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OIV Ó MIDHIR (PARTE 1)

#pratodosverem | Descrição da imagem: em meio à névoa, por uma estrada de terra envolta por floresta, vê-se uma carruagem seguir pelo terreno. A escuridão da paisagem é cortada pelo lampião ao lado do cocheiro e pela iluminação no interior da carruagem.

***

MESMO COM O SOPRO DO INVERNO DO LADO DE FORA, O INTERIOR DA CARRUAGEM SEGUIA ABAFADO. Sâmia e Lita haviam saído de casa com o peso dos casacos nas costas; agora, estavam somente com suas roupas habituais. A senhora aproveitava a maciez das roupas e a meia luz do espaço para cochilar. Não era para menos: quando a Torre Norte badalou seus sinos aos gritos das três horas da madrugada, ela e a neta já estavam na casa de Erwank Maxil prontas para o início de uma peregrinação pelas estufas da ilha. Após a conversa na madrugada anterior, Lita Delgo pareceu libertar-se dos resquícios dos seus medos e muniu-se de uma decisão: visitar todas as estufas para anunciar a cada Unagor sua entrada no Bastião.

"Pessoas burras e tolas fazem barulho e estardalhaço com promessas e não cumprem nada.", disse ela à neta, Higor e Margareth quando questionada sobre sua ideia, "Pessoas inteligentes e sensatas apenas vão lá e fazem. Eu ando muito sensata."

Não houve argumentos contrários.

E, mesmo se houvesse, nada demoveria a sra. Delgo de seu objetivo.

Sâmia abriu uma brecha na cortina e observou a paisagem. A estrada passava aos borrões devido a velocidade estabelecida por Erwank. O vento dos penhascos da parte leste de Arcéh tinha cheiro de maresia. A garota lamentou sua primeira viagem àquela parte da ilha ser naquela época de gelo: quando lhe falavam da "Estrada da Vista Sem Fim", todos destacavam o bater das ondas na costa e a música causada por esse contato da água com as pedras. E, como o nome do caminho sugeriria, o vislumbre do oceano até o infinito do mundo.

A Sotein sorriu com tons de tristeza nos lábios.

Se lhe dissessem que ali embaixo, ao invés do oceano, existia apenas um lençol branco sobre as águas, ela não duvidaria. Ignorasse o barulho da brisa, o trotar dos cavalos ou as rodas da carruagem pelo cascalho, a ilha naquela parte parecia morta como o museu de desesperados sobre a ponte.

Brincou com o pingente entre os dedos e lembrou-se do bailar do deus sobre as águas. "Você está em todos os lugares, não é?!". Perguntou-se se não haveria nenhuma gota de arrependimento na ingrata missão de petrificar coisas belas. Desde criança, questionava os sentimentos dos assassinos e como suas mentes deveriam funcionar ao ceifar a vidas alheias. O deus não ceifava vidas, mas contribuía para a destituição da beleza de viver.

O branco dilui todas as cores.

Madame Lima espreguiçou-se e passou as mãos pelos cabelos para arrumar os fios.

— Acordada, minha querida? Você ao menos dormiu um pouco?

— Não consegui.

— Oh, sim, eu entendo. É uma viagem longa e dormir com esse sacolejo não é algo nada agradável. Ainda bem que algo que meus tempos de estrada me ensinaram foi a dormir em qualquer lugar. Uma atriz sempre deve manter as aparências, não?! - afastou as cortinas do seu lado. Diferente da vista da janela de Sâmia, daquele lado havia apenas a floresta cada vez mais esparsa. — Por sorte, já estamos quase lá. Teremos uma boa refeição, uma boa conversa e então poderemos seguir para as próximas estufas.

— Por que a senhora tem tanta certeza disso?

— Porque essa estufa, Sâmia, pertence a alguém muito, muito diferente de todos os Unagor; alguém cujo peso da vida o faz uma voz discordante no Bastião e, portanto, uma ajuda para mim. - a sra. Delgo soltou o ar e analisou o horizonte. - Talvez, a única ajuda que terei nessa jornada...

— É por isso que ele vive tão longe?

— Não, Sâmia. Essa pessoa vive tão longe da cidade porque os outros têm medo dos diferentes. E, quando as pessoas não abrem as mentes, elas fecham as portas de suas almas; afastam as pessoas como se isso fosse mascarar a realidade. As pessoas cegas de alma, minha querida, gostam de viver na fantasia, mesmo que a fantasia possa causar dor aos seus semelhantes.

— Por que alguém assim é um Unagor?

— Frase errada, Sâmia. A frase certa seria: "Ainda bem que alguém assim é um Unagor". - a garota franziu o cenho. Madame Lita sorriu. — São os incomodados e os diferentes que causam a mudança, minha querida. Não os iguais. Conscientes ou não, os iguais quase nunca enxergam a dor que causam aos outros.

— Que tipo de dor?

— Todas elas, Sâmia. E não falo apenas de dores físicas. Ah, quem dera que fosse assim... Às vezes, minha querida, um olhar mudo, mas cheio de maldade, pode arrasar uma pessoa, destruir uma vida.

— Foi o que aconteceu com esse Unagor?

— Em parte, sim.

— Então, por que eu nunca ouvi falar dele? Quero dizer: alguém assim deve ser muito conhecido...

— Ah, tenho certeza de que você já ouviu falar dele, sim senhora. Em todas as votações do Bastião, sempre há alguém contrário às ideias de Drenton. Por vezes, a única voz a fazê-lo.

— E que mudança alguém sem voz pode causar?

Madame Lita arregalou os olhos.

— "Sem voz", Sâmia? Não, não! Aprenda uma coisa: você só não tem voz se ficar calada. Talvez esse Unagor realmente não tenha muitos para ouvi-lo, mas ele jamais desistiu de falar. Jogue mil sementes no meio das pedras, Sâmia, se uma única delas conseguir florescer, você já fez a sua parte. Entenda, minha querida: não é sobre falar, é sobre insistir.

Madame Lima deu uma piscadela para a neta e calou-se de vez. Manteve, porém, um sorriso no rosto e isso, Sâmia sabia, era sinônimo da paz interior da senhora.

O pingente em seu peito esquentou.

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