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UMA ILHA DE MILAGRES (PARTE 2)

#pratodosverem | Descrição da imagem: diante de um fundo todo preto, vê-se uma figura de gelo semelhante a uma bailarina. Pernas e braços estendidos, a figura parece dançar enquanto lança neve para o ambiente ao redor. 

***

A CADA DEZ ANOS, HAVIA UMA NOITE DE MISTÉRIO. Nessa ocasião, todos, sem exceção, eram proibidos de sair de suas casas. Janelas eram fechadas às pressas, o fogo das chaminés se extinguia, mães saiam em busca dos filhos, os animais escondiam-se e, antes do oitavo badalar do sino da Torre de Arcéh*, o povo já estava em suas camas, seja em busca do sono, seja enrolado pelo medo.


*NOTA DO AUTOR: Com base nas antigas tradições, o tempo em Arcéh é dividido em três períodos de oito horas, cada um deles indicado pelo badalar dos sinos de uma das três torres da cidade. Dessa forma, a Torre Norte (badalar mais agudo) marca de uma hora da madrugada até às oito horas da manhã; a Torre Sul (badalar mais grave) toca das nove da manhã até às quatro da tarde; a Torre de Arcéh (badalar mais longo) vai das cinco da tarde até a meia-noite. Assim, o "oitavo badalar da Torre de Arcéh" equivaleria à meia-noite, o "segundo badalar da Torre Norte" às duas horas da manhã e assim por diante.


Nesse dia, o último dia do verão, quando o lençol da lua enrolava o mundo, um espetáculo tinha início nas águas da cidade. No exato ponto onde céu, terra e mar se tocam, um ser brotava e deslizava pelas ondas, iluminado pelos raios do luar e com apenas as estrelas como testemunha de tamanha magnificência.

Com uma existência regida por histórias macabras, o ser nunca fora visto de perto. As pessoas se limitavam a chamar a criatura de "Nyrill" (expressão traduzida para "fada" na língua atual). Apenas uma pintura feita segundo os relatos de uma mulher, há poucas décadas, conseguia dar uma ideia sobre a aparência da divindade: uma figura de delicadeza, vestida com véus de tamanha brancura ao ponto de se confundir com a névoa; os cabelos pareciam se fundir à paisagem e escondiam atrás de si a iminência do inverno. Na mão direita, uma chave indicava a abertura das portas para o domínio do branco; na esquerda, seus dedos seguravam o mapa de Arcéh e este era honrado pelo olhar da Nyrill, um olhar de resignação frente ao inevitável derrame da sua frieza sobre aquela terra.

E, junto à pintura, um poema dizia:


Escrever a história é o meu dever

Abaixo ela está para você ler.

Tome-a, sim, como um alerta

Pois a morte persegue quem com ela flerta.


Entre Zeretts e Aohcs Arcéh se fez

Embalada pela Nyrill de jeito cortês

Pés suaves exalam doçura

Branco veu costurado em brancura.


Traz o frio de lugares distantes

De frente encara o verão dominante

Gritam: "Nyrill boa de olhar maternal!"

Digo-lhes: "Monstro terrível portador do mal."


Pois criatura tão rica, bela e faceira

No fundo pode ser bem traiçoeira!

Arranquem a máscara de ar juvenil

Encarem a verdade deveras hostil.


Ao ver os loucos à sua espera na ponte

Sem dó exala seu ar congelante

E conduz pecadores para a solidão

Cobrindo a todos com escuridão.


Pobres tolos de olhar congelado

Almas vãs de corações pesados

Brincadeira mortal, mas resistente.

Lenda antiga cegante dos crentes.


Aqui a escrevo para saberes

A loucura de tais dizeres.

Se mesmo assim quiseres prosseguir

Não me culpes se vieres a se ferir.


"Quem um dia ver a figura milagrosa

E provar-se detentor de alma bondosa

Por anos e anos sem fim terá sorte

Mil vezes escapando da morte."

E.W


Dessa forma, de dez em dez anos, no dia seguinte à aparição da Nyrill, a Ponte de Arcéh se enchia de esculturas de gelo em tamanho natural e de centenas e centenas de familiares aos prantos, em uma homenagem de silêncio e dor aos seus mortos. Já acostumados com aquilo, não reclamavam ou questionavam: como milhares antes, aquele mar de cadáveres também tentara alcançar o milagre.

O cemitério de gelo resistia durante todo o inverno até o dia da chegada do verão, quando os arcéh depositavam flores aos pés dos congelados e festejavam o Senbo, a Celebração da Partida. Naquele momento, perante os primeiros raios do sol, as estátuas derretiam e as almas podiam, enfim, seguir para a eternidade. Libertas daquele fardo, a cidade então festejava a esperança de uma nova vida; a continuidade da própria história.

As danças, cantos e alegria, porém, eram incapazes de mascarar os versos da lenda: cada uma das palavras continuava nas almas de cada um dos arcéh, fortalecidas pela promessa do ganho da imortalidade, alimentadas por um misto de ganância e de deslumbramento. E então, no anunciar do inverno seguinte, o ciclo de dor, expectativa e esperança recomeçava.

Assim, anos e anos, séculos e séculos, a história persiste, pois todos em Arcéh, mesmo os descrentes, mesmo os rebeldes sem fé, mesmo o mais cético dos homens e a mais altiva das mulheres, mesmo os gênios nascidos naquele solo ou os pesquisadores vindos de longe, todos eles, no fundo, esperam pelo milagre.

Aguardam ansiosos pelo dia quando chegarão à ponte e ali, em meio aos corpos transformados em estátuas, encontrarão um arcéh de pé; a prova viva da verdade daqueles versos.

A prova viva do milagre de Arcéh.


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