
OIV Ó MIDHIR (PARTE 2)
A CARRUAGEM FEZ UMA CURVA E PAROU. Erwank correu para ajudar Sâmia e Lita Delgo a descerem e amarrou os cavalos à uma árvore. O vento ali em cima parecia testar a capacidade dos casacos em esquentar os corpos dos seus donos. Naquela parte da ilha, o penhasco tinha uma reentrância e, quando se aproximou da borda, a garota Sotein pode ver uma baía formada entre as pedras. Estranhou haver uma escadaria rumo à um píer onde navios jaziam presos ao gelo.
— Estamos no lugar certo?
— Sim. – Erwank esfregou as palmas das mãos e levou-as às bochechas. O sr. Maxil vestia botas e uma roupa normal, sem casaco. Sâmia desconfiava se aquilo não seria uma tentativa de impressionar Madame Lita. — A estufa mais distante da ilha. Estas ser terras da família Ó Midhir. Erwank estar aqui só uma vez, há muitos anos.
A menina olhou ao redor a procura da estufa.
— E onde ela está?
Maxil soltou uma gargalhada e teve a companhia da sra. Delgo. A garota não sabia onde estava a graça.
— Minha querida, está na sua frente! – Lita apontou para as árvores. — Esta é a estufa do Unagor Ó Midhir.
— Vó... Aí só tem floresta...
— Oh, não me diga?!
— Os jovens de hoje pensar que aquilo que veem ser a regra e ignorar o antigo. Em que mundo viver, Madame Delgo? Esta cidade estar perdida mesmo... A era das estufas de ferro e vidro ser recente, muito recente se considerar a idade desta ilha. Antes, ser preciso outras formas de cultivar e preservar coisas. Nem tudo ser o que parecer, garota. – Erwank tomou a frente e caminhou rumo aos troncos. Talvez estivesse abalado pelo frio, Sâmia pensou. O homem prosseguia em sua caminhada em linha de colisão contra um dos pinheiros como se rumasse para uma porta qualquer.
Quando a garota ansiou pelo impacto, Erwank sumiu.
— Certo... Isso foi... Muito louco.
— Sua vez, Sâmia.
— Não... Como pode? Eu vou bater na árvore!
— O Unagor Ó Midhir só permite a entrada de quem ele deseja em suas terras. Pessoas que vem em paz. Se Erwank Maxil, bruto como é, foi admitido, você também será. A não ser que você esconda pecados escabrosos por trás desse rosto de delicadeza.
A garota não respondeu e torceu para os eventos da Noite da Nyrill não serem tidos como "pecados".
#pratodosverem | Descrição da imagem: ao fundo, vê-se uma árvore cujo o tronco tem a grossura de sete pessoas enfileiradas lado a lado. Há uma espécie de energia que espirala pela madeira. Indo em direção a ela, Sâmia caminha em meio à neve.
***
Nos primeiros passos, sentiu-se idiota: era uma montanha de casacos em direção ao paredão de árvores; uma bola jogada contra uma parede. Apertou o passo. Quanto mais se aproximava da borda da floresta, menor se sentia confortável. Os troncos pareciam caminhar em direção a ela; cercá-la como se lançassem os galhos à espera de um abraço.
A Sotein protegeu o rosto com as mãos e, não sabe o porquê, correu os metros finais.
A centímetros da madeira, Sâmia mergulhou no vazio.
ESCURIDÃO...
Apenas a garota tinha cor na escuridão. Caminhou sem saber qual direção seguia. Os pés se moviam, mas ela não saia do lugar.
Caiu.
Apoiou-se em algo.
Levantou-se.
Olhou para longe. Havia brilho. Sentiu frio. Quis correr. Não conseguiu.
Sufocou.
Nadava no ar. Impulsionou o corpo.
Emergiu.
Estava gigante. Aos seus pés, Arcéh em miniatura. Estranhou. O pingente fervilhou. Feriu seu peito.
Ela gritou.
As três torres desmoronaram e a ilha partiu-se ao meio. O gelo virou água. A água evaporou. Do vapor surgiu o deus.
Caminhou até ela.
Sangrava. Olhos vazios. Caiu de joelhos. Vomitou sangue.
#pratodosverem | Descrição da imagem: diante de um fundo com cristais de gelo vermelhos, há um homem de torso nu e cabelos brancos. Uma luz emana de sua cabeça enquanto o sangue escorre de sua boca e mancha o peito. Seus olhos estão vidrados, como se em choque.
***
O branco manchou-se de vermelho.
O líquido formou a imagem de Phil Voggi.
Sâmia tentou sair. A imagem mudou.
Erwank Maxil estava do seu lado esquerdo.
No direito, havia uma mulher.
Ambos estavam com o pingente do Inverno. E choravam.
Mãos estendidas em direção à menina. Pediam algo.
Sâmia afastou-se.
Os dois caminharam para cima dela.
A Sotein tentou falar. Sua língua estava presa.
Caiu.
Erwank e a mulher pularam sobre ela. A garota tentou se proteger.
Fechou os olhos.
Sentiu mãos em torno do pescoço.
Sentiu-se inundada.
Escuridão.
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