de alívio por não se tratar de sangue, e sim, suor.

Sentiu necessidade em pegar seu telefone, que por sorte estava no mesmo lugar em que o havia deixado assim que retornou da festa de William. Encarou a tela do aparelho, que marcava quinze para as quatro da madrugada. Sabia que era errado fazer algo daquele assim, mas abriu o aparelho e discou o primeiro número que lhe veio em mente, e era o de Jéssica. Uma forte onda de preocupação lhe invadiu, queria saber se a amiga estava em casa, sã e salvo. Algo em seu interior lhe dizia que talvez ela estivesse correndo perigo, talvez todos eles estivessem em perigo.

 Alô? — disse Jéssica com a voz embargada. Cássia sentiu-se muito afoita e logo começou a falar de forma disparada. 

— Jéssica, onde você está, pelo amor de Deus? Não está acompanhada daquele Mateus, né? Sabe, ele muito estranho, nós estávamos em um enorme saguão, talvez fosse algum salão de festas ou um castelo de filme de princesa, mas sem a parte linda e romântica, tinha apenas morte e ele estava lá. Vi os corpos de todos vocês.

— Amiga, você tá bem? — Jéssica perguntou aflita. — São quase quatro da manhã, foi apenas um pesadelo, um dos bem esquisitos, se me permite comentar, mas só um pesadelo. Vai beber um pouco de leite quente e volte a dormir, tá bom? — disse Jéssica mostrando certo desinteresse.

Cássia sentiu-se vencida, queria poder falar mais sobre o sonho, só que nada parecia vir a mente, apenas aquela cena horrenda que a fez acordar de imediato.

— Alô? Cássia? Amiga? — Jéssica perguntava pela colega do outro lado do telefone, mas não houve resposta. — Amanhã podemos conversar sobre isso? Claro, se quiser... Agora vou voltar dormir, tá bom? — disse antes de desligar o telefone e Cássia não poder falar nada, já que sentia-se totalmente paralisada.

Ouviu o telefone desligar do outro, e a linha dava a entender que estava fora do gancho. Lágrimas irromperam de forma violenta. Havia perdido o controle sobre si? Seria apenas estresse de fim de semestre como vinha dizendo para si mesma? Ou realmente algo estava acontecendo?

Todas essas dúvidas continuaram a tomar seus pensamentos, e naquela madrugada, Cássia não conseguiu mais voltar a dormir.


A semana passou voando, e nem Jéssica ou Cássia mencionaram sobre o incidente do telefonema na madrugada do último sábado para o domingo. Cássia preferiu colocar toda sua atenção para as provas finais, que haviam começado no início daquela semana. A jovem entre o período em que se encontrava na faculdade e em seu estágio, focava em reler a matéria do semestre, ainda mais que em muitas das circunstâncias, percebeu que não era tão fácil assim ignorar o que aconteceu em seu último fim de semana: a estranha sensação de perseguição, o encontro com Mateus e aquele sonho nefasto que tivera na mesma noite.

O que a fez relembrar toda aquela situação, foi um pacote que lhe foi entregue em sua casa, como tinha sido prometido em seu convite. A jovem assim que viu o enorme pacote, lembrou-se de imediato do momento em que ela recusou veemente o convite, e ele reapareceu de alguma forma em suas mãos, após um breve encontro com o misterioso amigo de William.

 Aceite meu convite, imagino que realmente queira algumas respostas... — A voz melódica de Mateus ecoava em sua mente, sem mesmo que ela evocasse tais memórias. Pensar no amigo de William, era automático, bem como respirar.

Como ele conseguiu meu endereço? — questionou-se sobre a maneira que os convites e a encomenda foram endereçadas para seu apartamento. Sabia quem a queria participando do estranho baile anual de máscaras, só não conseguia compreender como Mateus tinha seu endereço.

Cássia sobressaltou-se quando de repente, seu telefone começou a tocar. No visor de seu aparelho aparecia um número desconhecido para si. Encarou o telefone que tocava sem interrupção, indagando-se se deveria ou não atender tal chamada.

— Alô? — disse Cássia sem perceber que se movera sem pensar. Não ouviu nada do outro lado da linha, a não ser uma respiração. 

O que eu tô fazendo? — questionou a si mesma e sua súbita reação.

— Se não disser nada, irei desligar o telefone e bloquearei seu número! — vociferou. 

O que aconteceu em seguida, a deixou totalmente desnorteada. Sem explicação alguma, a voz da pessoa que tanto ecoava em sua mente durante dias, surgiu do outro lado da linha.

— Pra quê toda essa agressividade? — Mateus perguntou cheio de cinismo. — Não te prometi um vestido para a ocasião? 

Cássia sentiu sua respiração travar em sua garganta, seus músculos enrijeceram de tal maneira, que precisou sentar-se. As mãos estavam trêmulas, e nada mais lhe fazia sentido. Era como se seus pensamentos tivessem se manifestado e permitido aquele contato com o rapaz.

— Como conseguiu meu número? Meu endereço? Tá me seguindo?!

— Como será que eu consegui? — Mateus perguntou entre risos. — Acho que você vai ter que comparecer pra descobrir...

— Acha mesmo que vou só porque tô curiosa? — Cássia disse bufando, enquanto olhava para o misterioso pacote.

— Acho que comparecerá porque uma das minhas modelos favoritas desapareceu, o que me deixou triste, diga-se de passagem! Então pensei, por que não você? Você é perfeita! E seus amigos todos confirmaram suas presenças, só resta você...

Cássia sentiu seu coração bater mais rápido, como seus amigos caíram naquela ladainha de baile anual? Sua respiração tornou-se ofegante, era como se tivesse corrido uma maratona. Estaria tendo um ataque de pânico?

— Por que você quer tanto que eu vá? Acredito que tem tantas pessoas mais interessantes e que estariam tão mais dispostas a aceitar qualquer coisa que você ofereça! — O último comentário fez com que Mateus soltasse uma gargalhada, como se ela tivesse lhe contado uma piada muito boa, mas ao mesmo tempo, o riso soou nefasto.

— Exatamente por isso! Sempre gostei do que é difícil de se obter. Você é essa pessoa. Não cede ao que jogo, está sempre desconfiada. Sabe, fico magoado, você deveria ter um pouco mais de fé nas pessoas... — Mateus falou soando manhoso.

Aquela tinha sido a gota d'água!

Cássia não pensou duas vezes e desligou o telefone na cara do patife.

— Aí que sujeitinho mais prepotente, esse! — falou para si mesma ao jogar o telefone em sua cama, enquanto atirava-se sobre ela.

Tomada por sua fúria momentânea, arremessou o pacote que recebera para bem longe de si. E para sua surpresa e choque, o conteúdo da encomenda, revelou-se diante de seus olhos. No chão estava um enorme vestido de gala na cor branca, com uma tiara em formato de coroa. 

Um súbito arrepio tomou o corpo da jovem, seus olhos arregalaram-se, pois se tratava do mesmo vestido que vestira em seu sonho na semana passada.

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