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UMA VISITA AO NORTE DA ILHA (PARTE 2)

#pratodosverem | Descrição da imagem: imagem de Drenton Paberos cheio de chagas, pústulas pelo corpo; peludo, barbudo, careca e com moscas ao redor dele.

***

AO CHEGAR, AINDA SOB A AURA DE SEUS TÍTULOS, O HOMEM FOI HUMILHADO. Pela primeira vez, o vale tinha a honra de receber tão galante prisioneiro, ex-senhor de posses, o nariz empinado e as narinas dilatadas frente ao fedor da prisão. Porém, ainda estava sob o choque de ver Oiv Ó Midhir ressurgir diante dele após uma flechada no peito, com uma luz atrás de si como se fosse um deus. Por isso, chegara ali como uma sombra das histórias contadas sobre seus feitos; um homem sem memória, o rosto abobado e de aspecto cansado. Apanhou, foi obrigado a dormir nas ruas cheias de lixo, era chutado pelos "líderes" da prisão e usado como escravo.

Quem não queria o prazer de ter uma autoridade sob o seu comando?

O prazer de pisar naquele que antes pisava nos outros?

Durante um ano, mergulhou na escória, até o momento do despertar.

Era madrugada do primeiro dia de verão, dez anos antes. Ele, o rosto inchado após uma briga na noite anterior, um filete de sangue escorrendo de um talho na barriga, arrastava seu cobertor pelas ruas lamacentas do vale. Confuso, mal conseguia manter o foco para lembrar ao menos do próprio nome. Entrou em uma viela onde a podridão se amontoava. Alguns devoraram uns aos outros no auge da fome. Às vezes, tinham sorte quando algumas carruagens vinham de mês a mês e jogavam caixas de comida no rio. Não por benevolência do Conselho, mas sim por medo de que, se a morte varresse o vale por inteiro, o cheiro dos corpos fosse levado pelos ventos até o sul e incomodasse os arcéh "de bem".

Há semanas a comida havia acabado.

Estavam todos desesperados.

A mente dele fervilhava. A fome, o asco, a doença, tudo fazia sua mente perder-se em labirintos. Deu um passo para frente e sentiu mãos em seus tornozelos. Tentavam puxá-lo para o chão. Ele conseguiu se segurar, deu um safanão em um dos homens e chutou outro. Tentou voltar por onde viera, mas um grupo fechara seu caminho. Não havia ameaças, palavras ou ofensas; os olhares de todos ali buscavam por sobrevivência: uns dispostos a matar, outros, a lutar pela vida.

Grunhiu feito um bicho acuado, a língua quase esquecida das palavras, e balançou o cobertor de um lado para o outro como um chicote. Os famintos não recuaram. Mais mãos tocavam em seu corpo, arranhavam suas pernas e tiravam lascas do seu couro. Ao dar uma passada para o lado, sentiu uma fisgada na batata da perna.

Alguém o havia mordido.

O homem caiu de joelhos e logo a maré de desesperados jorrou para cima dele. Lutou o quanto pode, contudo, apesar de ainda manter resquícios de sua boa forma, as dezenas de mãos sobre ele foram mais fortes. Prenderam-no contra a sarjeta, os pulsos e os tornozelos imobilizados, e alguém surgiu com uma tora de madeira. Ergueu-a na direção da cabeça da vítima e sorriu sem dentes. Apenas um golpe e teriam comida por dois dias.

Os agressores só não contavam com um detalhe: além de ter uma carne indigesta (típica dos seres ruins), aquele homem também tinha sorte.

Ou uma grande proteção...

Um filete da luz do sol daquele primeiro dia de verão rompeu a barreira de nuvens, atravessou o ar pútrido do vale, passou pelos escombros dos prédios e quebrou a escuridão da viela. Os homens se assustaram não apenas por causa desse único raio. À chegada desse, outros vieram e a prisão clareou como o ceu brilhoso tivesse despencado no inferno.

