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O VOO DOS ESQUECIDOS (PARTE 2)

OIV PENTEAVA LAFON PABEROS ENQUANTO OBSERVAVA O CÉU DA ESTUFA. As folhas da cobertura estavam mais escassa, a magia daquelas terras estava no fim. Talvez, a ausência dele por tanto tempo tivesse contribuído para isso, mas não era algo preocupante para o Unagor. Sentia-se completo como nunca estivera, inteiro, ciente de si, e a companhia de Lafon o deixava certo de seus objetivos.

Assim que voltou à cidade com Madame Lita e soube da prisão de Drenton, Ó Midhir correu para a casa dos Paberos. Estava, sim, esperançoso pelo reencontro com o filho do ex-Unagor. O rapaz o aceitara como era e sofrera as consequências da ira do pai no próprio corpo. De certo modo, dividira com Oiv as dores de tamanha revelação. Contudo, havia outro motivo para o reencontro: sem Drenton, o rapaz estava entregue à própria sorte. Sem condições de andar ou se comunicar e longe das vistas das pessoas, sendo que muitos sequer se lembravam de sua existência, Lafon corria o risco de morrer sobre uma cama, tão esquecido quanto os prisioneiros do norte da ilha.

Em um gesto de generosidade e amor, Oiv o levou para a estufa na floresta.

Cuidado e observado, distante da rejeição do pai e da vergonha dos parentes, o jovem Paberos, para a surpresa de todos, começou a se recuperar. Ainda não falava, mas já mexia os braços, caminhava alguns passos e ganhara um tom de pele mais próximo do normal.

— Acredite em mim: em pouco tempo você voltará a falar. – Oiv terminou de arrumá-lo e o carregou até uma poltrona na varanda do quarto. Sentou-o e passou as mãos pelo seu rosto. — Você é a prova de que carinho e atenção podem curar. Aprendo com você a cada dia.

Lafon sorriu e olhou para o Unagor com afeição.

Ele também aprendera muito com Oiv.

#pratodosverem | Descrição da imagem: em uma varanda, vê-se Oiv de pé encostado no batente. Próximo a ele, há um homem sentado em uma cadeira com parte do corpo enfaixado e olhos envoltos em olheiras. Perto deles há uma mesinha com uma raça de vinho e um prato de frutas. No céu, contudo, contra o sol pode-se perceber um pássaro gigantesco se aproximando.

***

De certa forma, a história de Ó Midhir o mantivera vivo durante todo esse tempo. A resignação dele em prosseguir em sua luta, enfrentar as pessoas e assumir o posto de Unagor, mesmo sobre protestos. A convicção de não ceder às pressões e mudar, mesmo sem saber como seria essa mudança, a força de expor quem era e seguir em frente, tudo era usado por Lafon para se manter são e não desistir da própria vida.

Quando conhecera a filha dos Ó Midhir e passara a conviver com ela, encantara-se pela jovem, sim, mas não apenas pela beleza: ela tinha uma personalidade diferente, lutava pelos seus ideais, não se deixava abater. A posterior revelação da real natureza não constituiu um empecilho para o rapaz Paberos: foi um mero detalhe. Permitiu-se refletir, lutou contra os pensamentos contrários, domou a índole violenta trazida pelo sangue da família e chegou a uma conclusão: não havia nada de errado em sua escolha.

Ele podia amar quem bem entendesse.

Uma de suas honras era a de ter sido a primeira pessoa a ouvir o nome "Oiv" quando este foi escolhido.

— Hoje é o último dia de Sâmia e das crianças aqui na estufa. Vou levá-los até a velha casa dos meus pais, no alto da montanha. Você quer vir conosco? – Oiv gargalhou ao ver a testa franzida do outro. — Ora essa, eu carrego você nos meus ombros! Não faço isso sempre que passeamos pelas plantações? O que custa te carregar alguns metros acima? Se bem que – o Unagor levou as mãos às costas e fingiu uma cara de dor — você anda bem pesado, sabia?. Daqui a alguns dias terei que pedir uns quatro cavalos para carregar você.

