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O VOO DOS ESQUECIDOS (PARTE 1)

#pratodosverem | Descrição da imagem: a ilha de Arcéh é vista do alto. Já fogo por todo lado e as colunas de fumaça sobem ao ponto de encobrirem o céu. Até as montanhas estão em chamas..

***

PREOCUPADOS COM OS INCÊNDIOS PELA CIDADE, OS ARCÉH NÃO NOTARAM OS TRINTA PÁSSAROS VINDOS DO NORTE. O fogo já havia consumido dezenas de casas, o ar se enchera de cinzas e nem o Conselho de Administração nem o Bastião sabiam como agir para dar algum direcionamento à situação. Reunidos na orla da cidade, ainda de olhos voltados para o horizonte, foram pegos de surpresa pelo guincho das aves. Mal tiveram tempo de localizar a origem do som, viram-se em correria quando aquelas pessoas sujas, com dentes faltando, algumas sem roupas, brotaram pelas ruas de Arcéh e atacaram.

Os cidadãos da ilha não souberam como agir. Sentiram-se acuados ao verem os pássaros cujas garras destroçavam as casas e quebravam as estufas. Mas, acima disso, havia um sentimento de vergonha que os impedia de tomar uma atitude: seus "dejetos", símbolos de imperfeição e erros, estavam ali, diante deles.

Uma mulher se escondeu ao ver entre os invasores o filho que mandara para o norte por não conseguir entendê-lo; uma família correu quando viu os pais idosos virem para cima deles; um homem pulou no mar ao reconhecer o irmão com problemas mentais; um dos Unagor disparou com a carruagem quando a esposa surgiu diante dele. Ele a mandara para a prisão porque ela não concordava com as opiniões do marido e ousou se rebelar.

Em todo o canto vinha à tona verdades sobre a personalidade dos habitantes da ilha. Os visitantes do continente se assustaram e chegaram a correr, é claro, mas, ao verem um grupo de esquecidos passar por eles sem se importar com sua presença ali, notaram que a questão em nada tinha a ver com "qualquer pessoa" e sim com "certas pessoas". O objetivo deles ali não era se vingar ou causar dor semelhante. Alguns até queriam fazê-lo e de fato o fizeram. Mas a maioria deles queria apenas a resposta para uma pergunta simples: por que vocês nos abandonaram?

Os loucos, os doentes, os criadores de caso; os incapazes de se adequar, os diferentes, os muito coloridos ou os monocromáticos. Os rebeldes e os petulantes; os questionadores da ordem e aqueles cuja visão os impedia de sorrir para qualquer coisa, não importava: os esquecidos de Arcéh queriam lembrar que eles também faziam parte daquilo tudo.

Eles eram fruto da mesma sociedade e do mesmo sangue.

Eles também eram arcéh.

Quando os pais de um adolescente pararam de correr e decidiram se aproximar do filho; quando decidiram apenas escutar ao invés de falar, calar ao invés de sugerir, uma flecha veio do alto e atravessou o peito do jovem.

Montado em seu pássaro, Drenton Paberos arrependia-se por ter sido tão idiota.

Fizera os cálculos errados. Pensava que a vontade de vingança era inerente a todos os jogados naquele vale; que, à menor oportunidade de causar dor semelhante, os prisioneiros o fariam. Mas não. Para o seu terror, as ruas da sede não se banharam de vermelho, as pessoas não mais corriam e, pelo contrário, os moradores saiam para de casa com cobertores e comida para dar aos invasores.

E isso deixava o ex-Unagor muito irritado.

Puxou tanto as rédeas do pássaro que o animal por um instante perdeu altitude, sem respirar. Quando se recuperou, estava pousado no alto do museu, o local onde antes fora a grande estufa de Drenton. O homem olhava para tudo aquilo com asco. Não reconhecia mais aquela cidade. Onde estava o orgulho por ser morador da ilha? O orgulho pelas estufas? A vontade de perfeição, de esmagar os oponentes e reafirmar o caráter divino de Arcéh? O vento lhe trazia sons de tranquilidade e isso o ensurdecia. Ao longe, alguns esquecidos provocavam dor e desespero, mas era insuficiente aos seus ouvidos.

Ele ansiava por mais.

Pulou para o interior do prédio e, em fúria, destruiu tudo o que viu pela frente. Estava faminto. Faminto por violência; por explodir algo guardado há tantos anos. Achou seu arco de Unagor e as flechas de ponta dourada, tornou a montar no pássaro e rumou para as colinas.