Não que o verão não chegasse ali. Chegava, sempre. Porém, tímido e preguiçoso de lançar seu calor naquelas terras perdidas do norte. Naquele dia, como se quisesse se redimir, a estação lançara toda a sua energia sobre os esquecidos de Arcéh.

Ainda deitado, o homem semicerrou os olhos. Quando se acostumou à luminosidade, viu-se sozinho na ruela. Gritos de desespero tomavam a prisão e, na rua transversal, pessoas corriam do esplendor. Ele se levantou e ergueu as duas mãos diante dos olhos. Tocou o corpo, as costelas aparentes, os ossos do quadril salientes quase a perfurar sua pele; o rosto tinha cicatrizes e faltavam-lhe dentes (pelo menos, metade deles). Os cabelos não mais existiam e a barba lhe descia pelo pescoço.

Observou a luz vinda do ceu feito rios de fogo jorrados do universo.

Ele já sentira aquilo antes; aquele calor. Mas não do ceu. Da terra; de um lugar abaixo, escondido, quente ao ponto de fazer as plantas da superfície crescerem duas ou três vezes maiores que o normal.

Sim, ele se recordava.

Seu olhar mudou, as pupilas se dilataram e ele se lembrou do próprio nome: Drenton Paberos.

Repetiu em voz alta.

Uma, duas, três, cinco vezes.

Quando jovem, o pai lhe ensinara o segredo da família: cultivar o Manon para alimentar o pássaro; o grande pássaro. Segundo dissera-lhe o velho Paberos, aquilo tinha sido um presente dado pelos deuses aos seus antepassados. O rapaz fora além e descobrira as propriedades fertilizantes do calor da planta e enchera o subsolo com dezenas, centenas de mudas de Manon.

"Minha estufa... Terceira estufa..." e logo surgiu-lhe outra palavra tão enaltecida por ele:

"Unagor".

Ele fora grande, fora altivo; fora temido e enaltecido. Estivera a um passo de ter tudo em mãos; de controlar a ilha e fazer-se ainda maior. Ele seria um deus sobre a terra e estenderia seus domínios para além dos mares. Toda a Arcéh seria sua casa e os continentes seriam seu campo de prazeres.

E a Nyrill - ah, a Nyrill! – seria seu bicho de estimação.

Seria...

Se não fossem eles.

Sim, eles o haviam impedido. A mulher do velho Delgo, o Capitão dos Mensageiros, o encarregado pela Quinta Estufa, a aberração de Arcéh e a menina. Ah, sim, havia a garota dos Sotein e sua rebeldia sem limites; o elo entro os quatro. Drenton sentiu um calafrio lhe subir pelo ventre e sentiu gosto de sangue na boca.

Sorriu.

Estava vivo. Vivo para se vingar.

Olhou para aquelas paredes destruídas, a água suja da sarjeta e os dejetos espalhados pelo meio da rua. Sem a explosão de luz de antes, a névoa de podridão começava a retomar seu espaço para acompanhar o cheiro de decomposição. Mas ele estava vivo, alerta e faminto. E ali, com os pés fincados no meio do inferno, Drenton Paberos tomou uma decisão: demorasse o quanto demorasse, sairia dali e faria uma caçada; sairia dali e faria com que se arrependessem.

Retomaria seu nome à força, pelo medo.

Saiu da viela e, quando um dos oponentes de antes o reconheceu e atacou, ele o segurou pelo rosto e apertou até lhe esmagar a cabeça. Fez isso com mais algumas dezenas até começar a ser deixado em paz e, meses depois, alcançar o posto de liderança no vale. Tentou fugir algumas vezes, mas as repetidas perdas o fizeram parar durante o último inverno. Não bastasse os obstáculos naturais do lugar (piorados pelo frio e pela neve), ainda havia a distância até chegar à sede de Arcéh. Contudo, algo dentro dele o mantinha ativo, como se soubesse que logo sua sorte mudaria.

Drenton esperou.

E, enquanto esperava, não parava de pensar no elo de ligação dos seus desafetos:

Sâmia Sotein.


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