Lafon ficou vermelho. Parecia prestes a estourar. Oiv gargalhava sem prestar atenção a ele quando o ouviu balbuciar uma palavra.

Pai...

Tomado pela emoção, o Unagor Ó Midhir ignorou o significado daquelas três letras e o porquê de Lafon ter dito aquela palavra. Se parasse por um segundo para pensar e notasse o olhar de pavor no rosto do homem, teria escapado de levar um golpe na cabeça.

— A natureza não mente: ainda é fraco como uma mulher.

Drenton parou ao lado do corpo adormecido de Oiv e pisou em seu rosto enquanto olhava para o filho. Deliciou-se ao ver gotas de suor brotarem em seu rosto. O medo de Lafon escorria pela varanda. O rapaz começou a sentir falta de ar. Drenton deixou Ó Midhir de lado e caminhou até o jovem Paberos. Rodeou a cadeira onde ele estava por duas vezes, tocou-lhe os cabelos e as roupas bem costuradas e parou diante dele.

— Quer dizer que você também decidiu virar uma aberração? É, o que mais você faria, não é? Já não é mais homem mesmo, só lhe restava aliar-se com esse monstro. De certa forma, eu lhe fiz um belo favor ao cortar quem você é.

Lafon fez um esforço para falar, as veias saltadas no pescoço.

Ainda... sou...

— Ainda é? É o quê? Um homem? Um homem sem função, você quer dizer? Por favor, não me faça rir! Você não presta mais para nada. Não consegue nem mesmo falar. Virou um inútil. Se eu soubesse que a prisão de Arcéh era tão receptiva, teria mandado você para lá. Talvez uma boa surra o fizesse criar vergonha e parar de frescura. – o ex-Unagor pegou um chicote preso ao cinto e golpeou uma jarra sobre a mesa. O vidro se espatifou e a água espirrou sobre Lafon.

— Sim, pensando bem, uma boa surra teria me poupado muitas dores de cabeça... Talvez, se eu não tivesse deixado sua mãe criá-lo com tanta frescura, muita coisa não teria acontecido. O bom é que nunca é tarde para uma lição, não é mesmo? Eu não pensei em encontrá-lo aqui, esperava que já estivesse morto, mas, se o destino me presenteou desse jeito, por que não aproveitar?! Depois eu cuido do que vim fazer. Cada prazer ao seu tempo...

Ergueu a mão.

A primeira chicotada estralou no peito do homem. Lafon grunhiu e tremeu. Tentou se levantar, mas acabou no chão, as costas expostas para a insanidade do pai. Drenton não perdeu tempo e deu-lhe mais dois golpes. A pele se abriu e exibiu a carne vermelha.

Quando Paberos se preparou para mais uma investida, um golpe de espada o fez largar o chicote.

SÂMIA, AS CRIANÇAS E MADAME VOGGI CAMINHAVAM PELA PLANTAÇÃO QUANDO VIRAM UM ALVOROÇO ENTRE OS FUNCIONÁRIOS DA ESTUFA. Alguns corriam com arcos e flechas, outros com lanças e o restante com as ferramentas de trabalho e também com tochas. As duas se apressaram para saber qual o motivo de tudo aquilo e, ao se aproximarem da casa, olharam para o ceu e viram parte da magia de folhas destruída. No chão, rodeado por dezenas de pessoas, um pássaro da altura de uma árvore adulta tentava agarrar qualquer um em seu caminho.

— Como um pássaro desses entrou aqui?

— Não é um pássaro qualquer, senhora Voggi! – respondeu-lhe um dos ajudantes da estufa. — Um homem o trouxe.

— Um homem? Quem...

Sâmia não precisou esperar para ouvir a resposta. De longe, reconheceu aquele pássaro e lembrou-se dos momentos passados sob as garras da criatura.

— ... Drenton.

— Impossível, ele...

Sâmia não teve tempo para escutar as suposições de Madame Voggi. Ouviram o barulho da queda de Lafon e correram para o quarto de Oiv. Ao passar por uma das paredes, Madame Voggi pegou umas das espadas da família do Unagor e apressou-se atrás da mulher. Quando entraram no quarto e viram Lafon e Ó Midhir caídos e Drenton prestes a desferir mais um golpe no filho, Medebew justificou a quantidade de histórias mirabolantes sobre sua vida anterior à Arcéh: empunhou a espada e, como se o corpo não tivesse o peso dos seus oitenta anos, correu para cima de Paberos e cortou-lhe a mão do chicote.

