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UM PEDIDO INESPERADO (PARTE 2)

MORAR NAS COLINAS TINHA LÁ SUAS VANTAGENS. A preferida de Sâmia era ter à disposição uma vista privilegiada. O tapete formado pelas copas das árvores estendia-se colina abaixo; a baía dos Glolk se derramava no horizonte cortada pela Ponte de Arcéh e movimentada pelo vai-e-vem dos barcos; revoadas de pássaros brincavam de fazer sobrevoos pela superfície da água e pontilhavam o céu com cores. Mas, naquele dia, eram poucos os grupos de aves: a maioria delas, ciente do significado daquela noite, já deixara a ilha e rumara para o costumeiro exílio de cinco anos até o retorno do verão.

Uma nota de tristeza manchou a expressão da garota. 

Ela nascera no terceiro ano de um ciclo de sol. Por isso, na primeira noite de inverno da sua vida ela tinha apenas três anos de vida. Aprendera na escola sobre os ciclos de cinco anos para cada uma das duas estações e lembrava-se do treinamento na ponte, aos sete anos de idade. Contudo, naquela época, não tinha certas liberdades para ousar algo mais "aventureiro". Os cinco anos seguintes foram de preparação para o novo ciclo, envolta por expectativas e também pelo apego ao calor. Durante as altas temperaturas a ilha transbordava em festas e eventos, as pessoas pareciam mais animadas, os dias duravam mais, cores explodiam a cada novo amanhecer...

Um suspiro veio de dentro dela e mesclou-se à brisa.

De certo modo, Sâmia não sabia se estava preparada para cinco anos de gelo e de escuridão. Para animar os alunos, os professores enumeravam vantagens como "não suar" (entrelinhas "não precisar tomar banho todos os dias"), "guerra de bolas de neve", "suco gelado toda hora" (Sâmia gostaria de saber quem em sã consciência bebe suco gelado no inverno), "a beleza da paisagem esbranquiçada" e "aparição de novos animais". Havia, é claro, algo de interessante em cada um desses pontos. Ambas as estações tinham seu brilho. Contudo, quando ela parava para comparar, achava as desvantagens do novo ciclo muito maiores.

A chegada do inverno significava dias curtos, ventanias, nevascas, a partida dos pescadores para explorar águas mais quentes e o cuidado redobrado com as estufas, afinal, durante o ciclo de gelo elas eram a única fonte de alimentação dos arcéh. As ruas ficavam escorregadias, a quantidade de acidentes triplicava, as viagens pelas estradas rareavam e, ela lembrava bem da época de infância, não raro eram obrigados a passar semanas trancafiados dentro das próprias casas com a neve na altura das janelas.

A tristeza cantava pelas ruas e a ilha se fechava em solidão.

Sâmia parou no meio do caminho e retirou o bilhete do bolso. Sua pele formigou com as possibilidades abertas à sua frente. Seja por qual caminho seguisse a partir dali, seria uma decisão sem volta, capaz de mudar tudo; capaz de mudar vidas. Mais uma vez, ela se recordou do último item da sua lista de desejos: "pensar no pedido da avó".

"A decisão é somente sua, minha querida.", dissera-lhe a senhora no último encontro entre as duas, semanas antes.

Afastou o "e se não der certo" dos pensamentos, rasgou um pedaço da barra da saia e, com o dedo sujo de terra, escreveu a palavra "ACEITO".

Mais uma vez ignorou o formigamento e, antes de sua consciência a impedir de desistir, correu.

Pelas ruas, as pessoas viam a "menina dos Sotein" naquela disparada e se questionavam qual a confusão daquele dia. Margareth reclamava de Phil Voggi e suas artimanhas pela cidade, contudo, tinha em casa uma concorrente de aventuras à altura do rapaz. Sâmia nunca chegara a causar problemas do nível do Voggi (a superproteção da mãe impedia qualquer tentativa do gênero), mas era capaz de causar terremotos apenas com suas ideias "diferentes" para os padrões da cidade.

— Uma menina não deve correr assim, senhorita Sotein! - recomendou-lhe uma senhora debruçada na janela de casa.

