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O BRILHO DOURADO (PARTE 1)

#pratodosverem | Descrição da imagem: em uma espécie de medalhão, vê-se uma criança, uma menina, de cabelos brancos.

***

UMA BRISA SOPRAVA E AOS POUCOS ARCÉH DESPERTAVA DO SONO GELADO DOS ÚLTIMOS ANOS E ABRIA-SE PARA O SOL. O som dos riachos era preguiçoso, mas estimulante; as flores sacudiam o resto do frio e preparavam suas cores para o grande momento. Nas casas, as pessoas escancaravam as portas e rodopiavam pelos aposentos. Abriam as janelas, estendiam tiras de tecidos vermelhos no parapeito e acordavam uns aos outros com música e abraços. No verão anterior, já quase esquecido por muitos, não comemoraram a chegada da estação devido a "algumas tragédias" contadas pelos mais velhos. Mas, após um inverno de tranquilidade, não havia motivos para não haver festa.

Em uma das residências no alto da colina, ali de onde era possível ver parte da baía de Glolk, uma Aohc de cabelos brancos andava pé ante pé com um sorriso faceiro no rosto. Foi até o quarto dos pais, abriu a porta com cuidado e, em um impulso, pulou na cama e começou a cantar aos berros:

— É hora de acordar! É hora de acordar! O inverno foi embora, é hora de acordar! As flores tão sorrindo, o céu está brilhando, o gelo está fugindo, é hora de acordar! É hora de acordar! A água está... Está... - a pequena sentou-se na cama com ar pensativo. Havia se esquecido da letra. A decorara durante todo o inverno e, no momento mais importante, a danada fugira de sua cabeça. Não tinha importância, ela concluiu. Era hora do plano B. Desceu da cama, esfregou as mãos e puxou as cobertas.

— Acorda, acorda, acorda!

Sâmia se virou na cama e olhou para a filha agitada ao seu lado.

— Lara, por favor, ainda está muito cedo... Por que você não volta a dormir?

— Mas, mamãe, o sol já está quase saindo!

— Ainda vai demorar pra ele aparecer, Lara. Onde está o seu pai?

— Cuidando do bebê.

Ainda sonolenta, Sâmia se levantou e deu um abraço na filha. Lara tinha um sorriso tão brilhante quanto os seus cabelos. Era uma menina esperta e agitada, apesar de ter nascido no meio da estação de gelo e nunca ter tido tanta oportunidade para brincar pela rua. Toda aquela agitação tinha muito a ver com isso: aquele era o primeiro dia de verão para Arcéh, sim, e o primeiro dia de liberdade para a pequena. A mãe a carregou para a cozinha onde Higor embalava o pequeno Kevin enquanto discutia com Margareth sobre como preparar um mingau.

— Se você encher de mel o menino vai adoecer, Higor!

— Só um pouquinho mais, Margareth, para de ser chata! Essas crianças precisam de vida, mulher!

— Desse jeito elas vão ser é carregadas pelas formigas.

— Bom, é melhor do que ficar com você atazanando a paciência... Ai, quem me dera!

— O verão chegou e o tempo já esquentou aqui em casa, hein? - Sâmia pôs a filha no chão e cuidou ela mesma de fazer a comida.

Desde o nascimento de Kevin, Higor e Margareth se mudaram para a sua casa com a desculpa de ajudá-la enquanto estivesse de quarentena. Os quarenta dias se passaram, Sâmia recobrou as forças, a vida voltou à sua rotina e, seis meses depois, o casal Sotein ainda não voltara para casa. "Ai, ai, avós... Como não amá-los...", Sâmia misturava o mingau quando Lara correu por entre as suas pernas, pulou para os braços do avô e dali para onde o pai estava. Com um sorriso de encher a casa, foi para o seu colo e o abraçou e encheu de beijos.

Com certo esforço, Phil retribuiu o carinho.

Seu sorriso era amarelo e os olhos em nada compartilhavam da ternura emanada pela filha.

Quatro anos haviam se passado e a ferida cicatrizara, ao menos por fora. Diferente do que poderiam pensar, Phil não odiava ou rejeitava a menina. Pelo contrário, aprendeu a gostar dela, a rir de suas palhaçadas e ouvir cada história saída daquela cabecinha branca; aprendeu a amá-la como um pai e educá-la com todo o empenho. Teria todas as condições para esquecer o passado e seguir em frente se não fosse por um empecilho: o toque daquelas mãos pequeninas.

Nos primeiros dias com Lara nos braços, envolta por camadas e mais camadas de roupas, nada sentiu de diferente. Semanas depois, já mais acostumado à ideia de ser pai e mais à vontade com a criança, algo peculiar aconteceu. Certa tarde, sozinho com ela, ele a embalou até o sono vir, acomodou-a no berço e a beijou na testa. Quando seus lábios tocaram a pele da bebê, Phil sentiu um choque, uma sensação de desconforto. Deu um pulo para trás e perdeu o fôlego. Por sorte, já a havia posto no berço e não causou nenhum acidente. Deixou o quarto e passou o resto do dia pensativo. O sangue em seu corpo parecia fervilhar. Os pensamentos não paravam de criar teorias.

Sem comentar o episódio com ninguém, voltou a fazer novas tentativas de tocar na pele da menina, mas a sensação ruim persistia. Às vezes, quando ajudava Sâmia a trocá-la ou dar banho, tinha de suportar a onda de choque e a dor das queimaduras que, por ironia, surgiam no lado esquerdo do peito, como se o seu coração estivesse em chamas. Sem compreender o porquê daquilo, Phil cedeu aos pensamentos ruins e culpou-se. Chegara a conclusão de que era uma mistura de rancor, desgosto e até mesmo asco pela menina.

Foram dias sufocantes.

A culpa no auge, noites insones, brigas com Sâmia, um clima pesado na casa, Phil não viu outra saída a não ser fugir: voluntariou-se em uma das muitas caravanas de marinheiros. Àquela época, com barcos mais modernos, capazes de quebrar o gelo, os pescadores rasgavam o mar endurecido em busca de águas onde pudessem pescar e sumiam nos confins do mundo até alcançarem mares mais quentes.

Sozinho em meio ao silêncio branco, em um trabalho sem descanso contra a fúria do inverno, Phil foi tomado pela saudade e, mais surpreendente ainda, por uma sensação de dever paterno. De repente, ele soube que Lara era, sim, parte dele.

Acima das dúvidas, ela era sua filha.

Em uma atitude admirada por todos, o Voggi desistiu da viagem no meio do caminho e voltou para a ilha em uma caminhada por sobre o oceano petrificado. Foram vinte dias de sofrimento e escassez, sozinho na imensidão branca. Porém, quando avistou as montanhas de Arcéh no horizonte, ele soube o quanto o esforço valera a pena: apenas um pai, um pai de verdade, faria tal sacrifício por um filho. Não precisava de laços de sangue com a menina. Phil não queria apenas ter uma filha para mostrar aos outros, ele queria ser um pai para ela.

Decidido a tentar o quanto fosse necessário, suportou a dor, escondeu as queimaduras e acostumou-se ao toque daquelas mãos até o ponto de um abraço não causar mais do que um formigamento no rosto. Superara a barreira em relação à filha, porém, quanto à Sâmia, nem o nascimento de Kevin anos depois pareceu capaz de varrer toda a mágoa.

A voz do sr. Sotein o fez voltar à realidade.

— Acorde, homem! Todo mundo já está se arrumando. Você estava longe, nem viu quando Lara subiu na mesa e começou a cantar "É Hora de acordar".

— Ela está bem animada para saber o que é esse tal de verão.

— Todo Aohc que se preze odeia o inverno, Phil. É quase um instinto. Imagine o que é nascer no meio do gelo e não ter muito com o que brincar, além de neve. Até eu estou animado este ano! Não sei explicar o que é, mas sinto algo de diferente no ar...

Phil fez um olhar matreiro e sussurrou para Higor.

— O senhor está feliz é em ver a sua sogra derreter!

O sr. Sotein quase engasgou de tanto rir. Além de assistir ao derretimento do gelo e saudar a chegada do sol em toda a sua plenitude, aquele também era o dia do Senbo, a Celebração da Partida. Logo, era a última oportunidade para colocar flores aos pés do corpo congelado de Madame Lita antes que ele desaparecesse por completo.

— Não, não. Outros até podem estar festejando, mas eu sinto falta da senhora Lita, Phil. Era uma mulher radiante. Me ensinou muito sobre a vida.

— A todos nós.

— Sim. Nunca existirá alguém como Madame Delgo. - Higor sorriu. - Eu sinto saudade daquela alegria, sabe? Há pessoas que são amigas de apenas de alguns, pois estão sempre encontrando defeitos nos vizinhos. Lita Delgo era amiga de todos, pois sabia respeitar o espaço alheio e aceitava todos os abraços. Era uma mulher muito sábia. Acho que por isso eu nunca entendi a decisão dela de se entregar à Nyrill. Ela me parecia tão alegre nos últimos dias.

— Bom, às vezes a alegria é só um casaco. Engana bem.

O sr. Sotein confirmou e sorriu-lhe.

— Pois então vá logo vestir o seu casaco antes que a Lara recomece a cantar. Imagine mais uma sessão de "É Hora de Acordar"?! Não sei como essa cantoria a essa hora da manhã nunca nos trouxe problemas... Vá, meu rapaz, vá logo! Já estamos quase atrasados.

Higor o observou enquanto subia as escadas. Conhecia o genro muito bem. O admirava há muitos anos, desde que ele não passava de um meninote agarrado à saia de Madame Voggi. Cresceu e tornou-se um homem corajoso; um guia para quem ficasse ao seu lado. Mas, o sr. Sotein percebia, havia muita angústia em seu olhar; muitas questões mal resolvidas por baixo daquela máscara.

Torcia muito para que o casaco de Phil Voggi aguentasse as próximas tempestades.


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