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O BASTIÃO DOS UNAGOR (PARTE 6)

AS PESSOAS JÁ ESTAVAM IRRITADAS TANTO PELOS RUMOS DA REUNIÃO QUANTO PELAS ÚLTIMAS NOVIDADES. Esperavam por algo mais "formal", talvez cheio de pompas e decisões fundamentadas por discursos esfuziantes. Mas, ao invés disso, três horas depois do início da reunião, Erwank Maxil surgiu vestido de mulher.

Era o ápice do escárnio. Só podia ser.

Muitos dos presentes largaram ou adiaram seus afazeres para estarem ali, munidos pelo júbilo de terem sido convidados para o Bastião dos Unagor. Se fosse para ver uma cena como aquela, esperariam pelo reinício da temporada de espetáculos no verão vindouro. Na mesa dos Unagor, o sentimento entre os presentes variava entre a hilaridade e a perplexidade. O Bastião entrara para a história como um símbolo da união de Arcéh em prol de causas importantes para a ilha. Apenas um ou dois dos mais velhos haviam estado em boa parte dos Bastiões anteriores e por isso, para a maioria deles, era uma oportunidade para reafirmarem seu papel no jogo de poder da ilha.

A figura daquele homem barbado cuja maquiagem escorria pelas bochechas jogava na lama qualquer tentativa de tornar aquela reunião algo histórico.

— Senhora Delgo... – o Unagor mais velho, Ricaios Chadon, pediu a palavra. Sua expressão era a de alguém cujo tédio já extrapolara todos os limites. — Creio que a senhora, como qualquer um de nós, tem todo o direito de convidar as pessoas que quiser. Qualquer Unagor pode fazer isso... Desde que tais convidados tenham o mínimo de bom senso!

— E não sejam espiões. – interrompeu Drenton.

— Unagor Paberos, suas opiniões acerca dos continentais não é um elemento a ser considerado na admissão ou não de pessoas nesta casa. O Bastião é aberto a todos os cidadãos de Arcéh – e acrescentou antes que Drenton replicasse. — independente de serem ou não filhos desta ilha.

Para a surpresa de Sâmia, alguns dos presentes aplaudiram a fala do Unagor Chadon. Paberos, por sua vez, manteve o ar de altivez e afundou na cadeira. O velho Ricaios fora um dos que votaram a favor de Madame Lita, ela se lembrava. E também temia: após o término de tudo aquilo, sua mente já previa consequências perigosas àquela ousadia do Unagor em peitar Drenton. 

Lita Delgo tomou a palavra.

— Unagor Chadon, há uma justificativa para esse fato.

— Espero que ela seja bastante apropriada, senhora Delgo.

— E é. O sr. Maxil foi impedido pelos guardas de Drenton Paberos de entrar nas terras da Primeira Estufa. Ele é importante para esta reunião. Tinha que estar aqui. Por isso foi necessário isso tudo. – olhou para Erwank, que já tirara parte da maquiagem, e voltou-se para os ouvintes. — Há muitas histórias sobre a chegada de Erwank Maxil à esta cidade. Muitas histórias contadas por outras bocas que não a dele. Acredito que está na hora, em um momento tão importante quanto o Bastião, do sr. Maxil contar ele mesmo sua versão.

— Qual a relevância disto, senhora Delgo?

— Provar que o proponente desta reunião quer usar uma guerra contra os continentais como forma para esconder seus projetos maiores.

Drenton forçou uma gargalhada e bateu na mesa.

— Viram por que eu não queria deixá-lo entrar no Bastião? É uma tentativa, sim, de manchar a imagem dos Unagor. Senhor Chadon, o senhor permitirá esse teatro cujo único objetivo é manchar a minha vida ou focará no que é importante para esta cidade?

Ricaios fechou os olhos e respirou mais fundo por alguns segundos. Sem olhar para ninguém ao redor, sentenciou:

— Erwank Maxil, Capitão dos Mensageiros de Arcéh, conte a sua história.

As pessoas não ansiavam por novidade alguma em relação à vinda da família Maxil para Arcéh. A história já era de conhecimento público há muitos anos: o menino viera com os pais, perdera-se na floresta e fora encontrado quase morto. Em teoria, não havia mais o que dizer sobre o assunto. Já era algo contado há muitos anos e, décadas e décadas depois, a maioria já havia consolidado aquela versão em suas mentes.

E Erwank tinha consciência disso.

Por isso, ao invés de iniciar um falatório detalhado sobre a conversa com o menino Paberos no dia em que chegara à Arcéh, o mensageiro virou de costas para a plateia, ergueu o vestido e mostrou as costas.

#pratodosverem | Descrição da imagem: imagem aproximada das costas do senhor Maxil. Na parte inferior direita, há uma cicatriz com o nome Paberos.

***

Houve um clamor de surpresa e incredulidade ao verem a imagem gravada nas costas do homem: na altura da cintura estava, tão claro quanto uma pintura, o nome "PABEROS" em alto relevo no corpo do sr. Maxil. Nas bordas, a pele havia repuxado devido a cicatriz e criado um aspecto rugoso. Por sua vez, cada uma daquelas sete letras tinham um tom avermelhado, como se o organismo do Capitão fizesse questão de manter aquela ferida aberta para comprovar a maldade do Unagor.