— Se a senhora corresse assim não seria desse tamanho, senhora Shukla. - fez uma reverência e dobrou a esquina. A língua, porém, queria trabalhar (ah, ela sempre queria!). Sâmia deu meia volta e complementou. — E teria fôlego para fugir do seu marido!

O queixo da mulher quase tombou janela afora.

Sâmia voltou ao seu percurso com um gosto de liberdade na boca.

Apesar da pouca idade, vira muita coisa naqueles treze anos de vida; percebia muita coisa. Arcéh era uma cidade maravilhosa, sem dúvidas. Tinha belos lugares e muita história para contar; pessoas interessantes, atividades de encher os olhos, dava oportunidades a todos os que buscavam por ajuda; Era uma terra de sonhos e seus governantes sabiam como vender essa imagem. Contudo, encoberto por esse caldo de qualidades, escondidos aqui ou ali por trás de sorrisos faceiros ou em abraços calorosos aos visitantes, o inconsciente da ilha exigia alguns preceitos básicos que eram impostos a todos.


"Nunca questionar as leis de Arcéh"

"Reconhecer a superioridade dos arcéh frente às outras sociedades"

"Preservar as tradições da ilha"

"Respeitar os homens"


A garota apertou a mensagem entre os dedos. Sâmia sabia (e sentia) o quanto tudo aquilo poderia mudar a partir de sua atitude. Estava prestes a deixar um caminho fácil rumo à uma vida comum para se jogar no desconhecido. Como seria dali para frente, ela não sabia.

Tomada por pensamentos, seus pés seguiram sozinhos. Quando se deu conta, estava parada diante do posto de entregas da colina. Encontrou um mensageiro e, ao invés do pai, enviou ambos os recados para a avó. Observou a carroça sumir ladeira abaixo e sentou-se em um banco. Estava feito. Em mais ou menos uma hora a mensagem com sua resposta seria entregue e as coisas tomariam outro rumo.

Agora, se estaria ali na manhã seguinte tornara-se um mistério.

Afastou os maus presságios e correu de volta para casa. Despistou-se das perguntas de Margareth, trancou-se no quarto e ergueu uma das tábuas do assoalho. Achava muita sorte a mãe nunca ter encontrado aquela caixa ali dentro ou ao menos ter estranhado os arranhões naquela parte do piso.

"Acho que a sorte sempre esteve ao seu lado, Sâmia..."

Sentou-se na cama e pôs a caixa sobre o colo. Antes de abrir, porém, seus instintos a fizeram passear por cada pedaço daquele aconchego: as cortinas de renda na janela, o guarda-roupa com entalhes de folhas e animais na madeira, a penteadeira e seu espelho ovalado. Olhou para cima e sorriu ao ver os desenhos feitos no teto por ela e pelo pai. Quando ia dormir, gostava de olhar aquela tentativa de emular o céu de Arcéh, com a palheta das cores bem dividida entre o crepúsculo nas bordas e o anoitecer mais ao centro do teto.

Sâmia sentiu o sangue gelar como se o inverno tivesse chegado primeiro dentro de sua alma. Temia não ver mais o próprio quarto, temia a dor dos pais e dos amigos; temia a própria dor naquela hora. Só lhe restava confiar nos instintos de alguém mais experiente.

"Que os deuses nos ajudem..."

Abriu a caixa e puxou as cartas. Dezenas delas. Ali estavam os planos trocados em segredo com a avó, Lita Delgo - ou, como era o costume dos arcéh ao se referir aos idosos, Madame Lita.

#pratodosverem | Descrição da imagem: sobre um piso de madeira. vê-se uma caixa também de madeira aberta. Ao lado do objeto, vemos várias cartas espalhadas, muitas delas com aspecto envelhecido.

***

Vestígios do perfume da avó ainda residiam naqueles papeis.

Tinha cheiro de saudade. Cheiro agridoce de alegria e de tristeza.

Aquela noite, Sâmia sabia, seria o fim daquela troca de cartas.

Talvez, o fim de tudo.



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