Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

O DESPERTAR DE LITA DELGO (PARTE 2)

#pratodosverem | Descrição da imagem: diante de um fundo com várias cores, psicodélico, Sâmia está com os olhos vagos, uma expressão abobada no rosto, a língua para fora. À frente dela, há ramos de uma planta que exalam uma fumaça verde.

***

SÂMIA OLHOU PARA A COZINHA COMO SE ESPERASSE POR UMA AJUDA POR PARTE DAS PANELAS. Nunca cozinhara em sua vida. Sim, dizia-se independente e de fato o era em diversos aspectos. No entanto, não herdara o talento nem da mãe e nem do pai para os afazeres domésticos. Irritava-se diante dos cortes de carne, achava um exagero tanto malabarismo para preparar certas comidas e tinha nojo do ato de separar as gemas das claras. Certa vez, anos antes, inventara de preparar um bolo para o aniversário de Higor e, não bastasse não ter concluído a tarefa, ainda conseguiu deixar a cozinha de casa com cheiro de fumaça por quase três meses.

"Vamos lá, Sâmia, minha filha, é apenas um chá... Não tem como dar errado..."

Puxou a receita e a pôs sobre a mesa junto aos ingredientes.

— Certo. Maçã? Aqui. Folhas de Manon? Aqui. Algas Naaohc? Aqui. - deu um passo para trás e admirou sua organização. — E agora... Mágica!

Cobriu a maçã com as folhas e tudo com as algas e esperou algo acontecer antes de botar para ferver. Nada. Inverteu a ordem, enrolou a maçã com as tiras de algas e envolveu com o Manon. Nada. Fez rolinhos com o Naaohc, selecionou uma folha de bom tamanho, fez uma trouxinha e equilibrou sobre a maçã. Nada. Pegou a maçã entre as mãos, fechou os olhos e entoou um cântico. Amassou folhas e algas, jogou para o alto e esperou por algum sinal de que estava no caminho certo.

Os sinos da Torre Norte zombaram seis vezes da garota.

Seis da manhã.

Nada aconteceu.

Segurou a receita e a colocou contra a chama da lamparina. Talvez houvesse algo oculto no papel, uma descrição de como fazer o chá da melhor forma. Por um piscar de olhos a palavra "incompetente" surgiu entre a lista de ingredientes e desapareceu. No andar de cima, Phil tossiu até perder o fôlego.

— FICA QUIETO AÍ EM CIMA! - chutou uma cadeira, amassou a receita e a jogou no fogo.   — POR QUE NÃO ME DÁ INSTRUÇÕES, SUA RECEITA CHATA?

Distraída, deu uma mordida na maçã e quase caiu da cadeira: aparte a beleza da fruta, o gosto era como morder um pedaço de gengibre acompanhado de um suco de cravinhos, jiló e pedaços de alho, um remédio de sua mãe para resfriados. Sâmia correu para uma tigela com água e enfiou a cabeça dentro.

Seu coração palpitava, formigas pareciam caminhar pela língua e arrepios a cutucavam nos lugares mais inconvenientes. Tomou fôlego e deu tapas no rosto. Havia um fogo dentro de si. Estava...

— ... viva!

Ideias começaram a surgir e gotas de confiança correram pelo rosto. Cortou um pedaço de alga e experimentou. A viscosidade dificultava a mastigação e grudava nos dentes. De repente, teve vontade de correr pelas ruas, dançar na nevasca e pular no rio, tudo ao mesmo tempo. Seus pés começaram a batucar sem a sua vontade e sua cabeça movia-se ao som de uma melodia muda.

"Funciona!", concluiu. A muito custo, cuspiu a alga e os efeitos cessaram tão rápido quanto vieram.

Faltava testar as folhas.

Desta vez, ao invés de comer, Sâmia pegou uma delas, amassou-a nas mãos até triturá-la e cheirou o Manon.

Não sentiu nada de diferente no corpo, mas a mente pareceu mais leve e a garota gargalhou como se alguém lhe tivesse contado a melhor piada de todos os tempos. A situação de Phil e de Madame Lita pareceu um mero detalhe, a nevasca lá fora ganhou formas engraçadas e ela teve a impressão de ver vários flocos de neve mais lentos. Era impressão sua ou alguns deles acenavam para ela? Quando as árvores se viraram em direção ao vidro da porta e gritaram "URRU! SOMOS TODOS SÂMIA! VAI FUNDO, COLEGA!", a menina despertou.

O cérebro estava a mil por hora.

Abriu os armários em busca de uma chaleira, jogou panelas para o alto e a encontrou dependurada sobre a pia. Deu mais tapas no rosto para ver se despertava, cortou a maçã em tiras, as algas em pedaços da largura de dois dedos e triturou as folhas de Manon com a respiração suspensa, apesar de uma vontade crescente de enfiar o nariz naquela mistureba. Sem perceber, os passos seguintes pareceram óbvios e, em minutos, bateu tudo isso em um pilão, pôs mais alguns pedaços de maçã e de Manon, passou em uma peneira, tirou o sumo e levou ao fogo.

Enquanto esperava o Chá de Afasta Morte ferver, viu-se envolta pelos cheiros emanados pela receita e agarrou-se à uma vassoura. Dançou pela cozinha, organizou os armários, limpou a bancada, lavou as louças e, ainda energizada, preparou biscoitos e café. Olhou para fora e teve a intenção de aproveitar o vigor para cortar o mato do quintal, mesmo escondido pela neve. Tentou abrir a porta dos fundos e, sem encontrar a chave, pensou em arrumar algum machado e arrombar a porta de qualquer jeito. Por sorte, Madame Lita não guardava machados em casa.

Desistiu.

Sentou-se e batucou os dedos na mesa; os pés não paravam quietos. De minuto em minuto, verificava o chá e perdeu a conta de quantas vezes correu escada cima com a desculpa de ver como estavam Phil e a avó. Quando menos esperava, a garota passou a correr no mesmo lugar e a fazer exercícios.

O vigor corria por suas entranhas e parecia não diminuir.

Teve vontade de gritar como nunca fizera antes.

E gritou até a garganta reclamar.

Depois, pulou pela casa e, sem se aguentar ou ter coisa melhor para fazer, limpou todos os aposentos, inclusive o quarto de Madame Lita, apesar de ficar com as pontas dos dedos das mãos congeladas.

Às sete da manhã, quando a chaleira apitou em companhia dos sinos, desceu aos trambolhões escada abaixo, serviu o chá em duas tigelas, pôs em bandejas separadas, cada uma acompanhada com biscoitos, uma xicrinha de café e geleia, equilibrou as duas e correu para os quartos. Ajudou Phil a beber o seu e, com Madame Lita, sem saber como agir diante da petrificação da mulher, posicionou uma cadeira ao lado da cama, subiu, forçou a boca da avó a abrir um pouco e derramou o chá sobre o rosto da senhora.

Sorriu.

Estava feito.

Ouviu batidas na porta e, em uma cantoria só, correu para atender.

Com um floreio, escancarou a porta e deu de cara com a mãe e com o pai.

O sorriso murchou e Sâmia voltou a si como se todo o vapor de Manon fosse varrido de sua mente pela brisa trazida por Higor e Margareth Sotein. A euforia deu tchau, mostrou-lhe o dedo do meio e chamou o medo e o desespero para substituí-la.

"Eita m..." foi o melhor pensamento de Sâmia.

Ele resumiu bem a situação.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro