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OIV Ó MIDHIR (PARTE 3)

#pratodosverem | Descrição da imagem: em um fundo metade preto, metade branco, vê-se uma pessoa de costas, coberta apenas da cintura para baixo. Tem cabelos loiros até o meio das costas, cavanhaque e parte dos seios estão à mostra. A figura está com os olhos fechados como se refletisse.

*** 

— VOCÊ ESTÁ BEM? - os olhos de Sâmia estavam nublados. A voz vinha de um vulto agachado ao lado dela. Suas mãos eram macias e, quando tocaram em sua testa, transmitiram conforto. Seu cabelo tinha cheiro de frutas colhidas ainda frescas. — Não se preocupe com o que aconteceu. É uma energia forte demais e nem todos estão acostumados a tamanho impacto. Você consegue levantar?

— S-Sim...

Ajudou-a a se sentar na cama e apoiou uma bacia com água no colo da garota.

— Limpe seu rosto, criança. O que passou, passou.

A menina pegou um pouco da água e lavou o rosto. Estranhou a textura da pele e esfregou com força. Ao levar as mãos à bacia, assustou-se com a cor avermelhada das mãos.

— Não se preocupe com isso. Você não está ferida. É apenas consequência da passagem pela árvore.

— Isso é...

— ... sangue? Oh, não. Longe disso. É apenas a seiva da árvore por onde você passou. Quando toca na pele, ela gruda e forma essas crostas.

— Acontece com todos?

— Não...

Sâmia ergueu a cabeça e ficou sem reação. Por um momento, esqueceu-se do sonho e todo o resto. Em pé diante dela estava um homem, sim, mas...

— Você tem... seios?

— Sim, criança.

— Como? V-Vo-Você é uma... mulher?

— Não. Eu sou um homem. Como qualquer outro.

— Mas...

Ele sorriu.

— Não julgue as pessoas pelas jaulas que são os seus corpos, criança. Alguns estão onde foram colocados, outros, porém, devem lutar para encontrar suas formas; aquelas mais condizentes com a sua felicidade. Eu sou desses. Meu corpo é apenas um processo, um desafio rumo ao objetivo de ser alguém mais completo, mais pleno.

— Você... Você é o Unagor!

— Exato. Oiv Ó Midhir, ao seu dispor, menina Sotein... - fez uma mesura e tornou a encará-la. Sua feição exibia uma tensão, o sorriso quase forçado. Sâmia lembrou-se da conversa com a avó na carruagem e logo compreendeu o motivo daquele clima de estranheza: alguém tão atacado quanto Oiv, por mais forte que parecesse, vivia na defensiva, temeroso pela atitude das pessoas perante sua aparência.

— Você é tão... normal.

— C-Como assim? - ele pareceu assustado com uma definição tão sincera.

— Normal, ora! Quando a vovó falou de você, de como as pessoas o excluíam e até tinham medo, eu pensei que você seria... Desculpe... Uma aberração; um monstro. Mas, não. Você é normal... Tão normal quanto qualquer outra pessoa.

A tensão deixou o rosto do Unagor e ele iluminou-se com um sorriso.

— Há muito, muito tempo eu não ouvia isso, criança. Você me trouxe conforto em dias tão cinzentos.

— Porque as pessoas afastam você? Não faz o menor sentido...

— Na cabeça deles, faz. Infelizmente, faz. Eu guardo em mim muitas coisas renegadas pelo nosso povo: a dita "fragilidade" por ter nascido mulher, a estranheza por não me encaixar nos padrões, a coragem de não me esconder.

— É por isso que ninguém fala de você na cidade...

— Você algum dia já ouviu falar de mim ou desta estufa, criança?

— Não, nunca.

— Exatamente: eu quebro o padrão da cordialidade tão dita sobre esta ilha. A história sobre o modo como os arcéh sempre estão de braços abertos para todos os que aqui chegam é uma mentira. Estão abertos, sim, para os que se encaixam em nossa sociedade.

— Mas, com tudo isso, como você se tornou um Unagor?

— Eu não me tornei Unagor; eu herdei o título de Unagor. - Oiv sentou-se na cama ao lado de Sâmia e olhou para o vazio da parede. Mais próxima ao homem, a garota percebeu o quanto Ó Midhir era jovem na aparência, mas antigo e cansado no olhar. — Tem certos pesos na vida que não podemos renegar...

— Meu avô e os amigos dele renegaram o título.

— O sr. Delgo e os outros nasceram nos padrões, criança. Para as peças que se encaixam no tabuleiro, a vida é sempre mais simples. Minhas bordas já estão arranhadas de tanto tentar me encaixar. O título de Unagor é um fardo, mas sem ele as coisas seriam ainda piores. Não me respeitam por quem eu sou, ao menos respeitam minha posição. - virou-se para a menina e pegou suas mãos. — Não se diminua por quem você é, criança. Fale. Mesmo que não ouçam, fale. É quando falamos que estabelecemos nossa posição no mundo. Não permita que ninguém lhe diga como deve agir.

— É um caminho bem solitário, não é?!

— Sim. Mas, às vezes, precisamos afundar na escuridão para descobrirmos a luz. Não no fundo do oceano, sim aqui dentro.

Oiv pôs a mão sobre o peito e respirou fundo. Acarinhou a cabeça de Sâmia e levantou-se. Quando se pôs de pé, as amarras do cabelo do Unagor se soltaram e as mechas caíram-lhe até a cintura. A Sotein tentou, mas não escondeu o susto.

— Você está bem, criança?

— S-Si-Sim... Só... Fiquei tonta, de repente.

— Ainda efeito da árvore. Não se preocupe, vai passar logo. Agora, vou deixar você se arrumar. Quando estiver pronta, estaremos na varanda do quarto ao lado, tudo bem?!

— Certo.

Ó Midhir acenou e a deixou com seus pensamentos. Ao fechar na porta, o cheiro de frutas recendeu pelo quarto. Contudo, diferente da primeira sensação de tranquilidade ao conhecer Oiv, o perfume dessa vez tinha notas de amargor. E não apenas o odor, como também a visão do cabelo do Unagor.

Sâmia acabara de descobrir quem era a outra pessoa em seu pesadelo.

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