MARGARETH TERMINOU DE ARRUMAR A CASA E SENTOU-SE NA VARANDA PARA TENTAR SE REFRESCAR. Desde a chegada do verão, até o vento parecia ter se incendiado. O calor da ilha beirava o insuportável. Por sorte, Sâmia aceitara o convite de Oiv para passar um tempo em sua estufa e ao menos dar um refresco às crianças. Ela, Lara e o pequeno Kevin e Madame Voggi já estavam fora a quase uma semana e a sra. Sotein surpreendeu-se com a coincidência da partida deles e o aumento nos focos de incêndio pela ilha. Mesmo temerosa pela vida da filha e dos netos, Margareth aprendera a confiar no Unagor Ó Midhir e tê-lo por perto lhe despertava uma sensação de proteção. Como a situação da cidade não permitiu à Higor e à Phil partirem para a floresta, ela optou por permanecer em casa para dar assistência aos dois.

Estava um pouco arrependida, reconhecia.

"Bom, Margareth, agora não adianta reclamar, não é?".

Levantou-se e foi para o celeiro. Os cavalos estavam deitados, as caudas em um movimento frenético para abanar os mosquitos. O calor os deixava cansados e impossibilitados de trabalhar. Caminhou até o poço, encheu um balde com água e carregou até o tacho dos animais. Aproveitou para molhar o rosto quando sentiu uma presença atrás de si. Virou-se animada na esperança de ser Higor ou Phil, quando deu de cara com Drenton.

— Faz muito tempo, Margareth. Não vai me cumprimentar? – o balde caiu aos pés dela. Os cavalos relincharam como se sentissem a ameaça representada por aquele visitante. A mulher estava estática. Paberos deu um passo para frente e agarrou seu pulso. Beijou-lhe a mão e sorriu. — Você continua admirável. Pena o velho Uriel não a ter entregado a mim. Você não estaria nessas condições, com os dedos cheirando a temperos....

— O-O-O qu-q-quê você quer? Fo-Fora daqui!

— Não tenha medo de mim. Eu só preciso de uma informação: onde está a sua filha? – ante o olhar arregalado de Margareth Sotein, o homem acrescentou. — E não me diga que você não sabe. Acabo de vir da casa dela e não encontrei roupa alguma...

Ela se desvencilhou das mãos dele e correu para fora até o portão. Dali, olhou para ladeira abaixo e precisou se segurar na cerca para não cair: todas as casas dos seus vizinhos estavam em pedaços. Um pássaro gigantesco caminhava por entre o entulho em busca de vítimas.

— Ah, a vida é difícil. Viu só o que temos de fazer para conseguir uma simples informação? – Drenton aproximou-se e admirou a paisagem devastada. — Se as pessoas fossem mais educadas e me dissessem logo qual era a casa dela, eu não seria obrigado a fazer tudo isso. Enfim, não a encontrei e agora só me resta você para me dar essa informação. Então, Margareth, onde está a sua filha?

— E-Eu-Eu... Não sei.

— Eu ficaria muito, muito triste em ter que machucar você para conseguir algumas palavras tão simples. Apesar de não parecer, estou tranquilo. Mais do que gostaria. Você tem sorte. Eu vou fazer a pergunta pela última vez: onde...

— Eu não vou falar. - Margareth sentenciou e o encarou olho no olho.

Drenton suspirou, meneou a cabeça e socou seu rosto. A sra. Sotein caiu metros abaixo. Estava assustada, mas, pelo bem da filha e dos netos, se manteve firme. A sessão de tortura pareceu durar dias, mas não passou de minutos. Quando um dos vizinhos criou coragem e saiu debaixo dos escombros, ao avistar a mulher ser erguida pelo pescoço, quase morta, gritou um nome para o ex-Unagor.

— OIV!

Drenton jogou a Sotein no chão e ergueu o rapaz pelos cabelos.

— Repita, por favor.

— E-E-Eu v-vi... A carruagem d-do-do Unagor veio buscar S-Sâmia...

— Ó Midhir? Oiv Ó Midhir?

— S-S-Sim...

Sem perder tempo, Paberos jogou o jovem para longe, chamou o pássaro e saiu disparado rumo à estufa no meio da floresta.

Sua fome aumentara.

***

#pratodosverem | Descrição da imagem: vê-se Margareth Sotein caída em uma poça de sangue que escorre de sua cabeça. O vestido está rasgado e há hematomas por todo o corpo e rosto da mulher.


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