Sâmia deixou Lara e Kevin protegidos fora do quarto e tentou ajudar a senhora. Drenton, os olhos saltados sem acreditar na cena de ter sido alvejado pela Voggi, partiu para cima da idosa. Só não contava com as habilidades da mulher. Medebew participara de muitas batalhas em sua juventude. Se as más línguas comentavam sobre o excesso de maquiagem que ela usava era porque não sabiam das cicatrizes trazidas pela senhora. Não as mostrava por ter noção do falatório, mas tinha orgulho de cada marca em seu corpo: desde as naturais, trazidas pela idade, até as conquistadas, presentes da sua incapacidade de baixar a cabeça.

#pratodosverem | Descrição da imagem: vê-se a luta entre Madame Voggi e Drenton Paberos. A senhora empunha uma espada e Drenton defende o golpe.

***

Cinco palmos mais baixa que o oponente, ela desviou do golpe por baixo dos braços de Drenton e desferiu uma espadada de baixo para cima, no queixo do homem. Ele urrou e fez menção de pegar o arco em suas costas. Foi quando Sâmia jogou seu xale por sobre Paberos e Madame Voggi aproveitou para desferir mais dois golpes em suas pernas. O homem conseguiu desviar do ataque, mas, quando se preparou para pular sobre a Voggi, cinco guardas de Oiv entraram no quarto e conseguiram segurá-lo.

— EU VOU MATAR VOCÊS!

— Ah, meu bem, entre na fila! Você está atrasado.

— Vocês não podem me parar. Ele está ao meu lado! – percebeu o olhar intrigado das duas e mostrou os dentes. — Sim, o deus está ao meu lado! Podem me impedir agora, mas ele virá e levará todos vocês. E você – indicou Sâmia — será minha!

Madame Voggi pareceu compreender algo e olhou para o céu. Suas andanças pelo mundo lhe trouxeram muito conhecimento, alguns dos quais ela jamais acreditou ou ao menos parou para considerar. Seus livros traziam histórias contadas sobre a origem do mundo e as alianças dos homens com os deuses.

Ela segurou a espada ao lado do corpo e aproximou-se de Drenton. O homem bufava feito um animal enjaulado. Não havia mais humanidade em sua alma. Algo dentro dele já ultrapassara todos os limites e havia se quebrado. Nenhum coração suportaria o peso de tanto ódio - e até os maus sabem disso. Por isso, pessoas maldosas precisam conservar a paixão por alguma coisa para fazerem um contrapeso ao ódio, nem que essa "coisa" seja a devoção por eles mesmos.

Drenton Paberos, porém, não tinha mais nada.

Tal qual os incêndios de Arcéh, seu corpo fora tomado pelo fogo da ira.

Quando Medebew, ajudada pelos guardas, o fez se abaixar até o seu rosto ficar na altura do dela, tocou sua fronte e fez um movimento para baixo, como se retirasse uma máscara. Os olhos de Drenton tornaram-se brancos por um instante e, um segundo depois, afundaram nas órbitas. A sra. Voggi deu um passo para trás e os guardas da estufa o largaram e fizeram o mesmo. Sâmia correu para junto dos filhos e cobriu-lhes os olhos.

O corpo de Drenton pegou fogo, estrebuchou no chão e explodiu em cinzas.

O silêncio imperou sobre a estufa. Na plantação, o pássaro jazia morto, os guardas e funcionários jogados no chão, cansados após o embate. Os mais próximos ao animal, aqueles que afundaram em seus olhos momentos antes da morte, estavam desmaiados. Na varanda, enquanto ajudavam Oiv e Lafon, Sâmia premeditou a queda de Madame Voggi e correu a tempo de segurá-la.

Medebew apagara.

Assim como os combatentes do pássaro, ela também vira algo de ruim ao olhar nos olhos do inimigo.



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