— Erwank estar caído quando ele – apontou para Drenton – fazer isso nas minhas costas. Fazer muito tempo, eu saber. Mas estar claro para todos ver...

Um murro na mesa calou o porão.

— QUAL O PROBLEMA COM VOCÊS? ISTO VIROU UMA PEÇA DE TEATRO DESTA SENHORA? ESTAVA COM SAUDADES DO SEU TEMPO NOS PALCOS E DECIDIU USAR O BASTIÃO PARA REVIVER A FAMA? – Drenton tremeu por um tempo, a boca em um esgar prestes à explosão. Recompôs-se e tornou a falar. — Uma atriz em busca de fama, uma aberração contra a natureza e um continental que se faz de vítima. O que mais falta?

— Faltar isso.

Erwank mexeu no bolso e retirou uma pena cinzenta.

Primeiro, houve um princípio de riso pelo ambiente, mas, quando Oiv Ó Midhir pegou a pena para examinar e foi seguido pelos outros senhores de estufa, as pessoas se calaram. Os Unagor se aproximavam da pena e a levavam para perto dos olhos, o sentimento de descrédito em cada gesto, em cada rosto. Alguns estavam brancos como se a visão os tivesse jogado em um perigo iminente. 

Um senhor precisou sentar-se quando as pernas tremeram.

— É uma pena de Gruath... – o homem tomou o conteúdo do seu copo em um só gole e se abanou. — É uma pena de... Gruath!

Ricaios pegou a pena na mão e a ergueu em direção ao Unagor Paberos. Seus dedos tremiam.

— Se-Se-Senhor Unagor.... Explique-se.

Drenton olhou para cada um naquele porão. Sâmia notou o peito dele em uma subida e descida frenéticos. O grande senhor da Terceira Estufa estava encurralado.

— Não é meu. Mais uma vez, palavras vaz...

— Erwank ter provas. – o sr. Maxil tirou papeis de dentro da calça e os entregou aos Unagor Chadon. — Como senhores saber, Erwank ser responsável por todas as mensagens que entrar e sair da ilha. Nunca, jamais, abrir nenhuma delas. Não, não. Erwank levar seu trabalho muito a sério; ser  bastante grato. Mas, nos últimos tempos, o senhor Paberos passar a trocar cada vez mais mensagens com continente. Como poder ver nessa última, que Erwank tomar liberdade de abrir, uma delas ser direcionada ao senhor Krogvod do sul do continente. Um...

— ... comerciante de animais raros. – completou um dos Unagor.

— Exato. – Madame Lita afirmou. — Além disso, todos aqui sabem que desde o último inverno o Unagor Paberos passou a levar, ele mesmo, caixas e caixas para o continente para evitar o serviço dos mensageiros de Arcéh. Nós desconfiamos de que fossem produtos de troca com algumas figuras nada agradáveis do continente. Em uma provável batalha entre a ilha e as cidades do norte continental, Arcéh ficaria às voltas com uma frente de batalha vinda pelo mar, outra vinda pela ponte e mais uma de dentro da ilha, brotada dos porões da Terceira Estufa. Drenton atacaria seu próprio povo para dominar tudo, inclusive cada um de vocês, os Unagor.

Da plateia veio um clamor. No começo, baixo. Depois, explosivo, raivoso, exigente de uma atitude. O nome de Drenton, antes temido, agora surgiu atrelado a palavras de protesto e deixou as paredes do porão, banhou os ouvidos dos funcionários da Primeira Estufa e logo transformou-se no principal ingrediente das conversas: Drenton Paberos, o grande, temido e respeitado Unagor da Terceira Estufa, traíra seu próprio povo.

— Senhor Paberos – o Unagor Chadon o olhava com desprezo, as narinas dilatadas em um misto de nojo e decepção — Exigimos entrada na Terceira Estufa de Arcéh para verificar a propriedade. – e acrescentou sem dar vez para a fala do outro. — O senhor está proibido de deixar a ilha e também de se aproximar da sua estufa e amanhã deverá nos acompanhar. O Bastião está suspenso até segunda ordem. – Ricaios enxugou o suor da testa e baixou a cabeça. Parecia não acreditar naquela reviravolta. — Um... Um dos nossos guardas o acompanhará nesta noite para garantir o cumprimento das ordens. Eu... É a decisão final.

Estava encerrado.

Foi preciso os guardas e os funcionários da Primeira Estufa dispersarem as pessoas. O falatório se alastrou. Os Unagor se reuniam em grupos aqui e ali, os rostos pálidos. Era uma tragédia para a história da ilha. Os livros de Arcéh estavam manchados, bem como o orgulho da cidade.

No extremo do porão, Drenton permaneceu no seu lugar, calado. Observava a todos sem mover nenhum músculo. A mente girava em planos e soluções. Os olhos se voltaram para um ponto específico. Paberos teve de se controlar para não fazer nenhuma besteira. No fundo do porão, Madame Lita, Erwank Maxil, Higor Sotein, Oiv Ó Midhir e a garota se abraçavam em comemoração.

O Unagor bufou de desprezo e ódio.

Isso não ficaria assim...


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